Terra sob pressão — a vida e a saúde humana na era do aquecimento global


Autor: Sérgio Túlio Caldas
Editora: Moderna


Terra sob pressão — a vida e a saúde humana na era do aquecimento global


por Carlos Alberto Pacheco


Ficha Bibliográfica

Terra sob pressão — a vida e a saúde humana na era do aquecimento global
Autor: Sérgio Túlio Caldas
Editora: Moderna
Edição: 2008
Número de páginas: 88
Formato: 24 cm × 20 cm
Idioma: Português
ISBN-10: 8516060330
ISBN-13: 978-8516060336


Muito se discute sobre problemas ambientais e suas consequências deletérias para a vida cotidiana, nas áreas urbanas ou rurais, no hemisfério Norte ou no hemisfério Sul, em países industrializados ou nos predominantemente agrícolas. No entanto, até que ponto compreendemos esses fenômenos, que dominam os noticiários diariamente? Talvez, muito pouco.

Para preencher essa lacuna, Sérgio Túlio Caldas, jornalista, escritor e roteirista de TV, reedita, pela editora Moderna, o livro Terra sob pressão — a vida e a saúde humana na era do aquecimento global.

Com linguagem acessível, o autor apresenta conceitos básicos frequentemente abordados nas mídias, como aquecimento global, destruição da camada de ozônio, El Niño/La Niña, inversão térmica e chuva ácida. Além disso, explora claramente os impactos/implicações dos problemas ambientais na saúde humana, segurança alimentar, nutrição defi ciente, escassez de água e de saneamento básico, desastres naturais, migrações, políticas públicas e respostas globais, fornecendo ainda sugestões sobre possíveis caminhos para o futuro.

Entre os problemas ambientais discutidos, o autor destaca a crise climática — um termo mais abrangente do que aquecimento global, principal efeito dessa crise. Com o agravamento dos problemas ambientais, como seus inegáveis efeitos, entre eles a elevação da temperatura dos mares e da atmosfera, tornou-se evidente que vários outros problemas secundários e inter-relacionados, tão complexos quanto o clima, passaram a compor melhor o quadro do que chamamos crise climática.

Esse conceito mais amplo inclui temas como a escassez hídrica, particularmente de fontes de água potável; o derretimento de geleiras e a elevação do nível do mar; secas extremas em regiões áridas e temperadas; e enchentes em áreas densamente povoadas, devido à intensa urbanização das terras habitáveis. No livro, também são abordados fenômenos naturais de grande poder destrutivo, impulsionados por ventos cada vez mais intensos, além do desmatamento, de incêndios florestais criminosos e da expansão da agropecuária, que muitas vezes sacrifica biomas inteiros para a criação de proteína animal e a produção de biocombustíveis. A perda da biodiversidade é outro tema crítico abordado na obra, sem mencionar o descontrole de doenças antigas e emergentes — um aspecto imprescindível para a compreensão plena da crise climática.

Toda essa discussão não é nova. Já no início dos anos 1990, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento — evento precursor das futuras Conferências das Partes (COPs) — trouxe o tema para o centro das atenções. Porém, desde a década de 1970, o desconforto com o problema ambiental vem atraindo a atenção do grande público. Em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) colocou o assunto ambiental na agenda internacional durante a Conferência de Estocolmo. Ainda assim, a conscientização sobre a gravidade dos problemas ambientais continua sendo um processo hercúleo e lento.

No entanto, se os problemas ambientais já foram amplamente estudados e as soluções para mitigá-los amadurecidas, o que impede a aceleração da execução dessas soluções? Não podemos ignorar que há, entre o entendimento desses problemas e a sua resolução, um obstáculo difícil de superar: o sistema econômico.

As soluções propostas para conter, minimizar e reverter o nefasto cenário ambiental dos últimos tempos afetam diretamente a economia global. A redução do uso de combustíveis fósseis e a transição para o uso de energias mais limpas desestabilizariam a atual matriz energética, ainda baseada no petróleo e no carvão, e poderiam gerar desequilíbrios no mercado de trabalho, concentração de capital e, sobretudo, mudanças profundas na geopolítica mundial. Não há dúvidas de que o poder mundial mudaria de mãos, resultando em economias menos desiguais — algo que desafia a natureza humana. Imaginemos a mudança no cenário socioeconômico que ocorreria se as fontes de energia alternativa e renováveis (eólica, das marés, solar, biomassas e hidrogênio) fossem tão difundidas quanto as fontes de energia atuais, altamente poluidoras. Uma nova matriz energética é necessária, mas os detentores do poder ainda não estão preparados para absorvê-la.

Mesmo soluções menores, que não exigem coordenação global, enfrentam barreiras econômicas. Um exemplo disso são os desconfortos causados pelas ilhas de calor, nas grandes metrópoles. A solução exigiria um plano diretor ambientalmente responsável, que integrasse áreas construídas e verdes, evitando a concentração de calor absorvido por vias asfaltadas e facilitando o retorno dessa energia à atmosfera. Essa abordagem também melhoraria o escoamento de águas pluviais durante eventos de precipitação excessiva. No entanto, ideias como essas são frequentemente negligenciadas nos planejamentos urbanos das cidades superlotadas.

Cinquenta anos após o início das tratativas, surge naturalmente a pergunta: O quanto avançamos tanto no diagnóstico dos problemas quanto na implantação das soluções propostas? Responder a essa questão é o propósito desta obra de Caldas. Enquanto isso, a Terra segue sob pressão.