Skin Care

Edicao Atual - Skin Care

Editorial

Guerra das vacinas

A velocidade no desenvolvimento de vacinas contra a covid-19 é um feito sem precedentes na história da humanidade. Essa corrida envolve bilhões de dólares e acirra rivalidades e interesses políticos. Sabemos que a vacina é um passo importantíssimo na luta contra a pandemia, mas é apenas o primeiro. Há um percurso longo e desafi ador para imunizar toda a população – e que também exigirá esforços gigantescos. 

O Brasil está preparado para a demanda por agulhas, seringas, frascos e outros insumos necessários à aplicação das vacinas? Qual é o planejamento logístico em relação ao armazenamento e à distribuição das doses? Essas são questões que não podem ser resolvidas às pressas, sobretudo num país com dimensões continentais e regiões remotas, às vezes com eletricidade instável. A vacina desenvolvida pela Pfi zer e a BioNTech, por exemplo, deverá ser aplicada em duas doses, com intervalo de 21 dias, e armazenada a -70°C. 

Esses fatores preocupam o mundo todo, que em grande parte não está preparado para enfrentar tamanha complexidade. No Brasil, faltam informações sobre o que está sendo feito em termos de planejamento, negociações e novas soluções para a etapa de imunização e sobram esforços inúteis, para desqualifi car a vacina do adversário político.

Temos quatro dos imunizantes mais promissores do mundo em testes no país. No entanto, o que seria um cenário positivo na luta contra a pandemia virou um cabo de guerra, com um vai e vem de decisões que são cruciais neste momento. Precisamos ir além, adequar as expectativas e apertar o passo. 

Esta edição da Cosmetics & Toiletries Brasil traz a trajetória de Israel Feferman, profi ssional com mais de 30 anos de atuação no setor e criador da Consideal.

Os artigos técnicos abordam como otimizar atributos dos fi ltros minerais; formulações para controlar a acne, que devido ao uso de máscaras contra a covid-19, aumentou a sua incidência; estudo sobre o processo de desenvolvimento de claims; e outros assuntos. 

Um caderno anexo à revista digital, traz os abstracts das apresentações do 32º Congresso Brasileiro de Cosmetologia.

 

Hamilton dos Santos
Publisher

Otimizando Atributos de Filtros Minerais - Julian P. Hewitt (JPH SunCare Technologies Ltd., Durham, Inglaterra)

Os formuladores estão cada vez mais envolvidos com o desenvolvimento de novas formulações de protetores solares à base de TiO2 e/ou ZnO. Neste artigo será analisado e revisado o conhecimento atual sobre como otimizar os atributos dos filtros solares inorgânicos no desenvolvimento de produtos de proteção solar que sejam, ao mesmo tempo, efetivos e de ótima aparência.

Los formuladores tienen cada vez más la tarea de crear nuevas fórmulas de protección solar basada en TiO2 y/o ZnO. Este articulo vá revisar y actualizar los conocimientos actuales sobre la mejor forma de utilizar filtros inorgânicos para desarrollar productos de protección solar eficaces y elegantes.

Formulators are increasingly being tasked with creating new sun care formulations based on TiO2 and/or ZnO. This paper will review and update current knowledge on how best to use inorganic filters to develop effective and elegant sunscreen products.

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Controle da Acne - Peter T. Roth (Roth Clinical Skin Care, New York, EUA)

A maior parte da população mundial é, em algum momento, afetada pela acne. Esse fato, juntamente com a atual necessidade de uso de máscaras faciais para proteção contra a Covid-19, elevou nos Estados Unidos a demanda por produtos OTC no tratamento da acne. Este trabalho examina a formação da acne e vários produtos tópicos que são usados para mitigá-la, como ácido salicílico, enxofre e peróxido de benzoíla.

La mayor parte de población mundial, en algún momento, se há visto afectada por el acné. Esto junto con la actual necesidad de uso de máscaras faciles para protección contra la Covid-19, há aumentado la demanada em Estados Unidos por productos de venta libre para atención del acne. El presente artículo revisa la formación del acne y vários tratamentos tópicos para mitigarlo; tales como ácido salicílico, azufre y peróxido de benxoilo.

Most of the world´s population has, at some point, been affected by acne. This, along with the recent “maskne" phenomenon, has heightened demand for OTC acne care. The present article reviews the formation of acne and various topical treatments to mitigate it; such as salicylic acid, sulfur and benzoyl peroxide.

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Dermatite Atópica e o Microbioma - Robert Holtz, PhD (BioInnovation Labs., Inc. Denver CO, EUA)

Embora não seja causativa, existe uma forte correlação entre a severidade da DA e a densidade de S. aureus no microbioma. O processo DA e S. aureus é um bom alvo para intervenção, pois pode ser explorado in vitro, como descreve este artigo.

Aunque no es causal, existe una fuerte correlación entre la gravedad de la DA y la densidade de S. aureus em el microbioma. El processo DA y S. aureus proporciona objetivos para la intervención, que puden explorarse in vitro como se describe aquí

Although not causative, there is a strong correlation between the severity of AD and density of S. aureus in the microbiome. The AD process and S. aureus provide targets for intervention, which can be explored in vitro as described here

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Eficácia versus Risco - Fatemeh Fallapour, Shohreh Nafisi Azad (University, Central Tehran Branch, Irã); Dr. Howard L. Maibach (University of California, San Francisco CA, EUA)

Proteger-se da luz solar parece ser essencial para evitar danos ao DNA que levam a cânceres de pele; no entanto, os protetores solares usados apresentam seus próprios riscos. Esta breve análise destaca a segurança versus o risco que os protetores solares podem apresentar ao consumidor e as abordagens para melhorar sua eficácia.

Estar protegido de la luz solar parecería esencial para prevenir el daño del DNA que conduce a cánceres de piel; sin embargo, los protectores solares utilizados presentan algunos riesgos propios. Esta breve revisión destaca la seguridad frente al riesgo de los protectores solares y los enfoques para mejorar su eficácia.

Being protected from sunlight would seem essential to preventing DNA damage that leads to skin cancers; however, the sunscreen filters used pose some risks of their own. This brief review highlights the safety vs. risk of sunscreen filters and approaches to improving their efficacy.

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Queremos a Verdade - Theresa Callaghan, PhD (Callaghan Consulting International, Hamburgo, Alemanha)

Tanto o departamento de marketing quanto o de P&D têm grandes responsabilidades no processo de desenvolvimento dos claims do produto. Porém, isso não basta - regulamentos, riscos, vulnerabilidades, comunicações, projeto do estudo, custos e outros atores também atuam nesse cenário. Essas e outras influências no processo de desenvolvimento de claims dos produtos são analisadas neste artigo.

Tanto el marketing como la I&D tienen responsabilidades importantes en el processo de desarrollo de claims. Pero eso no es todo: las regulaciones, los riesgos, las vulnerabilidades, la comunicación, el diseño del estúdio, los costos y más también están en juego. Estas y otras influencias en el proceso de desarrollo de claims se discuten en el presente artículo.

Both marketing and R&D have major responsibilities in the claims development process. But that´s not all - regulations, risk, vulnerabilities, communication, study design, costs and more also are at play. These and other influences in the claims development process are discussed in the present article.

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Avaliação da Segurança e Eficácia de Produtos Cosméticos - R Spagolla Napoleão Tavares, I de Souza, M Oliveira de Melo, L Rigo Gaspar (Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – USP, Ribeirão Preto SP, Brasil)

Este artigo traz uma revisão sobre a avaliação da segurança e eficácia de substâncias ativas cosméticas com a finalidade de registro e comprovação de claims, incluindo conceitos e definições de diferentes métodos disponíveis. Apresenta, ainda, os métodos alternativos validados, recomendados pela OECD e reconhecidos pelo Concea.

Este artículo presenta un examen de la evaluación de la seguridad y la eficacia de las sustancias cosméticas activas para el registro y la prueba de las afirmaciones, incluidos los conceptos y definiciones de los diferentes métodos disponibles; también son presentados los métodos alternativos validados, recomendados por la OCDE y reconocidos por la Concea.

This article presents a review on the evaluation of the safety and efficacy of cosmetic active substances for the purposes of registration and proof of claims, including concepts and definitions of different methods available; the alternative methods validated, recommended by OECD and recognized by Concea are also presented.

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Primers com Modificadores Sensoriais - GJ Melo Júnior, CA Pedriali Moraes (Fatec Diadema - Luigi Papaiz, Diadema SP, Brasil)

O objetivo deste trabalho foi analisar os modificadores sensoriais presentes na composição de 40 marcas de primers nacionais e importadas, assim como suas funções e seus efeitos: matte e soft focus, que conferem a capacidade óptica de reduzir o contraste das linhas de expressão, mascarando as imperfeições.

El objetivo de este trabajo fue analizar los modificadores sensoriales presentes en la composición de 40 marcas de imprimaciones nacionales e importadas, así como sus funciones y los efectos: matte y soft focus, que confieren la capacidad óptica de reducir el contraste de las líneas de expresión, enmascarando las imperfecciones.

The aim of this work was to analyze the sensory modifiers present in the composition of forty brands of national and imported primers, as well as their functions and the effects: matte and soft focus, which confer the optical ability to reduce the contrast of the expression lines, masking the imperfections.

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John Jimenez
Tendências por John Jimenez

Home SPA trends

Li recentemente que assumir o controle da realidade que vivemos nos ajuda a minimizar os riscos à saúde física e mental. A pandemia de covid-19 e as estritas medidas de precaução que temos adotado há meses, sem dúvida, têm causado muito estresse nas pessoas, devido às incertezas, ao excesso de trabalho, à falta de rotina, ao desemprego e à redução do contato social, entre outros. Por essas razões, vemos novas tendências no spa em casa.

- Waterless treatments: os spas ecológicos estão procurando maneiras de limitar o uso excessivo de água. De acordo com a EPA, os chuveiros padrão usam 2,5 litros de água por minuto. Ao criar protocolos de tratamento sem água, mesmo para tratamentos corporais, os spas podem reduzir o consumo de água. Muitos spas estão revisando seus tratamentos à base de água, bem como chuveiros, banheiras de hidromassagem, saunas e banhos turcos - essencialmente qualquer área do spa que se concentre na água. Um tratamento corporal sem água é uma ótima maneira de garantir conforto e segurança. Essa tendência também favorece os procedimentos caseiros.

- Synthesis: é um retiro de bem-estar com sede em Amsterdã que oferece a primeira terapia comercial de depressão psicodélica do mundo. O tratamento é supervisionado clinicamente por um psicólogo clínico, líder do Center for Psychedelic Research do Imperial College London, e usa trufas infundidas com psilocibina (este é um alcaloide alucinógeno, responsável pelo efeito psicoativo de certos cogumelos legais na Holanda). Os pacientes iniciam um curso de 13 meses que inclui terapia de grupo mensal e um retiro de cinco dias com duas sessões de psilocibina. A pandemia, sem surpresa, está tendo um efeito negativo massivo sobre as doenças psicológicas: no fi nal de junho, 40% dos adultos americanos relataram ter problemas de saúde mental e abuso de substâncias.

- Turmericalm: as marcas estão misturando tradições de bem-estar orientais e ciência ocidental. Estamos vendo a tendência do açafrão adaptogênico em suplementos dietéticos, o que ajudará os consumidores a estarem melhor equipados para combater o estresse diário em suas vidas durante a pandemia. A cúrcuma é um poderoso antioxidante.

- Tailor-made daily vitamins: recentemente, uma startup de saúde especializada no desenvolvimento de vitaminas diárias personalizadas para ajudar nas metas nutricionais e de bem-estar, lançou uma plataforma de personalização extrema graças à inteligência artifi cial que usa dados de avaliação pessoal do consumidor, como informações genéticas, para determinar a combinação de nutrientes e assim garantir a biodisponibilidade, indicando a quantidade e a combinação adequadas para obter melhores resultados.

- Applosion: estamos vendo um boom de aplicativos de bem-estar holísticos. O aplicativo Ladder foi lançado recentemente e rastreia emoções, pensamentos e muito mais. É uma ferramenta de saúde mental para consumidores que buscam uma maneira holística de ajudar a gerenciar sua saúde diária e ter mais controle sobre seu estilo de vida. O aplicativo funciona monitorando ações, emoções e pensamentos para ver se há um padrão que pode estar afetando o bem-estar mental diário da pessoa. A aplicação constante da terapia cognitivo-comportamental (TCC) oferece uma maneira de conduzir uma rotina diária melhor, enquanto um rastreador de atividades pode ser usado para maximizar a capacidade de uma pessoa desenvolver melhores hábitos.

- Rinse-free hand cleansers: estamos percebendo uma tendência no mercado de lançamentos de limpadores de mãos sem enxágue, combinando os benefícios dos hidratantes e dos limpadores de mãos. Vemos fórmulas com 62% de álcool em formulações com ação hidratante e suavizante, fórmulas que possuem óleos naturais e notas de aromaterapia.

- VR Spa: a realidade virtual está sendo usada para ajudar no alívio do estresse. As marcas apontam ajudar os consumidores a aliviar o estresse de uma forma mais envolvente. Embora a tecnologia tenha sido vista como algo que pode impedir a paz interior e a atenção plena, os spas mais recentes a estão adotando como um meio de intensifi car as experiências meditativas, o que também pode ser feito em casa.

- Flash spa: devido ao fechamento obrigatório de empresas em todo o mundo, os spas estão reabrindo com menus de tratamento simplifi cados. Agora vemos opções de tratamento mais curtas, como “tratamentos faciais em fl ash”, em que podemos experimentar um tratamento facial profi ssional em 30 minutos ou menos, ou mesmo “tratamentos sem contato”, como meditação guiada.

- Flash spa: devido ao fechamento obrigatório de empresas em todo o mundo, os spas estão reabrindo com menus de tratamento simplifi cados. Agora vemos opções de tratamento mais curtas, como “tratamentos faciais em fl ash”, em que podemos experimentar um tratamento facial profi ssional em 30 minutos ou menos, ou mesmo “tratamentos sem contato”, como meditação guiada.

- Happiness: a felicidade é uma grande tendência, e a indústria cosmética está se esforçando para desenvolver novas formas de avaliá-la, envolvendo técnicas psicológicas e neurocientíficas.

A casa é o novo templo, e a indústria de cosméticos tem grandes oportunidades de inovação para promover o bem-estar dos consumidores.

Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Sopa de letrinhas que afetam as nossas vidas

Com a mínima chance de errar, você já ouviu falar de todas estas siglas, mas saber de fato o que elas significam é outra coisa...

Para começar, temos que entender o que é essa tal infl ação. Só a menção da palavra já causa calafrios em alguns brasileiros que, da década de 80 até metade da de 90, já tinham capacidade de perceber a dor e o desespero dos pais ao tentar garantir o sustento familiar mês a mês - certamente era um Brasil bem diferente do atual. Como defi nição, do ponto de vista de quem consome, pode-se dizer que a infl ação é a alta generalizada dos preços dos produtos e serviços de maneira contínua e persistente. Por outro lado, do ponto de vista do investidor, o conceito é o alargamento do prazo de pagamento (do “à vista” para o “a prazo”), da injeção de moeda circulante na economia, que por consequência direta desvaloriza a nossa moeda frente a outras economias, que não precisam injetar moedas ou pelo menos o fazem em uma quantidade menor.

A evidência do efeito da primeira defi nição pode ser notada quando, no primeiro dia do mês anterior, compra-se um frasco de desodorante a R$ 10,00 e um mês após, para comprar o mesmo desodorante, você precisa pagar R$ 11,00. Nesse caso, diz-se que houve uma infl ação de 10% para esse item no espaço de trinta dias. Uma evidência para o segundo efeito se dá quando precisamos desembolsar mais reais para a compra da mesma quantidade de uma moeda estrangeira (por exemplo, no primeiro dia do mês anterior precisávamos de R$ 10,00 para termos US$ 2.00 e trinta dias depois, para termos os mesmos US$ 2.00, precisávamos de R$ 11,00. Nesse caso, diz-se que houve uma desvalorização do real frente ao dólar de 10%).

Atualmente a inflação está sob controle, mas, se fôssemos fazer o mesmo exemplo acima citado do desodorante no mês de março de 1990, o impacto seria muito maior: o preço do desodorante teria passado de R$ 10,00 para R$ 18,24, ou seja, 82,39% em um único mês. Agora transporte isso para uma compra mensal doméstica, transporte público, vestuário, combustível etc. Os salários eram corrigidos periodicamente, porém muitas categorias não tinham o seu poder de compra reposto à altura das perdas causadas pela infl ação. Caso você tenha menos de trinta anos, com certeza terá difi culdade de entender, uma vez que a partir de março de 1994, Fernando Henrique Cardoso, o então Ministro da Economia do governo de Itamar Franco, colocou em marcha o Plano Real, transformando a moeda no atual Real, desindexando a economia e domando assim a inflação.

Apesar disto, não se engane: a inflação sempre deve ser vigiada e, como um vírus de um resfriado comum que todos carregamos durante toda a vida, o importante é evitar que o evolua para uma gripe debilitante ou até mesmo mortal. Atualmente, poucos países encontram-se em risco de hiperinflação ou de inflação descontrolada, sendo presente em geral em regiões onde há desestruturação da ordem civil como, por exemplo, em guerras ou insurreições.

Existem quatro tipos diferentes de inflação: de demanda, quando a procura por bens e serviços é superior à quantidade ofertada, o que faz com que, quando a economia está aquecida, tenhamos uma baixa infl ação positiva; de custo (oferta), quando há um aumento dos custos de produção ou serviço (quando há aumentos de salários, oneração da folha de pagamento, matéria-prima, combustível, impostos etc., é inevitável haver um contínuo aumento da inflação); inercial, que não tem a ver com oferta ou demanda, mas sim com uma perspectiva futura negativa, tendo em vista problemas históricos, indefi nições eleitorais que geram desconfi ança quanto à estabilidade econômica, causando uma espiral infl acionária que não se justifi ca materialmente, apenas na insegurança do investidor; estrutural, semelhante à inflação de custos - nesse caso, a infl ação é resultado da ineficiência da infraestrutura produtiva de uma economia, resultando em uma rigidez da oferta de bens e serviços dessa estrutura econômica.

Para medir o fenômeno, há a necessidade da criação de um índice que possa mensurar ao longo do tempo a variação dos preços de produtos e serviços, sejam eles para maior ou menor. Aqui entram os índices criados pelo governo e pelas instituições privadas, uma verdadeira “sopa de letrinhas”. O IPCA (Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo) e o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) são os dois índices ofi ciais gerados pelo governo através do IBGE. O IGPM (Índice Geral de Preço do Mercado) é elaborado por uma instituição privada, a FGV (Fundação Getúlio Vargas), e o IPC-FIPE (Índice de Preço ao Consumidor) é elaborado pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade da USP).

Apesar das diferenças desses índices, é importante ter em conta que a inflação pode até ser considerada por alguns como um fenômeno democrático, uma vez que atinge todas as pessoas. Porém, com certeza o impacto não é tão democrático, visto que é bem diferente entre as diferentes classes sociais, sendo um dos fatores que contribui para o aumento da desigualdade social.

Cristiane M Santos
Direito do Consumidor por Cristiane M Santos

Vacina Covid-19: um direito ou um dever de todos?

Muitos apostavam (inclusive eu) que uma vacina efetiva contra a Covid-19 seria a luz no fi m do túnel que iria trazer nossa “vida” de volta – ou pelo menos mais próxima a da nossa antiga normalidade. Para chegarmos até aqui, mais de 1,2 milhões de vidas foram perdidas para a Covid-19 e mais de 52 milhões de pessoas foram contaminadas pela doença, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (em 13 de novembro de 2020).

Finalmente estamos nos aproximando dessa “luz”, do momento da liberação de vacinas aparentemente efi cazes, confiando nos estudos minuciosos dos mais competentes cientistas de todo o mundo na busca de um objetivo comum, ainda que tenham sido feitas em um tempo recorde.

As vacinas ainda não estão disponíveis, mas já geraram uma grande polêmica: serão obrigatórias ou não?

Antes de qualquer argumento, vale destacar que a obrigatoriedade de uma vacina não signifi ca que o indivíduo será levado à força a um posto de saúde para que lhe seja aplicada uma vacina. A obrigatoriedade nesse sentido está atrelada a uma sanção em caso de descumprimento, como, por exemplo, a aplicação de multa para o motorista que não usa cinto de segurança ou as implicações para um eleitor que deixou de votar.

No Brasil, a vacinação obrigatória já está prevista no direito por meio da Lei Federal no. 6259/75 e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, em casos indicados pelas autoridades sanitárias.

Porém, antes mesmo da Covid-19, por convicções filosóficas ou religiosas, esta obrigatoriedade já vinha sendo questionada no Supremo Tribunal Federal (STF).

Até o momento, sabemos que as vacinas para a Covid-19 não apresentam 100% de efi cácia e ainda não estamos totalmente convencidos de sua segurança.

Do ponto de vista da efi cácia, se as vacinas fossem 100% efetivas, quem fosse vacinado ficaria completamente imunizado e não precisaria se preocupar com a imunização do outro. Mas, como pelo jeito não são, quem deixa de tomar a vacina continua transmitindo o vírus, inclusive para quem foi vacinado.

Nesse sentido, seria fundamental, para ampliar a eficácia da vacina, promover a imunização geral da população, cabendo a obrigatoriedade para fomentar o objetivo da proteção da saúde pública e como medida para conter uma doença extremamente contagiosa.

Entretanto, apesar da obrigatoriedade ser instrumento poderoso para a expansão da imunização, os dados de segurança destas vacinas podem enfraquecer esse argumento, dando espaço para decisões e ponderações de riscos de forma individual.

Sabemos que, do ponto de vista médico e jurídico, é vedada a realização de um tratamento ou intervenção contrária à vontade expressa do paciente.

Porém, neste caso, vale destacar que aqueles que recusarem a vacina colocarão em perigo, além de si mesmos, toda a coletividade. E, por outro lado, os mesmos que negarem a vacina serão beneficiados pelo grupo imunizado, que contribuirá para a redução da taxa de transmissão.

Então, qual é a melhor solução?

Apesar de achar que neste caso seria possível restringir a autonomia individual em prol da saúde pública, penso que a decisão deve ser individual. Precisamos aprender a ser protagonistas, responsáveis por nossas decisões, pois cada um sabe “onde aperta o seu sapato”, e também conscientes de que muitas das nossas escolhas refletirão na vida do outro...

Mas, para isso, é fundamental uma política de informação baseada na ciência, com planejamento e direcionamento, para conscientizar a população sobre a importância da vacina para a proteção individual e coletiva, incluindo seus riscos e benefícios. Além disso, é necessária a criação de campanhas para combater as “fake news”.

Mais uma vez, nos deparamos com a importância da educação – e a necessidade primordial de se investir nesse setor! Pois, uma população educada e bem informada, em geral, toma suas decisões de forma mais consciente e racional, não segue nem depende de exemplos de líderes, muitas vezes bem pouco racionais, que prezam primeiramente por seus interesses políticos e não estão nem aí com a sua população... Afinal, para eles, era só uma “gripezinha”!





Gestão em P&D por Wallace Magalhães

Informação no P&D

Ainda hoje, muita gente não percebeu que informação é a essência do P&D. Nenhuma empresa monta um laboratório nem contrata pessoal especializado para preparar e apresentar amostras. Seria muito caro. Obviamente, as amostras são absolutamente imprescindíveis na criação de um novo produto, mas elas formam o meio do processo. O que se espera do P&D é a geração de tecnologia suficiente para regularizar, produzir e comercializar um produto dentro das normas sanitárias, que atenda às necessidades do consumidor e que seja lucrativo para a empresa, e isto se concretiza como informação.

Assim, ao planejar um laboratório de P&D, além do espaço, do layout e dos equipamentos, é necessário incluir a estrutura da informação, que deve considerar obtenção, armazenamento, processamento, proteção, geração, hardware e software. Como em qualquer projeto, o primeiro passo é o dimensionamento. Tenho perguntado a vários profissionais de P&D: quantos documentos são gerados em uma linha com 100 produtos? As respostas não passam nem perto da realidade, sem falar da ‘cara de surpresa’ que todo mundo faz. O desconhecimento deste fato acaba criando um sistema operacional frágil, com alto risco e baixa eficiência pela grande possibilidade de perda ou alteração do conteúdo, como também desperdício de tempo técnico para gerar informação e documentos. Uma linha com 100 produtos gera mais de 4.000 documentos, sendo que aproximadamente 3.000 são obrigatórios. Em uma linha com 250 produtos, este número supera 10.000 documentos. E temos de lembrar que um documento é um bloco com vários dados. Se a estrutura não estiver bem planejada, será um caos, e um dos maiores problemas será a dispersão da informação, que acaba comprometendo boa parte do investimento no P&D. Não é possível calcular um valor modular para determinar o investimento em P&D por causa da grande variação de porte, equipamento, remuneração, custo de m2, entre outros fatores, mas para efeito de avaliação, em um cálculo rápido, um laboratório de P&D, com um técnico e um auxiliar, equipamento básico pode ter um custo anual em torno de R$ 200.000,00. O único jeito de preservar este investimento é preservando a informação gerada por ele.

Podemos dividir a execução de um projeto de P&D em três fases distintas.

Fase 1 – Planejamento: É a fase de pesquisa. É o ‘P’ do P&D. O objetivo é selecionar e avaliar ingredientes e definir os protocolos que serão usados. Deve gerar uma ou mais formulações de partida, com composição, modo de preparação e especificações, e que tenham sido submetidas à verificação de custo e adequação regulatória. Esta é uma fase só de informação, representada por livros e fichas técnicas, normas sanitárias, informações de mercado e briefing. Todos os ingredientes selecionados devem ser identificados, ter composição desdobrada e especificações registradas. Tem um alto grau de processamento de informações.

Fase 2 – Execução: É a fase de bancada. É o ‘D’ de P&D. É quando se executa o que foi planejado. Um trabalho de base tecnológica sem um planejamento bem feito não costuma dar bons resultados. Nela serão preparadas e avaliadas as amostras. Nesta fase também há geração de grande quantidade de dados. Só um estudo de estabilidade de um produto pode gerar mais de 500 resultados de análise na fase de desenvolvimento que, com os testes de prateleira, ultrapassam 600. Para 100 produtos, serão mais de 60.000 análises.

Fase 3 – Conclusão: Aqui são consolidadas todas as informações consideradas e geradas durante o trabalho. Devem estar organizadas sob a forma de dossiê, que deve ser montado à medida que o trabalho vai se desenvolvendo. A tarefa final é fazer uma última verificação.

Na realização do trabalho, a obtenção, o alinhamento e os desdobramentos das informações por processos manuais ou semiautomatizados, como é o caso das planilhas eletrônicas, consome aproximadamente 35% do tempo de cada profissional, ou seja, quase 8 dias por mês de cada um. Um percentual bem próximo foi obtido por uma empresa francesa, no mesmo tipo de estudo. Além de tornar o processo muito sujeito a erros e mais caro por causa do tempo, reduz a disponibilidade de pessoal para a realização de pesquisas mais consistentes e para o aprimoramento dos protocolos utilizados. Custo alto com baixa eficiência. E muita gente ainda acredita que o trabalho do P&D se resume quase que exclusivamente à Fase 2 e que a entrega é só a formulação. Um erro inaceitável para um especialista.

Olivier Fabre
Fragrâncias por Olivier Fabre

Clean label: de quem é a demanda?

Há poucos anos, um novo conceito surgiu na indústria de produtos alimentares. Ultimamente, esse conceito tem se estendido a outras indústrias, como a de produtos cosméticos e a perfumaria. Trata-se do chamado clean label ou rótulo limpo.

Já faz um bom tempo que os consumidores cada vez mais querem saber exatamente o que contêm e o que não contêm os alimentos embalados que comem. E, cada vez mais, prestam atenção aos apelos de saúde e à lista de ingredientes que aparecem nos rótulos dos produtos. Hoje, os consumidores querem produtos que não contenham ingredientes que consideram ser “ruins” para eles, como ingredientes desconhecidos e com nomes científi cos impronunciáveis. Em vez disso, os consumidores querem alimentos que sejam os mais naturais e saudáveis possível. E essa preocupação dos consumidores se estendeu a produtos cosméticos e, consequentemente, à indústria de perfumaria.

É dessa tendência que nasceu o conceito clean label, que se refere, principalmente, ao uso informações transparentes e comuns nas embalagens, mas também à redução de alérgenos e aditivos em produtos. É dessa tendência também que surgiu o uso de um número limitado de ingredientes, que devem ser facilmente reconhecidos pelo consumidor. Algumas empresas vão além disso ao promover o comércio justo ou o uso de ingredientes sustentáveis, orgânicos ou “cosmos”. Então essa tendência não tem nada a ver com a redução do consumo de produtos, mas está relacionada com aqueles produtos feitos com ingredientes saudáveis e que estão mais próximos do seu estado natural.

Como o termo clean label não é regulamentado, ao usá-lo, as empresas escolhem diferentes ângulos de abordagem para atender às expectativas do consumidor. Porém, dois métodos se destacam: o uso de enunciados contendo a palavra sem e a redução do número de ingredientes. O primeiro método resulta em claims como “livre de gordura trans” ou “livre de conservantes artificiais”. O segundo método envolve a reformulação e a redução do número de ingredientes para torná-los mais parecidos com os produtos caseiros. Na perfumaria, esse fenômeno se caracterizou pela tendência crescente, por parte dos clientes, de abrir briefi ngs especifi cando que nenhum ingrediente ou determinado número limitado de ingredientes alérgenos seja incluído na fórmula da fragrância, para limitar a lista de ingredientes no rótulo. Empresas também abriram briefi ngs com número máximo total de ingredientes. Não é necessário dizer que alguns perfumistas não gostaram muito dessa tendência, pois sentiram que isso pode limitar sua criatividade. Outros perfumistas, pelo contrário, gostaram do desafio de fazer mais com menos.

Outra mudança importante é a substituição de ingredientes que são conhecidos por seus nomes científi cos por ingredientes reconhecíveis provenientes da natureza. Por exemplo, nos últimos anos, tanto para produtos cosméticos como para fragrâncias, os consumidores passaram a preferir produtos que contenham ingredientes naturais com nomes, no rótulo, como essência de rosa, em vez de nomes sintéticos, como álcool benziletílico, proveniente de síntese química. Outro exemplo são alguns alimentos industrializados que contêm cores de beterraba, açafrão e páprica, adoçantes como xarope de estévia e sabores como o sabor natural de baunilha.

Ao redor do mundo, essas indústrias estão investindo no desenvolvimento de ingredientes naturais para substituir os ingredientes sintéticos, por exemplo, em conservantes naturais para substituir conservantes químicos. Na perfumaria, certos princípios ativos provêm de vegetais, a vanilina é substituída pelo óleo essencial de baunilha.

Voltando à pergunta do título desta coluna, eu diria que o clean label (ou rótulo limpo) não é um conceito de marketing como foi defi nido por Kotler, mas é muito mais do que isso: é o resultado de uma pressão dos consumidores, com a ajuda das redes sociais, para um consumo mais saudável, mais consciente, mais justo e sustentável, tendência que está longe de ser uma moda passageira, que chegou para durar.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Plasma no tratamento da queda de cabelo

O plasma rico em plaquetas (PRP) é uma técnica que faz parte da terapia regenerativa, sendo usada para vários tratamentos na área da saúde. Trata-se de uma técnica em que o sangue do paciente é colhido e centrifugado, promovendo a separação entre a parte vermelha e o plasma. Na sequência, o plasma que tem maior concentração de plaquetas é injetado na região a ser tratada. Na dermatologia, é utilizado para o tratamento de úlceras e feridas, envelhecimento cutâneo e até calvície.

O processo é realizado com um kit padronizado para esse tratamento. Isso signifi ca que o tipo de centrífuga e a sua velocidade, assim como o tipo de tubo, irão garantir a maior concentração de plaquetas no plasma. É importante saber quanto as plaquetas estão concentradas porque esse é o diferencial do tratamento.

O mecanismo de ação do tratamento com PRP consiste em aumentar o número de plaquetas para que haja maior quantidade de fatores de crescimento, sendo liberadas quando o líquido plasmático for aplicado na pele.

Esses fatores de crescimento estão dentro das plaquetas e são liberados logo após a injeção na superfície cutânea. Eles são fatores naturais do organismo e ocupam receptores específi cos, promovendo estímulos positivos, diminuindo a infl amação e melhorando a cicatrização.

Os fatores de crescimento liberados pelo PRP são complexos proteicos chamados citoquinas, que têm grande capacidade de estímulo e também de modulação das reações teciduais.

Alguns dos principais fatores de crescimento liberados pelas plaquetas no PRP são:

- PDGF: fator de crescimento plaquetário, estimula as células-tronco locais;
- IGF1: fator de crescimento insulina like, que melhora a matriz intercelular e a oxigenação tecidual;
- VEGF: fator de crescimento endotelial e melhora a vascularização e a angiogênese.

Além dos fatores de crescimento (ou por causa deles), o PRP também melhora o excesso de oleosidade e a infl amação da pele e do couro cabeludo, além de melhorar a resistência imunológica do local.

A aplicação do PRP na pele e no couro cabeludo pode ser feita com injeção ou com técnicas de drug delivery, como microagulhamento e microinfusão de medicamento na pele (MMP).

O PRP é efi caz tanto para homens como para mulheres e pode ser usado em qualquer idade. Em geral, são indicadas de 4 a 6 sessões mensais para os tratamentos especifi cados.

O grande diferencial do tratamento com PRP é o estímulo das células-tronco, que são células com múltiplas capacidades regenerativas, melhorando a vascularização, a produção de fibras de colágeno e, de maneira geral, a energia de todas as células.

A medicina regenerativa, em que recursos do próprio organismo podem melhorar processos genéticos e degenerativos, tem obtido resultados alentadores em várias situações clínicas.

Na dermatologia, os resultados para tratamento da calvície são signifi cativos, assim como a melhora da tonicidade e da qualidade da pele fotoenvelhecida.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

A importância da participação

Vou aproveitar esta oportunidade para recordar alguns princípios que acredito serem relevantes para o processo da Qualidade. O princípio mais importante para esse processo é o da responsabilidade da administração quanto ao estabelecimento dos parâmetros da Qualidade que vão nortear as ações da organização na prática efetiva da Qualidade. A alta administração tem que mostrar liderança e se comprometer com o processo da Qualidade, devendo estabelecer, implantar e manter ativa a política da Qualidade.

A organização deve determinar direções pertinentes que levem aos objetivos traçados e ao direcionamento estratégico desses propósitos, e que afetem positivamente sua capacidade de alcançar os resultados pretendidos no sistema de gestão da Qualidade. É a partir daí que são estabelecidos os procedimentos que suportam as ações que terão como resultado a Qualidade.

A organização deve criar objetivos para todas as ações que impactem no processo da Qualidade. Esses objetivos devem ser passíveis de mensuração, controlados e informados a toda a organização.

A organização deve fornecer todos os recursos para possibilitar que a implantação da Qualidade seja realizada na forma de melhoria contínua.

É sabido que “quem faz Qualidade são pessoas”, portanto a conscientização e a consequente participação dos colaboradores no processo da Qualidade são fundamentais para que os objetivos sejam alcançados.

Especial atenção deve ser dada à importância da motivação dos colaboradores para que a organização possa alcançar o comprometimento de todos eles com seus objetivos.

Lembre-se de que a motivação sempre é pessoal e será obtida sempre que os objetivos da empresa forem os mesmos dos colaboradores.

A importância do treinamento sempre deve ser considerada, pois a capacitação faz parte do processo de conscientização do treinando.

Um fator importante no processo da Qualidade é sem dúvida a comunicação, pois, como já dizia o Velho Guerreiro [o comunicador Abelardo Barbosa, o Chacrinha], “quem não se comunica se trumbica”. Ficou devidamente comprovado, através dos tempos, que a informação deve ser absorvida e compreendida, para que o entendimento possa ser considerado satisfatório e possibilite a execução das atividades com a participação efetiva de seus colaboradores.

Outro aspecto que deve ser considerado é a presença constante de processos de melhoria, que consistem em identificar as oportunidades. Esses processos de melhoria devem possibilitar o atendimento dos requisitos da Qualidade em todas as ações que se façam necessárias para o cumprimento dos procedimentos estabelecidos.

O atendimento às não conformidades é outro princípio importante, tendo em vista que os reflexos negativos desses eventos podem comprometer seriamente a reputação da empresa tanto interna quanto externamente.

As não conformidades devem ser preventivamente consideradas riscos, que, caso ocorram, poderão prejudicar todo o processo da Qualidade.

Na gestão de riscos, a administração da empresa deve estabelecer um processo de melhoria contínua da Qualidade. Esse processo só fará com que a Qualidade seja preventiva quando for capaz de evitar efeitos colaterais indesejados.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Tecnologias aplicadas aos tratamentos capilares

Microagulhamento: : a técnica é realizada com a ajuda de um pequeno instrumento, que consiste num rolo geralmente feito de material plástico associado a pequenas agulhas de aço cirúrgico ou de outro material metálico inerte, de uso técnico e individual. Funciona por estimulação das células estaminais e induz a ativação dos fatores de crescimento.

Foi realizado um estudo com a participação de 100 pacientes com alopecia androgenética leve a moderada, divididos em 2 grupos: um recebeu tratamento semanal de microagulhamento com loção de minoxidil a 5% duas vezes ao dia; o outro recebeu apenas loção de minoxidial a 5%. Depois das fotografi as globais do início do tratamento, os couros cabeludos foram raspados para assegurar a igualdade de comprimento da haste do cabelo em todos os pacientes.

A contagem do cabelo foi feita em 1 centímetro quadrado (1 cm²) em uma área fixa (marcada com tatuagem) no início e no fi nal do tratamento (semana 12). Os resultados mostraram que:

1 - A alteração média na contagem de cabelo na semana 12 foi signifi cativamente maior no grupo do microagulhamento em comparação com o grupo do minoxidil (91,4 versus 22,2, respectivamente);

2 - 40 pacientes no grupo de microagulhamento tiveram pontuação 2-3 em uma escala visual analógica de 7 pontos, enquanto nenhum paciente apresentou a mesma resposta no grupo do minoxidil;

3 - No grupo de microagulhamento, 41 pacientes (82%) relataram melhora de mais de 50%, contra apenas 2 pacientes (4,5%) no grupo do minoxidil. Portanto, o grupo de microagulhamento com minoxidil foi estatisticamente superior ao grupo tratado com minoxidil na promoção do crescimento de cabelo em homens com AAG.

O microagulhamento é uma ferramenta promissora na estimulação de crescimento do cabelo e também é útil para tratar a perda de cabelo refratária ao tratamento com minoxidil.

- Tatooing: Uma alternativa de tratamento é a utilização da máquina de tatuar para introduzir medicamentos no couro cabeludo.

- Drug delivery: Entrega de medicamento na derme e subcutâneo. O mecanismo de drug delivery pode ser realizado de diferentes maneiras. Em comum existe o uso de uma substância tópica que tem a absorção estimulada por outro mecanismo, podendo ele ser mecânico (roller) ou provocado por um laser.

- Drug infusion: Penetração da droga diretamente na derme, em microdoses (permite a aplicação em toda a área a ser tratada).

- Mesoterapia: Infusão de medicação diretamente na derme (limitada a uma quantidade mínima de aplicação em cada área).

- Terapia com luz de baixa potência: O tratamento com luz de baixa potência (LBP) foi descrito na década de 1960 e utilizado para acelerar a cicatrização de feridas. Depois, descobriu-se que ele tinha a capacidade de induzir o crescimento dos pelos em ratos. A partir de então, foram feitas algumas tentativas de usar a LBP para estimular o crescimento do cabelo em pacientes com perda de cabelo. A laserterapia de baixa potência, a terapia com luz vermelha e o laser frio são as outras terminologias comumente utilizadas e referidas como LBP.

O mecanismo pelo qual a LBP afeta o crescimento do cabelo é geralmente desconhecido. No entanto, a laserterapia com uma janela terapêutica específi ca que se encontra entre 600 e 1400 nm pode, teoricamente, induzir o aumento mitocondrial mediado em trifosfato de adenosina (ATP) celular. Os tratamentos clínicos são realizados em sessões com duração de 15 minutos e, em geral, são repetidas 3 vezes por semana durante 12-16 semanas. Embora, teoricamente, eles possam ser seguros e efi cazes, são necessários mais estudos clínicos observacionais antes de considerar a laserterapia como uma modalidade de tratamento para a perda de cabelo.

Existem atualmente duas drogas principais para o tratamento da alopecia androgenética masculina ou feminina – a fi nasterida oral e o minoxidil tópico –, que são efi cazes até certo ponto. Infelizmente, após a descontinuação do tratamento, qualquer ganho que tenha sido alcançado com essas drogas é rapidamente perdido.

Quando usados corretamente, os tratamentos médicos disponíveis podem deter a progressão da doença e até mesmo reverter a miniaturização na maioria dos pacientes com alopecia androgenética leve a moderada. E, nas mulheres, pode ser tratada com antiandrógenos orais (acetato de ciproterona, espironolactona) e/ou minoxidil tópico com bons resultados em muitos casos. O transplante de cabelos pode ser considerado para casos selecionados de alopecias androgenéticas graves, tanto em homens quanto em mulheres.

Todos os tratamentos de alopecias funcionam melhor quando iniciados precocemente, e as combinações de tratamentos tendem a ser mais eficazes.

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