Derivado de Creatina no Tratamento de Cabelos Danificados

Edicao Atual - Derivado de Creatina no Tratamento de Cabelos Danificados

Editorial

Como já estamos percebendo, este ano de 2003 marca o início de muitas mudanças sem todos os setores da atividade humana. Para mencionar um exemplo: ao decifrar a seqüência do código genético, com inumeráveis aplicações permite, o homem pode mudar a estrutura dos seres gerados pela natureza. E isso é fantástico!

Entretanto, queremos falar também de outras mudanças, não tão sérias como essa, mas não menos importantes como a adoção do novo logotipo para esta revista. A nova marca da Cosmetics & Toiletries (Edição em Português) agora tem um desenho mais moderno, que reflete o estilo dos dias de hoje. 

Marcando a mudança do logo, esta edição aborda o tratamento de cabelos e apresenta artigos com novidades sobre o assunto. Além disto, estamos publicando a lista das novas matérias-primas, com especificações e informações  técnicas enviadas pelos fabricantes e distribuidores. 

Aqui o leitor ainda encontrará outras matérias de interesse, com destaque para o Especial sobre a Niasi, uma das mais antigas empresas nacionais de cosméticos, que completou 70 anos. 

Boa leitura!
Hamilton dos Santos
Editor

Efeitos de Bases Dermocosméticas na Hidratação da Pele - M.Chorilli, M.C Almeida Prado Ribeiro, M.L Ozores Polacow, M.S. Silvia Mariani Pires de Campos G. Ricci Leonardi. Fac de Ciências da Saúde da Unimep, Piracicaba SP

A escolha correta da base dermocosmética é extremamente importante para a estabilidade, eficácia e efeito sensorial do produto final. Neste artigo, as autoras mostram os efeitos na epiderme de dois géis, utilizando análises morfométricas e histopatológicas.

La elección correcta de la base dermocosmetica es extremamente importante para la estabilidad, eficácia y ejecto sensorial de un producto terminado. En este artículo, las autoras muestran los ejectos em la epidermis de dos geles, utilizando analisis morfométricas e histopatológicas.

The choice of the suitable compounding base is very important for the finish product stability, efficacy and sensorial effects. In this article, the authors show the effects of two gels on the epidermis, using the morphometrics and hystopatological analysis.

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Novo Ingrediente para Reparo e Proteção dos Cabelos - Dr Peter Lersch e Ursula Maczkiewitz Degussa Goldschimidt, Care Specialties, Marl, Alemanha

Pesquisas identificaram um aminoácido natural derivado da creatina, como um novo ingrediente para a incorporação em produtos hair care com propriedades de proteger os fios contra danos estruturais. Neste artigo, os autores apresentam o resultado de testes que demonstram esses
benefícios.

Investigaciones han identificado um aminoácido natural derivado de la creatina, como un nuevo ingrediente para la incorporacion em productos hair care com propiedades de proteger los pelos contra daños estructurales. En esse articulo, los autores presentan el resultado de testes que demuestran eses benefícios.

Research works have identified a natural amino acid derivative creatine as new ingredient for protects hair against structural damage which is incorporated into hair care products formulation. In this article, the authors present the results of the assays which results show these benefits.


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Porosidade X Resistência à Tensão de Cabelos Quimicamente Modificados - Ali N Sayed e Hasan Ayoub Avlon Insdustries, Inc. Bedford Park IL, Estados Unidos

Este estudo valida o método de porosidade em substituição ao método de resistência à tensão, amplamente aceito, para determinar os danos aos cabelos causados por tratamentos quimicos.

Este estúdio valida el método de porosidad como sustituto del método de resitencia a tensión, ampliamente acepto, para determinar los daños a los cabellos causados por los tratamientos químícos.

This study validates the porosity method against the whichy accepted method of tensile strength for determining the hair damage imparted to hair due to the cosmetic treatment..

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Cristiane M Santos
Direito do Consumidor por Cristiane M Santos

Polêmicos Transgênicos

A Constituição Federal,especificamente em seu artigo 225, contempla a preservação da diversidade e do patrimônio genético, visando a proteção ao meio ambiente e a preservação do planeta contra possíveis extinções de espécies, como conseqüência da degradação ambiental.

Partindo-se deste preceito constitucional, todavia, sabemos que a preservação ambiental não é o único motivo dos avanços da ciência no campo da engenharia genética. Os interesses econômicos se destacam na guerra entre os países industrializados que buscam a tecnologia de ponta neste campo.

Neste contexto, três setores tem grande impacto na engenharia genética industrial: saúde, meio ambiente e alimentos.

Um dos direitos fundamentais consagrados pelo Código de Defesa do Consumidor - CDC é a "proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos" (art. 6°, I). Isto é, o consumidor não deve ser exposto a risco, a perigo que atinja sua incolumidade física.

Em decorrência deste direito, o CDC, através de suas normas, exige a devida informação, de forma clara e evidente, dos possíveis riscos que um produto ou serviço possa apresentar, ou ainda que nem sejam colocados no mercado, caso estes riscos forem além do que se pode esperar ...

Diante deste cenário, deparamo-nos com um assunto de grande polêmica: os alimentos transgênicos!

Face a complexidade do tema, uma pesquisa feita pelo Ibope em 2001, a pedido do Greenpeace, revelou que 66% dos entrevistados não sabiam o significado de "organismos transgênicos".

Entretanto, o tema merece muita atenção, pois alimentos transgênicos podem intervir na saúde e na segurança dos consumidores ...

São considerados transgênicos aqueles alimentos que recebem ou incorporam genes de espécies distintas.

De acordo com o levantamento feito pelo Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações Agrobiotecnologicas - ISAAA, uma entidade americana de pesquisas, 58,7 milhões de hectares foram cultivados com organismos geneticamente modificados (OGMs) no mundo, em 2002. A produção de soja continua sendo a principal cultura
que utiliza a biotecnologia. Outras que se destacam é a plantação de milho, canola e algodão.

Os Estados Unidos são os maiores produtores de transgênicos, sendo seguidos pela Argentina.

Apesar destes produtos serem resultados de melhoramento genético que traz benefícios à espécie (maior resistência à pragas e doença) e maiores índices de produtividade, ainda não se sabe ao certo quais são as conseqüências que um alimento transgênico pode trazer. Entretanto, entidades científicas de todo mundo já apontam alguns danos possíveis: aumento de alergias; resistência a antibióticos e substâncias tóxicas nos alimentos; resistência de certas pragas aos agrotóxicos, o que implicaria numa maior necessidade de agrotóxicos para combate-las, etc ...

Em virtude desta obscuridade com relação às conseqüências da ingestão de alimentos transgênicos, e tendo em vista o princípio da proteção à saúde e a segurança dos consumidores, em 1998, o Instituto de Defesa do Consumidor - IDEC ingressou com uma Ação Civil Pública que proíbe o cultivo desse tipo de produto no Brasil.

Vale ressaltar que o IDEC não se diz contra a tecnologia desenvolvida nos transgênicos, mas sim, contra a sua liberação enquanto não houver informações precisas, provenientes de pesquisas científicas, que revelem que não são nocivos à saúde.

Atualmente, o consumidor tem dificuldade de identificar se o produto é transgênico, pois não há uma norma de rotulagem adequada, que forneça, como é de direito, informações claras e evidentes sobre a composição do produto.

Segundo as propostas divulgadas pelo novo governo, há um item específico sobre o assunto, inclusive uma rotulagem que esteja em concordância com os direitos do consumidor.

Por isso, cabe a nós, consumidores, ficarmos atentos e precavidos de qualquer risco ...

Cristiane Martins Santos é advogada com especialização em Dlreito do Consumidor.
E-mail: c_martinsantos@yahoo.com

A vez da Qualidade por Friedrich Reuss e Maria Aparecida da Cunha

As Pessoas na Norma ISO

A versão 2000 da norma ISO 9001 veio para mudar de vez a visão da gestão. Enquanto a versão de 1994 exigia procedimentos documentados para todos os requisitos, esta é muito mais flexível, exige apenas seis documentos básicos mais aqueles necessários para que a gestão esteja controlada.

A documentação deve ser proporcional ao tamanho, complexidade da organização e a competência do pessoal. Caso sejam exigidos procedimentos operacionais padrão (por exemplo pelo GMP), estes devem estar formalizados e seguidos à risca com os detalhes necessários. No entanto, para todas as funções que dependam de habilidades, o foco é na missão da organização e do cargo. Observar também os 8 princípios da qualidade: foco no cliente; liderança para estabelecer a unidade de propósitos e o compromisso dos colaboradores; trabalhar sob uma visão de processos reunidos em torno de um sistema; almejar a melhoria contínua por meio da tomada de decisão sobre fatos (sem descuidar da criatividade e do bom senso inerente a cada pessoa). Incluir o oitavo princípio que trata da relação de mútuo benefício com os fornecedores.

Desta forma, a organização passa a se referir não só a sua missão geral e a missão de cada processo. Esta nova abordagem faz a organização criar oportunidades para um maior envolvimento das pessoas, fazendo com que compreendam as necessidades dos clientes internos e externos. Com o sistema bem entendido e implementado, cada uma das pessoas compreenderá a sua razão de ser na cadeia de processos da organização do mercado.

Cada um se sentirá um ser vivo, participante na organização, compreendendo a sua importância e se sentindo realmente como um colaborador, com capacidade de liderar sua equipe e demonstrar comprometimento e alinhamento das suas ações para com o objetivo maior. Poderá praticar liberdade com responsabilidade e liderar com confiança, sentindo-se um ser vivo atuante, não apenas uma mera "mão de obra".

Para definir as ferramentas necessárias, a norma pede que se estabeleçam as competências (formação, habilidades, treinamento e experiência) para cada função. Assim, cada pessoa na organização estará munida das ferramentas necessárias para cumprir com os requisitos de seu cargo. Pode-se promover aspectos simples: a ética, a verdade, a paz, o amor, a justiça.

Pertencer é o desejo de todos. A comunicação é estimulada entre os grupos. Resolver conflitos diretamente com a outra pessoa, sem guardar mágoas nem adiar para o dia seguinte. A solidariedade manifesta a cooperação representada pelas mãos dadas de todas as pessoas que integram os grupos, a visão sistêmica, que faz com que todos se sintam fazendo parte do todo. Em vez de acreditar que sua equipe ou empresa é o todo, ela é parte do todo. Ver o todo. Uma analogia da organização com o corpo humano: o diretor geral e seu primeiro escalão representam o cérebro. Se ele estiver harmônico entre suas células, a coesão será repassada para os outros membros. Estes afinados com as células, também farão movimentos adequados e graciosos. As equipes que darão sustentação as ações da diretoria estarão preparadas para assumir sem medo. 0 medo deve ser trabalhado, fortalecendo a coragem por meio de diálogo, de profundo recolhimento ao seu silêncio e reflexão, verificando que aspectos do ser precisam ser envolvidos e melhorados. Trabalhar as pernas, base do nosso corpo, que sustenta e supera obstáculos. Chance dos líderes de ampliar o auto-conhecimento. Mais seguros, mais capacitados, mais humanos. É o fascínio de favorecer o crescimento humano nas organizações.

Aperfeiçoamento, maior conhecimento e auto-conhecimento para motivar a todos e aos outros. 0 ser e estar a serviço do humano. Sem divisões. Integrar pessoas e integrar conhecimentos no trabalho, sendo acolhidas e acolhedoras. Participantes. 0 clima do crescimento, da conquista, demonstrado na evolução dos indicadores, nos resultados das propostas apresentadas. Vida alegre e plena. Cabe aos líderes a oxigenação dos quadros. Fazer a vida visitar o trabalho. Ousar no humano é humano e criativo. Nossos obstáculos são grandes, como o país. Mas nossas chances são muitas. No Brasil, temos algumas características inéditas de alegria e criatividade. Quando nações mais maduras nos
olham com encantamento, não é de graça, é porque perderam a leveza e a espontaneidade que esbanjamos. Que possamos ver o trabalho, dar aos colaboradores a essência da vida, que é poder ser autônomo e livre com responsabilidade.

Para ser feliz. Sem medo.

Maria Lia A. V. Cunha é psicóloga, especialista em gestão de pessoas.
Friedrich Reuss é bacharel licenciado em química e especialista em gestão da qualidade.
Email: freuss@uol.com.br

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Fotoproteção

O sol agride a pele mais do que é possível visualizar. Sorrateiramente ele vai deixando as células com pequenos defeitos que se transformarão, mais tarde, em manchas e câncer de pele. É muito importante para a saúde da pele usar protetor solar sempre. A criança desde muito pequena deve ser protegida, assim como os adolescentes e adultos jovens. 0 filtro solar deve ser usado desde a infância para evitar início e progressão dos danos causados pelo sol.

• Por que o sol faz mal? A luz emitida pelo sol, principalmente na faixa do UVB, chega até a pele e agride várias estruturas como: DNA (proteína do núcleo celular), melanócitos (células que fazem a melanina), vasos (que promovem a irrigação da pele), fibras de colágeno e elastina (responsáveis pela firmeza da pele), entre outras. Esta agressão é neutralizada, em parte, pelas defesas naturais da pessoa, mas vai se acumulando até que com idades mais avançadas (a partir dos 40 anos) começam aparecer as conseqüências desta agressão: aspereza, manchas, rugas, e os vários tipos de câncer de pele.

• 0 sol não é necessário à saúde? Sim, o sol promove bem estar, e também é responsável pela ativação da vitamina D na pele. Esta vitamina é importante para evitar o raquitismo. A quantidade de irradiação solar necessária para ativá-la é muito pequena, pois cerca de 10 minutos diários sob o sol são suficientes para sua utilização. Para promover alegria e bem estar, esta quantidade também é suficiente.

• Como recomendar o fator de proteção? 0 filtro solar protege a pele em relação aos danos agudos como a queimadura, assim como aos crônicas, como envelhecimento e câncer de pele. Imaginemos que uma pessoa vá à praia sem filtro solar e fique vermelha após 10 minutos. 0 fator de proteção solar 15 significa que após passá-lo, esta mesma pessoa poderá ficar um tempo 15 vezes maior antes de ficar vermelha, isto é, 150 minutos (2 horas e meia).

Hoje em dia também é importante mencionar na embalagem se o filtro também protege em relação a UVA (ultravioleta A). 0 fator de proteção solar para usar na praia deve ser pelo menos 15, mesmo em pessoas mais morenas.

• Como recomendar o uso de filtro solar? 0 filtro solar precisa ser passado numa quantidade suficiente para deixar uma camada espessa e protetora. Este deve ser espalhado em todo o corpo inclusive orelhas, pés e mãos 30 minutos antes da exposição solar. 0 filtro deve ser repassado novamente, também em quantidade significativa 20-30 minutos após o início da exposição. Depois disso, ele será reutilizado a cada 2 horas.

Para os indivíduos com exposição mais intensa devido a prática de esportes ao ar livre, deve-se recomendar o uso de bloqueadores solares que também são resistentes à água.

• A quem recomendar o uso filtro solar? A todas as pessoas, independente da cor da pele e da idade, inclusive crianças e idosos, mesmo assim depois de duas a três horas de exposição é conveniente se resguardar sob um guarda sol, e vestir uma camiseta ou qualquer outra proteção, enfim não permitir demasia à pele.

• 0 bronzeamento artificial traz riscos? 0 bronzeamento artificial feito em camas ou cabines de bronzeamento faz mal a pele. Geralmente, a luz emitida por estes aparelhos é a luz ultravioleta A, que promove o envelhecimento e aumenta o risco de câncer de pele.

As pessoas com pele clara e aquelas com câncer de pele na família são proibidas de fazer o bronzeamento artificial, pois aumentam o risco de ter esta doença precocemente.

• Bronzeador sem sol ou autobronzeador é perigoso? Não, o autobronzeador tem na sua composição o DHA dihidroxiacetona) que promove o tingimento da pele. Os bronzeadores e autobronzeadores provocam um "bronzeamento" sem necessidade do solo que é uma grande vantagem. 0 DHA não é tóxico, não tem potencial alergênico, sendo seguro e eficaz para utilização. 0 produto deve ser bem espalhado na pele, uma vez ao dia, até promover a coloração desejada. Quando a substância é descontinuada, a pele volta a coloração normal em 3-4 dias.

• 0 que sugerir aos amantes do sol? Sol na medida certa, isto é, evitar o excesso de sol:
- Preferir o horário até as 10 horas e após 15 horas
- Usar sempre FPS pelo menos 15
- Passar o filtro solar no corpo todo
- Repetir o uso do filtro após os primeiros 30 minutos de exposição
- Não usar bronzeadores sem filtro
- Não usar fórmulas caseiras.

Dra Denise Steiner é dermatologista
e.mail: clinicastockli@uol.com.br

Boas Práticas por Tereza F. S. Rebello

Preservantes: Tem Nova Matéria Prima?

Na coluna anterior, afirmamos que as novas tecnologias na área cosmética estão com freqüência ligadas ao desenvolvimento de novas matérias-primas. No entanto, não nos estendemos no assunto. Mas, iremos fazê-lo nesta oportunidade, quando estão sendo abordadas novas matérias-primas.

Apenas como referência, na matéria sobre novas matérias-primas publicada nesta revista, na sua edição de jan/fev do ano passado, das 91 novas matérias primas apresentadas, nenhuma delas referendava substâncias antimicrobianas. Também os preservantes listados no Anexo II da Resolução RDC N° 162, de 11/9/01 (que revogou o mesmo anexo da Resolução nº79), os ingredientes com ação antimicrobiana são os mesmos. E, por sua vez, esta Resolução havia revogado uma outra (Resolução 71), na qual já constavam, praticamente, os mesmos preservantes atuais. Portanto, podemos concluir que, quanto aos preservantes, pouca tecnologia houve ao longo destes anos.

E por que esse número restrito de biocidas? Porque a síntese de novas substâncias biocidas, já em si tão difícil por se restringir a algumas poucas funções químicas, também deve obedecer a uma série de requisitos para aprovação legal dos diversos departamentos de Saúde Pública. Os testes necessários são tantos e custosos, que os fabricantes preferem recorrer aos derivados das substâncias já aprovadas e, particularmente, aos blends. Por exemplo, os testes que comprovam a segurança do produto, avaliam a toxicidade aguda, a subcrônica e crônica, a toxicologia genética, testes de sensibilização e também estudos cinéticos com carbono marcado, que avaliam a quantidade eliminada pelo organismo, relacionando-o ao tempo de excreção. Este último teste, geralmente, é determinado nas condições de uso oral, intravenoso e aplicação dérmica. Além desses testes, há ainda aqueles que devem confirmar sua ação microbicida ou de estase e, provavelmente, são solicitados testes que comprovem que o biocida não causará impacto ambiental.

Como exemplo de um "quase novo biocida" (não descrito na Resolução RDC n° 162), temos a metil-isotiazolinona ou MI9,5 (Neolone) que nada mais é que uma das moléculas de um biocida já aprovado. E o interesse desse "novo" biocida é relatado no artigo "Preserving Skin Care Products Containing Avobenzone" (Cosmetics & Toiletries 117(8): 49-54, 2002). Os experimentos com essa "nova" matéria-prima teve como ponto de partida as reações adversas da avobenzone, um filtro solar que reage com formaldeído e preservantes liberadores de formaldeído. Como exemplo destes últimos, podemos citar a DMDM hidantoína e a imidazolidinil uréia. Um outro trabalho sobre a metil-isotiazolinona ("Um novo Material Inorgânico Bioativo com Propriedades Antimicrobianas e Antiirritanttes para Aplicações Desodorantes") foi apresentado no 22° Congresso do IFSCC (Edinburgo, Escócia, 23-26 de setembro de 2002) e se refere a avaliação da exposição potencial do consumidor ao biocida, quando o mesmo está contido na formulação do produto cosmético à ele aplicado.

Talvez, novidade mesmo nesse segmento é a introdução de um "novo" material inorgânico bioativo para aplicação em desodorantes. Este assunto foi apresentado também no 22° Congresso do IFSCC.

Trata-se de uma partícula inorgânica e insolúvel, biologicamente ativa em contato com água.

Segundo os autores (1. Volhardt e outros), os experimentos realizados demonstraram seu bom desempenho em desodorantes em spray, sendo superior ao do triclosan. Essa partícula inorgânica consiste de uma determinada mistura de óxidos de sódio, cálcio, fósforo e silício em estado vítreo não-cristalino. 0 princípio de atuação está na liberação de íons sódio e cálcio por um processo de troca iônica, elevando a concentração de íons e do pH. 0 que ficou constatado nesses experimentos é que a atividade antimicrobiana não se deu unicamente pela elevação do pH, mas sim, por um outro mecanismo associado a ele. Provavelmente, esse efeito pode ser devido à osmolaridade.

Considerando as expectativas do consumidor, que é ter produtos cada vez mais eficazes e seguros e sua busca por substâncias ditas "naturais" e ecologicamente corretas, a alternativa para os fabricantes de cosméticos está sendo o uso de certos extratos vegetais que apresentam atividade antimicrobiana, como é o caso do tree tea oil, o extrato de cramberry e outros que a literatura cosmética vem apresentando.

Tereza F.S. Rebello é farmacêutica bioquímica.
E-mail: methodusmethoduseventos@uol.com.br

Carlos Alberto Trevisan
Mercosul por Carlos Alberto Trevisan

Recomeçar

A decepção criada com a não realização da última reunião do grupo ad hoc de cosméticos, em Brasília, colocou o setor em expectativa do que poderá ocorrer nas próximas reuniões, já que a atual situação econômica e política dos países componentes do Mercado Comum do Sul não permite grandes projeções de melhoria a curto prazo.

O não comparecimento dos representantes dos Estados-Parte poderá se repetir em especial com relação à Argentina, o segundo mais importante participante.

O Presidente Lula tem enfatizado que a reativação efetiva do Mercosul é uma das prioridades do Governo, no que concerne à política de relações exteriores. Entretanto, a realidade atual nos demais países componentes do Mercosul, especialmente para as empresas do setor, pode ser avaliada pela grande queda nas exportações de nossos produtos, o que não parece corresponder a expectativa atual. Isso sem contar com os possíveis atravancamentos a serem impostos pelas diversas autoridades dos respectivos países e para proteção do que restou dos seus parques industriais.

Já citamos o caso da Província de Buenos Aires, que em discordância com a legislação federal da Argentina, passou a exigir o registro dos produtos a serem comercializados sob a sua jurisdição.

Ao nos referirmos ao termo "Recomeçar", que serve de título a esta coluna, estamos tentando posicionar um novo tipo de abordagem para as atividades da Vigilância Sanitária no âmbito do Mercosul.

Este novo posicionamento tem por base as iniciativas que estão sendo tomadas pelos setores competentes da ANVISA quanto à nova sistemática de aprovação dos produtos de higiene pessoal; cosméticos e perfumes.

O denominado PRODIR para os citados produtos tem por suporte a efetiva comprovação de que as empresas cumprem com as Boas Práticas de Fabricação e Controle, consensadas no Mercosul e internalizadas no Brasil pela Portaria 348, que estabelece o Guia de Inspeção e republica o Roteiro de Inspeção das Boas Práticas de Fabricação e Controle.

Deve também ser considerada a outra base para a efetiva implantação do PRODIR, que é a existência do denominado dossiê técnico, que deverá estar na empresa a disposição dos Inspetores da Vigilância quando solicitado.

Acreditamos que o verdadeiro exercício da Vigilância e em sua maior parte constituído pela inspeção, que, além de possibilitar uma real avaliação das condições efetivas de cada empresa para o fornecimento de produtos de qualidade para os consumidores, também permite ao órgão oficial uma perfeita radiografia do setor e, portanto, cada vez mais atribuir ao mesmo a sua real e total responsabilidade quanto aos produtos.

Esta pequena digressão que fizemos é para sustentar a proposta de que somente a efetiva inspeção nas empresas seja pelo próprio país, seja de forma conjunta, possibilitara que um país efetivamente confie no outro e, portanto, termine a necessidade de toda a papelada a ser apresentada em cada um dos países para comercialização dos produtos.

A esperança é que ao se reiniciarem as reuniões, uma nova abordagem seja feita, e temos certeza de que a simplificação com segurança dos procedimentos só trará benefícios para o setor como um todo.

Como já dizia Alexandre Dumas "Em aguardar e esperar se encerra toda a sabedoria humana".

Um feliz 2003 a todos!

Carlos Alberto Trevisan é consultor independente e diretor da Carlos & Trevisan Consultoria
E.mail: trevisan@dialdata.com.br

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Hirsutismo

Tendo em vista a crescente preocupação das pessoas com a estética e o culto a padrões pré-determinados de beleza, o excesso de pêlos, principalmente para as mulheres, constitui um grande problema.

Quando o crescimento é estritamente andrógeno-dependente, portanto, em regiões com influência de hormônios andrógenos (face, axilas, região púbica, pernas e braços), que pode ser parte de uma virilização, é denominado hirsutismo.

As causas do hirsutismo podem ser ovarianas (síndrome dos ovários policísticos ou tumores) ou adrenais (hiperplasia adrenal congênita, síndrome de Cushing e prolactinoma) ou outras como disgenesia gonadal, terapia andrógena, idiopatico, estresse, obesidade, entre outras. Pode ser por pré-disposição genética, familiar ou racial, sendo constitucional para determinadas etnias.

Geralmente, o hirsutismo está associado ao aumento na produção ou ação dos andrógenos, chegando a acometer 5 a 8% das mulheres em idade fértil.

Na mulher a testosterona (T) pode ter origem a partir dos ovários e suprarenais, através da produção de seus precursores: androgestenediona e sulfato de diidroepiandrostenediona (SHDEA).

A forma biologicamente ativa da T e a T livre, sendo que 80% da T "não livre" encontra-se ligada a uma (globulina ligadora de hormônios sexuais - SHBG) e aproximadamente 17-19% frouxamente ligada a albumina. Assim, a androgenicidade
também está relacionada a diminuição da SHBG e conseqüente aumento da T livre, promovendo a sua ligação à receptores específicos nas glândulas sebáceas e folículos pilosos.

O mecanismo fisiopatológico da atividade androgênica possui 3 estágios: a) produção de andrógenos pelas adrenais e ovários; b) seu transporte no sangue pela SHBG; c) sua modificação intracelular e ligação aos receptores andrógenos.

A síndrome dos ovários policísticos é a principal causa de hiperandrogenismo nas mulheres. Inclui alterações na secreção de gonadotrofinas, anovulação crônica, hiperandrogenismo e resistência à insulina. 60% a 90% das mulheres com ovários policísticos são consideradas hirsutas.

A redução da SHBG, com o conseqüente aumento da T livre, é responsável pela síndrome SAHA (seborréia, acne, hirsutismo, alopécia).

Os tumores ovarianos secretantes de andrógenos causam hirsutismo e podem ser causa de virilização. Dentre eles podem ser citados os adenomas, tumores de células de Leydig, arrenoblastomas e luteomas.

A hiperplasia adrenal constitui síndrome adrenogenital congênita, autossômica recessiva, com diminuição do cortisol e aumento da testosterona, androstenediona e ACTH. Resulta em hiperatividade das adrenais procurando manter os níveis de cortisol dentro da normalidade. Conseqüentemente, há hisurtismo e virilização. Quadros semelhantes podem ocorrer na síndrome de Cushing e em tumores adrenais.

A hiperatividade hipofisária pode determinar aumento da produção de andrógenos pelos ovários e adrenais, como na acromegalia, hiperprolactinemia, adenoma pituitário, hipotiroidismo, doenças do hipotálamo e drogas.

Muitas mulheres hirsutas são obesas, porém ainda não está bem determinada a relação entre estas duas patologias. Observa-se que, quando mulheres hirsutas com irregularidade menstrual perdem peso, ocorre regularização dos ciclos menstruais e diminuição dos pêlos.

As mulheres afetadas por esse mal tem à sua disposição diversos tratamentos estéticos que incluem o clareamento dos pêlos com cosméticos clareadores e as diferentes formas de remoção de pêlos, temporárias ou definitivas.

O barbeamento úmido (lâminas de barbear) ou seco (barbeadores elétricos) tem pequena durabilidade, mas são métodos simples e baratos.

As ceras permitem duração um pouco maior do resultado, permitindo remoção quinzenal ou até mensal. Pode, eventualmente, causar foliculite.

Os cremes depilatórios destroem a haste pilosa, rompendo as pontes de dissulfeto (sulfeto de bario, estroncio, sódio, ácido glicólico e tioglicolatos). Permitem uma remoção semanal ou quinzenal de pêlos finos, porém apresentam alto índice de dermatite de contato devido aos seus componentes químicos.

A epilação definitiva pode ser feita por eletrólise, eletrocoagulação e laser. Estes métodos são efetivos, porém bastante dispendiosos. Na eletrólise há destruição química do pelo.

O laser atualmente aprovado para remoção definitiva de pêlos é o Light Sheer, promove destruição do pêlo por fototermólise seletiva. Apresenta resultados favoráveis para pêlos escuros e grossos. Geralmente é necessária mais
de uma sessão, podendo ser necessárias até 6 sessões. As sessões tem intervalo de 30 dias a 3 meses, devendo ser feitas logo que se iniciar o crescimento de pêlos na área tratada.

Dra Denise Steiner é dermatologista
E-mail: clínicastlocki@uol.com.br

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