Maquiagem

Edicao Atual - Maquiagem

Editorial

Sinais de melhora

Depois de quase três anos de crise ininterrupta, aumentam os indícios de que a recessão está sendo superada. Em julho, a produção industrial brasileira avançou 0,8%, a melhor marca para o mês em três anos. O quarto mês seguido no azul – o que não ocorria desde 2012 – sinaliza, segundo o IBGE, uma recuperação mais robusta do setor. Outro indicativo de melhora do cenário econômico foi a alta de 0,2% no PIB do segundo trimestre, ante os três meses anteriores.

O aumento é modesto, mas traz consigo outros dados positivos, como a recuperação do consumo das famílias, que responde por dois terços da demanda pela produção nacional. O avanço no consumo das famílias no segundo trimestre foi de 1,4%.

No início de setembro, o relatório Focus, produzido semanalmente pelo Banco Central, mostrou que os economistas do mercado financeiro continuam elevando as estimativas para o crescimento da economia neste ano. De acordo com o levantamento divulgado na primeira semana de setembro, a inflação deste ano deve ficar, na média, em 3,38% – abaixo da meta central para o ano, que é de 4,5%. Para o PIB de 2017, os analistas elevaram a expectativa de crescimento de 0,39% para 0,50%.

Esta edição da revista Cosmetics & Toiletries Brasil aborda, na seção Enfoque, os cosméticos para o cuidado da pele tatuada. De olho no potencial do mercado de tatuagem que cresce cerca de 20% ao ano empresas do setor desenvolvem linhas específicas para a fase de cicatrização e para o uso diário. A seção Persona apresenta a trajetória de Álvaro Luiz Gomes.

Na seção de artigos técnicos tem um que descreve o desenvolvimento de maquiagem para pele multitons que deu origem à linha “Quem disse, Berenice?”do Boticário, e outro sobre a regulação de tatuagens e maquiagem permanente. Na seção ABC News são apresentados abstracts de pôsteres apresentados ao 30º Congresso Brasileiro de Cosmetologia.

Boa leitura!

Hamilton dos Santos
Publisher

Desenvolver Cosméticos para Peles Multitons - D Aleixo Maciel, D Foggi Bet, EL Rocha, F Bogos Ribas e VM Di Mambro (Grupo Boticário, São José dos Pinhais PR, Brasil); E de Oliveira Monteiro (EM Dermatologia, São Paulo SP, Brasil)

No Brasil, o povo tem a pele com muitas tonalidades diferentes e as mulheres, frequentemente, têm dificuldade para encontrar maquilagem que combine com seu tom de pele. Este artigo descreve um estudo exploratório com centenas de voluntárias, realizado para conhecer as cores de pele das mulheres brasileiras e, assim, desenvolver uma linha de maquilagem para esse mercado tão amplamente diversificado.

En Brasil, la gente tiene muchos tonos de piel de colores diferentes, y las mujeres a menudo luchan para igualar los tonos de maquillaje que su color de piel. Este artículo describe un estudio exploratorio de cientos de voluntaries que se llevó a cabo para comprender el color de la piel de las mujeres brasileñas, para fi nalmente desarrollar una línea de maquillaje para este mercado tan diverso.

In Brazil, people have many different colored skin tones, and women often struggle to match make-up shades to that their skin color. This paper describes an exploratory study of hundreds of voluntaries that was conducted to understand Brazilian women´s skin color, ultimately to develop a makeup line for this widely diverse market.

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Desafios Criativos: Formulações Naturais - Victoria Cherepanov (Innovation KDC, Toronto, Canadá); Nava Dayan, PhD (Dr. Nava Dayan LLC, Fair Lawn NJ, EUA)

Por onde o químico formulador deve começar quando recebe uma solicitação de marketing para desenvolver um produto que possa ter no rótulo um apelo de “natural”? O primeiro passo é identifi car a organização de certificação ou a regulação do mercado em que a formulação será comercializada; em seguida vem a escolha dos preservantes. Neste artigo, os autores fazem uma abordagem básica para a formulação de produtos naturais.

¿Dónde comienza el químico formulador cuando se enfrenta a una solicitud de mercadeo para un producto que pueda tener el etiquetado con claim “natural”? El primer paso es identificar la organización certifi cadora o la regulación del pais onde se venderá el producto, seguido de la elección de conservantes. El enfoque básico para componer productos naturales se describe aquí.

Where does the formulator chemist begin when facing a marketing request for a product stamped with a “natural” label claim? The first step is to identify the certifying organization or government under which the formulation will be sold, followed by the choice of preservatives. The basic approach to composing natural products is outlined here.

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Produtos com Proteção Solar: escolha Correta de Ingredientes - Juliana Flor (Chemspecs Comércio e Representações Ltda., São Paulo, SP, Brasil)

A utilização de produtos com FPS é uma realidade indiscutível para a proteção da pele contra os efeitos maléficos da radiação solar. Para garantir a estabilidade, a segurança e a eficácia de produtos com FPS é fundamental fazer a escolha correta dos ingredientes da formulação. Este artigo tem como foco abordar quais são os principais ingredientes utilizados na estrutura de uma emulsão com proteção solar e quais devem ser os critérios de escolha desses ingredientes para garantir a segurança e a qualidade do produto final.

El uso de productos con FPS es una realidad indiscutible para la protección de la piel contra los efectos dañinos de la radiación solar. Para asegurar la estabilidad, seguridad y eficacia de productos con FPS es fundamental la correcta elección los ingredientes de la formulación. Este artículo se enfoca a las cuáles son los principales ingredientes utilizados en la estructura de una emulsión con protección solar y cuál debe ser el critério para la elección de los ingredientes para garantizar la seguridad y la calidad del producto final.

The use of products with SPF is an unquestionable reality for the protection of the skin against the damaging effects of solar radiation. To ensure stability, safety and efficacy of products with SPF is critical to make the right choice of the formulation ingredients. This article focuses on what are the main ingredients used in the structure of a sunscreen emulsion and what should be the criteria for the choice of those ingredients to ensure the safety and quality of the final product.

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Regulação de Tatuagens e Maquilagem Permanente - Robert Ross-Fichtner e Claire Robichaud (Focal Point Research Inc., Mississauga, Ontário, Canadá)

Como a tatuagem tem se tornado mais popular a cada dia, isso tem aumentado a incidência de injúrias e infecções. Neste artigo os autores reportam que a indústria passou a se preocupar se e como os ingredientes usados nessa prática deveriam ser regulados.

Como el tatuaje se ha vuelto más popular cada día, esto ha aumentado la incidencia de injurias e infecciones. En este artículo los autores reportan que la industria pasó a preocuparse si y cómo los ingredientes usados en esa práctica deberían ser regulados.

As tattooing has surged in popularity, so have incidences of injury and infection. The industry has begun to consider if and how the ingredients used in tattooing should be regulated.

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P&D de Cosméticos para o Público Masculino - Victor Hugo P Infante, Patrícia Maria BG Maia Campos (Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – USP, Ribeirão Preto SP, Brasil)

Neste artigo os autores abordam os aspectos da pesquisa e desenvolvimento de produtos cosméticos para o mercado masculino, com foco nas características desses produtos e no comportamento e nos hábitos do consumidor.

En este artículo los autores abordan los aspectos de la investigación y desarrollo de productos cosméticos para el mercado masculino, con foco en las características de esos productos y en el comportamiento y los hábitos del consumidor.

In this article, the authors discuss aspects of the research and development of cosmetic products for the male market, focusing on the characteristics of these products and on consumer behavior and habits.

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Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Desigualdade de gênero

Fala-se muito nas maravilhas da Quarta Revolução Industrial (4RI), mas há difi culdades agachadas que começam a sair das sobras deste futuro que já entrou pelas nossas portas. Uma delas diz respeito às lacunas de gênero no mercado de trabalho.

Entre as várias agendas organizadas pelo Fórum Econômico Mundial realizado no final de 2016, uma aponta para uma tendência preocupante: 118 anos, no atual ritmo, é o que precisaremos para estabelecer uma paridade econômica de gênero em âmbito mundial.

O ritmo acelerado das mudanças tecnológicas que abrangem os mundos físicos, digitais e biológicos afetará o papel das mulheres na economia, na política e na sociedade? Antes de respondermos a dúvida, vejamos alguns argumentos.

Para começar, a perspectiva é de que a 4RI crie 2 milhões de empregos contra a extinção de 7,1 milhões entre 2016 e 2020, deixando assim um saldo de 5,1 milhões de desempregados num período de 4 anos. Ao lado da China e da Índia, o Brasil é um dos países com maior risco de desemprego em massa. O ano de 2020 está em nosso quintal e não é mais uma realidade tão distante.

Uma questão importante a considerar é se as profissões dominadas por mulheres ou por homens estão mais suscetíveis a serem automatizadas, ou seja, se irão desaparecer. O relatório “Future of Jobs”, produzido por este mesmo Fórum, indica que as perdas signifi cativas de empregos poderão abranger ambos os gêneros. Se, por um lado, há maior tendência ao desemprego por causa da automação em setores dominados por homens, tais como manufatura e construção civil, os crescentes recursos de inteligência artificial e a capacidade de digitalizar as tarefas nas indústrias de serviço indicam que uma ampla gama de empregos está em risco, desde posições em call centers em mercados emergentes (a fonte de subsistência de um grande número de jovens trabalhadoras) até as funções administrativas e no varejo das economias desenvolvidas (fonte de emprego
importante para mulheres de classe média baixa).

Perder o emprego causa efeitos negativos em muitas circunstâncias, mas o efeito cumulativo de perdas significativas em categorias inteiras que tradicionalmente garantem o acesso das mulheres ao mercado de trabalho é motivo para uma grave preocupação. Especificamente, isto colocará em risco famílias com um único rendimento chefiadas por mulheres pouco qualificadas, achatará os ganhos totais das famílias com dois rendimentos e aumentará as já preocupantes lacunas de gênero em todo o mundo.

Mas e as novas funções e categorias de trabalho que surgem com a 4RI? Que novas oportunidades podem existir para as mulheres em um mercado de trabalho transformado? Embora seja difícil mapear as competências e as habilidades esperadas em indústrias que ainda não foram criadas, podemos presumir de forma razoável que irá aumentar a demanda por habilidades que permitam aos trabalhadores projetar, construir e trabalhar ao lado de sistemas tecnológicos, ou em áreas que preencham as lacunas deixadas por essas inovações tecnológicas.

Levando em conta que os homens ainda tendem a dominar a ciência da computação, a matemática e a engenharia, o aumento da demanda por habilidades técnicas especializadas pode exacerbar as desigualdades de gênero. Ainda assim, poderá haver um aumento de demanda por funções que as máquinas não conseguem realizar e que dependem de características intrinsecamente humanas e capacidades como a empatia e a compaixão, atividades exercidas majoritariamente por mulheres.

Toda esta disparidade de gênero faria com que os benefícios que a diversidade de gênero já nos concedeu retroagissem, pois é sabido e notório que empresas com equilíbrio de gênero são mais criativas e eficientes. Nem tudo são flores.

Em 2030, a população de mulheres entre 25 e 59 anos deverá corresponder a um quarto da população brasileira, ou seja, cerca de 28,7 milhões de mulheres procurando o seu lugar ao sol no mercado de trabalho em um mundo onde as oportunidades poderão não estar se abrindo com mais facilidade do que hoje. Atualmente, a média salarial nacional do gênero feminino é 35% inferior à masculina, e a Taxa de Atividade (população feminina economicamente ativa / população feminina em idade ativa) é de 58%, enquanto a do homem é de 80%, apesar da escolaridade da mulher (6,4 anos) ser maior que a do homem (5,3). Infelizmente, até o momento não temos políticas claras para uma diminuição da desigualdade de gênero, seja para o presente, seja para o futuro.

Apesar de não podermos prever os diferentes impactos da 4RI nos homens e nas mulheres de um futuro próximo, deveríamos aproveitar a oportunidade de uma economia em transformação para redesenhar as políticas laborais e as práticas comerciais e garantir, assim, que homens e mulheres atinjam o tão sonhado bem-estar social.

John Jimenez
Tendências por John Jimenez

O café e os cosméticos

Estou escrevendo esta coluna em Armênia, no coração do eixo cafeeiro Colombiano e, claro, estou saboreando uma deliciosa xícara de café em frente a uma bela paisagem e com um acervo variado de livros. Entre eles, está a interessante obra de John Gray, que ressaltou as diferenças de gênero e se tornou um clássico da literatura. Então, eu convido você a preparar uma xícara de seu café favorito e vamos ver como este compartilha tendências com cosméticos!

Cafés da altura, cafés exclusivos: você já se perguntou como a altura afeta sabor, cheiro e gosto? Acima de 1500 metros de altitude, as plantas crescem mais lentamente, alcançando uma melhor concentração de nutrientes e moléculas, o que resulta em um café com maior acidez, mais aromático e mais saboroso. Em alguns casos muito limitados, que correspondem a microlotes e nanolotes de colheita e produção, apresentam um conjunto espetacular de aromas e sabores de chocolate, baunilha, tabaco e madeira -
realmente uma experiência e tanto para o nosso paladar!

Nos cosméticos, estamos vendo como esses elementos únicos começam a ser tendência em lançamentos de produtos surpreendentes. Recentemente, uma marca lançou uma máscara que foi considerada como um dos produtos mais luxuosos já lançados, pois contém extrato de trufa preta, muito apreciado na alta gastronomia por conta de seus aromas e sabores, o que é difícil de encontrar, uma vez que a sua coleta é geralmente um mistério que envolve cães treinados. Cafés da altura e alta gastronomia seduzem a beleza.

Novas formas de preparação que vêm na tendência: Cold Brew, uma infusão de café frio que preserva o aroma e o sabor do café sem perturbá-lo; Shakerato é um espresso frio que é preparado combinando o café espresso com o gelo triturado no agitador; Cold drip é a preparação obtida com o filtro de café em frio usando V60 e aeropress (dois tipos de cafeteira); Coffee tonic, combinação de café e tônica que precisa de um ou dois espressos (dependendo da intensidade que você deseja), tônico e cubos de gelo.

Da fragrância, aroma, corpo, doçura e sabor residual das novas bebidas de café, passamos ao Deo Perfume Candy, os novos doces desodorantes, que parecem rosas ou baunilha na boca. Agora, a transpiração é perfumada. Perfumam o corpo de dentro para fora. O efeito ocorre algumas horas depois de comer o doce e pode durar horas. Axilas perfeitamente perfumadas... Ricos em geraniol, que foi cientificamente comprovado para ser expulso pela pele, depois de comer.

Ultraluxury: Em maio deste ano, foi publicada uma notícia sobre o café mais caro do mundo, que é feito de grãos ingeridos e defecados por elefantes, atingindo um preço de cerca de 200 euros por 100 gramas. Este desenvolvimento foi alcançado graças ao fato de que, em tempos de seca, os elefantes deixam a selva e vão às plantações de café para encontrar comida. Pode ser provado em alguns hotéis cinco estrelas e restaurantes com estrelas Michelin.

A tendência dos animais em cosméticos continua (embora não seja uma tendência que se consolidará na América Latina). Na Coreia, um hidratante facial com 92% de baba de caracol foi lançado recentemente. Entre outros produtos atuais, também encontramos um hidratante feito de soro de leite com consistência de muçarela derretida, um hidratante feito com placenta de porco, um creme de branqueamento produzido a partir de leite de camelo, máscaras com claras e gemas de ovos, soros com veneno de abelha purificado e enzimas dos ovos de salmão (de sushi ao skin care). Uma marca famosa explica que os trabalhadores de um incubatório norueguês descobriram que suas mãos pareciam mais jovens do que o resto de seus corpos, porque muitas vezes eles tinham contato com a água contendo enzimas que permaneceram após a libertação do salmão.

Dog Café: Foi aberto recentemente o primeiro café para cães em Manhattan, um bom lugar para tomar café ou vinho com nossos amigos peludos. É a nova era do puppy café.

Pet Cosmetics: estamos vendo novos nichos no campo de cosméticos para animais de estimação, como perfumes para cães livres de álcool, para evitar irritações na pele, com pH neutro e especialmente desenhados para que o nariz do cão não seja afetado, assim como sua relação com outros cães. Outro nicho interessante é a acupuntura para animais de estimação, que é mais adequada para animais maiores. As agulhas são colocadas em pontos específicos, e é necessário que o paciente peludo esteja relaxado e calmo.

Pet influencers: “Esse cão tem mais seguidores do que você no Instagram”. Uma das últimas tendências em publicidade em cosméticos e beleza inclui, por exemplo, imagens de animais de estimação com óculos chic e batom. É importante esclarecer que as empresas devem fazer publicidade responsável para não gerar abuso animal nessas práticas. É a nova era das dog agencies.

Café con aroma de mujer: café marciano e cosméticos venusianos são a mistura perfeita de estímulos multissensoriais que nos dão inspiração para a inovação de produtos.

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

Matrizes formais em Cosmetologia

No desenvolvimento do RTC - software para P&D e Assuntos Regulatórios -, foi necessário conciliar vários requisitos técnicos para organizar as informações, a fim de permitir seu processamento e arquivamento. Foi um trabalho árduo porque não existiam critérios e definições estabelecidos na literatura, ou seja, tivemos que criar. Recentemente, nas palestras que tenho feito, aproximo o assunto dos participantes com uma pergunta que deveria ter uma resposta imediata: “O que é uma formulação?”. E a resposta é um silêncio total. Mesmo com a conhecida difi culdade que as pessoas têm para responder a uma pergunta quando estão em público, este silêncio é sintomático porque todos deveriam ter a resposta na ponta da língua. E o silêncio se repete em perguntas igualmente simples como “o que é uma embalagem?” ou “o que é um produto?”. O que faltou a eles para que pudessem dar uma resposta imediata foi a não existência de uma matriz formal.

Mas o que são matrizes formais? Pois bem, me dei o direito de definir uma matriz formal como um gabarito que deve ser usado para orientar e simplificar a formação e a evolução de uma determinada coisa ou um processo organizado. Formulários padronizados, comumente usados, são matrizes formais concebidas para ordenar e simplificar o levantamento e o registro de dados. O que se propõe aqui é expandir esta lógica para se obter a melhor forma de gerar e manter o conhecimento desenvolvido pelo P&D.

Voltemos a falar de formulações. A expressão dos atributos de uma formulação como eficácia, segurança e estabilidade é diretamente dependente da composição, de um modo de preparação e de suas especificações. Assim sua matriz formal seria a representado no quadro abaixo.

E a resposta seria: formulação cosmética é um documento que contém a composição centesimal, o modo de preparação e as especificações de determinado produto. Esta noção distribui melhor a responsabilidade de desempenho nos três componentes - e não somente na composição.

A matriz representada no quadro, que podemos chamar de sintética, pode e deve dar origem a uma versão analítica, mais detalhada. A composição pode ser subdividida em quantitativa centesimal, composição em INCI Name, composição qualitativa. Da mesma maneira, a composição quantitativa centesimal pode ser subdividida em fase, ingrediente, quantidade e função do ingrediente. A especificação, em método de análise e valores esperados. Você pode pensar: “Isso vai ficar muito grande!”. Bem, não é a matriz que é grande. Uma formulação é que tem informações em vários níveis, muitos dos quais passíveis de serem negligenciados se não houver uma matriz preestabelecida forçando o seu reconhecimento. Mesmo grande, caberá em uma folha de papel. Imprima e afi xe na parede do laboratório.

De forma análoga, pode ser montada a matriz formal de embalagem com material (frasco, tampa, batoque etc.), suas especificações (peso, medidas etc.), o texto (com todas as informações como nome, modo de usar, dados do fabricante etc.) e a arte que abrange as figuras, as cores e a inserção do texto na peça final.

No contexto integrado de P&D e Assuntos Regulatórios, teremos uma matriz muito maior, mas que, ainda assim, pode caber em uma página de papel, desde que o nível de detalhamento e subdivisões seja complementado por outras matrizes. É o que chamamos de cadastro técnico. Uma linha com 100 produtos pode gerar até 3 mil documentos interdependentes e obrigatórios só no dossiê de produtos (RDC 07/2015). Se não houver uma matriz para organizar e orientar a formação deste cadastro, a chance de erro ou perda de informações é muito alta. Informação perdida é prejuízo. Padronizar o alinhamento de informações para codificar o conhecimento, permite não só o seu compartilhamento racional - um dos pilares da inovação – mas também simplifica a montagem da documentação regulatória. Isto pode ter como consequência a transformação da área regulatória de operacional para estratégica. Um ganho enorme.

Matrizes formais têm que ser bem desenvolvidas. Um exemplo interessante é o organograma. É uma matriz formal, item obrigatório para obter o alvará sanitário e, em muitos casos, não contempla a realidade. Isto é um equívoco porque um “organograma verdadeiro” pode contribuir muito para a evolução e o aperfeiçoamento da estrutura e do funcionamento das empresas.

Uma matriz formal sintetiza informações, facilita a percepção do processo, simplifica e reduz trabalho, permite o compartilhamento do conhecimento e elimina erros. É uma imagem que fala mais que mil palavras.

Assuntos Regulatórios por Artur João Gradim

Dissipar a regulação atrapalha a operação

A transparência praticada pela Diretoria Colegiada da Anvisa na condução e na deliberação dos temas de ordem técnica, sob forma do instrumento “resolução” (RDC), é inquestionável. Isso ocorre quando a rota da regulação, a ser observada pelo setor regulado, segue o rito previsto, seja pelo longo caminho da internalização das resoluções do Grupo de Mercado Comum (GMC), seja quando estas são provenientes de requerimentos locais que não abrangem o Mercosul. Esses requerimentos, de ordem específica ou genérica, permitem um agrupamento ordenado da regulamentação aplicada a empresas e produtos.

Neste já amplo arcabouço regulatório, ao qual estão sujeitos os produtos de HPPC no Brasil, de produção local ou extrazona, cada setor tem sua especificidade individualizada de forma clara, permitindo a observação e a execução, pelo setor regulado em questão, assim como ocorre no que se refere aos instrumentos legais maiores (leis, decretos, portarias). O mesmo ocorre quando o assunto tem abrangência genérica - aplicável a vários setores sujeitos ao controle sanitário -, como é o caso da habilitação de empresas (RDC nº 16/14), ou o caso da RDC nº 222/06, referente aos preços públicos dos serviços praticados pela Anvisa.

Entretanto, nem tudo são flores, pelo contrário, estamos encontrando cada vez mais espinhos afiados e dolorosos quando áreas do agente regulador começam a se desviar do rito, dissipando a regulação definida internamente sem a devida observância do impacto causado ao setor regulado, por causa da ausência de uma comunicação ao(s) setor(es) regulado(s). Esse é o caso do Ofício nº 82/16, da Gerência de Controle Sanitário de Produtos e Empresas em Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados (GCPAF) e da Gerência Geral de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados (GGPAF), endereçado exclusivamente à entidade de Comércio Exterior/Importadores, representante do setor na visão da Receita Federal.

Nada foi comunicado às entidades representativas da indústria de HPPC sobre os novos requerimentos de rotulagem e sua implementação, e sobre a retenção, em portos brasileiros, de mercadorias com a exigência para adequação de rotulagem. Essas medidas desconsideram por completo a existência de estoques de embalagens nas empresas, embalagens essas nas quais estão impressos os requerimentos estabelecidos pela RDC nº 7/15, que é uma internalização das resoluções Mercosul GMC nº 24/95 e nº 36/04. Esses
requerimentos estão defasados por causa dessa nova diretriz da GCPAF e da GGPAF, conforme já foi abordado, de forma detalhada, nesta coluna, na edição janeiro/fevereiro de 2017.

Se isso não bastasse, outra dissipação de um regulamento vem sendo praticada de forma aleatória, dessa vez pela Gerência de Cosméticos (Gecos), da Anvisa. Empresas produtoras de gel antisséptico para as mãos vêm sofrendo exigências para fazer adequações baseadas na RDC nº 46/02 e em suas alterações, na RDC nº 322/02 e na RDC nº 219/02, referentes a critérios para o uso de álcool etílico hidratado, em todas as graduações, e de álcool etílico anidro, comercializado por atacadistas e varejistas. Essas exigências não consideram o gel antisséptico como um produto para a higienização das mãos, o que de fato ele é, e querem enquadrá-lo na regulação específica de álcool etílico hidratado e/ou anidro. Essa regulação não é pertinente, e atender a essas exigências causa atraso no lançamento do produto, ocasionando perdas para as empresas produtoras de HPPC que, de forma adequada e com fundamento no que está disposto na RDC nº 7/15 e na Nota Técnica da Gecos (sem número e data), peticionaram corretamente seus produtos.

Dessa forma, e com base nos fatos apresentados, seria recomendável que a Diretoria Colegiada apreciasse esses desvios de rotas, que causam enormes prejuízos às empresas, as quais passam por momentos economicamente difíceis.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Terceirização: embalagem pode ser um complicador

Estou coordenando um grande projeto que tem como objetivo terceirizar 100% dos produtos da empresa em que trabalho. Tenho alertado que a terceirização é o futuro da cosmetologia brasileira, considerando que as marcas de cosméticos que têm suas fábricas não querem construir novas unidades nem ampliar as existentes. Legislação morosa, custos fixos altos, ações trabalhistas e fiscalizações sem critérios são algumas das razões para que isso aconteça.

Por outro lado, vemos nascer todo dia uma nova fábrica focada em terceirização e multinacionais chegando ao Brasil, todas fazendo uma leitura da explosão desse segmento.

Nesse trabalho de visitação e avaliação de dezenas de terceiristas, para achar o mais adequado e com perfil técnico e de porte para fabricar os produtos, pude verifi car suas carências.

E a grande reclamação por parte dos clientes é ser “acarinhado” para tornar a relação mais leve, produtiva e duradoura.

Um aspecto também muito interessante é que, no passado, as marcas tinham receio de informar na sua embalagem que não eram o real fabricante do produto, mas sim um terceirista. Isso hoje não tem a menor importância, pois o consumidor não se importa com quem fabrica e não dá atenção para isso. Ele compra a marca e sabe que ela não vai arriscar o nome fabricando seu produto em um terceirista que não tenha competência.

Nesse processo de terceirização, trabalhamos basicamente com três tipos de contrato. O Full service, em que o terceirista compra matérias-primas e embalagens; o chamado Industrialização, em que o terceirista entra com as matérias-primas e o cliente com alguma parte de outro insumo, normalmente as embalagens; e o contrato Serviço, em que, ao contrário do Full service, o cliente envia todas as matérias-primas e embalagens.

Nos três tipos de contrato, a matéria-prima não é o grande problema, considerando que a maioria são “de prateleira” praticamente pronta-entrega, ficando os poucos problemas para um ou outro ativo na questão quantidade mínima de compra, prazo de validade e prazo de entrega, quando importado.

No contrato serviço, em que o cliente envia tudo, a embalagem não chega a ser um complicador para o terceirista.

Quando falamos em contrato industrialização, em que o cliente normalmente envia as embalagens, o complicador é que nem sempre o cliente envia essas embalagens em tempo hábil, considerando que normalmente o terceirista só dispara a compra das matérias-primas depois de ter em casa as embalagens enviadas pelo cliente. O resultado é um prazo longo para receber um pedido colocado no terceirista (e não por culpa do terceirista).

Finalmente, no contrato full service, em que a embalagem se torna um grande complicador porque o prazo de entrega normalmente é de 30 dias, mas pode chegar a absurdos 120 a 180 dias, como vemos em alguns fornecedores de bisnaga.

Também é complicada a questão da quantidade mínima de compra de embalagens que os fabricantes exigem, considerando que, quanto maior a quantidade de compra, menor é o preço por milheiro dessas embalagens. É regra do mercado.

Em resumo, colocar um pedido de mil unidades de shampoo num terceirista, por exemplo, vai implicar na compra obrigatória pelo terceirista de pelo menos 5 mil frascos, tampas e conjunto de rótulos. É nessa hora que começa a nascer o descontrole de estoque no terceirista.

Muitos fazem constar em contrato e devolvem as quantidades compradas como lote mínimo e não utilizadas, o que, consequentemente, gera um grande problema para o cliente que normalmente não tem espaço para guardar essas embalagens e, se vai para algum armazém de logística, paga caro pelo espaço/palete.

Enfim, para não cair nessa armadilha, é preciso fazer um pedido de produto acabado, obedecendo os lotes mínimos de embalagem de cada fabricante, ficando o terceirista com a responsabilidade de dar um fim ecologicamente correto para possíveis embalagens com defeito ou que tenham sido danificadas durante o processo de envase.

Como resultado do complicador que a embalagem pode ser no processo de terceirização, temos terceiristas com mais da metade da sua fábrica dedicada ao armazenamento de embalagens de clientes, e o que é pior: muitos fizeram apenas uma ou duas compras. Por uma razão ou por outra sumiram, deixando o abacaxi na mão do terceirista.

Na escolha do tipo de contrato, além do grande diferencial de impostos entre um e outro, fica o alerta para a possibilidade da embalagem vir a ser um grande complicador.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Maquiagem capilar

Quando ouvimos falar em “maquiagem capilar,” vêm a nossa mente uma série de suposições. Seriam todos os produtos usados nos cabelos um tipo de maquiagem capilar, uma vez que não alteram a estrutura dos fios nem interagem na produção de células ou estimulam alterações fi siológicas que, eventualmente, podem mudar o curso normal dos fatos.

Quando se pensa em maquiagem (a não ser aquelas artísticas, cujo objetivo é alterar a aparência de um ator ou uma atriz para que se pareçam mais velhos ou mais jovens ou até mesmo monstruosos), pensa-se em algo que melhore a forma como vemos os outros.

Desta forma, a maquiagem precisa ser sempre pensada como algo que não pode ser exagerado, pesado ou inadequado, buscando sempre corrigir defeitos ou realçar qualidades. Isso também ocorre quando falamos de maquiagem capilar.

Vamos voltar ao dicionário e rever o significado da palavra maquiagem:

Maquiagem. Nome feminino. Ato ou efeito de aplicar cosméticos na face para embelezar ou para alterar sua aparência.

Conjunto dos cosméticos usados para maquiar. Como sabemos, o termo cosmético é dado a um produto ou conjunto de produtos que atuam sobre a pele de uma pessoa com o caráter de embelezamento ou proteção sem, contudo, alterar suas capacidades anatômicas ou fisiológicas.

Isto posto, chegamos à definição fina de maquiagem capilar, que seria, portanto, um ato ou um conjunto de cosméticos usados para alterar a aparência ou embelezar os cabelos.

Poderíamos pensar, de acordo com nossas defi nições, que uma tintura capilar estaria dentro dessa designação, assim como os géis capilares, os mousses e qualquer outro tipo de produto que fosse usado topicamente nos cabelos ou no couro cabeludo.

Na prática, esta denominação é usada mais para identificar produtos ou sistemas que tenham o objetivo de mascarar problemas capilares mais sérios, como a calvície ou outra perda dos fios.

Como a ideia é dar a impressão de que o usuário do produto tem mais cabelo, o objetivo da maquiagem capilar é fazer parecer que há naquela cabeça mais fios do que realmente existem. E fazer isso é o trabalho dos formuladores e dos técnicos dos departamentos de pesquisa e desenvolvimento das indústrias.

Hoje, o que temos são produtos acondicionados em forma de spray ou de pós. Os sprays tingem e engrossam os fios existentes, enquanto os pós dão uma impressão de mais volume nos fios tipo penugem, característicos dos quadros de rarefação capilar.

Os produtos em forma de spray normalmente contêm um agente colorante e outro espessante, que, quando aplicados nos fios, devem dar a eles um aspecto mais espesso na cor escolhida. Devem ser aplicados a uma distância correta dos fios (normalmente 15 cm) para que cubram apenas estes e não manchem o couro cabeludo.

Já os produtos em pó são compostos por um material fibroso transformado em pó, que tem uma atração eletrostática pelos fi os, aderindo a eles e dando um aspecto mais grosso.

Não é preciso dizer que, em ambos os casos, deve existir uma boa quantidade de pelos tipo velus (penugem) para que o resultado seja satisfatório e que, como qualquer maquiagem, esta é feita para durar por um tempo limitado.

Ainda não temos no mercado uma maquiagem especial
para a falta de cabelos, mesmo que parcial, que possa disfarçar esta condição que muito afeta homens e mulheres.

Não me parece uma tarefa fácil tentar mimetizar os fios de cabelo. Uma alternativa é a maquiagem definitiva, que é, na verdade, uma forma de tatuagem, em que um pigmento químico é colocado na derme do indivíduo com o auxílio de um aparelho que contém uma agulha e faz um desenho na pele.

O problema é que este tipo de procedimento, quando utilizado em uma grande área, deixa muito a desejar no quesito naturalidade. Se, de longe, parecem fios, de perto parecem muito artificiais e fica muito claro que se trata de uma tatuagem.

O que penso é que os formuladores deveriam já ter pesquisado e desenvolvido produtos com um pouco mais de capacidade resolutiva, mesmo dentro da categoria cosméticos. Seriam produtos que durariam mais (uma semana talvez), resistentes à água (para não sair na chuva ou no banho, por exemplo) e capazes de mimetizar a natureza dos fios, dando sempre um aspecto natural, que é o que se espera de uma maquiagem feita para o dia a dia.

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