Piratas no Brasil: As incríveis histórias dos ladrões dos mares que pilharam nosso litoral

Piratas no Brasil: As incríveis histórias dos ladrões dos mares que pilharam nosso litoral

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Autor: Alfred Mill
Editora: Gente


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por Carlos Alberto Pacheco


Ficha Bibliográfica

Piratas no Brasil: As incríveis histórias dos ladrões dos mares que pilharam nosso litoral
Autor: Jean Marcel Carvalho França, Sheila Hue
Editora: Globo Livros
Edição: 2014
Número de páginas: 224
Formato: 15 x 23 cm
Idioma: Português
ISBN-10: 8525058270
ISBN-13: 978-8525058270




Thomas Cavendish, James Lancaster, Jean-François Du Clerc e René Duguay-Trouin são nomes familiares para você? Trata-se de quatro corsários protagonistas que se aventuraram no litoral da antiga América Portuguesa entre os anos de 1591 e 1711. Para os que moram no litoral, amam história ou vão de viagem para o sul ou nordeste do continente por meio de um cruzeiro partindo de Santos, vale a pena conferir a obra de Jean Marcel Carvalho França e Sheila Hue, ambos professores de história da UNESP, “Piratas no Brasil — As incríveis histórias dos ladrões dos mares que pilharam nosso litoral”.

Ladrões, aventureiros, agentes do governo ou tudo isso junto e misturado? Somente a leitura dos relatos dessas incursões permite compreender melhor o perfil de cada um deles. E é isso que os autores nos oferecem com a presente obra.

O livro inicia desfazendo um equívoco: a pirataria é uma prática muito anterior à Idade Média e à expansão pelos oceanos Atlântico e Pacífico, tendo suas origens no Mediterrâneo da Antiguidade. Porém, sem dúvida, é nas franjas do descobrimento das Américas que o movimento da pirataria moderna surge como reação à arbitrária partilha do globo terrestre entre Espanha e Portugal pela autoridade papal no famoso Tratado de Tordesilhas. Inglaterra, França e Holanda, de costas para os privilégios concedidos aos portugueses e espanhóis, oficializaram a pilhagem do novo mundo aos corsários (aqueles que portavam carta de corso vinculada à Marinha Real de seus países). Havia outros destemidos não oficiais (os piratas), que também não reconheciam as diretrizes de seus dignatários quanto a quem de fato poderia explorar, o até então desconhecido mundo, e preferiam trabalhar na completa ilegalidade, por conta e risco. Vale ressaltar que entre os corsários, havia os instituídos pelo Estado e os financiados por particulares. Não raro, os piratas bem-sucedidos eram convidados a fazer parte da Marinha Real pelo bom conhecimento que detinham das lucrativas novas terras.

O inglês Thomas Cavendish (corsário), aristocrata falido, contemporâneo da Rainha Elizabete I e William Shakespeare, ataca a cidade de Santos em 25 de dezembro de 1591, aproveitando o relaxado espírito religioso português que levava a população às missas natalinas, forçando a inevitável rendição. A fragilidade da administração portuguesa nos primeiros 90 anos da colônia facilitou o ataque. Indígenas locais, aliados aos invasores, ajudaram os 300 soldados ingleses a explorar as fraquezas da vila e seus esconderijos de armas. Foram 60 dias de tensão, mas sua investida terminou em fracasso. Assim vão as demais histórias. James Lancaster, também um corsário inglês (1595), promove um bem-sucedido ataque a Pernambuco, e que empoderou o Estado inglês a investir muito mais na atividade de corso contra os inimigos espanhóis e os despreparados portugueses.

O francês Jean-François Du Clerc (1710) preferiu investir na pilhagem do porto carioca do Rio de Janeiro, porém sem sucesso. Já René Duguay-Trouin (1711), em busca ou não de vingança pelo vergonhoso assassinato de Du Clerc, obteve sucesso na pilhagem, apesar de muitas perdas de vida humana nessa desastrosa experiência de conquista e pilhagem.

Rico em ilustrações coloridas de personagens, paisagens e mapas, o livro também traz uma linha do tempo com eventos marcantes da época, tanto no Brasil quanto na Europa. Essa é uma excelente porta de entrada para outra obra de referência sobre o assunto: “As incríveis aventuras e estranhos infortúnios de Anthony Knivet” entre outros.

Mais que um romance de capa e espada, a obra oferece uma rica compreensão de um período frequentemente esquecido, mas essencial para entendermos o papel do Brasil na formação da hegemonia naval britânica e os impactos desse contexto na formação da nossa identidade nacional.