Pai Rico, Pai Pobre

Pai Rico, Pai Pobre

Edição

Edição Atual - Minimalismo

Minimalismo


Autor: Robert T. Kiyosaki
Editora: Alta Books


Pai rico, pai pobre - O que os ricos ensinam a seus filhos sobre dinheiro


por Carlos Alberto Pacheco


A inteligência financeira é o processo mental pelo qual resolvemos nossos problemas financeiros. Agora, calmamente, releia a frase anterior e reflita sobre ela. Quantas pessoas entendem de fato os primeiros termos da frase, inteligência financeira? Poucas! Mas, sem margem para erros, muitas são as que compreendem muito bem os últimos termos: problemas financeiros. Arrisco a dizer que as poucas pessoas que entendem o que é inteligência financeira compreendem, evitam e sabem contornar os problemas financeiros, ao passo que as que vivem com problemas financeiros não têm a menor ideia do que venha a ser inteligência financeira.

É sobre esse mundo misterioso para a maioria das pessoas, a educação financeira, que Robert Toru T. Kiyosaki, autor do livro Pai rico, pai pobre – o que os ricos ensinam a seus filhos sobre dinheiro, tenta nos instruir. Esse título, apesar de ter sido escrito há 26 anos, em 1997, enquanto a ovelha Dolly estava sendo clonada, morria a princesa Diana e o primeiro livro da série Harry Potter, da autora J. K. Rowling, Harry Potter e a pedra filosofal, estava sendo lançado, continua tão atual como antes.

Esse é um daqueles livros instigantes que pode levá-lo tanto ao empreendedorismo de sucesso ou finalmente conscientizá-lo de que o melhor é manter-se empregado apesar dos desconfortos que isso pode lhe causar. Se for lido no momento certo da vida profissional por alguém que esteja às portas de se lançar como empreendedor, o livro de Kiyosaki será certamente uma catapulta para a fuga da “corrida dos ratos” rumo à “pista de alta velocidade” – dois conceitos muito bem explorados pelo autor em seu jogo cashfl ow.

Apesar da constatação de que o assunto finanças não é ensinado nas escolas e de que os pais ainda encontram dificuldades para ensiná-lo aos filhos, pouco se avançou na educação financeira do cidadão brasileiro. Como lidar com o dinheiro não é ensinado nas escolas. As escolas se concentram nas habilidades acadêmicas e profissionais, mas nada dizem ou dizem muito pouco sobre as habilidades financeiras. Pergunte aos profissionais com nível superior o quanto disso eles tiveram em sua formação acadêmica e constate a triste realidade: não tiveram nada sobre isso. Pergunte a si mesmo o quanto você aprendeu de fato sobre educação financeira ao longo dos seus prováveis 16 anos de ensino.

Uma prova dessa constatação é o fato de tantos advogados, médicos, professores, engenheiros e até mesmo contadores terem profundos problemas financeiros ao longo da vida.

Em muitos casos, em virtude da boa condição financeira dos pais, formada à custa de sua enorme carga de trabalho ao longo da vida, os jovens passam a ter um cartão de crédito à disposição antes mesmo de saberem o que significam dinheiro, investimento e juros. Em uma sociedade na qual são valorizadas mais as despesas do que a poupança, isso é uma porta aberta ao suicídio financeiro na vida adulta, trazendo várias consequências para a vida familiar, social e profissional e, por que não dizer, para a economia, em outras palavras para o Estado local ou em nível mundial.

Kiyosaki funda o pé de que, assim como as habilidades acadêmicas são importantes, as habilidades financeiras e de comunicação também são. Dessa forma, é tão errado pensar que uma vida financeira saudável seja obtida apenas com uma boa educação quanto pensar que se pode abrir mão de uma boa educação para conquistá-la. Note: autodidatas como Bill Gates e Elon Musk não abriram mão de ter uma boa educação, apenas abriram mão de receber uma educação tradicional – esse detalhe escapa a muitos que, por não gostarem de estudar, abrem mão de qualquer método de boa educação e acabam mergulhando em um caos financeiro.

Eu gostaria de trazer para o relevo uma entre as muitas das ideias do autor que vão mexer com você: Não trabalhe por dinheiro, faça ele trabalhar para você. Esse conceito é fácil de ser entendido, mas precisamos aprender a fazer isso na prática. O mercado financeiro está aí para isso, mas não é a única maneira de praticar esse conceito. Raciocinar sobre isso poderá fazer com que você decida se quer ter o controle do próprio destino ou delegá-lo a alguém (empresa ou Estado, lembrando que ambos nem sempre estão comprometidos com seu bem-estar). A experiência prática da vida ensina a cada um que não se deve ter amor pelo dinheiro, mas aprender a tê-lo sob controle e colocá-lo no seu devido lugar (vide o pensamento do apóstolo Paulo em sua carta ao discípulo Timóteo, no primeiro século d.C. - 1 Timóteo 6:10).

Não podemos fechar os olhos para as mudanças globais, que incluem as tecnológicas que impactam a economia mundial. Vide as desastrosas notícias sobre o que o ChatGPT, da Open AI, pode causar nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), onde 27% da força de trabalho podem desaparecer nos próximos 10 anos. O fato é que à nossa frente descortinam-se mudanças que estão além da nossa realidade. Preparar-se financeiramente para essas mudanças é imperativo