Tecnologia de Emulsões

Edicao Atual - Tecnologia de Emulsões

Editorial

Vivemos hoje o que poderíamos chamar de "o jogo da verdade." Sem dúvidas a economia é um dos grandes propulsores de mudanças. A globalização impõe transformações de toda ordem à Sociedade e ao Estado, razão pela qual os efeitos da "acomodação" aos novos patamares de atividade estão muito presentes no nosso cotidiano.

Entre empresários dos diversos setores fala-se, ínsistentemente, na "reengenharia". O Estado fala das "reformas". Certos segmentos falam da redução do "custo Brasil", outros certamente se valem de terminologia diversa para dizer a mesma coisa. Entretanto, o objetivo é um só: maximizar os resultados.

Por isso da preocupação de todos em reduzir custos, diminuir desperdícios e racionalizar investimentos, a despeito da grande dificuldade em colocar tudo isso em prática, com a herança cultural que o passado perdulário nos legou.

Mais do que nunca, é chegada a hora de buscar o estágio da eficiência plena, caso Estado e Sociedade queiram, verdadeiramente, alcançar o bem-estar geral. Esta Cosmetics & Toiletries (Edição em Português) fala da Tecnologia de Emulsões, apresentando informações que com certeza serão de grande interesse dos nossos leitores.

Boa leitura!

Tecnologia de Emulsões - Elton C. da Silva e Ida Caramico Soares

Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Emulsões são sistemas heterogêneos, termodinamicamente
instáveis, definidas como a mistura íntima de dois líquidos imiscíveis, um dos quais está disperso no outro na forma de glóbulos ou gotículas com diâmetro em geral maior que o 0,1 u;. A estabilidade física e a manutenção das fases continua e dispersa pode ser aumentada pela adição de adjuvantes como agentes tensoativos.

Emulsões cosméticas são, em geral, preparações de aparência leitosa, que apresentam-se estáveis durante a armazenagem e "quebram-se" ao contato com a pele, possibilitando a liberação da fase descontinua.

Atualmente, emulsões fluídas e sistemas semi-sólidos são extensivamente empregados no campo farmacêutico e cosmetico, além do alimentício, agropecuário e químico em geral.

Este trabalho envolve o entendimento e a caracterização de
sistemas emulsionados, bem como a seleção de agentes emulsificantes e a técnica de preparaçao de emulsões.

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Teste de Estabilidade para Macroemulsões - Martin M. Rieger

M & A Rieger Associares, Morris Plain NJ, Estados Unidos.

O objetivo principal dos programas e técnicas para estudar a estabilidade das macroemulsões é predizer a vida de prateleira dessas emulsões em condições normais de armazenamento. A termodinâmica nos ensina que as misturas emulsificadas de óleo e água em discussão são instáveis. Os formuladores, nao obstante, referem-se às emulsões como estáveis, desde que seus produtos conservem as características originais aceitáveis por um período finito, normalmente chamado vida de prateleira (shelf-life).

O objetivo deste artigo e resumir as informações existentes
sobre a condução de testes de predição de estabilidade de macroemulsões.

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Emulsões Cosméticas Tipo O/A para Novas Aplicações - A. Ansmann, G. Baumöller, J. Koester, E. Prat, H. Tesmann, R. Wadle

Henkel KGaA, Duesseldorf, Alemanha.

Para o preparo fácil e rápido de emulsões cosméticas estáveis do tipo óleo-em-água, os químicos cosméticos contavam até agora com poucos modelos de desenvolvimento. 0 sistema HLB (Equilibrio Hidrófilo-Lipófilo) é muito utilizado, mas também não exclui as séries de ensaios empíricos que devem ser integradas a valores práticos.

O conhecimento da composição ótima e do comportamento das fases das emulsões cosméticas do tipo óleo-em-água abre a possibilidade de realizar de modo fácil e rápido novos conceitos cosméticos de grande qualidade. Essas emulsões se diferenciam pela estrutura de gotas muito finas, condição de estabilidade elevada e novas aplicações em spray.

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Influência das Emulsões na Hidratação Cutânea - Lucas Antônio Miranda Ferreira¹, F. Öner², JP Marty³, M. Seiller³, J. Wepierre³

¹Faculdade de Farmácia da UFMG, Belo Horizonte MG, Brasil; ²Hacettepe University, Turquia; ³Faculté de Pharmacie de Châtenay-Malabry, França.

Neste estudo, três tipos diferentes de emulsõe (A/O, A/O/A
e 0/A) contendo agentes hidratantes diversos puderam ser obtidas a partir da mesma fórmula quantitativa e qualitativa, desde que métodos específicos de preparação fossem adotados.

Nos estudos da oclusividade in vitro, a emulsão múltipla A/O/A mostrou um comportamento intermediário entre as emulsões A/O e O/A (A/O> A/O/A> A/O).

Estes resultados nao podem ser atribuídos à estrutura do filme residual formado após evaporação da fase volátil das emulsões, nem a cinética de perda de água determinada sobre um suporte inerte. É provável que estes resultados possam estar ligados a evolução da evaporação da fase volátil das emulsões sobre a célula de gelatina. Conseqüentemente, podemos dizer que um transporte importante de água a partir do interior das células de gelatina super-hidratadas em direção às emulsões aplicadas (especialmente A/O/A e A/O) torna mais lenta a cinética de perda de água destas preparações.

Os estudos da oclusividade e da hidratação cutânea in vivo não mostraram diferenças significativas entre as emulsões. Pode-se dizer que a influência do tipo de emulsão quando estas têm estritamente a mesma composição é desprezível.

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Mercosul por Carlos Alberto Trevissan

A Qualidade no Mercosul II

Consultor Independente, São Paulo, Brasil.

Até o final da década de 60, a principal preocupação das organizações era a eficiência dos processos produtivos. 0 aumento da capacidade da sociedade em atuar mais incisivamente nos processos sociais e econômicos, obrigou-a representar novos papeis.

As mencionadas mudanças influíram de maneira radical no ambiente social e político de atuação das empresas: se estas não se adaptassem o mais rápido possível, em suas linhas de atuação, correriam o risco da perda de mercado com todas as suas funestas consequências.

A organização passou a ser analisada sob o ponto de vista sistêmico, tendo como base a perfeita sincronia entre as metas da administração e os objetivos dos empregados e clientes.

A administração a nível gerencial passou a depender da autogestão e da liderança, com a conseqüente redução de controles e custo.

No quadro atual, a lucratividade e a rentabilidade das empresas dependem em grande parte da velocidade com que estas se antecipam e reagem às mudanças sociais e políticas no ambiente dos negócios.

A premência quanto a agilidade nas decisões, obriga a racionalização dos processos com sua conseqüente otimização.

Entre os aspectos que mais afetam, na atualidade, o desempenho das organizações, destaca-se a qualidade dos produtos e, uma das ferramentas mais utilizadas para tal é a implantação de um sistema integrado de qualidade.

O esforço de integração do Mercosul está promovendo a aceleração do processo de modernização do enfoque e implantação de infra-estruturas necessárias para a implantação e efetivação de processos de qualidade e produtividade nos países participantes.

Tornou-se bastante evidente a importância das micro e pequenas empresas da região no campo econômico e social, mas também foi ressaltada a grande dificuldade destas empresas em se integrarem aos processos de melhora de qualidade, devido a total ausência de informações.

Com relação ao exposto acima e em continuidade ao artigo publicado na edição anterior, abordaremos alguns pontos constantes no Guia de Boas Práticas de Fabricação, que consideramos de vital importância para a real implantação de um conceito mínimo de qualidade nas empresas dos países participantes do Mercosul.

Como mencionado na primeira parte deste artigo, a finalidade da implementação do Guia é a obtenção de parâmetros de avaliação da qualidade para o setor como um todo.

Durante as longas e cansativas negociações que decorreram até que se obtivesse o consenso entre os quatro países, a grande dificuldade observada foi a necessidade de adequar- se a proposta às atuais condições existentes nas instalações industriais destes países, tanto no que se refere aos conceitos de qualidade, como as exigências legais, pois só para que se possa ter uma idéia da complexidade, o Uruguai nao exigia a existência de laboratório de controle de qualidade nas suas indústrias.

De maneira análoga, sabemos que em razão da grande extensão territorial de nosso país e das grandes diferenças culturais e econômicas existentes entre as principais regiões geográficas, o estabelecimento de um Guia com procedimentos extremamente restritivos quanto às ações a serem executadas, somente serviria meramente como referencial, pois a realidade de implantação seria diversa.

A proposta finalmente aceita em consenso, já incorporada pelo Grupo do Mercado Comum, e que deverá ser implantada pelos países participantes, teve por mérito os pontos seguintes:
I - Existe autonomia total para que cada empresa possa aplicar as recomendações do Guia da forma que melhor se adapte as suas condições, desde que o resultado desta implantação seja a qualidade ao nível desejado;
2 - A noção e o conceito de Qualidade Total estão presentes em todas as recomendações necessárias à correta implementação das Boas Práticas de Fabricação;
3 - As definições descritas na parte introdutória do referido Guia, foram feitas da forma mais simples e objetiva, para evitar que pudessem ocorrer dúvidas que inviabilizassem a implementação;

Acreditamos, portanto, que com a implantação do Guia os benefícios imediatos serão:
- Maior produtividade e menor custo operacional global;
- Maior participação no mercado nacional e no exterior, proporcionando maiores lucros;
- Maior participação entre os empregados, proporcionando aumento da confiança destes com relação aos empregadores e vice-versa;
- Diminuição dos acidentes no trabalho ocasionados por atos inseguros, decorrente de maior detalhamento nos procedimentos;
- Melhora quanto às técnicas de trabalho, pela racionalização das rotinas;
- Racionalização no uso de insumos;
- Racionalização no uso da energia;
- Atendimento as expectativas dos clientes;
- Melhora nas relações com a comunidade onde a empresa está instalada;
- Consolidação da imagem da empresa no mercado.

Para finalizar, devemos considerar que a implantação de um Programa Europeu da Qualidade pela União Européia possibilitará a interação entre os mercados, com a conseqüente abertura de negócios entre as empresas das duas regiões, facilitando o acesso das empresas do Mercosul ao mercado internacional.

Referências:

Carlos Alberto Trevisan é engenheiro químico, consultor de independente na área de cosméticos e membro do SGT-3 (Sub-
Grupo de Trabalho) do Mercosul.

Endereço para correspondências com o autor: a/c redação de Cosmetics & Toiletries (Edição em Portuguê Rua Alvaro de Menezes 74, 04007-020 Sao Paulo SP, Brasil.

A vez da Qualidade por Friedrich Reuss e Maria Aparecida V. da Cunha

Experiência de Auditorias e Consultorias

BR Assessoria em Qualidade, São Paulo SP, Brasil

Tanto a realização de auditorias de certificação na área da ISO 9000, como as atividades de consultoria e implantação nesta mesma área e na de Gestão de Pessoas como a avaliação de potencial dos executivos em relação ao seu papel na empresa), tem nos permitido construir um quadro global de como as organizações tem agido e dos sucessos ou fracassos alcançados nas suas atividades de melhora de sua organização. Dos exemplos vividos, pode-se deduzir algumas
situações que representam exemplos bastante comuns às organizações.

O sistema de Gestão da Qualidade, segundo a ISO 9000, representa uma forma lógica, simples e extremamente flexível da organização do sistema da qualidade, com a grande vantagem de ser adaptável a qualquer tipo de empresa, seja ela indústria ou prestadora de serviços.

Qualquer outro sistema localizado ou de normatização pode ser nele incluído, tornando-se então um único processo homogêneo de gestão. Referimo-nos em especial ao GMP (Good Manufacturing Practices) internacionalmente utilizado pelas indústrias farmacêuticas, alimentícias e cosméticas. Em nossa atuação, tivemos a oportunidade do íntimo contato com uma produtora e exportadora de insumos farmacêuticos que, auditada usualmente pelo FDA, também introduziu o sistema de gestão da Qualidade segundo a ISO 9000 e foi certificada. Todo o sistema de GMP existente foi incorporado, sem qualquer alteração no sistema de gestão, pela ISSO 9000. Ambos os sistemas passaram a conviver de tal forma, que não houve necessidade alguma de outras alterações.

Numa comparação realizada entre os itens do GMP e da Norma ISO 9000 (que os autores põem a disposição dos interessados), verifica-se que em todos os itens relacionados a qualidade final do produto em si, a ISO 9000 e o GMP, tem preocupações idênticas. A ISO 9000 no entanto, é mais abrangente em termos de gestão do empreendimento.

Outra observação importante provém da indústria mecânica de grande porte, tradicional usuária de modernos sistemas de gestão. Com seus mais de 15.000 colaboradores, esteve em condições de implantar a ISO 9000 em menos de oito meses.

Está claro que os investimentos em educação (que significa a aquisição de novos conhecimentos) e treinamento (a prática dos conhecimentos existentes) foram correspondentemente elevados. Um de seus setores, que por razões desconhecidas não se apresentava minimamente conforme na pré-auditoria, apresentou-se completamente conforme duas semanas após, por ocasião da auditoria de certificação. A elevada velocidade de implantação e de correção de rumo demonstrada nesta empresa, é decorrente da liderança forte e lógica e do direcionamento institucional incorporado, individualmente, por seus mais de 15.000 colaboradores. Dos diretores aos gerentes, supervisores e trabalhadores de todos os níveis, sentia-se o desejo de estar alinhado a nova filosofia que está entrando no mercado, com o intuito de fortalecer a capacidade competitiva da organização para a qual cooperam. A consultoria utilizada por esta organização pôde se limitar a assessoria na forma da implantação da ISO 9000, pois todas as outras atividades já existiam na empresa. Cada um dos procedimentos se apresentava de forma muito simples, compacta e de facílima visualização. Todo o sistema de gestão da ISO 9000 era tratado como parte intrínseca da empresa, com a qual esta passou a conviver sem criar qualquer excesso de burocracia.

Da mesma forma, tivemos a chance de conhecer extremos opostos em alguns dos casos para os quais fomos chamados logo no início da implantação do sistema, para a realização do diagnóstico de ponto zero e, cerca de um ano mais adiante, para avaliação ao final do projeto.

Apesar do direcionamento correto, da vontade e do apoio firme por parte da direção, estas empresas, de porte médio, não apresentaram a mínima condição de serem certificadas. Os procedimentos são confusos, os colaboradores, apesar de alinhados com o direcionamento da empresa, não estão alinhados com os requisitos e filosofia da ISO, vendo-a apenas como uma sistemática de burocratização e um trabalho adicional e paralelo às suas funções usuais. Os procedimentos são complexos, confusos, sem interação clara e, naturalmente, não foram absorvidos adequadamente como complemento da função de cada um. Passar-se mais de um ano trabalhando na implantação de algo que não traz benefício algum aos ocupantes dos cargos, em algo que toma muito tempo e que não se sabe ao que vem, é extremamente desgastante e desmotivante. Chegar-se ao fim de um processo exaustivo com a esperança da certificação e então concluir que nada está correto, é um tremendo choque. Situação deste tipo, causada unicamente por um processo absolutamente inadequado de assessoramento, só pode ser salvo pela sua
substituição imediata, por consultores que tenham a habilidade e a capacidade de reverter a situação.

Aliás, o grande problema da escolha de um fornecedor de serviços, é que a avaliação de sua qualidade se dá apenas ao longo da execução (serviços de transportes, da saúde, de traduções, de construções etc). Os problemas que verificamos provinham tanto de consultorias de médio como de grande porte e de mesmo algumas com chancela internacional.

A demanda reduzida na área de consultoria, faz com que tentem ampliar sua área de atuação para além dos limites de sua competência; por outro lado, o elevado número de profissionais disponibilizados e de reduzidas chances de recolocação, faz com que estes procurem
atividades na forma de consultores, sem que para tal disponham de todas as habilidades exigidas.

Outro grupo interessante de casos a ser relatado, diz respeito a implantação interna. Há muitas empresas que por inexperiência anterior, por questões de princípio ou por experiência mal sucedida, não se utilizam de consultorias externas. Também aqui é válido aquele ditado tão bem utilizado pela indústria japonesa no passado, que diz "mais vale uma boa cópia que uma má invenção." A função básica de uma consultoria é assessorar criteriosamente e satisfazer as necessidades da empresa que a consulta.

Em nossa vivência, verificamos que o iniciador e líder do projeto sempre foi o responsável pelo laboratório de controle da qualidade que, após a realização de cursos e participação em seminários, tenta envolver a empresa no processo de implantação. Se o faz isoladamente, estará
obtendo, quando muito, sucesso apenas parcial. Em todo o caso é necessário apoio incondicional efetivo e forte por parte da alta administração, para fazer com que o projeto seja absorvido e suportado também por outras áreas da empresa. O nível de rejeição ao novo processo usualmente é elevado, pois pode haver o receio por parte dessas outras áreas, de que o aumento do controle e da transparência venham a expor algumas deficiências.

Verificamos também que alguns responsáveis pelo sistema da qualidade que se apresentam mais fechados, não se aproveitam nem das oportunidades oferecidas pelas experiências de seus vizinhos ou parceiros, passando a gerir por conta própria a implantação do sistema de gestão da qualidade. Os maiores problemas neste tipo de implantação decorrem de dois fatores, primeiro quanto à formação profissional. Trata-se sempre de profissional com bom nível técnico, pois chegou a alcançar posição de destaque na sua área. Nem sempre porém, foi educado para desenvolver também as capacidades gerenciais e pessoais necessárias a gestão de um processo complexo de implantação que envolve o conhecimento dos fluxos de toda a empresa, do adequado trato com as pessoas etc. Alia-se a isto, o fato de que a implantação comandada por alguém da própria empresa torna-se prejudicada devido ao seu envolvimento direto com os problemas internos. Verificamos que em regra, o tempo gasto pela empresa para a implantação de um sistema interno é muito maior do que se tivesse os caminhos traçados por alguém conhecedor da metodologia.

Verificamos este aspecto em empresas de diversas áreas de atuação, de diversos tamanhos e nacionalidades. Em todos os casos, o processo de implementação foi extremamente demorado, houve a necessidade de correção intermediária de rumos e, adicionalmente, a auditoria final não se apresentou de forma satisfatoria. Nestes casos, o sistema implantado, mesmo que certificado, ainda não foi absorvido como ferramenta usual de trabalho para ajudar no dia a dia, mas sim como burocracia necessária para a sobrevivência do ocupante do cargo.

Outra experiência, esta porém extremamente gratificante, ocorreu numa empresa de médio porte, de origem internacional, em que o próprio processo de gestão já se iniciou de forma moderna e organizada, com papeis bem definidos para todas as funções, claro direcionamento
estratégico, revisão anual de sua visão de futuro, missão, crenças e valores. Apresentava políticas de atuação, estratégias bem definidas pela diretoria e gerências; política da qualidade bem estabelecida e derivada em metas para cada área da empresa; acompanhamento periódico, e tomada de medidas de correção.

Para a implantação da ISO 9000 nomeou-se um coordenador com conhecimentos técnicos e habilidades pessoais adequadas a este tipo de liderança.

Procuraram auxílio junto a uma consultoria, que lhes traçou os principais caminhos, os ajudou na elaboração dos procedimentos e formulários, de tal forma que se adaptasse completamente ao seu sistema de gestão, estabelecido internacionalmente.

Desde a diretoria até o pessoal operacional, todos estavam envolvidos com o processo da ISO. Percebia-se que tudo decorria de forma absolutamente normal: era como se sempre tivessem lidado com tal processo de gestão.

Este é o tipo de auditoria que dá prazer de ser realizado. O auditor sente-se como participante da organização e do sistema, e não como nos outros casos, em que o sentimento é igual ao daquele professor forçado a dar uma nota baixa ao aluno que não soube aproveitar dos ensinamentos do curso.

Referências

Friedrich Reuss é bacharel e licenciado em Química, e especialista em Gestão da Qualidade. É titular da BR - Assessoria em Qualidade.

Maria Aparecida V. da Cunha é psicóloga especialista em gestão de pessoas.

Endereço para correspondência com os autores: a/c redação de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português),
Rua Alvaro de Menezes 74, B 04007-020 Sao Paulo SP, Brasil. Fax (011) 3887-8271.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Drenagem Linfática

Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí SP, Brasil.

O termo drenagem linfática designa o
procedimento no qual tenta-se auxiliar o processo natural que o sistema linfático utiliza para, como o próprio nome diz, drenar, ou seja, recolher todo material líquido distribuído pelo corpo.

Sistema Linfático

Os componentes do sistema linfático são:
- Linfa (vias linfáticas: capilares, vasos, tronco);
- Tecidos linfáticos: timo, baço, gânglios linfáticos, amígdalas, placas de Peyer, apêndice.

A linfa tem origem nos espaços intercelulares, tendo como componente básico o líquido intersticial, que por sua vez tem composição muito semelhante ao plasma sanguíneo.

Além desta parte líquida, a linfa também é composta de macromoléculas, principalmente de proteínas, mucopolissacarídeos, lipoproteínas, ácidos graxos e, eventualmente, bactérias e fragmentos celulares.

Dependendo de sua origem (intestino, região hepárica, tecido subcutâneo) a linfa tem composição diferente. Podendo parecer mais espessa, densa ou assemelhando-se a um líquido leitoso.

Fazem parte também do conteúdo linfático, os linfócitos e os macrófagos, representantes importantes na defesa do organismo.

As vias linfáticas tem origem no tecido intersticial, onde encontramos uma rede de capilares linfáticos sempre próxima a uma rede de capilares sanguíneos. A junção dos capilares formam os vasos linfáticos que levam a um gânglio linfático e posteriormente aos troncos linfáticos, que drenam a linfa para o sistema venoso.

Podemos dividir as vias linfáticas em uma rede periférica, composta por capilares e vasos linfáticos localizados antes dos gânglios linfáticos, e uma rede central composta de vasos linfáticos colocados após os linfonodos.

Os capilares linfáticos terminais têm estrutura peculiar adequada a sua função. As células que compõem suas extremidades são sobrepostas (como num telhado) formando válvulas que se abrem pela pressão externa do líquido intersticial, abrindo e fechando de acordo com a necessidade.

Devido a alta permeabilidade, é de se supor que grande quantidade do líquido que entra nos capilares linfáticos acaba por voltar ao espaço intersticial; mas, as macromoléculas acabam por permanecer dentro deles. 0 calibre dos capilares e dos vasos linfáticos é bem menor do que o dos capilares venosos e das veias correspondentes.

Os vasos linfáticos são constituídos da confluência de vários capilares linfáticos. Apesar de possuírem válvulas que impedem o refluxo do seu interior, são permeáveis, fazendo com que a linfa central seja mais concentrada do que a linfa periférica. Os vasos linfáticos podem anastomosarem-se num plano superficial e profundo. A sua junção, após terem passado obrigatoriamente por um linfonodo, vai constituir o tronco linfático.

Os troncos linfáticos dividem-se em três: o ducto torácico, o ducto esquerdo e o ducto direito. 0 primeiro é o maior deles: começa na altura do umbigo e recebe a linfa dos membros inferiores e dos orgãos abdominais. Passa pelo diafragma através da abertura aórtica e desemboca na junção da veia subclávia esquerda com a veia jugular interna esquerda. Como recebe linfa de várias regiões, a sua composição é bastante característica.

O ducto esquerdo forma-se pela união do tronco jugular esquerdo com o subclávio esquerdo, drenando a parte esquerda da cabeça e o membro superior esquerdo. 0 ducto direito é formado pela junção do tronco jugular direito com o subclávio direito e broncomediastinal ascendente, drenando a linfa da parte superior do tórax direito. Este ducto é menor que o torácico.

A linfa, para ser transportada, vale-se de vários mecanismos tais como: contração dos vasos linfáticos, contração muscular, movimentos diafragmáticos e pulsação das grandes artérias. Destes, o mais importante é o primeiro que é um mecanismo autônomo de origem neurogênica. 0 sistema de válvulas, no qual aparece em intervalos bem menores do que no sistema venoso, é controlado apenas pela pressão, uma vez que elas não possuem musculatura. Como a função mais importante da linfa e a manutenção da homeostase, a anatomia e a fisiologia do sistema linfático está muito ligada a temperatura, pressão e estímulos químicos.

Drenagem Linfática Assistida

O subtítulo tenta esclarecer que a drenagem linfática é um processo natural que ocorre em todos os organismos saudáveis e que pode ser ajudada, estimulada, através de manobras manuais ou com ajuda de aparelhos eletro-eletrônicos, que teriam basicamente a função de aumentar o f1uxo de linfa circulante nos vasos e tronco linfáticos. 0 método ideal seria aquele que conseguisse ampliar e acelerar as reações próprias do organismo, sem interferir na sua função.

Drenagem Linfática Manual

A drenagem linfática manual utiliza pressão graduada e alterada para tentar mimetizar as contrações próprias dos vasos linfáticos. Como o aumento dessa pressão deve seguir a direção do fluxo linfático, é importante conhecer este
percurso anatômico antes de se iniciar qualquer manobra.

Existem algumas técnicas pessoais de drenagem linfática manual, mas todas seguem o princípio básico de manobras feitas em círculos num plano oblíquo à superfície a ser tratada, aumentando se a pressão até metade do círculo e relaxando-se até o seu final. A seqüencia deve ser sempre em direção a um aglomerado de gânglios linfáticos. 0 intuito desta operação é aumentar não só o volume da linfa recebida pelos capilares linfáticos como também a sua velocidade de transporte.

Drenagem Linfática por Aparelhos

A drenagem linfática feita por aparelhos tem os mesmos objetivos que a drenagem linfática manual, isto é, melhorar a condição de drenagem linfática natural do organismo. A diferença fundamental é que quem faz este auxílio não
mais o profissional treinado em drenagem linfática e sim um sistema de "bolsas" pressóricas, ativadas mediante um programa inteligente de computador que dá as ordens para que a seqüencia de inflar e desinflar sejam desencadeadas. Atualmente, temos aparelhos ultra sensíveis que conseguem mimetizar consideravelmente o fluxo natural da linfa, mesmo com algumas críticas a sua utilização: tais como aquelas que alegam que estes equipamentos não consideram a individualidade dos pacientes e que apresentam custo financeiro maior do que apenas o aprendizado da técnica manual.

Utilização do Método de Drenagem Linfática

Algumas situações na área médica, relacionadas à aparência, são passíveis da utilização deste método. A seguir, listaremos algumas delas sem critério de ordem de necessidade:
- Acne
- Couperrose
- Rosácea
- Celulite (lipodistrofia ginóide)
- Pré e pós cirurgia plástica
- Tratamento de cicatrizes
- Quelóides
- Tratamento de rejuvenescimento
- Relaxamento

Contra-Indicações do Método

Existem contra-indicações absolutas e relativas para o uso da drenagem linfática, tanto manual quando por aparelhos.

São as seguintes as contra-indicações relativas:
- Câncer diagnosticado e já tratado
- Inflamações Crônicas
- Tratamento realizados anteriormente
para trombose ou trombof1ebite
- Hipertireoidismo
- Asma brônquica
- ICC (insuficiência cardíaca congestiva)
- Hipotensao arterial
- Distonia neurovegetativa

Enquanto as absolutas são:
- Neoplasia (câncer) de qualquer origem
- Inflamações agudas
- Trombose

Em quaisquers casos, a responsabilidade pela indicação do método e do profissional habilitado para tal.

A autora agradece a colaboração do médico dermatologista Dr. Valcinir Bedin.
Dra. Denise Steiner é medica especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, doutorada pela
Unicamp, professora chefe do departamento de dermatologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí e diretora da Clinica Stockli, em São Paulo SP.

Correspondências com a autora: a/c redação de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português), Rua Alvaro de Menezes 74 04007-020 São Paulo SP, Brasil.

1. Ritter Winter W. Drenagem Linfática Manual. Editora Vida Estética, Rio de Janeiro.
2.Junqueira, Carneiro. Histologia Básica. Ed. Guanabara Kogan, Rio de Janeiro, 1974.
3. Guyton AC. Fisiologia Básica. Ed. Interamericana, 1973.
4. Netter F.Atlas de Anatomia Humana. Ed. Artes Médicas, Sao Paulo, 1996

Atualidades Técnicas por Prof. Pedro Alves da Rocha Filho

Tecnologia de Emulsões

Emolientes
Croda Inc. (Pereira AG, Gallangher KF, Abend PG, Carson JC Jr) na patente norteamericana n° 5455025 de 2 de abril de 1992, sugere produtos para aplicação tópica contendo um ou mais ingredientes ativos e um éster graxo alcoxilado (emoliente), sendo diéster ou triéster de um ácido tricarboxílico alifático ou aromático, formado pela reação do ácido com excesso de um ou mais alcoóis graxos polialcoxilados. 0 citrato glicólico de éter miristílico foi preparado tratando-se óxido de propileno com álcool miristílico e em seguida com ácido cítrico. Uma loçao para as mãos contendo Incroquat Behenyl 3,5%, Polawax 3,0%, álcool estearílico 1,0%, citrato glicólico de eter miristílico 5,0%, óleo mineral 3,0%, vaselina 4,0%, água destilada 74,5%, glicerol 5,0% e Germabem II 1,0%, atua como emoliente não aquoso para as mãos.

Emolientes para produtos cosméticos do tipo O/A são descritos por Onaki M (Kosei Kk) na patente japonesa de n° 7187950 de 24 de dezembro de 1993. Contém polímeros alquil-carboxivinílicos modificados (A) na proporção de 0,01-3,0, substâncias oleosas 1-60, sílica em pó 1-40 e água destilada 30-95. Uma base líquida é composta por (A)0,2%, esqualano 5,0%, cera de abelha 1,0%, Cetanol 1,0%,sílica revestida por Ti02 7,5%, sílica revestida por óxido de ferro 1,6%, solução NaOH 6,0% e água destilada qsp 100,0%.

Emulsões em Embalagem Especial

Produtos cosméticos na forma de emulsão são apresentados ao mercado embalados em compartimentos duplos e são sugeridos pela Elizabeth Arden (Guerero AA, Vargas A, Meyers AJ) na
patente norte americana de n° 5455035 de 13 de janeiro de 1994. Em compartimento separado, a primeira substância é composta por líquido orgânico de caráter ácido. A segunda substância, também em compartimento separado, é composta por agente alcalino presente em quantidade suficiente para neutralizar o líquido orgânico. A seguinte composição é citada como exemplo:

- Primeiro compartimento:
Etanol 7,5 %
Butileno glicol 5,0
NaHC03 3,0
Trietanolamina 1,0
Metocel 0,5
Agua destilada 83,0


- Segundo compartimento:
Carbowax 400 84,0%
Acido ascórbico 5,0
Etanol 5,0
Ácido citríco anidro 3,0
Acido isoesteárico 3,0

Emulsões Múltiplas

Dahms G reivindica na patente alemã n° 4341113 de 2 de dezembro de 1993, a preparação de emulsão múltipla X/O/Y estável. A emulsão contém uma ou mais fases X/O, na qual X é uma fase oleosa imiscível e O é uma fase oleosa. A fase X/O pode incluir um agente que pode ser sólido, usado em produtos farmacêuticos, cosméticos, detergentes, alimentos ou agroquímico. A fase Y pode ser um líquido aquoso, preferivelmente um cristal líquido, gel ou uma emulsão A/O/A, e serve como transportador para a fase X/O. Esta fase é preparada usando um emulsificante com valor de EHL,≤ 6,0 e/ou um emulsificante do tipo A/O. A fase X/O é preparada e dispersada na fase Y usando-se aparelho de agitação convencional. As gotículas da fase X/O são estáveis por longo período de tempo e não se altera ou interage com a fase Y ou com outras fases X/0, mesmo em altas diluições.

Mueller A, Nielsen J, Gohla S (Beiersdorj AG) na patente alemã n° 4343833 de 22 de dezembro de 1993, reivindicam
a formação de emulsões múltiplas consistindo de uma fase aquosa na qual é dispersada uma fase oleosa que por sua vez contém uma fase aquosa dispersa. São preparadas a partir de:
(a) Emulsificante R1 (C02) (CH2CH2 O)n
(onde R1 é um grupo alquílico com C10_30 e n = 8-200);
(b) Fase oleosa;
(c) Fase aquosa externa e interna contendo 0,1-5,0% de sal orgânico ou inorgânico de cátions mono-, di- ou trivalentes;
(d) Estabilizantes de emulsões (monoglicerídeos) incorporados nas fases oleosa e/ou aquosa.
(e) Agentes ativos, aditivos e/ou excipientes incorporados nas fases oleosas e/ou aquosas.

A fase oleosa consiste de óleos, ceras compatíveis fisiologicamente com valor de EHL entre 10-20 e óleos polares, ceras com polaridade <30 mN/m. Então, uma emulsão A/O/A é preparada contendo:

Estearato de PEG 100 2,0 g
Estearato de glicerila 4,0
Esqualano 3,0
Palmitato de isopropila 5,4
Sulfato de magnésio 0,5
Preservante 0,6
Agua destilada qsp 100,0%

No pedido PCT Internacional de n° 9517953 de 6 de julho de 1995 de autoria de Young TJ, McGinley EJ (FMC Corp) é reivindicada a fabricação de emulsões estáveis, redispersíveis, com alta proporção interna de emulsões A/O (tendo proporção de água/óleo de 3,5: 1,0 até 19:1,0).

As emulsões são preparadas em baixa velocidade usando cerca de 0,5-3,0% (baseado na proporção da fase oleosa) de um emulsificante da classe de éster poliglicerílico condensado do acido ricinoléico. Estas concentrações podem ser usadas como substitutas de material graxo nas indústrias alimentícias, farmacêuticas, cosméticas e em cervejarias.
As preparações obtidas incluem também emulsões múltiplas A/O/A. Um produto cosmético usado como bloqueador solar e umectante é preparado aquecendo-se 400 g de água contendo Ti02 1% a 50°C, e misturando-se com 80 g de uma fase oleosa contendo 78,4 g de óleo mineral e 1% de Triodan R90 (éster poliglicerflico de acido graxo).

Emulsoes Simples
Na patente chinesa n° 1091055 (Chen D) está descrita a metodologia de preparação de emulsões secas: misturam-se solventes ou óleos com agentes emulsificantes e moe-se a mistura com substâncias transportadoras hidrossolúveis para
formação uniforme de emulsões secas do tipo 0/ A. A proporção de transportador para o solvente (ou óleo) e 5:1 ou mais. As emulsões são homogêneas e o método é utilizado para preparar produtos farmacêuticos, cosméticos ou outros. A preparação de emulsões contendo vitamina A ou E são citadas como exemplos.

A fabricação de dispersões sólidas estáveis pelo método de inversao de fases (TIF) é o tema da patente alemã n° 4337030 de 29 de outubro de 1993 de autoria de WahleB, Waltenberg P,Klink C, Foerster T e Engels T. Dispersões muito finas de partículas sólidas usadas na formulação de cosméticos ou empregadas pela indústria textil, são produzidas em temperatura de inversão de fases e compreendem:
(A) Material sólido ceroso (10-80%);
(B) Dispersante hidrofílico nao-iônico (EHL 8-18);
(C) Co-dispersante hidrofóbico (1-30%) compreendendo um álcool graxo (C12.C22) ou poliol parcialmente esterificado com ácidos graxos (C12-C22) na proporção B/C de (0,5-20,0): 1,0;
(D) Água destilada (15-85%), na temperatura acima do ponto de fusão da mistura de A+B+C. A dispersão é aquecida a temperatura superior a TIF (pode ser preparada em temperatura acima daquela de inversão de fases); é resfriada e diluída opcionalmente com água destilada. Como
exemplo, cita-se a seguinte composição: vaselina sólida 50,0 partes, Mergital B-10(álcool etoxilado C22) 9,10 partes, Cutina GMS (monoestearato de glicerina) 2,2 partes e água destilada 38,9 partes foram misturados e homogeneizados à temperatura levemente superior ao ponto
de fusão dos componentes. As misturas são aquecidas rapidamente (± 1 minuto) a 95°C e resfriadas com agitação até a temperatura ambiente, produzindo dispersão com viscosidade 11,0 Pas e intervalo de inversão de fases de 80-88°C.

Na patente alemã n° 4341114 de 2 de dezembro de 1993, Dahms GH descreve a preparação de uma emulsão designada como X/O que não contém água. A emulsão é composta por um líquido não aquoso, fase imisílvel em óleo (fase X), uma fase oleosa (fase O) e um ou mais agente emulsificante lipofílico (EHL, ≤ 6,0). A fase tipo miscível pode ser composta por um agente farmacêutico, agroquímico, detergente, alimentar ou cosmético.

Pierre Fabre Dermo-Cosmetique na patente internacional n° 9525507 de 22 de março de 1994 (Couval E, Peyrot N,Firmino N, Jammes H, Clairand V), sugere a preparação de produtos cosméticos na forma de emulsão O/A contendo Retinal, que é estabilizada por um ou mais antioxidantes. A quantidade de Retinal dissolvida no Miglyol 812 (0,05%) contém BHA (0,01 %); e estocada a 20°C por um mês, apresenta recuperação de 92,8% quando comparada com 81,3% obtido sem a presença de BHA. Apresenta uma série de formulações contendo Retinal e antioxidantes.

Outros pesquisadores da Pierre Fabre Dermo-Cosmétique (Navarro R, Peyrot N, Delanuois M) na patente internacional n° 9526709 de 5 de abril de 1995, descrevem a composição de uma 109ao contendo Retinal e BHT:

Retinal 0,05%
Propilenoglicol 60,0
BHT 0,01
Agua destilada 100,0
Acido láctico qsp pH 4,5

Ao final de 12 meses a perda total de Retinal é de 15,7% em pH7,O e 1,8% em pH 4,5.

Dahms GH (IFAC GmbH) na patente alemã n° 4410710 de 28 de mar90 de 1994, reivindica a preparação de emulsões 0/A estáveis ao calor e a estocagem, apresentando EHL, ≤6,0, para uso em cosméticos, em produtos farmacêuticos e têxteis. Tais emulsões contém lecitina como emulsificante lipofílico primário e a fase oleosa pode conter óleo de silicone, éster, álcool, amina ou ácido graxos. 0 tensoativo hidrofílico pode ser éster de sorbitano, glicerídeo, ou éster de poliglicerina, metilglicosídeo,
éster de sacarose, ou derivado de ácido, álcool ou amina graxos. Um creme pode conter: (A) fase oleosa composta por mono/diestearato 2,5%, óleo de girassol l0,0%, óleo de abacate 5,0% e α-tocoferol 2,0%; (B) fase aquosa compreendendo lecitina 1,75% e água destilada 78,55 e (C) preservante 0,2%.

Ponds (Zhang KH, Kosturko R, Bartolone JB, Rawlings AV) na patente norte americana n° 5451405 de 25 de abril de 1994, descreve a obtenção de composições para o tratamento da pele para aumentar a biossíntese de esfingolipídeos, lipídeos e ceramidas na mesma. Estas preparações na forma de cremes, compreendem hidróxi-ácidos (ácido L-láctico ou seu sais 0,001-20%) e N-acetil-L-cisteína (0,001-20%).

Uma composição destinada a melhorar a aparência da pele ressecada, descamante e envelhecida é composta por:
Acido L-láctico 10,0
Óleo mineral 4,0
N-acetil-L-císteina 1,0
Brij 56 4,0
Álcool cetilico 4,0
Trietanolamina 0,75
Butano-1,3-diol 3,0
Goma xantana 0,3
Preservantes 0,4
Perfumes qsp
BHT 0,01
Água destilada qsp 100,0

Referências

Prof. Dr. Pedro Alves da Rocha Filho é farmacêutico-bioquimico industrial, professor de Tecnologia em Cosméticos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-USP, Ribeirão Preto SP.

Endereço para correspondência com o autor: a/c redação de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português). Rua Álvaro de Menezes 74, 04007-020 Sao Paulo SP. Fax (011) 3887-8271.






Lab Report por Antonio Celso Sampaio

Influência do Veículo na Hidratação da Pele

As emulsões representam o veículo mais adequado para promover a hidratação e proteção da pele, pois reúnem em si, diversas propriedades interessantes nao só do ponto de vista de maior efetividade cosmética, quanto do ponto de vista do consumidor, que as considera pelo seu lado estético.

O atual estágio do conhecimento sobre a composição e comportamento destes veículos, além de permitir o total controle das características organolépticas e reológicas (aparência, cor, odor, forma, espalhamento, sensação final na pele), também possibilita
exercer ação reguladora sobre o grau e velocidade do processo de hidratação da pele.

Este controle é possível a partir do conhecimento dos elementos que compõem uma emulsão em seu aspecto microscópico e, também, de que maneira diferentes matérias-primas cosméticas podem influenciar estes elementos.

De modo geral, podemos afirmar que uma emulsão O/A (aniônica ou não iônica) é composta dos seguintes elementos:

- Fase gel hidrofílica, que pode ser dividida em:
a) mistura formada pelo agente espessante lipofílico, normalmente álcool ceto-estearílico e o emulsionante principal aniônico ou não-iônico

b) agua ligada interlamelarmente.
- Fase gel lipofílica, constituída neste caso de álcool ceto-estearílico semi-hidratado; com capacidade de alojar a
- Fase lipofílica interna; e, finalmente,
- Água não ligada interlamelarmente, também denominada, aguabulk.

Como existe o equilíbrio dinâmico, parte da água bulk se evapora durante a aplicação do creme, parte da água ligada interlamelarmente se desprende tomando o lugar da água bulk perdida. Este mecanismo prossegue até a total evaporação da água e conseqüente rompimento da emulsão.

Como se sabe, a água ligada interlamelarmente permanece muito mais tempo em contato com a pele do que com a água bulk. Como a água é o principal elemento para manter a pele bem hidratada, nossa atenção deve ser focalizada, então, para os dois tipos de água citados, principalmente em como aumentar o teor de água ligada numa emulsão.

A água bulk tem pouco efeito sobre a hidratação cutânea, uma vez que se evapora muito rápido, proporcionando a sensação de frescor a pele. Um exemplo de emulsões com alto conteúdo de água bulk, são as emulsões obtidas pela combinação do estearato de trietanolamina com o ácido esteárico, como emulsionantes primários e secundários.

A formação de cristais líquidos (fase intermediária entre os estados sólido e líquido) retarda a evaporação da água da emulsão. Diversas matérias-primas cosméticas estimulam a formação de cristais líquidos como os alcoóis graxos,
derivados poliglicósicos de alcoóis graxos (cetearil-pliglicosídeo, Montanov 68), alcoóis graxos propoxilados (Arlamol E, Nikkomulse).

Induzindo-se a formação de cristais líquidos em uma emulsão, é possível mante-la intacta durante tempo muito maior na pele do que sem a presença dos cristais. Maior tempo de contato da água significa maior hidratação.

Outra forma de incrementar a hidratação da pele é aumentar a proporção de água ligada interlamelarmente em detrimento da agua bulk. Isto é possível com o uso de emulsionantes nao-iônicos com alto comprimento na cadeia polioxietilênica, pois é conhecido que quanto maior o número de moles de óxido de etileno presentes, maior é a capacidade de ligar água.

o uso de agentes umectantes (glicerina, propileno glicol, sorbitol) é bastante tradicional e necessário em emulsões para resguardar certas características do veículo, retardando o ressecamento das camadas superficiais do produto, melhorar a performance dos conservantes, reduzir a agua de atividade das bactérias etc.

Na questão da hidratação da pele propriamente dita, a grande maioria tem sua efetividade condicionada aos valores de umidade relativa do ar, do local em que está sendo utilizada. Apresentam boa performance em altos valores de umidade relativa, porém, em regiões ou época do ano com baixos valores, desidratam a pele.

Isto pode ser bastante minimizado pelo uso combinado dos umectantes tradicionais com outros agentes umectantes mais efetivos como sais e derivados de ácidos carboxílicos (PCA Na, lactatos de sódio ou amonio, acetamida e lactamida
MEA), complexos de aminoácidos e derivados de metilglicose etoxilada.

Com relação a estes últimos, podemos afirmar ainda que a utilização de seus ésteres graxos, etoxilados ou não, respectivamente como emulsionante principal e co-emulsionante, irão proporcionar efeito umectante do veículo (independente do ativo utilizado), maior que outros tipos de emulsionantes primário e secundário empregados.

Referências

Antonio Celso Sampaio é químico pela Faculdade de Filosofia e Ciências de São Bernardo do Campo, com longa experiência
em pesquisa e desenvolvimento de produtos em indústrias cosméticas. É titular da Consulcom - Consultoria Cosmética, Santo André, SP.

Correspondências com o autor: a/c redação de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português), Rua Alvaro de Menezes 74, 04007-020 São Paulo SP.
Fax (11)3887-8271.

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