Maquiagem

Edicao Atual - Maquiagem

Editorial

O lado bom das coisas

Já virou clichê afirmar que períodos de crise também podem ser oportunidades. É como ensinava o prof. Carlos Marmo, de geometria analítica: “desenhe a solução e isso vai ajudar a resolver o problema” – e funcionava. Pensar em explorar oportunidades e acreditar no poder da criatividade faz ainda mais sentido quando recebemos os primeiros bons ventos da crise econômica.

Em julho, o crescimento nas vendas de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria – ante o mesmo mês de 2014 – teve desempenho superior aos demais segmentos na Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com alta de 1,6%. Em 12 meses até julho, a categoria acumula taxa positiva de 6,1%.

De acordo com um estudo realizado pela Nielsen, o valor das vendas da cesta de higiene e beleza teve uma alta nominal (sem descontar a inflação) de 7,5% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2014 – enquanto a média total das outras cestas foi de 6,5%.

A categoria Cosméticos, Perfumaria, Cuidados Pessoais e Saúde foi a mais vendida em volume de pedidos via dispositivos móveis em 2014, representando 16,2% das vendas, segundo dados da e-bit.

Números positivos continuarão permeando o setor. A retração econômica, ao menos no curto e médio prazo, também. Vale a reflexão, com mais uma pérola do chavão: o copo está meio vazio ou meio cheio?

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil traz na matéria de capa as tendências, inovações e destaques da indústria em produtos para maquiagem. A categoria ganha força no mercado e faz parte da rotina das brasileiras, aliando tecnologia ao cuidado com a saúde da pele.

A seção Persona apresenta a trajetória de Emiro Khury. Nos artigos técnicos, você confere como controlar o frizz dos cabelos e o uso de extrato de raízes em formulações de cosméticos, dentre outros assuntos.

Boa leitura!

Hamilton dos Santos
Publisher

Definição e Controle do Frizz - Trefor Evans, PhD (TA Evans Inc., Princeton, NJ, Estados Unidos)

Provavelmente existe uma variedade de fatores que contribuem para o impreciso termo “frizz” usado pelos consumidores. Este artigo tenta moldar uma definição única e depois avançar para um exame dos fatores causadores do frizz. Essas análises concentram-se nos métodos para quantifi car as propriedades dos cabelos e para avaliar o impacto positivo de produtos existentes no mercado para o tratamento dos cabelos.

Es probable que haya una variedad de causas y de contribuyentes para el consumidor usar el nebuloso término “frizz”. En este artículo se intenta elaborar una definición universal y entonces avanzar el analysis más a fondo los factores que impactan. Estas discusiones se centran en los métodos para cuantificar las propiedades del cabello y la evaluar los efectos positivos de los productos comerciales de cuidado del cabello.

There is likely a variety of causes and contributors to the nebulous consumer term “frizz”. This article attempts to craft a universal definition and then progresses to further examine impacting factors. These discussions focus on methods for quantifying hair properties and assessing the positive impact of commercial hair care products.

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Uso Cosmético de Raízes de Maca Peruana e Ginseng Brasileiro - Giorgio Dell’Acqua, PhD (Dell’Acqua Consulting, Jersey City, NJ Estados Unidos)

Nos últimos anos, o interesse por fontes de raízes vegetais como ingredientes ativos para uso cosmético vem crescendo significantemente. Raízes de plantas como maca peruana e ginseng brasileiro são ricas em metabólitos secundários e, conforme está descrito neste artigo, podem exercer ações específicas sobre a pele, aumentando sua vitalidade e as respostas aos estresses ambientais.

En los últimos años, el interés en las raíces de plantas como ingredientes activos para uso cosmético ha crecido enormemente. Las raíces tales como la maca peruana y ginseng brasileño son ricas en metabolitos secundarios y, tal como se describe en este artículo, pueden tener acciones específi cas sobre la piel para aumentar su vitalidad y la respuesta los estreses ambientales.

In recent years, interest in sourcing plant roots as active ingredients for cosmetic use has grown tremendously. Roots such as Peruvian maca and Brazilian ginseng are rich in secondary metabolites and, as described here, can have specific actions on skin to increase its vitality and response to environmental stresses.

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Régua de Pele: Linha de Maquiagem para a Mulher Brasileira - Doraci Aleixo Maciel, Dilene Foggi Bet, Edilson Luiz Rocha, Flavia Bogo Ribas, Valéria Maria Di Mambro (Grupo Boticário, São José dos Pinhais, Brasil); Érica de Oliveira Monteiro (E M Dermatologia, São Paulo, Brasil)

A maquiagem é um artifício importante para adornar, iluminar ou disfarçar imperfeições da pele e para elevar a autoestima. Um estudo com voluntárias, com diferentes fototipos, foi realizado para entender os tons de pele das mulheres brasileiras e para desenvolver uma linha de maquiagem que atendesse às suas necessidades.

Maquillaje es un artificio importante para adornar, iluminar o disfrazar imperfecciones de la piel, e también para mejorar la autoestima. Un estudio con voluntarias con diferentes fototipos se llevó a cabo para entender los tonos de piel de las mujeres brasileñas y para desarrollar una línea de maquillaje que cubra sus necesidades.

Daily makeup or camouflage is an important artifice not simply to ornament, brighten and disguise skin imperfections, but also to improve self-steem. An exploratory study with volunteers with different phototypes was conducted to understand Brazilian women skin tones and to develop a makeup line that meets consumers’ needs.

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Uso Tópico de Vitamina C no Fotoenvelhecimento - Cristina Petersen (Centro Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto SP, Brasil; Centro Universitário de Araraquara (Uniara), Araraquara SP, Brasil); Thalita Pilon, Bruna Chiari-Andréo (Centro Universitário de Araraquara (Uniara), Araraquara SP, Brasil)

A vitamina C tem sido muito utilizada em produtos cosméticos com função antioxidante por apresentar comprovadamente efeitos benéficos para a pele no combate ao fotoenvelhecimento. Este trabalho teve como objetivo oferecer uma nova fonte de informação a respeito dos cosméticos contendo vitamina C, explicando seu mecanismo de ação e seus efeitos na prevenção e na amenização do fotoenvelhecimento.

La vitamina C se ha usado ampliamente en productos cosméticos debido a sus funciones antioxidantes con efectos beneficiosos probados para la piel en la prevención del fotoenvejecimiento. Este estudio tuvo como objetivo proporcionar una nueva fuente de información sobre los cosméticos que contienen vitamina C que describe su mecanismo de acción y sus efectos en la prevención y mitigación del fotoenvejecimiento.

Vitamin C has been widely used in cosmetic products due to its antioxidant functions with proved beneficial effects for the skin in the prevention of photoaging. This study aimed to provide a new source of information about cosmetics containing vitamin C describing its mechanism of action and its effects on the prevention and mitigation of photoaging.

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Estabilidade e Atividade Antioxidante do Chá Verde - Gabriela Cervi, Ângela Gerhardt, Bárbara P da Silva, Eduardo M Ethur, Luísa S Ely, Carla Kauffmann, Luís Cesar de Castro, Marinês PM Rigo (Centro Universitário Univates, Lajeado RS, Brasil)

O objetivo deste trabalho foi avaliar a estabilidade e a atividade antioxidante do extrato de chá verde incorporado a um creme não iônico, comparadas a um creme não iônico contendo BHT, um antioxidante sintético.

El objetivo de este estudio fue evaluar la estabilidad y la actividad antioxidante de extracto de té verde incorporados en una crema no iónico, en comparación con una crema no iónico que contiene BHT, un antioxidante sintético.

The objective of this study was to evaluate the stability and antioxidant activity of green tea extract incorporated into a non-ionic cream, compared to a non-ionic cream containing BHT, a synthetic antioxidant.

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Óleo de Melaleuca e Argila Verde em Dermatite Seborreica - Marlene Gabriel Damazio, Josélia Alencar Lima, Janaina da Silva Fernandes, Karla Cristina Ferreira dos Santos (Curso Superior de Estética e Cosmética, Universidade Grande Rio – Unigranrio, Rio de Janeiro RJ, Brasil)

O presente artigo é um estudo de caso que se baseia na aplicação da argila verde associada ao óleo essencial de Melaleuca alternifolia (Tea tree) para equilibrar as alterações na produção de sebo causadoras da dermatite seborreica. A dermatite seborreica é uma doença também conhecida pelos nomes seborreia, caspa ou eczema.

El presente trabajo es un estudio de caso basado en la aplicación de arcilla verde asociado con el aceite esencial de Melaleuca alternifolia (árbol del té) para equilibrar los cambios en la producción de sebo causa de la dermatitis seborreica. La dermatitis seborreica es una enfermedad, también conocida por los nombres de seborrea, caspa o eczema.

This article is a case study based on the application of green clay, associated with the essential oil of Melaleuca alternifolia (tea-tree), to balance the changes in the production of sebum which cause of seborrheic dermatitis. Seborrheic dermatitis is a disease also known by the names of seborrhea, dandruff or eczema.

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Correlação Instrumental e Sensorial de Composição Aromática no Ciclo Menstrual - C Silva Cortez Pereira, A Rolim Baby, MV Robles Velasco (Departamento de Farmácia, Universidade de São Paulo, São Paulo SP, Brasil); MH Van Kampen, PR Hrihorowitsch Moreno (Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo SP, Brasil); M Tullius Scotti (Centro de Ciências Aplicadas e Educação Campus IV, Litoral Norte, Universidade da Paraíba, Rio Tinto PB, Brasil)

A fim de conhecer as variáveis que podem influenciar a relação perfume-substrato e a percepção olfativa do consumidor no ciclo menstrual, e colaborar com o desenvolvimento de fragrâncias, realizou-se um estudo correlacionando as análises sensorial e instrumental (medidas biomecânicas e cromatográficas) em função do ciclo menstrual.

Con el fin de conocer las variables que pueden influir en la interfaz de aroma-sustrato y la percepción del consumidor en el ciclo menstrual, y contribuir al desarrollo de fragancias, hubo un estudio que correlaciona el análisis sensorial e instrumentales (medidas biomecánicas y cromatográficas) dependiendo del ciclo menstrual.

In order to know the variables that may influence the fragrance-substrate interface and consumer perception in the menstrual cycle, and contribute to the development of fragrances, there was a study correlating the sensory analysis and instrumental (biomechanical and chromatographic measurements) as a function of the cycle menstrual.

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Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Não há como esconder!

Há alguém que acredite ainda que não estamos em recessão? Antes de responder, seria bom dar uma olhada no signifi cado do termo que tem afetado tantos de nós. Um período de recessão é um momento da vida econômica, por exemplo, de um país (pois pode ser aplicado a uma empresa ou até mesmo a uma família), caracterizado por uma conjuntura de fatores. Fatores como um grande declínio na taxa de crescimento econômico, que resulta na diminuição da produção e do trabalho, dos salários e dos benefícios das empresas. Do ponto de vista dos empresários, recessão significa restringir as importações, produzir menos e aumentar a capacidade ociosa. Para o consumidor, significa restrição de crédito, juros altos e desestímulo para compras. Para o trabalhador, baixos salários e desemprego.

Do ponto de vista técnico, para que a economia de um país entre em recessão, são necessários dois trimestres consecutivos de queda no PIB; alguns especialistas mais conservadores falam em três trimestres. Se o PIB crescer pouco, pode-se falar até em estagnação econômica, mas não em recessão. E, embora caracterizada por uma redução expressiva das atividades comerciais e industriais, a recessão é considerada uma fase normal do ciclo econômico, sendo bem menos severa que a depressão. De acordo com o que foi exposto acima, sim, estamos em recessão econômica quando todos os critérios mencionados são avaliados.

Vamos avaliar um deles a título de exemplo: a balança comercial, pois os demais critérios são mais facilmente perceptíveis no dia a dia.

Este indicador nos mostra a atividade econômica de uma sociedade. Quando se exporta mais do que se importa, dizemos que temos uma balança comercial favorável, pois se vende mais do que se compra. No entanto, mais importante do que saber o saldo, o relevante é saber o volume negociado (se aumenta ou diminui) e a grandeza deste volume. Um olhar crítico sobre estes dois aspectos nos mostra um quadro preocupante.

No acumulado do ano (até agosto, ou seja, mais de dois trimestres), as exportações atingiram US$ 128,347 bilhões e as importações, US$ 121,045 bilhões – garantindo uma balança comercial positiva, portanto. No entanto, no mesmo período de 2014, as exportações registraram retração de 16,7% e as importações, de 21,3%. Em outras palavras, o volume negociado diminuiu de US$ 307,835 bilhões para US$ 249,232, ou seja, houve uma expressiva redução, de 19%. Um olhar sobre os últimos 12 meses leva à mesma constatação: uma expressiva redução de 16,9%. Em um horizonte mais próximo, entre julho e agosto de 2015 houve uma queda de 10,7%.

Olhando especificamente os parceiros comercais de exportação, observa-se no acumulado do ano uma queda no nível das negociações com todos os blocos econômicos. O mercado asiático reduziu as exportações em 18,9%, tendo a China – que é o principal destino comercial do bloco, com 19,9% do volume gerado – apresentado uma queda de 19,7%.

As exportações para o Mercosul recuaram 16,2%, tendo a Argentina – que é o principal destino, com 33,5% do volume gerado – apresentado queda de 11,3%.

E, por último, as exportações para os Estados Unidos (segundo maior país em termos de volume negociado, com 12,8% do volume gerado) retrocederam 8,1%.

Sendo assim, por qualquer corte que se analise - nos últimos 12 meses, no acumulado do ano ou na variação do mês anterior –, os indicadores mostram uma redução de dois dígitos, o que é muito e, embora uma recessão seja considerada uma fase normal do ciclo econômico de um país, a questão é o nível do mal-estar provocado e o período que se demora para retornar a um nível aceitável de crescimento. Vale destacar que a febre pela qual passamos hoje, se não cuidada, pode muito bem nos levar a uma estagnação, ou pior, a uma depressão.

Um país é uma estrutura muito pesada e a economia é um ente lento a se mover. Toda e qualquer ação exige muito esforço para ser posta em movimento, e os resultados nunca são sentidos de imediato. O ano que vem já será comprometido em termos de crescimento. Os especialistas indicam que um sinal positivo de tudo isto só poderá ser sentido em 2017, se medidas forem tomadas ainda neste terceiro trimestre. E, para um bom planejamento estratégico, estas são variáveis que não podem ficar de fora.

Não há como esconder!

John Jimenez
Tendências por John Jimenez

Funmetics

Diante da grande quantidade de publicidade existente no mercado, temos de saber diferenciar os produtos que são lançados. Por isso, uma forma de criar uma emoção positiva e um maior vínculo com o consumidor é incluir o
humor na publicidade.

O objetivo é obter um maior impacto ao atingir o consumidor final, já que a publicidade que inclui humor chega mais facilmente ao público-alvo. Um recente estudo constatou que mais de 90% dos consumidores preferem ver produtos e anúncios divertidos. Contudo, se a publicidade não for implementada corretamente, pode afetar a imagem da empresa ou da marca.

A risada é um ingrediente fundamental, que ajuda a aumentar as vendas, porque proporciona ao cliente um maior sentido de pertencimento. O humor relaxa e pode liberar os hormônios da felicidade. É contagioso e pode aumentar o boca-a-boca sobre os benefícios e as propriedades do produto e da marca.

Ao usar o humor no branding, a publicidade torna-se afetiva, chamativa, inesquecível e sedutora: O que estamos vendo na web?

- Modelos bonitas que fazem caretas. Você se lembra da famosa Betty, la fea?

- Leões, tigres e animais selvagens com jubas belas e lisas.

- Cosméticos para cachorros divulgados nos novos apps sociais. É a era do Tinder canino.

- Velas aromáticas com mensagens de humor negro.

- Uma divertida publicidade sobre ceras depilatórias íntimas
masculinas vinculada a uma campanha de prevenção de câncer nos testículos.

- Humorous Hygiene. Um desejo de novidade nessa categoria faz com que os usuários queiram provar um toque de humor em seu uso. Estamos vendo no mercado pastas de dentes com sabor de wasabi e chocolate ou em forma de tablete que, ao ser mastigado, forma uma espuma que limpa os dentes; escovas de dentes com forma de crânio humano; géis de banho verde fluorescente para zumbis, vendidos em forma de bolsa de sangue, entre outros produtos curiosos.

- Desenho de princesas da Disney peludas em campanhas de depilação.

- Comedic aging. É uma aceitação divertida do surgimento dos sinais de envelhecimento e seu tratamento cosmético. Há campanhas que estão sendo focadas na ideia de manter a própria exuberância durante toda a vida, o que inclui o humor refletido em situações comuns do dia a dia. Essa estratégia proporciona uma visão mais positiva do envelhecimento.

- Para os amantes da pizza, esmaltes com conceitos, aromas e nomes de pizzas, lançados por uma conhecida marca.

- No Japão, foi lançado o conceito de “ginástica de seios”, que pode ser feita em casa com um massageador em forma de mão.

- Monster masks. As máscaras faciais continuam na moda e agora as vemos em forma de monstros, caveiras, duendes, zumbis, vampiros, esqueletos, homens-lobo, Frankenstein e outros personagens. Há algumas que têm óleos essenciais de alecrim para afastar os maus espíritos. É como um halloween para o skin care. Com certeza, os atores de The Walking Dead podem aproveitar essa tendência para cuidar de sua pele enquanto filmam a série. Tenha cuidado ao usar essas máscaras para não assustar alguém!

- Shampoos de cerveja que incluem, em sua composição, cevada, fermento e lúpulo, junto com aromas e embalagens relacionados com essa bebida.

- Neste ano, estão na moda os protetores solares para os animais de estimação.

- Na Ásia, estamos vendo o boom das extensões de cílios para homens.

- Também estamos observando no mercado a presença de sabão para roupas masculinas, que tem aromas e benefícios especiais divulgados por meio de comerciais divertidos.

- Cerveja anti-idade. No Japão, foi lançada, neste ano, uma linha de cervejas que têm dois gramos de colágeno por lata e prometem benefícios anti-idade. Com certeza, os bares nas grandes cidades começarão, em pouco tempo, a oferecer noites de festa e de benefícios anti-idade, com drinks que diminuam as rugas e as manchas.

- Também na Ásia, são comuns os produtos para desenhar olheiras e dar uma forma arredondada aos olhos.

- Vendas faciais anti-idade. São vendas elásticas que cobrem metade do rosto, o que proporciona um aspecto muito parecido ao do Hanibbal Lecter num spa, mas que aperfeiçoam o desenho das bochechas e do contorno facial.

Funmetics = Fun + Cosmetics. O que acham de criar uma estratégia que faça o consumidor rir até dar dor na barriga e, assim, potencializar os resultados dos produtos para slimming abdominais? Mais sorriso, mais inspiração! Uma forma divertida de inovar.

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

Ingredientes naturais

Há muito tempo os produtos naturais ganharam um enorme prestígio junto às pessoas. E, como esta é uma importante tendência de mercado, muitas empresas a assimilaram, sendo que algumas até incluíram a expressão “produtos naturais” em sua razão social. Esta grande valorização deve ter partido da noção de que os produtos sintéticos ou artificiais são maléficos e fazem mal à saúde, e sua obtenção polui e depreda o planeta. Em contrapartida, os produtos naturais - por serem “naturais” - seriam isentos de efeitos indesejados, só fariam o bem à saúde, e sua obtenção não traria ônus ao meio ambiente.

Tecnicamente sabemos que isto não é verdade. A natureza está repleta de substâncias venenosas, como sulfeto de hidrogênio, arsênico e metano. Existem inúmeras espécies vegetais venenosas, algumas com efeitos urticantes importantes. Sabemos que o aproveitamento industrial de ingredientes vegetais, se feito de maneira inadequada, pode comprometer e perturbar o meio ambiente. Portanto, não é uma verdade científica, mas é um forte valor de mercado. O que cabe aos fabricantes de cosméticos – especialmente aos pesquisadores e responsáveis pelo desenvolvimento de formulações – é interpretar esta noção e traduzi-la de forma honesta e efetiva.

Das muitas definições encontradas nos dicionários, a que parece mais se aplicar a este caso é a que diz que “natural” é tudo aquilo “produzido pela natureza, ou de acordo com suas leis”. Esta definição já é bastante complexa e inespecífica por si só, e, se a considerarmos ao pé da letra, cosméticos não são produtos naturais, mas esta não é a melhor via para tratar do tema. Ficaríamos horas e mais horas discutindo o assunto sem sair do lugar. O trabalho, então, é compreender bem e usar corretamente os ingredientes naturais para obter produtos eficazes, seguros e honestos. O uso de ingredientes naturais visando exclusivamente aproveitar seu apelo de marketing é uma estratégia de pouco ou curto valor. Produtos de tecnologia consistente devem ser desenvolvidos a partir da compreensão de que o grande diferencial dos ingredientes naturais é que foram criados por um complexo processo biológico que foi submetido à apuração e ao refinamento, superando as severas provas representadas pela seleção natural.

Ao usar um extrato vegetal, um bom caminho para estudo é considerar onde a planta se desenvolveu e quais foram os desafios vencidos por ela para sobreviver. A Aloe vera, por exemplo, tem alta capacidade regenerativa e hidratante porque é originada em ambientes desérticos e hostis, com baixa disponibilidade de umidade. Para sobreviver, a espécie teve de desenvolver uma alta capacidade de obtenção e retenção de água, aliada a uma grande capacidade regenerativa ou cicatrizante, porque perder água seria fatal. Estas características são muito adequadas para o aproveitamento em cosméticos.

Também é necessário e decisivo verificar se o processo extrativo foi adequado. Temperatura, processo e líquido extrator devem ser avaliados com muito critério. A escolha de um extrato que só facilita a aplicação e garante a estabilidade do produto não é o bastante. É mandatório garantir a manutenção da ação pretendida. É necessário usar critérios científicos para definir o percentual dos ingredientes naturais a ser usado na formulação final. Pequenas quantidades podem não ter a ação desejada, enquanto quantidades excessivas podem encarecer o produto sem agregar ganho de atividade. As substâncias têm concentração ótima de aproveitamento.

Os extratos vegetais são um complexo blend com inúmeras substâncias, que aparecem em concentração relativa determinada por processo biológico validado pela seleção natural e, presumivelmente, este equilíbrio é o responsável por sua ação.

Na montagem da formulação, os outros ingredientes, o modo de preparação e as especificações da nova formulação devem ser criteriosamente estabelecidos para garantir a manutenção da atividade do pool de substâncias responsáveis pela ação do extrato. Mistura de extratos vegetais também não garante que os efeitos benéficos serão somados ou potencializados.

A utilização de ingredientes naturais é recomendável por estes refletirem uma expectativa de consumidores, por serem originados em processos biológicos e por terem reconhecidamente efeitos benéficos sobre pele e cabelos. O que se exige é um bom trabalho de desenvolvimento, com a realização de estudos de eficácia para identificar, dimensionar e comprovar os seus benefícios.

Assuntos Regulatórios por Artur João Gradim

Paulada na nuca

A aplicação de 187% (cento e oitenta e sete por cento!!!) de aumento das taxas dos serviços da Anvisa (Portaria Interministerial no 701), de uma única vez, é um assunto sobre o qual realmente fica difícil dizer alguma coisa razoável, que não sejam impróprias.

Mais de 90% das indústrias de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, habilitadas no Brasil, são classificadas como micro e pequenas empresas, segundo critério estabelecido quanto ao seu nível de faturamento. Assim, as indústrias sofrem mais um duro golpe em seus esforços para a sobrevivência, considerando que o setor é caracterizado pela sazonalidade e pela dinâmica de lançamentos frequentes de produtos, o que é requerido pelo consumidor. Por isso, os novos valores causam forte impacto.

Não adianta aplicar as benesses quanto à extensão do prazo de validade do registro para aqueles produtos sujeitos a registro, bem como para os isentos de registro (hoje válido por 5 anos) como vem sendo discutido. Considerando-se que um produto de HPPC é atualizado, em média, a cada 2 anos e que a essas atualizações e/ou modificações serão aplicadas as novas taxas com valores absurdamente majorados, fora quaisquer imprevistos de percurso, o custo de manutenção desses produtos será bastante representativo.

Com os novos regulamentos em vigor, referentes a produtos sob o controle da Anvisa, foram reduzidos os serviços técnicos de análise das petições, foi eliminada a maioria das publicações e seus custos na Imprensa Oficial (DOU), foi reduzido o número de funcionários e, consequentemente, esse fato vai retardar a liberação de produtos peticionados, com graves consequências de ordem econômica para as empresas. Tudo isso está ocorrendo em um momento no qual a inércia do mercado vai comprometer igualmente os resultados do próximo ano.

Nos últimos três anos, a grande maioria das micro e pequenas empresas vem fazendo “das tripas coração” para se adequar à “enxurrada” regulatória advinda dos novos regulamentos implementados. Esses regulamentos abrangem os produtos (adequação ao novo sistema) e as unidades industriais onde são produzidos (revalidação de sistemas e reconstrução da estrutura documental para uma adequada prática de gestão da qualidade). Nas micro e pequenas empresas, os poucos e escassos recursos financeiros e a disponibilidade de recursos humanos tecnicamente capacitados se esgotam diante do volume desse trabalho adicional imposto ao dia a dia dessas empresas para atender aos novos regulamentos.

É certo também que existem estabelecimentos produtores, se assim podemos chamá-los, que “não estão nem aí” para tudo isso. Considerando que não há fiscalização adequada e/ou efetivo monitoramento de mercado como está previsto pela nova regulamentação (RDC nº 7/15), esses estabelecimentos seguem, portanto, livres, praticando suas desconformidades e aproveitando-se dessa crônica fragilidade dos órgãos fiscalizadores que ocorre em todos os níveis de governo (federal, estadual e municipal). Diante desse cenário, muitos micros e pequenos empreendedores do setor já ponderam quanto a sua continuidade nesse mercado. Isto porque sentem que seu empenho na construção de seus estabelecimentos, no desenvolvimento de produtos e na elaboração de estratégias de permanência ruiu como um “castelo de cartas” diante desse quadro político e econômico, carregado de leviandades.

É de Paracelso, médico e físico suíço do século XVI, a afirmação de que “a diferença entre o remédio e o veneno
é a dose”. No caso presente, com o aumento das taxas, erraram feio na dose em um momento também inoportuno,
pois há outras medidas amargas que estão prestes a serem tomadas. Espero que essa somatória não destrua a importante participação dessa faixa de produtores em nosso segmento, como estamos prenunciando.

Com paulada na nuca se vai para frente, mas não se anda!

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Fatores de crescimento como princípios cosmecêuticos

O envelhecimento cutâneo é mediado por uma combinação de efeitos do tempo (envelhecimento intrínseco) e fatores ambientais (envelhecimento extrínseco), com alteração na infraestrutura celular e extracelular. São dois processos independentes, clinicamente e biologicamente distintos, que afetam estrutura e função simultaneamente. Os mecanismos comuns aos dois processos podem fornecer uma oportunidade única para o desenvolvimento de novas terapias antienvelhecimento.

A exposição à radiação ultravioleta gera lesões cumulativas, que aceleram o envelhecimento cronológico normal e exacerbam as injúrias do tecido cutâneo, resultando em fotoenvelhecimento. O interesse dos consumidores em corrigir os sinais do fotoenvelhecimento, como rugas, alterações de pigmentação, flacidez e irregularidades da superfície, aumenta à medida que a população envelhece.

Na última década, os pesquisadores têm focado na fisiopatologia do fotoenvelhecimento e encontraram correlações com alguns aspectos da cicatrização de feridas agudas e crônicas. De interesse específico para os fabricantes de cosmecêuticos são os efeitos dos fatores de crescimento no processo de cicatrização de feridas. Os fatores de crescimento são proteínas reguladoras que mediam as vias de sinalização entre as células e dentro delas. Depois que uma ferida é produzida, uma série de fatores de crescimento chegam ao sítio da mesma e interagem sinergicamente para iniciar e coordenar cada fase da cicatrização.

Centenas de fatores de crescimento foram identificados. Os
que têm importância na cicatrização de feridas são citocinas envolvidas na resposta imunológica e na fagocitose e fatores de crescimento que provocam a síntese de colágeno, elastina e GAGs, componentes da matriz extracelular dérmica que são afetados pela radiação ultravioleta.

A cicatrização das feridas é dependente da interação sinérgica, entre muitos fatores de crescimento. Após a injúria, citocinas e outros fatores de crescimento inundam o sítio da ferida para mediar a resposta inflamatória, promover o crescimento celular e diminuir a contração e formação do tecido cicatricial. O processo cicatricial é comumente dividido em quatro fases, que se sobrepõem e representam a resposta fisiológica à injúria. Essas fases incluem hemostasia, inflamação, proliferação e remodelação.

Durante a hemostasia, as plaquetas liberam várias citocinas e outros fatores de crescimento no sítio da ferida para promover a quimiotaxia e a mitogênese. Na fase inflamatória, neutrófilos e monócitos migram para o sítio da ferida, em resposta a citocinas e fatores de crescimento específicos, para iniciar a fagocitose e liberar fatores de crescimento adicionais, que atrairão fibroblastos.

A fase de proliferação é marcada pela epitelização, angiogênese, formação de tecido de granulação e deposição de colágeno. Durante a proliferação, os queratinócitos restauram a função de barreira da pele e secretam fatores de crescimento adicionais, que estimulam a expressão de novas proteínas queratina. Este ciclo de produção de colágeno e secreção de fatores de crescimento se mantém graças a uma forma de feedback autócrino, que promove a reparação contínua da ferida.

A fase de remodelação é o passo final no processo de reparação da ferida e tipicamente leva vários meses. Durante a remodelação, a matriz extracelular é reorganizada, o tecido cicatricial é formado, e a ferida é reforçada. O colágeno tipo III se deposita durante a fase de proliferação e gradualmente é substituído pelo colágeno tipo I, o qual apresenta ligações cruzadas mais firmes e proporciona maior força de tensão à matriz do que o colágeno tipo III. As células no sítio da ferida secretam diversos fatores de crescimento, que funcionam especificamente remodelando e formando a matriz.

Determinados fatores de crescimento iniciam de maneira direta a atividade que promove a cicatrização de feridas, bem como modificam a atividade de células da matriz extracelular e outros fatores de crescimento.

O estudo do papel dos fatores de crescimento na cicatrização de feridas permitiu que fossem demonstrados resultados cosméticos e clínicos positivos para o tratamento da pele fotoenvelhecida.

Apesar da utilização tópica de fatores de crescimento ser uma abordagem emergente, os estudos iniciais sugerem que a produção de colágeno dérmico e a melhora clínica da pele fotoenvelhecida, são substanciais. Os fatores de crescimento desempenham um papel importante para reverter os efeitos do envelhecimento da pele devido à ação cronológica e aos fatores ambientais. O aumento do colágeno dérmico induzido pelos fatores de crescimento pode ser mensurado por meio de biópsia. Apesar da função dos fatores de crescimento no processo natural de cicatrização de feridas ser complexa e não totalmente esclarecida, parece que depende da interação sinérgica de muitos fatores de crescimento. A aplicação tópica de fatores de crescimento humanos em múltiplos estudos clínicos tem demonstrado reduzir os sinais e sintomas do envelhecimento da pele. O emprego de múltiplos fatores de crescimento em formulações tópicas parece proporcionar um tratamento promissor de primeira linha para a pele com fotoenvelhecimento leve a moderado.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Quando a embalagem realmente faz a diferença

As etapas do desenvolvimento de um produto são fruto de um bom e necessário briefing, seja em uma empresa de pequeno, médio ou grande porte. Obviamente, nas pequenas empresas, o briefing é substituído pela presença física de cada um dos envolvidos no projeto, inclusive - e principalmente - o dono.

O produto que está nascendo tem seu apelo e seu foco bem definidos, nos quais trabalham fortemente as equipes de P&D e MKT. O marketing precisa “vender” a ideia da melhor forma possível para a área comercial, para que o novo produto seja um sucesso.

Para o departamento comercial, é muito importante que o produto tenha apelos vendáveis, porém, mais importante que isso é que a embalagem não seja o complemento, mas talvez a parte mais importante desse apelo, para que a venda efetivamente aconteça.

A grande pergunta é: o que fazer para que a embalagem venda o produto? E, indo mais além, o que fazer para que a embalagem seja realmente o grande diferencial do produto? É importante lembrar que, quando falamos de produto, precisamos considerar que ele é composto pela embalagem primária e pela secundária, e o que causa impacto no ponto de venda ou no primeiro olhar do consumidor é a embalagem secundária - exceto quando o produto não tem embalagem secundária, como shampoos, condicionadores e outros produtos. Nesses casos, a primária precisa ser bem trabalhada.

Mas o grande desafio dos “embalageiros” de plantão (como diz a minha amiga Assunta Napolitano) é criar uma embalagem cujo diferencial esteja na embalagem primária, mais especificamente na aplicação, no uso do produto. Nesse aspecto, entram as boas cabeças criativas com grandes ideias, o que tem sido chamado ultimamente de inovação. Inovar, ser diferente, ser melhor.

Pensando dessa forma, algumas embalagens nos vêm à cabeça. Uma delas é a tradicional válvula pump, que entrega a espuma do produto, originalmente na forma líquida dentro do frasco. A eliminação das travas de fechamento nos estojos de maquiagem, substituídas pelos ímãs, é outro exemplo. Também vale destacar os maravilhosos frascos air less, que acabaram com a dor de cabeça dos formuladores, que precisavam usar uma matéria-prima sensível à oxidação pela presença do ar contido nos espaços vazios da embalagem, espaço esse que surge com o uso do produto. Os potinhos de blush com a esponja aplicadora já colocada na parte superior da embalagem, facilitando muito o uso, foram outra boa solução. Mais recentemente, a bisnaga com aplicador que simula a forma e a textura da ponta do dedo indicador também se destacou.

Enfim, são muitas as embalagens que realmente fazem a diferença.

Em minha opinião, nos últimos anos o que ocorreu de mais inovador em uma embalagem para cosmético - e transformou-se no grande diferencial do produto, a ponto de tornar produtos de mesma fórmula diferentes na sua aplicação - foi o surgimento das escovinhas para aplicação das máscaras para cílios, também chamadas de rímel. A infinidade de modelos, formas, texturas, formatos e tipos de material que existem para esse pequeno componente de embalagem é de assustar até os mais experientes “embalageiros”.

A começar pelos tipos de cerdas que compõem essas escovinhas, dentre os quais o silicone é um dos mais presentes. Mas o que chama mesmo a atenção é a criatividade nos formatos, que sempre visam resultados diferentes na aplicação: alongar, espessar, curvar, dar volume, separar os cílios, facilitar a aplicação e melhorar a ergonomia, entre outros. São algumas das dezenas, talvez centenas de diferentes apelos e resultados para um mesmo produto, levando-se em consideração que existem escovinhas que podem agrupar e gerar dois ou até três resultados diferentes ao mesmo tempo.

Em contato com uma empresa que importa essa embalagem e a revende aqui no Brasil - e que agora está montando sua fábrica na cidade de Cotia, localizada na Grande São Paulo -, vi que pelos menos 300 tipos diferentes de escovas para máscaras compõem o portfólio dessa empresa.

A inovação na verdade não está na simples criação de uma nova e revolucionária embalagem, mas na observação diária das necessidades do mercado, mais especificamente no que a consumidora sonha para sua embalagem de cosmético. Feito isso, já é meio caminho andado para o sucesso dessa embalagem.

Enfim, existem embalagens que realmente fazem a diferença e alavancam as vendas de um produto. Se o produto contido nessa embalagem for de boa qualidade, temos o casamento perfeito e o sucesso de vendas garantido.

Luis Antonio Paludetti
Manipulação Cosmética por Luis Antonio Paludetti

Um pouco de epistemologia cosmética

Achei interessante falar sobre fatos que ocorrem diariamente em todas as farmácias magistrais brasileiras e que estão relacionados à cosmética, filosofia e ciência.

Atualmente, é muito comum observarmos casos em que as farmácias adquirem determinados ativos cosméticos para as mais variadas utilizações. Mas será que isso garante a sua efetividade para a finalidade para a qual são geralmente prescritos, ou seja, como cosméticos dermatológicos ou como medicamentos de uso tópico?

É aí que entra a epistemologia. Em uma de suas definições, a epistemologia trata das condições em que o conhecimento científico é produzido e suas relações com os resultados obtidos.

Para ficar mais simples, vamos tratar de um caso concreto. Imagine que o material técnico de um determinado ativo cosmético apresente a seguinte declaração: “O ativo X apresenta efeito redutor das rugas por reduzir a degradação de colágeno em culturas de fibroblastos”.

Para um leitor desavisado, este tipo de declaração soa como mágica e o induz a acreditar que o ativo X é capaz de reduzir as rugas. Mas será? Passemos então a analisar a situação sob um ponto de vista científico. Se destrincharmos a declaração acima, perceberemos que ela traz embutida um sofisma:

I - Em parte, as rugas são causadas pelo aumento da degradação do colágeno pelos fibroblastos.
II - O ativo X reduz a degradação do colágeno em culturas de fibroblastos.
III - O ativo X reduz as rugas.

Um sofisma (quando intencional) ou uma falácia (quando não é intencional) pode ser definido como um argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, que, embora simule um acordo com as regras da lógica, apresenta, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, deliberadamente enganosa ou incorreta (falácia).

Todo profissional que atua no segmento cosmético sabe (ou deveria saber) que as rugas são, em parte, causadas pela degradação das estruturas epiteliais das quais o colágeno faz parte. Esta é uma afirmação consolidada no saber científico da histologia, da fisiologia e da cosmética. Assim, se um determinado ativo puder evitar esta degradação, então, hipoteticamente, poderemos reduzir as rugas.

O ativo X reduz a degradação do colágeno em culturas de fibroblastos. Vamos considerar que esta é uma afirmação que foi obtida por meio de experimentação adequadamente planejada e executada. Então, se os dados experimentais forem adequadamente obtidos e os resultados submetidos a uma análise estatística correta, podemos afirmar que o ativo X realmente reduz a degradação do colágeno em culturas de fibroblastos, ou seja, a afirmação também é verdadeira.

Agora vamos analisar a terceira informação: o ativo X reduz as rugas. Podemos perceber que esta conclusão nos é induzida pela afirmação II a partir da afirmação I, mas a indução da conclusão é falha.

Mas por quê? O motivo é simples: o ativo foi testado em culturas de fibroblastos (in vitro) e não em sujeitos humanos experimentais. Assim sendo, não é possível declarar categoricamente que o ativo X irá reproduzir um efeito semelhante em culturas celulares e na pele in vivo.

Quando avaliamos um material científico ou promocional de um determinado ativo, produto ou formulação – e principalmente aqueles que se propõem a tratar uma condição patológica –, devemos atentar para este tipo de afirmação, ou seja, devemos verificar se ela é um sofisma ou não.

O método científico prevê que as conclusões de um determinado experimento só podem ser verdadeiras se os resultados experimentais puderem ser submetidos à lógica do silogismo. Um silogismo é uma argumentação formada de três proposições: a maior, a menor (premissas) e a conclusão, deduzida da maior, por intermédio da menor.

Como seria, então, o nosso exemplo, se ele seguisse rigorosamente o silogismo? Seria assim:

I - Uma redução da profundidade e da quantidade de sulcos na pele é um indicativo da redução das rugas.
II – Um creme contendo o ativo X reduziu a profundidade e a quantidade de sulcos na pele de um grupo controlado de pacientes quando comparado com um creme sem o ativo.
III - O ativo X reduz as rugas.

Como podemos perceber, este tipo de raciocínio não dá margem a qualquer suposição; ele está baseado em premissas incontestáveis e suficientemente comprovadas (I e II). Dessa forma, como a premissa I é verdadeira e a segunda também, a conclusão (premissa III) só pode estar correta.

Todo e qualquer material técnico (cosmético ou não) que alega uma determinada propriedade deve sempre ser submetido a uma análise lógica, para verificação das afirmações que nos são apresentadas.

No nosso exemplo, não considero um problema em si o fato de o ativo ter apenas propriedades demonstradas in vitro, nem que ele seja utilizado em produtos antirrugas. O que não pode ser feito é atribuir ao ativo um efeito decorrente de uma conclusão baseada em uma lógica imperfeita.

A lógica imperfeita não se sustenta com uma simples avaliação dos fatos. Mas a ciência, esta sim permanece sólida até que novos fatos, também logicamente perfeitos, façam com que ela seja suplantada ou aperfeiçoada. Convido a todos a mergulhar no maravilhoso mundo da ciência.

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