Testes Alternativos

Edicao Atual - Testes Alternativos

Editorial

Falta inspiração

Vivemos momentos de transformações em várias esferas. Por ora, estamos no meio da “revolução”. As mudanças também se apresentam nos acontecimentos recentes de contestação dos brasileiros, que demonstram novas facetas de comportamento, de postura frente ao que se quer e ao que não se quer, e há a emersão de questionamentos sobre o velho (e bom?) “jeitinho brasileiro”.

Existem formas de nos prepararmos para mudanças e rupturas?

Contudo, em tempos de mudanças, talvez o mais importante não seja perguntar “O que fazer?”, mas, sim, “Por que fazer?”. O que inspira empresas a fazer o que fazem? Qual é a essência do que você faz? Ter essas repostas e todas as suas implicações positivas e negativas talvez seja o caminho para responder a questionamentos ou para traçar a melhor rota em tempos tempestuosos.

Para Simon Sinek, autor do livro Start with why: how great leaders inspire everyone to take action, precisamos buscar o nosso “big why”, ou seja, qual é o nosso propósito, aquilo que nos inspira.

Saber o “porquê” confere equilíbrio e peso às tomadas de decisão. Esse caminho é válido para o governo, para a sociedade e suas demandas, para empresas e para cada um de nós desde quando se levanta, todos os dias. O que o inspira?

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil aborda, na matéria de capa, os testes alternativos que estão em fase de desenvolvimento no Brasil, em sintonia com a tendência global de utilização de métodos que prescindem do uso de animais, sempre que esses procedimentos estiverem disponíveis. Além de poupar o animal, testes in vitro oferecem, em determinados casos, maior rapidez na obtenção dos resultados, entre outras vantagens, em comparação com as metodologias que utilizam animais. A seção “Persona” apresenta a trajetória de Luiz Fernando Coimbra, profi ssional que é testemunha (e personagem) do processo de desenvolvimento do mercado cosmético no país, nas últimas quatro décadas.

Nesta edição, os artigos técnicos abordam a efi cácia de ativos naturais na reparação dos cabelos; os cuidados na seleção da fragrância para produtos de proteção solar; o neuroslimming como um novo conceito no tratamento corporal; e uma pesquisa bibliográfica sobre a toxicidade dos ftalatos. A fi siologia das unhas é o tema da seção “Fundamentos da Cosmetologia”.

Boa leitura!

Hamilton dos Santos
Publisher

Reparação de Cabelos Com Ativos Naturais - Jean-Chistophe Choulot, PhD (Ales Group, Bezons, França)

Este artigo revisa a estrutura dos cabelos e os vários tipos de dano, demonstrando que os tratamentos de reparação podem intervir em vários níveis no interior dos cabelos. Embora frequentemente sejam utilizados agentes formadores de película, estes retardam ou evitam a penetração dos agentes ativos. Por isso, foi formulado e testado, por sua capacidade de reparo, um soro que inclui ativos naturais e não contém formadores de película.

Este artículo analiza la estructura de los cabellos y los diversos tipos de daños, que muestra que los tratamientos de recuperación pueden intervenir a varios niveles dentro del cabello. Aunque a menudo se usan agentes formadores de película que retardan o previenen la penetración de agentes activos. Por lo tanto, se ha formulado y probado, por su capacidad para fijar, un suero que incluye ingredientes activo naturales y no contiene formadores de película.

The present article reviews the structure of hair and various types of hair damage, demonstrating that repair treatments must intervene at several levels within hair. While film-forming agents are often used, they slow or prevent the penetration of actives. A hair serum including natural actives and omitting these film-former was thus formulated and tested for its repair capabilities.

Comprar

Perfumação de Protetores Solares - Jill B. Costa, PhD (Bell Flavors and Fragrances, Northbrook, IL, EUA)

Os produtos de bronzeamento artificial, natural e de autobronzeamento possuem diferentes perfis de uso. Por conseguinte, para a perfumação de cada tipo de produto existem considerações especiais no que diz respeito à estrutura global da fragrância e aos perfis olfativos que funcionam melhor. O presente artigo revisa a estrutura das fragrâncias e discute considerações específicas de cada tipo de produto para auxiliar os formuladores no delineamento de produto protetor solar de sucesso.

Productos para bronceado artificial, natural y de auto-bronceado tienen diferentes formas de uso, por esta razón, para añadir fragancia en cada tipo de producto tiene que llevar en cuenta algunas consideraciones especiales con respecto a la estructura global de la fragancia y de los perfiles olfativos que funcionan mejor. En el presente artículo de revisión es enfocada la estructura de la fragancia y se analizan las consideraciones específicas para cada tipo de producto para ayudar los formuladores llegar al diseño de productos de protección solar de éxito.

Outdoor, indoor and self-tanning products have different usage profiles, thus fragrancing each product type has special considerations with respect to the overall fragrance structure and the types of characters that work best. The present article review fragrance structure and discusses specific considerations for each product type to assist formulators in designing successful sun care products.

Comprar

Neuroslimming: um Novo Conceito em Tratamento Corporal - John Jiménez, Juan C Salgado, Lina Bonilla (Centro de Innovación de Belcorp, Bogotá, Colombia)

Nesta pesquisa, desenvolvemos um modelo que permite estudar o efeito lipolítico em um sistema de culturas celulares com as linhagens PC12/3T3, no qual a comunicação celular é melhorada pelo efeito de um novo ativo. Os resultados in vitro foram refletidos na eficácia redutora e anticelulite. A eficácia in vivo foi relacionada com o impacto psicológico em mulheres que foram diagnosticadas, com a ajuda de um psiquiatra, como deprimidas. No final do estudo, foi demonstrado que o conceito de neuroslimming pode ter impacto direto na melhora da qualidade de vida das mulheres.


En esta investigación hemos desarrollado un modelo para estudiar el efecto lipolítico en un sistema de cultivos celulares con las líneas PC12/3T3, donde la comunicación celular es mejorada por un nuevo activo. Los resultados in vitro se han reflejado en eficacia reductora y anticelulítica. La eficacia in vivo se relacionó con el impacto psicológico en mujeres que fueron clasificadas con depresión con la ayuda de un siquiatra. Al final del estudió se demostró que el concepto de neuroslimming puede tener un impacto directo en la mejora de calidad de vida de las mujeres.

In this research it was developed a model to study the lipolytic effect in PC12/3T3 lines cell culture system where cellular communication is improved by a new active ingredient. The in vitro results have been reflected on improving the reduction and anticellulite efficacy. The in vivo efficacy was related to the psychological impact on women who were classified with depression with the help of a psychiatrist. At the end of the study it was showed that the concept of neuroslimmming can have a direct impact on improving the women quality of life.

Comprar

Toxicidade de Ftalatos em Cosméticos - Paola Couto Zuccoli, Luciana Meireles Lobato, Juliana Azevedo de Magalhães, Guilherme Carneiro (Curso de Farmácia, Faculdade Pitágoras, Belo Horizonte MG, Brasil)

Os ftalatos assumem diversas funções em cosméticos, como plastificantes e fixadores. Sua toxicidade aguda é baixa, porém existem indícios de toxicidade crônica. Apesar de terem sido realizados inúmeros estudos toxicológicos, ainda são necessárias maiores pesquisas a fim de esclarecer o quanto a toxicidade dessas substâncias pode afetar a saúde humana.

Los ftalatos presentan muchas funciones en cosméticos, como plastificantes y fijadores. Su toxicidad aguda es baja, sin embargo hay indicios de toxicidad crónica. Aunque muchos estudios toxicológicos han sido realizados, aun así hace
necesario mayores investigaciones a fin de esclarecer en que intensidad puede la toxicidad afectar la salud humana.

Phthalates present several functions in cosmetics, such as plasticizers and fasteners. Their acute toxicity is low; however chronic toxicity has been reported. Although several toxicological studies have been performed, much remain to be done to properly identify how the toxicity of those compounds can affect human health.

Comprar
Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Um olhar sobre o brilho do segmento de maquiagem

Na mente de muitos consumidores, o mercado de cosmético se confunde com o de maquiagem. Não é para tanto, pois, enquanto os segmentos de desodorantes, xampus e sabonetes remetem à ideia de higiene pessoal, a maquiagem, ao lado do segmento de perfumaria, aponta para o que talvez seja o que mais se aproxime das aspirações de quem compra um cosmético: beleza, bem-estar e, embora não principalmente, status.

Vale lembrar que o segmento de maquiagem compreende um vasto número de produtos para o rosto (corretivo, pó, blushes), olhos (máscara, sombra, delineadores), lábios (batons, gloss, lápis) e unhas (esmaltes, produtos para tratamento das unhas, cintilantes).

Atualmente, o Brasil, que representa a terceira maior economia cosmética mundial (US$ 42,0 bilhões de faturamento com vendas ao consumidor – 9,6% do market share mundial), faturou com o segmento de maquiagem 8,3%, em 2012, com perspectivas de crescimento médio no país de 15% nos próximos 5 anos. Esses números sustentam o segmento de maquiagem nacional como o terceiro maior mercado mundial.

O mercado brasileiro é muito promissor para esse segmento. Da vasta população de 190 milhões de habitantes, 51% são do sexo feminino, sendo que 85% vivem em centros urbanos e têm poder aquisitivo maior que os habitantes das regiões rurais. Do total da população feminina, 82% se encontram na faixa etária de 15 a 45 anos e se concentram na Região Sudeste (a mais populosa e a segunda maior do país em renda per capita).

O mercado nacional ainda está fortemente concentrado em produtos para os lábios e para as unhas (respectivamente 41% e 28%), diferentemente do mercado estrangeiro, concentrado em produtos dirigidos para o rosto e para os olhos. A razão disso passa pelo valor final dos produtos: os primeiros possuem valor de compra menor quando comparados com os últimos. No entanto, os números indicam a tendência de aumento de consumo de produtos para o rosto e para os olhos, sem diminuir o atual consumo de itens para os lábios e para as unhas.

No Brasil, as gigantes do setor, Avon (30%), Natura (20%) e L´Oréal (10%), somadas às outras sete empresas líderes do segmento, concentram 84% do faturamento.

Nesse mercado, a Avon tem as linhas Ultra Color e Ideal Face Base que representam um em cada 3 produtos vendidos no segmento. A Natura, com 460 funcionários em três turnos, opera três máquinas de batom com capacidade de 12 mil unidades/hora e desenvolve a linha Aquarela. A L’Oréal com todo o seu glamour de empresa francesa – tradicional no mercado cosmético e líder mundial do setor cosmético – trabalha com a linha/ideia Accord Parfait.

Uma particularidade interessante desse segmento é o canal de vendas. Estas são fortemente realizadas pela venda direta, canal perfeitamente dominado pelas duas líderes do segmento. Cerca de 78% das vendas são realizadas por meio desse canal. A indicação da consultora e a explicação prática do modo de uso de cada um dos itens são fatores essenciais para a venda e para a fidelização do consumidor em relação à marca. Cientes desse fator crítico, outros players – como Unilever, P&G, O Boticário, Contém 1g e Nivea –, têm investido, em seus próprios canais de vendas, formas inovadoras e criativas de pontos de venda. Entre essas formas estão os famosos “cursos de maquiagem”, realizados em quiosques de shopping centers e destinados a iniciantes.

O papel do cinema, da televisão e de videoclipes é fundamental para despertar e sustentar o desejo de se maquiar. A associação da imagem de uma pessoa bem-sucedida, de bem com a vida e feliz com o estereótipo da beleza fatalmente leva muitas pessoas a se maquiarem, seja para corrigir imperfeições, seja para realçar atributos já existentes. Aqui entra a necessidade da existência do órgão regulador do Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para coibir excessos nos apelos de marketing em relação aos atributos dos produtos e para estabelecer uma regulamentação para os produtos destinados ao público infantil e estar atenta ao cumprimento dessas normas.

Sem dúvida, esse é um segmento bom para se apostar, porém exige muito profissionalismo e investimentos, não deixando espaço para amadores.

John Jimenez
Tendências por John Jimenez

Cosmeprêt-à-porter

A moda é uma necessidade e não um capricho. Assim como os cosméticos, a moda tem a capacidade de nos transformar em pessoas diferentes. Prêt-à-porter é uma expressão francesa que significa “pronto para levar”. Refere-se ao universo de produtos produzidos atendendo a padrões) e se manifesta na moda que se vê diariamente nas ruas. E, assim como o perfume é considerado o toque final de uma vestimenta, os cosméticos e a moda também compartilham tendências. Algumas destas são:

Feminized menswear fashion: consiste na presença de elementos femininos na moda masculina. Os desenhistas estão cruzando novos limites em suas propostas. Cores como rosa, lilás e roxo predominaram nos desfiles mais recentes.

New roles, new fragrances: cada vez mais, as mulheres desejam fragâncias com notas masculinas e estão sendo produzidos perfumes masculinos com toques femininos, sendo que o fumo, a lavanda e os cítricos já não são os predominantes e estão sendo substituídos por cheiros de rosa, jasmim e flores. As fragrâncias convergem.

Glamorous retro: tendência criada por desenhistas que estão aproveitando o verão 2013 para homenagear o estilo hippie dos anos 1060. Essa tendência oferece novas oportunidades para se trabalhar com elementos do passado, como silhuetas, acessórios e modelos de inspiração vintage.

Retro beauty. The vintage beauty: assim como na moda, as tendências de beleza vêm e vão, e voltam a vir. Conceitos criativos em cabelo e maquiagem têm renascido. Tem-se visto, na internet, tutoriais para se conseguir looks dos anos 1940 e 1960.

Vitamine fashion: o verão de 2013 está carregado de cores vivas, próprias de lugares onde o Sol sempre brilha. Essa é uma nova forma de encontrar inspiração cromática. Assim nasce o novo Look Sport, que compreende a invasão de produtos desportivos e ao mesmo tempo elegantes, para uso urbano.

Vitabeauty: a tendência em cosmética oral continua e especializa-se. Vemos lançamentos de nutricosméticos desenhados especialmente para serem consumidos no verão. Essa é a nova dieta do bronzeado, que também ajuda a pele a proteger-se dos efeitos do Sol.

Silk rebellion: é a rebelião da seda pura que ilumina novas colecções de diferentes acessórios, como gravatas, lenços etc. Novas texturas graças a perfurações a laser ou feitas com fios de seda que criam novos efeitos.

Silk sense: em cosmética, a seda natural e outros polímeros vegetais têm sido criados sintética ou biotecnologicamente. Novos efeitos sensoriais nos levam a diversas experiências com o uso do produto.

i-Fashion: é a compra inteligente de roupas. Graças a novos softwares de lojas especializadas, é possível vermos como um modelo cairia em nosso corpo antes mesmo de prová-lo e comprá-lo.

“Beleza à carta”: é a nova forma de adquirir cosméticos personalizados que têm migrado da perfumaria para o skin care, para a maquiagem e para a hair care. Os consumidores já podem comprar cosméticos preparados sob medida, não só os formulados por dermatólogos.

DIY men care: é uma interessante tendência que se manifesta em celebrações, por exemplo, no Dia dos Pais. Propostas de cremes faciais e after shave fáceis de serem usados pelos meninos, com conceitos de sustentabilidade e eficácia.

Print camouflage: a densa selva da Tailândia é uma nova referência para um estilo que renova o print camouflaje com códigos modernos. Muitas empresas se adentram na selva tropical como nova inspiração de coleções urbanas.

Cosmelatam: têm surgido novos ingredientes cosméticos com conceitos naturais provenientes de países com alta diversidade, como Colômbia, Peru, Chile, Venezuela e Argentina.

Cosmeprêt-à-porter = cosmetic trends + fashion trends. Porque não há nada tão sedutor como a moda que pode inspirar novos conceitos cosméticos.

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

Estudos de estabilidade e prazos de validade

No Brasil, a obrigatoriedade de registrar o prazo de validade nas embalagens foi estabelecida pelo Código de Defesa do Consumidor, no Art. 31. E esse foi um artigo “que pegou” porque as autoridades cobram e, principalmente, os consumidores exigem.

Falando de forma simples, o prazo de validade de um produto define até quando o fabricante se responsabiliza por ele, no que tange à sua segurança e eficácia.

Para cosméticos, o prazo de validade é estabelecido no estudo de estabilidade acelerado, por meio do qual a formulação é submetida a diferentes ambientes com o objetivo de acelerar o envelhecimento do produto e assim verificar sua resistência fisicoquímica e microbiológica. As formulações devem ser testadas em embalagem inerte, normalmente de vidro neutro, e na embalagem na qual serão comercializadas, para verificar sua compatibilidade. Se essa embalagem ainda não tiver sido definida, recomenda-se usar uma embalagem semelhante, do mesmo material, de preferência com capacidade e características parecidas. Esses estudos devem ser bem planejados e os resultados obtidos pelas análises das amostras, bem interpretados.

Nos protocolos mais usados nos estudos de estabilidade, a formulação é submetida à centrifugação, ao frio, a ciclos de aquecimento e resfriamento, à exposição à luz solar direta e a uma temperatura elevada. A avaliação é feita sempre por meio da comparação dos resultados de análises das amostras testadas com os resultados obtidos na amostra mantida em temperatura ambiente, normalmente mantida protegida da luz. O ambiente frio vai apontar a ocorrência de turvação ou precipitações. De maneira semelhante, o ciclo de aquecimento e resfriamento busca verificar se a formulação é um sistema que resiste ao estresse de temperatura. No caso de emulsões, principalmente nas mais complexas, além das análises rotineiras, seria justificável centrifugar as amostras no término do teste de ciclo. Isso porque a variação de temperatura pode causar alterações no sistema emulsionante, que ficariam mais evidentes com a centrifugação.

Dentre os ambientes a que a formulação pode ser submetida, o único cientificamente relacionado ao cálculo do prazo de validade é o aquecimento em estufa porque este fornece energia de ativação de forma contínua. Apesar de muitos técnicos estabelecerem o prazo de validade estimado arbitrando um valor e justificando que os resultados de análises do estudo de estabilidade ficaram dentro de valores previstos, é possível estabelecer esse prazo por meio de equação matemática, relacionando: velocidade de reação, diferença de temperatura das amostras (ambiente e estufa) e período de teste com aplicação da regra de Van’t Hoff. Por isso, a escolha das temperaturas e do prazo de duração do teste, como também o correto ajuste de parâmetros físico-químicos, como pH e viscosidade, no meio da faixa de especificação, são decisivos para o resultado do estudo. De uma forma ou de outra, na maioria das vezes, o prazo de validade é estabelecido por estimativa e deve ser confirmado com o teste de prateleira (shelf life).

Nossas indústrias têm feito a marcação da validade, fixando uma data a partir da fabricação, o que atende à legislação, mas esconde uma imperfeição porque não leva em conta que esse prazo pode ser alterado quando o produto for aberto. Aí, nessa situação, o risco pode ser de fabricantes e consumidores. Portanto, para cosméticos, parece recomendável adotar uma forma de registrar os prazos da validade normal e uma indicação da validade após a abertura do produto. Se um produto fabricado em Julho/2013, com prazo de validade de dois anos, for aberto em Agosto/2013, seu prazo de validade expirará em fevereiro de 2014 se a data de validade após este ser aberto for de seis meses.

Apesar de o sistema atual, com uma única data, não ter causado problemas, o sistema com duas datas parece ser mais adequado porque é tecnicamente justificado e protege o consumidor de uma possível alteração no produto.

A estabilidade é um atributo técnico fundamental do produto porque variações, além dos valores estabelecidos em sua especificação, podem alterar seu modo de ação, afetando sua eficácia e segurança. Deve-se ressaltar também o caráter econômico do estudo de estabilidade. Produtos instáveis podem representar grandes prejuízos para o fabricante, como perda de estoques, devoluções, perda de mercado e até indenizações por efeitos indesejados. Por isso, além de ser uma obrigação sanitária, o estudo de estabilidade é um critério de valor econômico das empresas e não deve ser relegado ao segundo plano.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Controle de processo

É necessário identificar e planejar os processos de produção, instalação e serviços associados, que influenciam diretamente a qualidade, e deve-se assegurar que esses processos sejam realizados em condições controladas.

As condições controladas são:

1. Procedimentos documentados, definindo-se o método de produção, instalação e serviços associados, em circunstâncias nas quais a ausência desses procedimentos possa afetar adversamente a qualidade.

2. Uso de equipamentos adequados de produção, instalação e serviços associados, em um ambiente adequado de trabalho.

3. Conformidade com normas/códigos de referência, planos da qualidade e/ou procedimentos documentados.

4. Monitoramento e controle de parâmetros adequados do processo e de características do produto.

5. Aprovação de processos e equipamentos apropriados.

6. Critérios de execução que devem ser estipulados de maneira prática, clara e objetiva: normas e amostras representativas ou ilustrações.

7. Manutenção adequada de equipamentos para assegurar a continuidade da capacidade do processo.

Nos casos em que os resultados dos processos não puderem ser plenamente verificados por meio de inspeções e ensaios do produto, e nos quais, por exemplo, as deficiências de processamento puderem tornar-se aparentes somente quando o produto estiver em uso, os processos deverão ser executados por operadores qualificados e/ou ter monitoramento contínuo e controle dos parâmetros de processo, para assegurar que os requisitos especificados sejam atendidos.

Os requisitos para qualquer qualificação de operações de processos, inclusive equipamentos e pessoal associados, devem ser claramente especificados.

Poderá ocorrer a necessidade de pré-qualificação de alguma etapa particular do processo e, nesse caso, esse processo deverá ser considerado especial.

Para que o controle possa ocorrer, deverão ser mantidos registros para as etapas dos processos, dos equipamentos e do pessoal qualificado.

A finalidade da documentação é garantir que o processo seja realizado em condições controladas, como: instruções, instalações e condições de operação; qualificação de processos; e critérios de execução dos trabalhos.

O modelo a ser seguido é o da liberação e pontos críticos; do controle de qualidade com o auxílio de características apropriadas ao produto; dos processos especiais; e da qualificação do pessoal, dos processos e das instalações.

As condições podem ser controladas por meio de: instruções de trabalho; equipamentos adequados de produção; equipamentos adequados de instalação; condições adequadas de trabalho; atendimento às normas; e atendimento aos planos da qualidade.

As informações básicas que devem ser consideradas são: processos e procedimentos por produto/atividade; controle; monitoramento; aprovação prévia de alterações; manutenção preventiva e, se necessário, corretiva; instruções de trabalho; padrões de referência, códigos e planos da qualidade; amostras representativas de insumos e produtos; registros da qualidade; aprovação das mudanças nos processos; aprovações da qualificação dos processos especiais, de seus equipamentos e de pessoal, conforme for apropriado; resultados do monitoramento dos processos; manutenção do processo.

Deve sempre ser observado o bom senso na definição dos controles, diferenciando-se bem os critérios necessários, recomendáveis e complementares.

São necessários controles que, caso não sejam executados, comprometerão, de imediato ou em médio prazo, as características do produto quanto à sua utilização e segurança pelo cliente.

Nesse caso, não deverão ser admitidos desvios de qualidade. Se estes ocorrerem, deverão ser imediatamente investigados e o produto deverá ser segregado.

Os critérios recomendáveis são aqueles que complementarmente proporcionam maior segurança ao produto, por exemplo, análises complementares de insumos ou testes de segurança de utilização de produtos.

Em hipótese alguma, a empresa deve permitir que produtos ou serviços colocados à venda possam, mesmo remotamente, causar qualquer tipo de risco ao consumidor.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Unhas

As unhas são estruturas complexas e importantes para o organismo humano. Alterações ungueais podem ser marcadores de doenças graves ou também de alterações metabólicas e fisiológicas em fases especiais da vida. Ao contrário dos cabelos, que têm fases de crescimento e fases de repouso, as unhas crescem ininterruptamente. A velocidade média de crescimento é de 1 cm a cada 3 meses para as unhas da mão e metade dessa velocidade se aplica às unhas do pé. As unhas crescem mais rapidamente durante o dia, na gestação e durante o verão. O crescimento fica mais lento durante a noite, nos idosos e durante o inverno. Por estarem crescendo o tempo todo, as unhas são extremamente sensíveis a alterações hormonais, nutricionais ou qualquer doença sistêmica.

Queixas frequentes:

Unhas frágeis: qualquer situação em que o estado nutricional, hormonal ou o estado de saúde geral esteja alterado pode se refletir nas unhas, deixando-as frágeis. Uma forma especial de fragilidade das unhas, denominada onicosquizia, é o descolamento das porções superficiais da lâmina ungueal. Esta pode ter várias causas, sendo as mais frequentes o excesso do uso de produtos químicos (principalmente de esmaltes e bases) e molhar as unhas com frequência.

Descolamento da unha (onicólise): é o descolamento de toda a unha do leito ungueal. Suas causas são diversas, como doenças próprias da unha, psoríase, líquen plano, micoses e alergia a medicamentos. Porém, a principal causa é o trauma, que pode ser: um trauma repetitivo causado pelo uso de calçados apertados, o trauma agudo e, mais comumente, o trauma ocasionado pela limpeza excessiva da unha feita pela própria pessoa.

Onicomicose: é uma infecção que atinge as unhas, causada por fungos. As unhas mais comumente afetadas são as dos pés, pois o ambiente úmido, escuro e aquecido, encontrado dentro dos sapatos e tênis, favorece o seu crescimento. Manifestações clínicas: unhas espessadas, duras, amareladas, com material escamoso depositado embaixo delas. A apresentação da onicomicose é bastante variável e extremamente difícil de ser diferenciada de outras doenças das unhas, portanto, consultar um especialista é fundamental.

Como evitar? Não andar descalço em pisos constantemente úmidos (como os de lava pés, vestiários e saunas). Observar a pele e o pelo de seus animais de estimação (cães e gatos). Ter seu próprio material para levar a manicure, principalmente lixas de unha e lixas de pé. Evitar usar calçados fechados o máximo possível, optando pelos mais largos e ventilados. Evitar meias de tecido sintético, preferindo as de algodão.

O tratamento, em geral, é feito com medicação sistêmica e deve ser indicado pelo dermatologista. A substância a ser usada deve ser escolhida com base no agente causador da micose. Este deve ser identificado por meio de exame apropriado.

Outra queixa frequente é a de unha encravada. Esta ocorre quando uma de suas pontas penetra na pele circunjacente. A causa do encravamento é, geralmente, o hábito errado de cortar os cantos das unhas. Isso causa a formação de uma espícula na ponta cortada e permite que, com o peso do corpo, a pele que antes estava embaixo da unha se projete para cima e entre na frente desta. Ao crescer, a unha encrava nesse local.

O uso de sapatos de ponta fina também facilita o encravamento das unhas. Em crianças recém-nascidas, o uso de macacões fechados na área dos pés também pode ocasionar o problema se essas roupas não forem bem folgadas.

Os dedos mais atingidos são os dos pés, principalmente o hálux, e as unhas encravam nos cantos. O quadro se inicia com dor local que vai aumentando de intensidade com o passar do tempo e pode tornar-se insuportável. A pele ao redor da unha fica inchada e avermelhada, podendo haver eliminação de pus e formação de um granuloma piogênico.

Para prevenir o encravamento das unhas, aconselha-se cortá-las corretamente, deixando-as com bordas retas, e evitar usar constantemente calçados apertados e fechados.

Os tratamentos variam de acordo com a intensidade de cada caso e devem ser realizados pelo dermatologista. Entre eles estão: a tentativa de desencravar a unha por meio de chumaço de algodão ou de órteses manipuladas por podólogos; a cauterização química (à base de ácidos) do granuloma piogênico; e a cirurgia, com a remoção da porção encravada incluindo a raiz dessa parte da unha, evitando assim recidivas do quadro. Em caso de infecção secundária, pode ser necessário utilizar antibióticos de uso local ou via oral.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Testes necessários em embalagens

A pergunta que mais ouço de pessoas cujas empresas ainda não têm um controle de qualidade de embalagens implantado é: “Quais testes eu preciso fazer nas embalagens?”. A pergunta seguinte, obviamente, que elas fazem é: “Como devo fazer esses testes?”.

Para tentar ajudar a essas pessoas, que não são poucas, resumirei, a seguir, o “básico” para a inspeção de embalagens durante seu recebimento.
Antes, porém, é preciso dividir esses testes em duas categorias: testes visuais, que geram os defeitos por atributos, e testes dimensionais, que geram os defeitos mensuráveis.

É importante ressaltar que não basta fazer os testes. Isso porque é preciso ter parâmetros para aprovar ou não o lote em função do resultado do teste. Para tanto, é preciso que a empresa tenha implantado o plano de amostragem e definição dos respectivos NQAs (níveis de qualidade aceitável), ou, pelo menos, tenha conhecimento sobre este.
Os defeitos por atributos, como citei acima, são resultado de testes visuais. São eles: manchas, borrões, sujeiras, falhas de gravação, bolhas, entre outros.

Não existem parâmetros para medir esses defeitos. O que tenho visto é a criação de um “álbum de defeitos”, no qual o cliente e o fornecedor escolhem ou simulam esses defeitos e definem padrões de aceite. Esse álbum é feito em duplicidade, sendo que cada empresa (cliente e fornecedor) tem o seu.

Outro teste que também pode ser considerado nessa família de atributos é a avaliação de cor de uma embalagem. Os caminhos mais usados para realizar esse teste são os padrões de máximo e mínimo, feitos pelo fornecedor, ou a escala Pantone.

É importante salientar que na escala Pantone normalmente se define uma cor, representada por um número. Nesse caso, não existe variação para mais ou para menos.

Os defeitos dimensionais, por sua vez, são resultado dos testes por meio dos quais é possível medir a embalagem. Os parâmetros estão descritos em um desenho técnico da peça e são definidas variações para mais e para menos, normalmente em mm. Em um diâmetro interno de gargalo de um frasco, por exemplo, a medida poderia ser de 20,00 mm ± 0,10 mm, o que significaria que, se o frasco tivesse um gargalo com variação de 19,90 a 20,10, o lote seria aprovado. É óbvio que, nesse caso, seria necessário considerar a inexistência de outro defeito no lote, que o reprovasse.

Os testes dimensionais a serem feitos, normalmente, são: altura, largura, profundidade, espessura, diâmetros interno e externo, peso, volume, entre outros.

Costumo dizer que fazer e definir a aprovação ou não dos testes dimensionais é “tranquilo”. Isso porque os números, se estiverem dentro da variação padrão (máximo e mínimo) será aprovado, e, se estiverem fora, reprovado. O difícil é definir a aprovação para os defeitos por atributos, sobre os quais os testes são normalmente subjetivos e dependem da experiência e do conhecimento individual dos técnicos e de inspetores de qualidade.

Existe outra família de testes. Estes, em minha opinião, são os mais específicos e os mais difíceis.
Digo isso porque não existem normas específicas para esses testes, os equipamentos usados para realizá-los também não são específicos e assim fica na negociação entre o cliente e o fornecedor. Muitas empresas criam ferramentas próprias para avaliar e definir a aprovação das peças.

Como saber se a tampa de um batom está “dura” ou “mole” para abrir? E se o fechamento de uma tampa flip-top é fácil ou difícil de ser realizado? Nesses casos, pode ser usado um dinamômetro, por meio do qual a força para abrir ou fechar a peça será definida por números com variação de máximo e mínimo – esse é um teste dimensional.

Para fazer esses testes, as empresas recorrem a ferramentas feitas em casa, que simulam um dinamômetro com valores pré-definidos.

Existem também os testes realizados com as ferramentas “passa não passa” ou “go no go”, que também são feitas em casa e dispensam a medição, o que agiliza a inspeção.

Outros testes específicos são: adesividade nos rótulos, colagem e direção de fibra nos cartuchos, funcionamento do mecanismo em estojo de batons e bombas/válvulas, teste de queda em frascos, scotch test nas gravações em frasco plásticos, stress test nas dobradiças de tampas flip-top etc.

Um dos testes mais importantes ao se avaliar uma embalagem é o de vedação (quando requerido), feito para detectar possíveis vazamentos no acoplamento tampa/frasco. Embora muitas empresas usem a “criatividade” para fazer esse teste, a forma de realizá-lo mais usada e considerada oficial é submeter o conjunto a uma câmara de vácuo durante 1 minuto a 1 atm ou 760 mm de Hg. Não deve ocorrer vazamento.

É importante ressaltar que muitos testes são feitos durante o desenvolvimento da embalagem e não é necessário repeti-los no recebimento. Um desses testes é o de compatibilidade produto/embalagem.

Eu poderia continuar a tratar desse assunto e produzir mais páginas e páginas, mas meu objetivo é proporcionar uma visão básica sobre o que se deve analisar em uma embalagem. Lembrando sempre que, sobre esse assunto, ministro cursos específicos de implantação do controle de qualidade de embalagem em uma empresa.

Novos Produtos