19° Congresso Internacional da IFSC - Índice Geral

Edicao Atual - 19° Congresso Internacional da IFSC - Índice Geral

Editorial

Fechamos mais um ano e a impressão que se tem é de que o pessimismo que assolou a década passada e o começo desta, se não distante, já se encontra há alguns seguros passos atrás. É possível começar a respirar, sem contudo exercitar uma respiração completa iogue.

Os sinais estão aí: inflação sob rédeas (e até redução de preços!), aumento do consumo, do crédito, relativa segurança a atrair o investimento externo e, mais importante: tímida mas insistentemente, o Brasil começa a dar mostras de que pode se livrar do vergonhoso estigma de compeão em matéria de distribuição de renda injusta.

É ver para crer: dos rincões mais improváveis, surgem brasileiros que ameaçam romper a fronteira da cidadania através do consumo. Pode não haver saúde, educação, moradia ou transporte decente para todos, mas o sonho do consumo, ao menos, parece muito mais tangível para muito mais gente nesse momento. Coisas do Real que, polêmico ou não, está deixando suas marcas.

Uma observação mais atenta no comércio nesse final de ano revela um 96 de Papai Noel gordo. Basta olhar o movimento nos supermercados, lojas de eletrodomésticos, importados, perfumarias e até farmácias. Compra-se de tudo e compram significativamente mais aqueles que até pouco tempo se encontravam distantes das vitrines e dos balcões.

Um novo mercado está surgindo. Quem tiver visão e souber encontrar o caminho (do ouro!) que leva a seus consumidores terá grandes chances de sucesso.

Nesta edição, publicamos artigo sobre proferidos durante o 19th IFSC Congress, realizado em Sidney, Austrália, sob o tema "Cosméticos: Promessa e Prova".

Boa leitura!

Promotores para Ação Epidérmica e Anexial - Dra. Maria Fernanda Guedes Bahia e Dr. Delfim Santos

Laboratório de Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Porto, Portugal.

O trabalho trata de aspectos relacionados ao incremento de
Açãa dos promotores de absorção e penetração em níveis cutâneos mais superficiais. Utilizados como aditivos a princípios ativos pouco potentes, os promotores tem também a função de reduzir a possibilidade de aparecimento de efeitos colaterais presentes em vários compostos de maior atividade.

Os autores abordam o mecanismo de ação dos filtros solares e suas diferentes características físico-químicas e os vários veículos utilizados em sua preparação.

É realizada uma descrição da mecânica capilar e da composição desejável dos promotores em shampoos e condicionadores com vistas a resultados cosméticos mais eficientes. Os autores discutem, ainda, o mecanismo das ceramidas e silicones, matériais utilizados em produtos capilares para vários fins.

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Abstracts Cosméticos: Promessa e Prova 19HT IFSCC Congress - Abstracts

Com o tema Cosméticos: Promessa e Prova, realizou-se de 22 a 25 de outubro, o 19th IFSCC Congress, em Sidney, Austrália. Foram 36 palestras e 90 posters, selecionados a partir de mais de 250 abstracts enviados e avaliados segundo as regras da IFSCC e que representam o que há de mais avançado na atual ciência cosmética.

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Índice Geral 1996 - Artigos Técnicos

- Óleo de Melaleuca
Linda Cristina de Oliveira e Maria Inês Bloise – Beraca Ingredients, São Paulo SP, Brasil.

- Autobronzeamento com Extrato de Nogueira
Kevin F Gallagher – Croda Inc, Parsippany NJ, EUA.

- Melanina: Novo Ingredientes Cosmético
Miles R Chedekel e Lisa Zeise – Mel-Co, Orland CA, EUA.

- Base da Emulsão O/A de Origem Vegetal
Josef Koester, AChim Ansmann, Rolf Kawa – Henkel GGaA, Dusseldorf, Alemanha.

- N-Aciç-N-Metil Tauratos: Detergentes de BAIXO Teor Irritativo
Kiyoshi Miyazawa e U-Hei Tamura-Shisheido Products Research Laboratories, Yokohama, Japão.

- Melanina: Tinturas de Cabelo do Futuro
Keith C Brown, Lawrence M Gelb – Research Foundation, Clairol, Inc, Research Laboratoires, Stamford CT, Estados Unidos; Giuseppe Prota – Depto de Química Orgânica e Biológica, Universidade de Nápoles, Itália.

- Resina em Dispersão Aquosa para Hair-Spray
Joseph P Pavlichko – Amerchol Corp, Edison NJ, EUA.

- Formulação Piloto com Matérias-Primas Naturais
Patrícia Widsten, P Widsten & Associates, West Orange NJ, Estados Unidos.


- Novo Ingrediente Catiônico para Cosméticos
E Prat-Pulcra SPA, Barcelona, Espanha; J Kahre – Henkel KGaA, Dusseldorf, Alemanha; N Totani – Henkel Hakusui Corp, Tokyo, Japão.

- Cosméticos étnicos: Aspectos Fisiológicos
Prof. Dr. Pedro Alves da Rocha Filho – Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – USP, Ribeirão Preto SP, Brasil.

- Biopolímeros Marinhos em Produtos ÉtnicosRuy C R Barreto, Daniel W Barreto – Assessa Indústria, Comércio e Exportação Ltda, Vanderlina M de Oliveira – Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento do Grupo Embeleze, Rio de Janeiro RJ, Brasil.

- Alisantes para Cabelo: Avaliação da Função, da Química e da Fabricação
Patrick Obukowho e Michael Birman – Croda INC, Parsppany NJ, Estados Unidos.

- Silicones para o Cuidado de Cabelos Étnicos
R Jackie Gant – Dow Corning, Midland NJ, Estados Unidos.

- Cabelo Afro-Americano Versus Caucasiano: Propriedades Físicas
Ali N Syed, Anna Kuhajda, Hassan Ayoub, Kaleem Ahmad – Avlon Industries Inc., Chicago IL, Estados Unidos; Eugene M Frank – Raani Corp, Chicago IL, Estados Unidos.

- Formulação de Produtos Étnicos para Maquiagem
Mitchell L Schlossman – West Orange NJ, EUA.

- Envelhecimento Intrínseco
Martin Rieger – M& A Rieger Associates, Morris Plains NJ, Estados Unidos.

- Bioengenharia Cutânea: Novas Perspectivas sobre a Fisiologia da Pele
Luis Rodrigues, Msc, PhD – Laboratório de Fisiologia Experimental e Laboratório de Biologia Cutânea, Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.

- Controlando o Surgimento da Celulite
Ronald M Di Salvo, PhD – UCLA Depto f Humanities, Science and Social Sciences, Los Angeles CA, EUA.

- Escolha de Emolientes para Produtos Solares
Gerd H Dahms – IFAC, Duiburg, Alemanha.

- Diferencial entre Emolientes Cosméticos
Engª Enilce M Oetterer – Dragoco Perfumes e Aromas Ltda, São Paulo SP, Brasil.

- Tecnologia de Emulsões
Elton C da Silva e Ida C Soares – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, USP, Saõ Paulo, Brasil.

- Teste da Estabilidade para Macroemulsões
Martin M Rieger – M & A Rieger Associates, Morris Plain NJ, Estados Unidos.

- Emulsões Cosméticas do Tipo Óleo-em-Água para Novas Aplicações
A Ansmann, GBaumoller, J Koester, E Prat, H Tesmann e R Wadle – Henkel kGaA, Dusseldorf, Alemanha.

- Influência das Emulsões na Hidratação Cutânea
L A M Ferreira – Faculdade de Farmácia da UFMG, Belo Horizonte MG, Brasil, F Oner – Hacettepe University, Turquia; J P Marty, M Seiller e J Wepierre – Faculte de Pharmacie de Châtenay – Malabry, França.

- Promotores para Ação Epidérmica e Anexial
Profª Dra Maria Guedes Bahia e Delfim Santos, Laboratório de Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Porto, Portugal.

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A vez da Qualidade por

Por Que Complicar?

BR Assessoria em Qualidade, São Paulo SP, Brasil.

E bastante freqüente encontrar empresas que não conseguem implantar sistemas da qualidade, por mais simples que sejam os seus processos. Em outras empresas, sem nenhuma sofisticação e sem grandes investimentos, todo o esquema anda com perfeição e o sistema de qualidade é simples, absolutamente claro e funcional e, o que é mais importante, é sustentado par todos os seus colaboradores, processo este que já se inicia na alta administração.

Este ensinamento da simplicidade já é dado nos cursos de auditor líder. Sempre é frisado que o ponto mais importante a ser observado pelo auditor é verificar se a empresa realmente "vive" com o seu sistema da qualidade. Não é a presença de grandes volumes e de manuais extensos e detalhados, escritos em vernáculo científico e exato, que vai definir a qualidade de um sistema. No curso de auditor líder sempre se explica muito claramente que mesmo que uma empresa não tenha nada escrito em termos de processos, mas onde seus colaboradores os conheçam a fundo, não há porque considerar a falta de documentos escritos uma "não conformidade". São empresas que funcionam há anos num determinado sistema, freqüentemente lideradas pelo bom senso, coerência e co-gestao que conseguem uma participação ativa de todos os envolvidos, a ponto destes se sentirem co-responsaveis e mesmo como socios ativos do empreendimento. Como tal, tratam a empresa, os seus processos e tudo o que nela se passa como se fosse sua propriedade. Estes colaboradores, tendo sido educados e treinados adequadamente pelos seus superiores e colegas, conhecem perfeitamente as suas responsabilidades e os detalhes dos processos que comandam. Em empresas deste tipo o consultor da qualidade, seja interno ou externo, deverá aproveitar todas as características para implantar uma sistemática extremamente ágil, simples e operacional. Caso disponha de efetivos conhecimentos da área, poderá até dar sugestões de melhorias de processo, porém nunca começar a descrever detalhadamente os processos em manuais e procedimentos. Já nos deparamos com procedimentos extremamente longos e detalhistas, descrevendo cada item com palavreado absolutamente preciso do ponto de vista de um engenheiro, mas que torna a sua leitura complicada demais para ser efetivamente entendida por um operador que não tenha tido a possibilidade de adquirir uma instrução formal. O uso de fotos, esquemas, tabelas e fluxos, preferencialmente preparados pelos próprios envolvidos, é muito efetivo.

A comunicação visual é imediata e completa, quando comparada à velocidade da compreensão global de um texto escrito. Por outro lado, a análise de fluxos e de textos legais não o é. Para efetuar análises deste tipo é necessária uma grande capacidade de abstração, ao passo que a interpretação de fluxos, fotos e tabelas apenas exige a capacidade conceitual ou de visualização, que está presente em cada um de nós.

Os textos longos e extremamente detalhistas apresentam o perigo de engessar as empresas, pois não permitindo fácil atualização, tornam-se uma legislação imutável, além de inibir a sua utilização. Muito mais empresas do que imaginamos sofrem desta característica. Freqüentemente seus diretores e executivos não perceberam o problema ou o próprio modus operandi da empresa não permite que se ponha em dúvida o que está determinado nos manuais, já que foram aprovados pela alta direção. Os manuais deste tipo são freqüentemente chamados de "bíblias", identificando assim a sua efetiva imutabilidade.

Procedimentos deste tipo deveriam ser coisa do passado, pois o mundo atual, que encontra-se em velocidade de mudança cada vez maior, não da espaço às organizações engessadas. A flexibilidade e a atualidade são a palavra do dia. Os procedimentos formais devem ser flexíveis, não devendo apenas permitir mas também incentivar o hábito das sugestões de melhorias e de colocar em dúvida determinadas formas de ação, para que sejam iniciadas atividades que visam o aperfeiçoamento e a simplificação dos processos. Esta dinâmica é conhecida como busca da melhoria contínua.

Os procedimentos extremamente detalhistas são fruto ainda da era mecanicista, quando as regras e os procedimentos eram gerados pela classe pensante para que fossem executados à risca pela classe operária, proibida de pensar. Procedimentos deste tipo ainda são procedimentos tipo "linha de montagem". Os processos modernos são as células de produção em que todos participam da gestão e da operação de sua área.

No mundo contemporâneo incentiva-se a participação daqueles que operam, daqueles que realizam o trabalho, pois são eles que o conhecem mais a fundo e para que o façam bem é necessário que tenham uma visão holística da empresa e de seu negócio. Esta atuação deve permear toda a empresa para que esta se torne um organismo vivo. Agindo desta forma, ela se tornará igual a um ser vivo, tendo ação e reação compreendida de forma global, estando constantemente ligada ao seu meio ambiente, sentindo as temperaturas, as pressões, as novas táticas dos concorrentes, as novas necessidades de seus clientes e dos consumidores finais.

Empresas que se formaram entre 20 e 30 anos atrás freqüentemente tem visão deste tipo, tomando-se vencedoras com produtos de aceitação plena e excelente clima de trabalho. Na expectativa de sua atualização e para acompanhar as tendências de mercado interessam-se pela implantação da ISO 9000 ou de um sistema de qualidade total. Contratando um consultor interno ou externo para iniciar o processo podem correr o risco de destruir a agilidade e a qualidade de suas atuações. 0 mercado está saturado de "especialistas" de toda a espécie e grande número deles se auto-intitula "especialista em qualidade". Cada empresa que continua presente no mercado é uma vencedora exatamente porque a sua forma intrínseca de atuar a fez crescer no mercado. Para introduzir qualquer processo de gestão em uma empresa e necessário que se conheça a sua forma de atuação. Qualquer processo de consultoria tem que ser obrigatoriamente desenhado especificamente para cada organização.

É básico que se conheça a sua forma de atuação para preparar o sistema de consultoria. Se o consultor não tiver pelo menos visitado a empresa, como poderá preparar uma proposta adequada sem ter conhecimento de fatores importantes como: forma de ser, grau de instrução e de envolvimento de seus colaboradores, mercado, recursos, grau de conhecimento e nível de seu sistema da qualidade. Se estes fatores não forem levados em conta, como é possível identificar o tempo de consultoria necessário, os cursos a serem aplicados, o prazo de implantação e a escolha dos consultores mais indicados? Um consultor que despreza estes fatores para apresentar uma proposta seguramente prevê a instalação de um sistema padrão da qualidade e não transforma o sistema próprio da empresa num sistema formal da qualidade simplesmente adequando-o as normas pretendidas. Muito possivelmente estamos à frente do início da implantação de um sistema rígido e padrão. Por outro lado, se a primeira atividade do consultor a ser exercida é a de escrever o manual da qualidade, estarão sendo costurados os primeiros alicerces da camisa de força.

Dependendo da habilidade do sistema de consultoria a empresa seguramente se certificará, porém perderá toda sua agilidade, permanecendo imersa em montanhas de papel, procedimentos, instruções, formulários e outros documentos
que de muito pouco lhe servem para a efetiva gestão de seus negócios. Este é um dos motivos porque o fato de estar certificado não é sinônimo de produção de qualidade. Fatos idênticos ocorrem em muitas empresas que se gabam de estar introduzindo a qualidade total. O termo "qualidade total" por si já é redundante, pois se não for total, não é qualidade. Ou será que uma qualidade parcial é satisfatória para o cliente? Será que também não se tomou um engessamento, porém desta vez total da empresa?

Já vivemos épocas de engessamento das empresas por ocasião dos sistemas de computação centralizados em main frames, em que as empresas, de certa forma, eram geridas pelos limites e regras impostos pelos gerentes de organização e métodos e pelas limitações do sistema central de processamento de dados. Lembremos dos prejuízos causados por aquele tipo de ingerência nos sistemas da cada área operacional da empresa para nos precavermos contra a rigidez decorrente de imposições artificiais de sistemas de qualidade que não sejam orgânicos e que não atendam as principais características da organização.

Referências:

Friedrich Reuss é bacharel licenciado em Química e especialista em Gestão da Qualidade. É titular da BR Assessoria em Qualidade.

Maria Aparecida V. da Cunha é psicóloga, especialista em gestão de pessoas.

Correspondência para os autores:
a/c redação de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português) Rua Álvaro de Menezes 74, 04007-020 São Paulo SP, Brasil



Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Pigmentação e Pele

Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí SP, Brasil.

A cor da pele é definida pela composição de fatores como vascularização, quantidade de carotenos e principalmente nível de melanina.

Os diferentes grupos raciais existem basicamente devido às nuances de quantidade e distribuição desta melanina.

O sistema da pigmentação melânica ou melanogeneses é o resultado de interações celulares e complexas reações bioquímicas que tem como finalidade a produção de melanina.

O melanócito é a célula responsável pela produção da melanina. Ele localiza-se basicamente na camada basal da epiderme na proporção de cem melanócitos para dez queratinócitos; deriva dos melanoblastos que estão na crista neural e migra durante a vida embrionária até a epiderme, anexos e demais estruturas que contém células pigmentadas. 0 melanócito, a exemplo de células nervosas, é dendrítico e forma com os queratinócitos vizinhos a unidade epidérmica melânica que anatomicamente é a unidade responsável pela pigmentação.

Esta unidade é estrutural e funcional, sendo representada pelo melanócito, com suas organelas denominados melanossomos, e pelos queratinócitos ao redor (aproximadamente 36), que adquirem estes melanossomos ativamente. A melanina é um biopolímero sintetizado a partir da tirosina, ativado pela tirosinose, que transforma-se em dopa (3,4 di-hidroxi-fenilanina) e sofre conseqüente polimerização dos intermediários, podendo evoluir tanto para eumelanina como para feomelanina ou a mistura das duas.

Os fatores reguladores da pigmentação são variados, podendo ser genéticos e raciais, hormonais e relacionados a radiação ultravioleta.

O hormônio estimulador do melanócito (MSH) produzido pela glândula pituitária é o mais específico, porém os estrógenos e a progesterona também interferem na pigmentação.

A radiação solar, através do ultravioleta A e ultravioleta B, incrementam a quantidade de pigmento.

A radiação ultravioleta A causa a oxidação da melanina pré-existente, promovendo o escurecimento imediato 6-8 horas e discute-se se aumenta a dosagem de melanossomos para a de queratinócito. A radiação ultravioleta B estimula a produção de mais pigmentos causando o bronzeado tardio 48-72 horas.

O número de melanócitos não aumenta, porém crescem o tamanho e atividade das enzimas.

A principal função do pigmento melânico é a proteção das células da pele da radiação ultravioleta. A melanina absorve a radiação ultravioleta e a luz visível, funcionando como um fotoprotetor natural.

Vários problemas de pele estão relacionados a distúrbios da pigmentação. Citaremos alguns mais prevalentes, abordando aspectos clínicos, etiopatogênicos e terapêuticos.


Vitiligo

O vitiligo caracteriza-se como uma hipopigmentação adquirida melanocitopênica (diminuição das células). Esta doença compromete qualquer parte do tegumento, aparecendo na forma de manchas brancas leitosas com formas variadas e sem sintomatologia.

A etipatogenia não é totalmente esclarecida, mas sabe-se que o melanócito desaparece da área acrômica. Pode tratar-se de doença auto-imune, pois já foram identificados anticorpos antimelanócitos.

A teoria de auto-destruição também é forte, apontando para um defeito intrínseco que gera acúmulo de elementos tóxicos que promovem a destruição. 0 tratamento é difícil e prolongado, levando alguns meses para produzir resultados,
e inclui corticóides psoralênicos mais ultravioleta, fenilanina e vitaminas, dentre outros. A idéia é impedir a continuidade do processo e induzir a migração dos melanócitos de periferia para o centro das lesões.

O vitiligo não causa alterações em órgãos internos, porém o distúrbio inestético prejudica o lado psicossocial.

Sardas

As sardas são pequenas manchas acastanhadas de cerca de 1 a 2 mm de diâmetro encontradas em áreas de exposição solar, ocorrem por herança autossômica dominante e representam maior quantidade de melanina na epiderme, demonstrando na microscopia eletrônica maior quantidade de melanossomo tipo IV. Pioram muito no verão, pois são estimuladas pela radiação ultravioleta. Não existe tratamento adequado, somente evitar o sol.

Melanose Actínica
(Lentigo Actínico)

São manchas acastanhadas de tamanhos variados (0,5 a 2 cm) que aparecem em áreas expostas, como mãos, rosto e colo após os 40 anos, principalmente em peles muito claras. Trata-se histologicamente de proliferação simultânea de
queratinócitos e melanócitos com alongamento das cristas interpapilares – hiperpigmentação dos queratinócitos basais e aumento do número de melanócitos.

O tratamento é feito com aplicação local de CO2, ácido tricloroacético, nitrogênio líquido e laser específico. A proteçao em relação contínua ao filtro solar é mais freqüente em mulheres.

Melasma

É uma hiperpigmentação facial que se manifesta por manchas na região malar (bochecha), frontal (testa), mentoniana (queixo) no formato de verdadeiras máscaras. Estas manchas podem aparecer em peles claras ou escuras, em qualquer idade após a puberdade, sempre no rosto, sendo muitas vezes associadas à gravidez e ao uso da pílula anticoncepcional.

O melasma não apresenta nenhuma gravidade, porém é esteticamente pertubador. A etiologia não está esclarecida e histologicamente demonstra-se aumento da melanina da camada basal e supra basal e, às vezes, macrófagos repletos de melanina na derme.

A associação com os hormônios estrógenos e progestógenos é evidenciada pela prevalência na gravidez. A pílula anticoncepcional piora o quadro. 0 sol também configura-se como vilão, devendo ser evitado em todos os casos.

O tratamento é difícil, principalmente em nosso meio, onde o sol brilha doze meses ao ano. São usados princípios ativos, como hidroquinona, Arbutin, ácido azelaico, etc.

A hidroquinona ainda é o tratamento mais eficaz, porém e melanócito-tóxica, provocando a destruição destas células e levando à hipocromia residual. Além disso, essa substância é instável e provoca irritação na pele.

A terapêutica com outras substâncias não tem se mostrado muito eficaz, sendo que o ácido cógico parece ser o mais eficiente depois da melanina.

O filtro solar, tipo bloqueador, deve acompanhar o tratamento. Ácido retinóico, corticoesteróides e peelings também podem ser utilizados como coadjuvantes.

O grupo das doenças de hiperpigmentação e hipopigmentação ainda representa um desafio para os especialistas na área.

Referências:

Dra. Denise Steiner é médica especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, doutorada pela Unicamp, professora chefe do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí e diretora da Clínica Stockli em São Paulo SP.

Correspondência para a autora: a/c redação de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português), Rua Álvaro de Menezes 74 04007-020 São Paulo SP , Brasil

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