Higiene das Mãos

Edicao Atual - Higiene das Mãos

Editorial

A ciência como protagonista na recuperação econômica

No ano em que o planeta parou, projeções e análises econômicas perderam o sentido e as prioridades mudaram. Costumamos iniciar um novo ano com otimismo e esperança de colher os frutos de esforços individuais, planejamentos e estratégias. A luta contra a pandemia impôs um cenário diferente, com todas as expectativas voltadas a uma única direção. Em 2021, a fé está na ciência.

A chegada das vacinas foi crucial para a melhora nas projeções de retomada econômica mundial. Na última atualização do relatório World Economic Outlook (em janeiro), o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou um encolhimento de 3,5% na economia global em 2020 – a projeção anterior, de outubro, era de -4,4%. Para este ano, a expectativa é de um crescimento de 5,5%.

“A recuperação seria mais forte se as vacinas fossem lançadas rapidamente, reduzindo o nível de incerteza”, apontou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que estimou em 4,2% a queda do PIB mundial em 2020, com uma recuperação também de 4,2% em 2021.

No Brasil, o ritmo da vacinação segue lento, impactando todos os agentes econômicos. Uma guinada no programa de vacinação mudaria esse panorama: a imunização de parcelas cada vez maiores da população possibilitaria o controle da pandemia, abrindo caminho para o relaxamento de restrições de circulação e de atuação dos estabelecimentos, com retorno da confiança de empresas e consumidores.

Esta edição da Cosmetics & Toiletries Brasil traz a trajetória de Horácio Elias, profissional com quase 50 anos de atuação nos mercados de perfumaria e cosméticos. Nosso tradicional Balanço Econômico destaca a importância da ciência para a retomada econômica mundial.

Os artigos técnicos abordam a importância da higiene das mãos como um cuidado na prevenção da Covid-19, uma revisão sobre os antiperspirantes, uma síntese da regulamentação dos produtos cosméticos na União Europeia, entre outros.

Hamilton dos Santos
Publisher

Higiene das Mãos - Mariana Gayão Beny (Médica, São Paulo SP, Brasil)

O objetivo deste artigo é proporcionar uma visão geral sobre a importância da higiene das mãos, que em face da pandêmica da Covid-19, tornou-se um dos mais importantes métodos de prevenção da doença.

El propósito de este artículo es presentar uma visión general de la importancia de la higiene de las manos, que frente a la pandemia Covid-19, se ha convertido en uno de los métodos más importantes para prevenir la enfermedad.

The aim of this article is to provide an overview of the importance of hand hygiene, which in face of the Covid-10, has become one of the most importante methods for preventing the disease.

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Antiperspirantes - Hamilton dos Santos (Cosmetics & Toiletries Brasil, São Paulo SP, Brasil)

Neste artigo de revisão são abordados o mecanismo de produção do suor, os ativos antiperspirantes e o seu mecanismo de ação, além de aspectos regulatórios relativos a esses produtos.

Este artículo de revisión cubre el mecanismo de producción de sudor, los activos antitranspirantes y su mecanismo de acción, además de los aspectos regulatórios relacionados con estos productos.

In this review article, the sweat production mechanisms, antiperspirant actives and their action mechanism are addressed, in addition to regulatory concerns related to these products.

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Benefícios da Massagem e da Aromaterapia no Estresse - AL Pacheco Pereira, A Martins Simão, AR Fernandes Américo, C Penha, T de Souza Lopes, P Carvalho, FF Rodrigues (Universidade Anhembi-Morumbi, São Paulo SP, Brasil)

Este estudo analisou os benefícios da massagem com e sem a aplicação de aromaterapia, em estudantes com nível de estresse comprovado, usando a lista de sintomas de estresse (LSE). O objetivo deste estudo foi avaliar se a massagem está diretamente ligada ao bem-estar e se é possível, por meio dela, proporcionar resultados satisfatórios em relação à saúde e à qualidade de vida.

El objetivo de este estudio fue avaliar los beneicios del masaje y la aromaterapia en el estrés en estudiantes universitarios.

The objective of this study was to evaluate the benefits of massage and aromatherapy on stress in college students.

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Influência de Surfactantes em Gel-Creme na Modelagem Capilar - Edlla Ranyella Patriota de Oliveira, Juliana de Souza Alencar Falcão (Curso de Farmácia/UAS/CES, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Cuité PB, Brasil)

O objetivo deste artigo foi avaliar a influência do PEG-400 e do poliquartenium-55 na modelagem capilar com géis-creme. Os parâmetros físico-químicos de centrifugação, macro e microscópicos, a viscosidade, a espalhabilidade e o pH foram analisados para possibilitar melhor compreensão da eficácia dos surfactantes no poder de fixação capilar e na resistência à água.

El objetivo de este artículo fue evaluar la influencia de PEG-400 y policuartenio-55 en el modelado capilar de geles en crema. Se analizaron los parámetros físico-químicos de centrifugación, macro y microscópicos, viscosidad, esparcimiento y pH para proporcionar la mejor comprensión de la efectividad de los tensioactivos en el poder de fijación capilar y en la resistencia al agua.

The aim of this article was to evaluate the influence of PEG-400 and polyquartenium-55 on capillary modeling of cream gels. The physical-chemical parameters of centrifugation, macro and microscopic, viscosity, spreadability and pH were analyzed to provide a better understanding of the surfactants effectiveness in capillary fixation power and water resistance.

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Aspectos Práticos da Regulamentação dos Produtos Cosméticos na UE - Marta Costa e Carlos Maurício Barbosa (Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Departamento de Ciências do Medicamento, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Porto, Portugal)

Os produtos cosméticos devem ser seguros em condições de utilização normais ou razoavelmente previsíveis, sendo importante que a legislação garanta elevado nível de proteção da saúde humana. No presente artigo, discute-se o enquadramento legal dos cosméticos em vigor na União Europeia, no que diz respeito à sua composição, fabricação e colocação no mercado, e às ações pós-comercialização.

Los productos cosméticos deben ser seguros en condiciones de uso normales o razonablemente previsibles, por lo que es importante que la legislación garantice un alto nivel de protección de la salud humana. En el presente artículo se discute el marco legal vigente de los cosméticos en la Unión Europea, especificamente en lo que respecta a su composición, fabricación, comercialización y acciones de postcomercialización.

Cosmetic products should be safe under normal or reasonably foreseeable conditions of use, and it is therefore important that the legislation guarantees a high level of protection of human health. In the present article, we discuss the legal framework for cosmetics in the European Union, namely with regard to composition, manufacture, placing on the market and post-marketing actions.

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Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Bem-vindo, 2021!

Três, dois, um… Começou! Já estamos em 2021. Não posso deixar de notar como a mudança do calendário anual pode exercer um poder ilusório sobre as pessoas. O sentimento que muitos expressam não só verbalmente, mas também na prática, é de que a simples virada cronológica do calendário, automaticamente as libertam de um cenário presente e até certo ponto indesejado. Ledo engano. O cenário é um ente mais difícil de mover quando comparado às nossas expectativas, aos nossos desejos.

E o que o cenário presente nos promete para esse ano que acaba de berrar a pulmões abertos?

Comecemos pelos dois índices de infl ação mais usados no país, o IPCA e IGPM. Aquele de acordo com as projeções do Boletim Focus de 15 de janeiro indica uma infl ação de 3,43% a.a., e este, 4,94%. A proximidade desses indicadores deve diminuir as crises entre contratantes e contratados no momento dos reajustes, como as ocorridas em 2020. Isso inclui os dissídios coletivos – a diferença entre esses índices no ano de 2020 foi de 18,62 pontos percentuais a favor do IGPM. No entanto, o boletim indica que as opiniões dos pesquisados indicam aumento desses dois índices ao longo do ano. Dessa forma, o IPCA pode ficar acima da meta de 3,75% a.a., porém dentro do limite máximo de 4,58%. O mesmo ocorre para o IGPM, ou seja, há uma tendência de alta ao longo do ano. Essas duas informações são interessantes para os investidores, que deverão buscar ativos financeiros que entreguem retornos maiores que esses valores - aos assalariados, no momento dos dissídios; e aos fornecedores e clientes, no momento do planejamento orçamentário das compras e vendas de produtos e serviços.

Em se falando de juros, a taxa Selic apresenta projeção de 3,25% a.a. com tendência de alta na perspectiva dos entrevistados. A projeção ao longo dos anos à frente é de 4,75% para 2022, chegando a 6% em 2024. A alta da Selic faz com que o apetite do investidor aumente, diminuindo o consumo, além de atrair ainda mais o investidor externo – caso possa ser mantida a estabilidade política no país. Caso contrário, nem com uma Selic cada vez mais interessante o dinheiro de fora fará porto em mares locais. Um benefício adicional do aumento do volume de recurso investido em títulos do Governo é a manutenção do financiamento da dívida pública sem recorrência a empréstimo externo.

Já que falamos em dívida pública, aí vai uma má notícia: continua alta, com tendência de alta e sem um plano para controlá-la e, depois, quem sabe, reduzi-la. Atualmente, temos comprometidos 64,95% do PIB gerado com a nossa dívida pública. Aqui há um efeito sinérgico negativo: os gastos governamentais aumentam não necessariamente em ativos de infraestrutura, que poderiam retornar em geradores futuros de caixa, e a geração do PIB que não corresponde ao aumento dos gastos. Há muita expectativa em relação ao que as reservas de petróleo possam gerar, porém muitos esquecem que ele é uma fonte não renovável e que vivemos em um mundo com ideologias verdes cada vez mais fortes. Países do Oriente Médio e Venezuela são exemplos de que abundância de petróleo não é sinônimo de país rico e sustentável. Pode ser que as apostas nesse fluxo de caixa venham a não se cumprir no médio e longo prazo, como muitos insistem em acreditar.

Em relação ao PIB, que mede a saúde econômica de um país, a expectativa é de fechar o ano em 3,45%. No entanto, aqui cabem ressalvas. O número anterior tem como fonte o BC (fonte nacional). Já a OCDE (fonte externa) projeta um crescimento bem inferior, na ordem de 2,6%. A fonte nacional acaba por vezes sendo enviesada e sempre bastante otimista, enquanto a fonte externa não é tão independente como gostaríamos, mas em geral é considerada mais realista.

Aproveitando ainda o tema PIB, em um estudo do FMI sobre a evolução do PIB na segunda década deste século (2011/2020), o Brasil apresentou um crescimento pífi o, de 2,2% a.a., frente a um crescimento mundial de 30,5% a.a. Comparando com os países mais ricos, que tiveram um crescimento de 11,5%, o Brasil não deixa esperança de um dia ser considerado um país rico. Fazendo um recorte e considerando apenas os países emergentes, o crescimento nacional fi ca extremamente abaixo dos demais, que apresentaram no conjunto 47,6%. Que triste cenário. Essa foi mais uma década perdida!

Quanto ao câmbio, a projeção é de R$/US$ 5,00 com tendência de estabilidade na projeção. Aqui o indicador influencia positivamente a balança comercial para quem exporta e complica para os importadores. No entanto, esse indicador depende mais da conjuntura externa do que interna. O ideal seria crescer nas exportações de produtos de maior valor agregado em vez de ficar abraçado majoritariamente em commodities agrícolas e minerais.

Teríamos muitos outros indicadores para explorar no intuito de calçar as projeções para 2021, como a taxa de desemprego, a geração de renda familiar, a expectativa do crescimento da produção ou ainda assuntos que irão certamente impactar o desenrolar do cenário internacional ou local (EUA x China, política migratória, 4ª Revolução Industrial, reforma fiscal, política ambiental, crises das instituições locais, campanha de vacinação...). Porém, os indicadores descritos acima indicam que a nossa capacidade de reação frente às sucessivas crises é pequena e os efeitos ruins de um país ainda jovem na sua formação política, vão se acumulando ao longo das décadas e nos distanciando dos países emergentes.

John Jimenez
Tendências por John Jimenez

#DEZ (#10)

Escrevo minha primeira coluna do ano de uma forma muito especial. Com esta edição, completo 10 anos de colaboração com a Tecnopress. Em homenagem a esses 10 anos de trabalho contínuo, intitulei esta coluna #DEZ, na qual veremos 10 tendências muito interessantes projetadas para os próximos meses.

#Upcycling: Os fornecedores estão inovando na seleção de materiais para o desenvolvimento de novos ativos e excipientes. Portanto, neste ano, veremos uma grande variedade de novas propostas de cuidados com a pele, cuidados pessoais, fragrâncias e maquiagem. Veremos também o trabalho conjunto com as indústrias de perfumaria, alimentos, moda, agricultura, plásticos, vidros e embalagens, entre outras.

#Mycelium: O conjunto de hifas que forma a parte vegetativa de um fungo é conhecido como micélio. A embalagem à base de micélio é uma alternativa ecológica ao plástico. Essa tendência é muito interessante, pois as embalagens de cogumelos estão causando sensação à medida que as marcas buscam oferecer alternativas mais ecológicas para os resíduos de embalagens de plástico e papelão. Este material é novo porque é biodegradável e tem emissões de carbono signifi cativamente mais baixas do que seus análogos de plástico. Estamos vendo novas propostas de embalagens no mercado, principalmente para skin care. Essa tecnologia tem previsão de redução de custo no futuro, inspirando inovação em cosméticos de prestige e mass market.

#Pandemic_care: Por conta de ritmos e disponibilidades distintas entre os países, a Organização Mundial da Saúde indicou recentemente, que, infelizmente, o efeito da imunidade coletiva não será alcançado em 2021. Isso signifi ca que, ao longo do ano, experimentaremos novas quarentenas e isolamentos em muitas cidades e países. Em cosméticos, continuaremos a ver inovações em muitos aspectos relacionados ao desenvolvimento da pandemia. As diferentes categorias continuarão a inovar também nesta frente. Por exemplo, estamos vendo como a indústria da moda está incorporando a máscara em roupas numa única peça. A indústria de cosmetotêxteis também apresentará inovações interessantes, pois veremos novos materiais com propriedades antibacterianas e antivirais para máscaras.

#Skin_immunity: Nos últimos dois anos, vimos uma nova literatura científica muito interessante sobre novos ativos cosméticos que ajudam a estimular o sistema de defesa da pele, por exemplo, proteínas antivirais na epiderme. Melhorar a imunidade da pele é um claim que a indústria cosmética começará a desenvolver.

#Smart_hygiene: Os produtos de higiene movidos por inteligência artifi cial (IA) estão em alta. Este ano, veremos como aumentar o uso de tecnologia inteligente no desenvolvimento de produtos relacionados à limpeza e ao saneamento, pois o consumidor exige rotinas de cuidados pessoais mais completas e precisas. As pessoas querem formulações e produtos personalizados.

#Maskne: Em geral, o uso da máscara aumenta a presença e a concentração de gás carbônico na pele, o que facilita a irritação e o crescimento das bactérias responsáveis pela acne, principalmente nas bochechas e na mandíbula. Os consumidores estão adotando novas práticas de higiene e mudanças no estilo de vida, o que representa uma grande oportunidade para as marcas de cosméticos.

#Contactless: O varejo tem sido um dos negócios mais afetados em todas as categorias, pois o consumidor está evitando multidões e visitação às lojas. As marcas estão se esforçando para desenvolver estratégias de compras sem contato. A oportunidade de inovação está relacionada ao desenvolvimento de novas maneiras para os consumidores testarem produtos com segurança. A nova experiência de compra será uma das grandes tendências em 2021. Os cosméticos hápticos são projetados como uma fonte de inovação revolucionária para os próximos anos.

#From_lab_to_jar: Carne artifi cial, carne cultivada, carne in vitro ou carne de laboratório, é aquela carne animal que não provém diretamente do corpo do animal, mas do cultivo de células previamente extraídas de animais. Essa tecnologia vem de experimentos realizados pela NASA. Em janeiro deste ano, foi anunciado que a indústria está se preparando para produzir peixes de laboratório, a partir de células-tronco. Este ano começaremos a ver avanços interessantes nessa tendência na indústria cosmética. Por exemplo, há alguns meses foi anunciado o lançamento do mel criado in vitro, que permitirá o desenvolvimento de conceitos mais veganos e, em breve, veremos novos ingredientes com benefícios cosméticos, como leite, ovos e proteínas fabricadas in vitro para skin care.

#Beyond_cbd: O principal canabinoide na cannabis é o CBD (canabidiol), e este ano veremos como outros canabinoides e moléculas entrarão nesta tendência com mais força, como THCV (tetra-hidrocanabivarina), CBN (cannabinol), CBG (cannabigerol) e CBC (cannabichromene). A tendência da cannabis entrará com mais força em outras categorias, como fragrâncias, higiene íntima e personal care.

#Hand_care: Devido ao constante saneamento e lavagem das mãos, esta categoria representa uma grande oportunidade para a indústria, e este ano veremos alguns lançamentos inovadores. Aromaterapia, tratamento de peles sensíveis, alternativas ao álcool e aos desinfetantes comuns, e novos mecanismos de hidratação, entre outros, serão conceitos em alta. Hand is the new face.

#Dez: Dez tendências que nos inspiram para a inovação. A pandemia mostrou que os cosméticos são grandes aliados nestes tempos difíceis. Nós temos o desafio de descobrir novos insights, oportunidades e necessidades para o bem-estar do consumidor.

Cristiane M Santos
Direito do Consumidor por Cristiane M Santos

Práticas Colaborativas

Era uma vez um advogado americano, chamado Stuart Webb, que há muitos anos trabalhava com litígios familiares...

No decorrer de sua experiência, esse advogado foi se dando conta de que, mesmo vitoriosos no litígio após a batalha judicial, a maioria de seus clientes não fi cavam plenamente satisfeitos.

Sensibilizado por sua constatação e desmotivado pelo modelo tradicional de processo judicial, na década de 1990, Webb idealizou um novo modelo de advocacia, que chamou de colaborativa, e passou a se dedicar exclusivamente à construção de acordos juntamente com seus clientes, que deveriam assinar um termo de compromisso de não litigância. Quando o acordo não era possível, outro advogado deveria ser contratado para o prosseguimento na esfera judicial.

Seu movimento foi ganhando seguidores pelos Estados Unidos e seu modelo foi complementado pela psicóloga Peggy Thompson, que incluiu a atuação de profissionais de outras áreas, como saúde mental e especialistas financeiros, fazendo surgir, assim, as Práticas Colaborativas.

As Práticas Colaborativas são um método voluntário, interdisciplinar, não adversarial e extrajudicial de resolução de confl itos, baseado no diálogo, na transparência e na boa-fé. Conta com uma equipe multidisciplinar, na qual as partes se comprometem com a construção de uma solução para todos os envolvidos no conflito.

A equipe multidisciplinar é formada por profissionais como advogados, profissionais da saúde mental e de finanças, garantindo às partes envolvidas no conflito orientação e apoio jurídico, emocional e financeiro.

Para aderir às Práticas Colaborativas, as partes e os profi ssionais contratados assinam um Termo de Participação, que prevê a negociação com transparência, a não litigância e a retirada da equipe.

A lei é um parâmetro deste processo, mas não uma armadura que determina o resultado.

Nas Práticas Colaborativas, as partes, com base na legislação vigente e orientação da equipe, podem construir um acordo único, que atenda às suas peculiaridades, possibilidades e necessidades específicas.

Busca-se a preservação das relações, e os acordos resultantes podem ser objeto de escritura pública e/ou homologação judicial.

Presentes no Brasil desde 2011 e se expandindo a cada dia, as Práticas Colaborativas foram vencedoras do “Prêmio Innovare” em 2013, e em 2014 foi fundado o Instituto Brasileiro de Práticas Colaborativas (IBPC).

Utilizada inicialmente nos conflitos familiares, como nos casos de divórcio ou partilha de herança, por exemplo, as Práticas Colaborativas também ganharam terreno no âmbito empresarial, sendo utilizadas na elaboração de contratos, dissolução de sociedades, relações comerciais etc. Também estão sendo realizados estudos para a aplicação desse método nas áreas trabalhista, médica e ambiental.

Os principais benefícios da adoção desse método para a resolução de conflitos são: solução de ganhos mútuos; redução de custos financeiros e desgastes emocionais dos envolvidos; preservação das relações; celeridade, transparência, confidencialidade; apoio emocional, entre outros.

Assim, como visto, as Práticas Colaborativas são uma alternativa de resolução de conflitos de forma não adversarial específica, que possibilita uma nova vertente à advocacia convencional – havendo espaço para a coexistência de ambas.

Novos paradigmas numa sociedade, em geral, demandam tempo, mas “uma jornada de duzentos quilômetros começa por um simples passo” (provérbio chinês).


Fontes: Cartilha de Práticas Colaborativas OAB/SP, “The Collaborative way to divorce” (S. Webb and R. Ousky)

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

Bolo de coco e creme antiaging

Quando eu era garoto, minha mãe fazia bolo, biscoito, roscas e pães em casa. Ela gostava de fazer esses quitutes, o que era comum no interior de Minas. Entre os meus 8 e 11 anos, comecei a ajudá-la. Achava interessante o processo de medir e misturar ingredientes, avaliar o aspecto e a textura da massa, acompanhar as mudanças do processo de assar e, obviamente, degustar no final.

Ingredientes, misturas, processo e avaliação. Acha que parece P&D?

Pois bem, as restrições por causa da pandemia acabaram deixando algum tempo livre. Certo dia, eu resolvi fazer um bolo. Peguei uma receita: farinha de trigo, ovos, manteiga, açúcar, sal, fermento e leite. Aí pensei: “vou mudar a receita, quero fazer um bolo de coco”. Troquei 2/3 do leite por leite de coco e coloquei coco ralado. Fiz um bolo de coco que ficou saboroso.

Há alguns anos, quando fui desenvolver um creme antiaging, comecei com uma revisão sobre anatomia, histologia e fisiologia da pele, para entender o processo de diferenciação e os fatores envolvidos no seu envelhecimento. Eu já tinha estudado o assunto antes, mas quando se tem uma ideia definida de produto, é possível perceber detalhes que passariam despercebidos em um estudo de rotina.

Depois pesquisei quais ativos poderiam ser usados, qual era o modo de ação e quais eram os requisitos para que essa ação se desenrolasse com eficácia e segurança. A substância escolhida emulava um ataque à pele, que, em resposta, acelerava a diferenciação celular e a descamação epidérmica para remover o “agressor”. A superfície da pele ficaria formada por células diferenciadas em um tempo mais curto, com menos perda de água, originando uma epiderme mais hidratada, com células mais volumosas e com aparência rejuvenescida.

A literatura dizia que a substância tinha uma ação satisfatória, mas o modo de ação poderia causar desconforto, e isso já determinava algumas características da rotulagem e também da formulação, que deveria ser macia – porque poderia ser reaplicada em uma pele irritada, mesmo que levemente – e não poderia escorrer durante a aplicação, nem depois de ser assimilada pela pele.

Como a aplicação era noturna, logo antes de dormir, e removida pela manhã, não houve preocupação com o suor, mas foi tomado o cuidado para que o filme resultante fosse seco o sufi ciente para não haver chance de o produto passar para a fronha e, inadvertidamente, atingir os olhos.

Pode parecer um excesso, mas é tecnicamente razoável e, portanto, passível de consideração.

Detalhes assim podem ser um diferencial e dar mais valor ao produto, desde que empregados corretamente na concepção e divulgação.

A concentração da substância e o pH foram defi nidos a partir das informações da literatura. Na verdade, há de se considerar os fatores que determinam o comportamento dérmico de uma substância: o peso molecular, o coefi ciente de difusão, o coeficiente de partição O/A e a concentração.

O peso molecular é inerente à substância, e não havia recurso para avaliar a difusão no laboratório. O coeficiente de partição O/A foi ajustado com o pH, que, no caso, era decisivo para definir a eficácia e a segurança. Para concentração, somente foi considerado o valor nominal, porque ainda não se sabia da existência da concentração resultante [Índice de Atividade Cosmetodinâmica, Cosm & Toil Bras 32(5):24-29, 2020].

A sequência foi preparar as amostras, fazer uma avaliação preliminar para escolher uma delas e submetê-la aos estudos de estabilidade. Na época, a obrigatoriedade dos estudos de segurança e eficácia ainda não estava bem definida como hoje. Um equívoco tecnológico e regulatório.

Pois bem. O trabalho de desenvolvimento envolve uma série de procedimentos e protocolos - que devem ter embasamento técnico e científico, estar em consonância com as normas aplicáveis - e deve atingir os objetivos do briefi ng. Além da formulação, há ainda que se verificar e avaliar a adequação da embalagem, o texto e as figuras. A conclusão deve ser formalizada sob a forma de um dossiê, com configuração estabelecida pela legislação. E ainda tem a participação no trabalho de validação do processo de fabricação industrial.

Então, qual dos dois exemplos representa melhor o modo de funcionamento do P&D na sua empresa? Claro que creme antiaging não tem absolutamente nada a ver com bolo de coco. O problema é que, ainda hoje, muita gente desenvolve cosméticos como eu fiz meu bolo de coco. Um equívoco primário que diminui o valor das empresas e de seus técnicos.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Pelos corporais merecem nossa atenção?

Pelos são anexos da epiderme e se espalham pelo corpo todo, exceto em cinco locais: planta dos pés, palmas das mãos, glande peniana, pequenos lábios vaginais e leito das unhas. Ao todo são aproximadamente 5 milhões de unidades, sendo que 1,5 milhão fica localizado no chamado segmento cefálico, que é a parte que vai do pescoço até o topo da cabeça.

Muito se discute sobre a importância dos pelos. Grosso modo, o pelo não tem função vital alguma, isto é, podemos viver sem ele. Mas sabemos que, ao menos do ponto de vista emocional, os pelos desempenham uma função importantíssima, tanto que sua falta e seu excesso são considerados doenças, segundo o Código Internacional de Doenças.

Os pelos do couro cabeludo, também conhecidos como cabelos, são aqueles que recebem maior atenção dos formuladores, sendo a produção de produtos para conservação e cuidados um dos maiores mercados do mundo.

Mas não queremos abordar neste texto este grupo de produtos e sim o espaço potencial que os outros pelos apresentam aos formuladores. Para tanto, vamos falar dos pelos corporais de maneira didática.

Vamos começar pela associação dos hormônios com os pelos. Nesse quesito, podemos dizer que essas estruturas podem ser classificadas em três grupos: sem relação hormonal, com baixa relação hormonal e com alta relação hormonal.

Para facilitar, vamos pensar nas diferenças que vemos nos gêneros masculino e feminino. Pelos que aparecem muito mais em homens do que em mulheres têm alta relação hormonal, como os da região da barba. Com baixa relação hormonal, temos os pelos pubianos, e sem relação hormonal temos os pelos das axilas e dos cílios, por exemplo.

Algumas religiões fazem associações com os pelos do corpo. O relacionamento com Deus feito através das barbas e a fertilidade da mulher vista nos pelos axilares são algumas delas.

Uma norma social do Ocidente é depilar o corpo, sendo que essa retirada tem vários mecanismos, químicos e mecânicos. Sem entrar na polêmica da depilação, podemos afi rmar que o ideal é não retirar os pelos do corpo e deixá-los naturalmente onde eles nasceram. Mas, se a opção for por livrar-se deles, do ponto de vista médico, a opção menos ruim seria a do uso da cera quente. Lâminas flutuantes e tecnologias a laser também podem ser utilizadas. Ceras frias e aparelhos elétricos também têm seu espaço. Produtos químicos que destroem a queratina têm o inconveniente de, além dos pelos, danificarem também uma parte da pele.

Nesta área, temos um espaço grande para a criação de produtos que hidratem os pelos e a pele adjacente, produtos protetores da pele e produtos recuperadores da pele depilada, além do desenvolvimento de produtos e instrumentais para a própria depilação.

Indo além, os pelos pubianos têm tido cada vez mais o olhar dos formuladores. O hábito de depilar esses pelos é renegado pelos médicos, que sabem que este ato pode expor a área íntima a fatores agressivos externos mecânicos e biológicos. O que se sugere para aqueles que não gostariam de ter esses pelos crescendo livremente é que os mantenham aparados e tratados com produtos que os deixem saudáveis, hidratados e, eventualmente, tingidos.

Neste campo das tinturas, podemos nos lembrar também dos produtos para cílios e sobrancelhas, que devem ter os cuidados especiais que essas regiões exigem.

Os pelos orificiais são um capítulo à parte quando tratamos dessas estruturas. Eles têm funções específicas e demandam cuidados maiores. São pelos encontrados nas narinas, nos olhos e nas orelhas. Pelos perianais também se enquadram neste grupo. Podem ser aparados, mas não devem ser retirados totalmente, pois sua função é servir como um filtro protetor contra as agressões externas.

As mudanças climáticas, como o vento ou o frio, podem agredir estes pelos, especialmente os cílios, que, no inverno, precisam de maiores cuidados, como o uso de um hidratante, por exemplo.

Resumindo o assunto, penso que existe um campo ainda pouco explorado que pode ser estudado como um nicho de mercado, pois a necessidade existe e só precisa ser explorada.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Motivação e pandemia

No Brasil estamos presenciando uma situação caótica por causa de indefi nições nas áreas da saúde e da economia diante da pandemia da Covid-19.

Nas empresas, as restrições e as limitações introduzidas com a finalidade de prevenir a propagação do vírus acarretaram grande insegurança quanto à diminuição ou mesmo à continuação de suas atividades. A consequência dessa insegurança é, como já foi devidamente constatado, a queda da produtividade e da participação dos colaboradores nos processos de implantação de melhorias, por exemplo, do sistema da qualidade, de processos de certificação e da implantação de novos sistemas.

Há incertezas quanto ao prazo necessário para que as atividades em geral retornem podendo garantir o mínimo de segurança para a saúde das pessoas, sobre o que será o “novo normal” e acerca de quando retornaremos às condições que existiam antes da pandemia. Tudo isso provoca uma série de dúvidas e incertezas, que afetam diretamente o moral, o ânimo e as emoções dos colaboradores das empresas.

Em um ambiente como esse, como satisfazer as necessidades básicas e psicológicas dos colaboradores, de forma que isso possa gerar sua satisfação e sua motivação?

Motivação é uma palavra originária do latin motivus, que se signifi ca “movimento; coisa que se move”. Trata-se de um impulso proveniente de uma fonte de energia interna. Essa fonte guia os indivíduos para alcançar um objetivo.

Que objetivos podemos alcançar em meio à pandemia que não seja nossa própria sobrevivência?

A motivação no ambiente de trabalho, em qualquer ocasião, é de fundamental importância no nível individual e no nível coletivo. Isso porque a motivação está relacionada à satisfação e à produtividade de maneira geral. Por essa razão, cabe ao gestor o desafi o de manter os colaboradores motivados.

Essa não é uma tarefa fácil. A motivação dos colaboradores no trabalho está ligada à sua vontade, ao seu desejo de atingir metas e de ter o reconhecimento de seus superiores e, consequentemente, ao desejo de obter recursos para atender às necessidades pessoais e às de suas famílias. Quanto mais motivado estiver o colaborador, melhor será seu desempenho e maior será sua produtividade. A desmotivação é a negação de tudo isso.

O alarme da desmotivação soa quando: o índice de produtividade cai, o ambiente de trabalho torna-se “pesado” e aumenta a rotatividade de funcionários. Para reverter esse quadro há necessidade de uma ação muito bem estruturada que, via de regra, exige boa comunicação.

A comunicação é uma ferramenta que precisa ser considerada no processo de motivação dos colaboradores, principalmente na época em que estamos vivendo, em que é altíssima a velocidade da propagação dos conteúdos das mídias sociais e da difusão das fake news.

A ausência de um sistema de comunicação eficaz ou a existência desse sistema, mas de má qualidade, apenas serve como fator complicador de qualquer processo.

Nessas ocasiões, as empresas devem ser transparentes e coerentes, e devem se comunicar de maneira fácil e efi caz. Nelas, é preciso estabelecer um processo de mão dupla: falar com os colaboradores e ouvi-los. É preciso assumir que essa é a única forma de a empresa criar o envolvimento dos colaboradores.

Os gestores devem estar preparados para executar ações motivacionais com seus grupos de colaboradores.

Como definiu Dwight D. Eisenhower (1890-1969), que foi o 34.º presidente dos Estados Unidos, a motivação pode ser entendida como: “A arte de conseguir que as pessoas façam o que é necessário porque elas desejam fazê-lo”.

Acredito também que o conhecido economista, escritor e filósofo Peter Drucker (1909-2005) conceituou muito bem a motivação ao afirmar: “Aprendi que, sempre que algo é realizado, isso é feito por alguém obcecado por uma missão”.

Já dizia o escritor Stephen R. Cowey (1932-2012): “A motivação é uma chama interior; se outra pessoa tentar acender essa chama é provável que ela arda por um período muito breve”.

Steve Jobs (1955-2011), fundador da Apple Computer, afirmava: “Os funcionários são a força motriz por trás da Macintosh. Meu trabalho é criar um espaço para eles e remover os obstáculos do restante da empresa”.

Motivar os colaboradores implica assumir que eles são essenciais para a empresa que objetiva ser padrão em suas atividades e, dessa forma, colher resultados em todas as suas áreas de atuação.

A motivação é sempre individual, ou seja, o que pode motivar um colaborador pode não ser uma motivação para os demais. Porém, todos os colaboradores têm certas necessidades que devem supridas para mantê-los motivados.

Antonio Celso da Silva
Fragrâncias por Antonio Celso da Silva

Densidade de produtos e a relação com as embalagens

Todo produto cosmético, após ser fabricado, passa por análises físico-química e microbiológica quando requerido. Uma primeira amostra representativa do lote vai para o laboratório químico, que inicia as análises. Essa é uma rotina mandatória para a fabricação de um cosmético.

Com essa amostra, o técnico faz as chamadas análises físico-químicas e as organolépticas. Obviamente, cada produto tem a sua especifi cação técnica elaborada normalmente pela área de desenvolvimento de produtos, comprovada nos testes de estabilidade e enviada para a Anvisa para a devida regularização técnica, sem a qual o item não pode ser produzido, armazenado e comercializado.

Cor, odor e aparência são os parâmetros organolépticos. O pH, a viscosidade e a densidade são os principais parâmetros físico-químicos.

O primeiro teste que se faz num shampoo é o de pH, pois o acerto de pH pode interferir na viscosidade do produto para mais ou para menos. Por isso, primeiro corrige-se o pH de acordo com a especificação e, depois, a viscosidade.

No caso de um produto hidroalcoólico, como uma colônia, em que a fórmula é composta basicamente de álcool, água e essência, o primeiro e principal teste que se faz é a densidade do produto.

Mas por que densidade? Qual a importância desse teste numa colônia? E por que fazê-lo primeiro?

Para responder a essas perguntas e também entender a importância da densidade na relação produto-embalagem, vejamos:

Densidade é a relação entre massa/peso e volume. A fórmula usada para se conhecer a densidade de um produto é: D (densidade) = M (massa) sobre V (volume). O aparelho usado para medir a densidade é o densímetro ou picnômetro, que pode ser de vidro, no caso de produtos líquidos, ou de metal, no caso de produtos pastosos. Existem também os densímetros digitais automáticos que agilizam a análise.

Basicamente, o que o analista faz é colocar o produto dentro do densímetro, que tem tara e volume conhecidos. Após pesá-lo, desconta-se a tara e aplica-se a fórmula da densidade, ou seja, o analista tem a massa conhecida obtida na pesagem e o volume conhecido e fixo do picnômetro. Ao aplicar a fórmula, obtém-se a densidade.

Resumidamente, a densidade padrão considerada em laboratório é a da água a 25°C, que tem densidade de 1 g/ml, ou seja, 1 grama equivale exatamente a 1 ml.

Assim, a água tem densidade 1,0000, o álcool ou um óleo tem densidade menor que 1,0000. No caso da colônia, a fórmula do produto já tem uma densidade especifi cada. Dessa forma, se o manipulador errou e colocou álcool (que é mais leve) a mais, vai resultar numa densidade menor que a faixa especificada. Se ele errou e colocou água a mais, a densidade vai ser maior que a faixa.

E o que isso tem a ver com a embalagem???

Primeiro, vamos entender que, normalmente, a faixa de densidade de um shampoo, condicionador, creme ou loção varia de 0,9800 a 1,0000. Veja que a variação é de 0,02 e não pode ser maior que isso. Vamos entender com a sequência das explicações.

Também é muito importante salientar que a preocupação com a densidade na relação produto-embalagem só vale quando o conteúdo é declarado em gramas. Se for declarado em ml, não existe essa preocupação com a embalagem, a não ser no caso de um shampoo aerado, em que se envasa o declarado na embalagem, depois o ar sobe, as bolhas se quebram, e o volume aparente baixa.

O que pode acontecer num creme com densidade abaixo da faixa? Não vai caber no pote, pois vai ter um volume maior com peso menor, segundo a regra da fórmula da densidade.

Quando um fornecedor especifi ca o peso ou volume de um pote vazio com 50 g/ml, ele está considerando um produto com densidade 1,0000.

Vamos entender. Considerando um pote com capacidade de 50 g/ml, se a densidade do produto for 1,0000, 50 g vai ser exatamente 50 ml e, portanto, dentro da capacidade do frasco. Se a densidade do produto sair no mínimo da faixa (0,9800), teremos um volume de 51 ml, já dentro do limite OF (over flow).

Imagina se o laboratório de P&D especificar a densidade entre 0,9000 e 1,0000. Com a densidade no mínimo, teremos um volume de produto de 55,5 g, ou seja, não cabe no frasco.

1 - Cuidado com a faixa ampliada de densidade. Pode ser bom para o controle liberar, mas péssimo para atender a capacidade do pote;

2 - Conheça antecipadamente a capacidade BG (base do gargalo) e OF (over flow) do pote. Você pode estar comprando o pote errado em função da faixa de densidade do seu produto. Normalmente, quando a densidade do produto é menor que a faixa, é porque foi incorporado ar no processo de fabricação. E, no caso de um creme que é viscoso, esse ar não sai, e a densidade não sobe.

Para finalizar, vale alertar que essa relação produto/densidade/ embalagem não tem nada a ver com o nome de algumas resinas, como PEAD (polietileno de alta densidade) ou PEBD (polietileno de baixa densidade), e que densidade não tem nada ver com viscosidade.

Olivier Fabre
Fragrâncias por Olivier Fabre

Fragrâncias e produtos cosméticos

Um reflexo, quando uma consumidora depara com um novo produto cosmético, é cheirá-lo. E, quando a consumidora gosta do cheiro e a promessa do produto atende às suas expectativas, isso pode induzi-la a comprá-lo e, posteriormente, a renovar sua compra. O prazer que isso traz é importante, mas não é essa a única razão pela qual os cosméticos são perfumados.

Como são escolhidas as fragrâncias?
Perfumar é quase uma obrigação.

Os produtos são cheirosos para que, antes de tudo, esse odor acompanhe ou atenue o cheiro da base da formulação. Certos princípios ativos podem apresentar odor forte e desagradável, por isso é necessário revesti-los olfativamente. Um exemplo é a goma guar e os tensoativos catiônicos, derivados de quaternários de amônio presentes em muitos condicionadores capilares e que têm cheiro aminado ou, falando de uma maneira mais prosaica, tem cheiro de peixe!

No caso do cheiro desagradável de uma base, o trabalho do perfumista não é fácil. O perfumista precisa atingir um equilíbrio sutil. A solução para isso não é usar uma dosagem alta de uma fragrância. O objetivo do seu trabalho é acompanhar o desenvolvimento do produto, para encontrar a melhor sinergia entre a fragrância e a base, em vez de, simplesmente, atenuar o cheiro forte da base.

No caso específi co de um condicionador capilar com derivados de quaternários de amônio, o perfumista tem à sua disposição uma paleta de notas verdes para a cabeça da fragrância, notas florais verdes para o coração e notas de fundo musk e amadeiradas (sândalo) para as notas de fundo, que acompanham o cheiro específi co da base.

Além de ter boa sinergia com a base do produto, a fragrância precisa ser estável e não alterar o cheiro e a cor com o passar do tempo. Esse é um verdadeiro ato de equilíbrio.

Outros produtos difíceis de perfumar são os óleos e os séruns. Isso porque perfumá-los é tecnicamente muito complicado.

Por serem viscosos, os óleos tendem a “abafar” a fragrância. Nesse caso, o perfumista vai privilegiar as notas mais “pesadas”, ambaradas e amadeiradas. Além de serem tecnicamente adequadas a esse tipo de base, essas notas são adequadas à imagem do produto. Esse é mais um fator que contribui para a sua aceitação.

Os séruns, por outro lado, contêm grande quantidade de ingredientes ativos e, às vezes, álcool. Dessa forma, o cheiro dos séruns é muito intenso, portanto estes são mais difíceis de perfumar.

A intensidade da fragrância também é importante em um produto. Outro aspecto do cheiro de um produto cosmético é que esse odor não deve “brigar” com a fragrância (do perfume) que a consumidora vai usar.

Uma vez que tenha sido desenvolvida a fragrância adequada a estabelecer melhor sinergia com o cheiro da base, inicia-se o trabalho de ajuste da dosagem da fragrância para encontrar seu nível ideal, ou seja, que proporcione o uso mais confortável. Para mascarar o cheiro da base, a fragrância deve ser agradável e delicada, e o toque remanescente deve ser discreto.

Vários testes devem ser realizados para determinar como e quando adicionar o perfume ao processo de fabricação, pois certas fragrâncias podem desestabilizar uma fórmula, dependendo do momento em que for incorporada. Por exemplo, se o processamento for a quente, é recomendado sempre incorporar a fragrância quando a batelada já tiver sido resfriada. Finalmente, é recomendado realizar testes de estabilidade para avaliar o comportamento da formulação durante o tempo de vida do produto.

Mas o que acontece quando um produto não tem perfume?

Uma tendência atual é lançar produtos cosméticos sem perfume. Mas como resolver o problema de bases que têm cheiro desagradável e forte? Nesse caso, o formulador tem duas alternativas. A primeira é selecionar ingredientes com cheiros que sejam os mais neutros possíveis, para elaborar a fórmula. A segunda é selecionar ingredientes que tenham cheiro agradável ou coerente com o produto. Esse será um trabalho tão exigente e minucioso quanto o do perfumista.


Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Mãos em tempos de covid

As mãos são importantes para vários movimentos e ações que praticamos no dia a dia. Com elas sentimos, escrevemos, brincamos, seguramos e acariciamos. Nos tempos de pandemia, essas mesmas mãos precisam ser lavadas com sabonete ou limpas com álcool gel várias vezes ao dia.

A pele que recobre as mãos é muito eficiente em nos proteger, porém a lavagem excessiva ou o uso de álcool gel prejudicam esse equilíbrio perfeito, ocasionando vários graus de inflamação.

Em vista dessas agressões, as pessoas desenvolvem a dermatite de mãos, caracterizada por dor, avermelhamento, inchaço, fissuras e descamação.

Lavar as mãos muitas vezes ao dia provoca mudanças no pH da pele, causando desidratação e rompimento do equilíbrio da barreira cutânea. Sendo assim, o ideal é que, além de continuarmos com as medidas de proteção, possamos tomar certos cuidados básicos como:

1 - Lavar as mãos com sabonete neutro;
2 - Enxaguar as mãos com água corrente;
3 - Preferir a lavagem das mãos com sabonete neutro em vez de usar álcool gel várias vezes ao dia. O álcool é mais irritante que o sabonete;
4 - Hidratar bem as mãos todas as vezes que forem lavadas ou limpas com álcool gel.

O hidratante específico para as mãos deve ser cremoso e conter substâncias umectantes como glicerina, ácido hialurônico, ceramidas, aquaporinas, vitaminas e antioxidantes, entre outras.

O hidratante deve ser usado todos os dias, de preferência todas as vezes que as mãos forem lavadas ou limpas com álcool gel. Após o espalhamento do creme nas mãos, elas podem ser fechadas com luvas, para que, com o abafamento, o produto tenha melhor penetração.

As mãos que apresentam essa dermatite são mais suscetíveis a qualquer tipo de infecção (bacteriana, viral e fúngica), assim como também podem desenvolver eczemas mais graves e gerar novos graus de inflamação.

Portanto, dependendo do grau da dermatite de mãos, o tratamento deve ser medicamentoso com o uso de corticoides e antibióticos. O uso desse produto deve ser orientado por médicos especializados.

O corticoide deve ser usado somente no tempo prescrito, pois no longo prazo pode gerar efeitos colaterais como atrofia de pele.

Cuide bem das suas mãos em tempo de Covid.

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