Embalagem: Protege e Vende

Edicao Atual - Embalagem: Protege e Vende

Editorial

Chefes de Família

A mulher brasileira, além de toda a graça e exuberância tão cantadas em prosa e verso, assume uma responsabilidade cada vez maior na composição da renda da família. Atualmente, as mulheres respondem por quase 50% do total dos rendimentos da família brasileira. É o que diz o Anuário das Mulheres Brasileiras, pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). Segundo a pesquisa, em 2009 elas contribuíam, em média, com 47,9% desses rendimentos.

Entre as famílias com renda mais baixa, de até um quarto de salário mínimo, a participação delas na renda familiar é mais expressiva (56,4%). Nas famílias que recebem mais de cinco salários mínimos, a contribuição das mulheres responde por 48,5% da renda. A análise por regiões mostra que no Nordeste a participação das mulheres é a mais significativa na composição da renda familiar (50,7%). Na sequência estão: Sudeste (47,6%), Centro-Oeste (46,5%), Sul (45,5%) e Norte (45,3%).
Elas assumem cada vez mais responsabilidades, mas as diferenças de remuneração entre homens e mulheres ainda são grandes: em 2009, os homens das regiões urbanas ganhavam, em média, R$ 1.057,00 por mês, enquanto as mulheres recebiam R$ 593,00. Elas ganham menos, cuidam da casa e dos filhos, dedicam-se às suas carreiras... Tudo isso sem se esquecerem do batom e de dar aquele trato especial nos cabelos.

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil traz, em “Persona”, um pouco da trajetória de um dos profissionais mais relevantes da cosmetologia brasileira: Raoul Pierre Lambalot, falecido há mais de 20 anos. O mestre é lembrado em depoimentos de ex-colegas e do filho. A matéria de capa aborda a importância e as várias facetas da embalagem, que protege, vende o produto e está cada vez mais conectada aos desejos e às necessidades do consumidor.

Os artigos técnicos trazem novidades como o uso de quinoa no tratamento de cabelos danificados, além de dois outros temas de grande interesse: utilizar formol em produtos para alisamento e cloreto de sódio em shampoos.

Esta edição marca o retorno da coluna Assuntos Regulatorios, agora com a colaboração de Artur J. Gradim. 


Boa leitura!

Hamilton dos Santos
Publisher

Proteína Hidrolisada de Quinoa no Tratamento de Cabelos Quimicamente Danificados - M O R O Storelli, Francisco Santin de Souza (Cosmotec Especialidades Químicas, São Paulo SP, Brasil); Elzbieta Kasprzyk, Lauren DelDotto (Tri-K Industries, Northvale, NJ, Estados Unidos)

A proteína hidrolisada da quinoa é uma proteína glúten-free de origem vegetal, livre de parabenos em sua composição e totalmente hidrossolúvel. Neste artigo são apresentados testes de substantividade na porção interna e externa dos fios danificados, penteabilidade a úmido e a seco e os resultados de brilho e luminosidade nos cabelos.

La proteína hidrolizada de quínoa es una proteína libre de gluten de origen vegetal, libre de parabenos en su composición y totalmente soluble en agua. Este artículo presenta las pruebas de sustancialidad en el interior y exterior de las hebras del peinado, tanto húmedo como seco, y los resultados de brillo y luminosidad del cabello.

Hydrolyzed quinoa is a vegetable gluten-free and paraben-free protein, totally water soluble. This article presents some efficacy tests of substantivity in surface and internal damaged shaft, wet and dry combability and hair gloss.

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Polímeros em Produtos de Cuidado Pessoal - Eric S. Abruyn (TPC2 Advisors Ltd., Inc., Delray Beach, FL, Estados Unidos)

Este artigo visa melhorar o conhecimento do formulador sobre qual polímero é o mais adequado para determinada aplicação, e como utilizar melhor suas propriedades e seus benefícios exclusivos. São apresentadas as nomenclaturas para a designação desses ingredientes, dando ênfase à nomenclatura INCI.

Este artículo tiene como objetivo mejorar el conocimiento del formulador en cuanto al polímero que es el más adecuado para un uso en particular, y cómo utilizar mejor sus propiedades y beneficios únicos. Las nomenclaturas se presentan para la descripción de los ingredientes, con énfasis en la nomenclatura INCI.

The present paper aims to improve the formulator´s understanding as to which polymer works best for utilize its unique properties and benefits. The usual nomenclatures for these ingredients are presented, with emphasis on the INCI nomenclature.

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Certificando Claims para Produtos Capilares - Peter D Kaplan, PhD, e Ram Ramaprasad, PhD (TRI/Princeton, Princeton, NJ, USA)

Os claims dos produtos capilares, geralmente, não estão claramente associados aos benefícios oferecidos pelos produtos. Portanto, os consumidores não têm padrões com os quais comparar sua eficácia. Sobre isso, A North American Hair Research Society (NAHRS) propôs padrões para os claims de produtos capilares, destacados neste artigo, relativos a características como ondulação, firmeza de cor e retenção de ondas, entre outras.

Los claims de los productos para el cuidado del cabello, por lo general, no están claramente relacionados con los beneficios que ofrecen los productos. Por lo tanto, los consumidores no tienen normas con el que comparar su efectividad. A este respecto, la North American Hair Research Society (NAHRS) hice propuestas de normas para las demandas de productos para el cuidado del cabello, puso de relieve en este artículo en relación con las características tales como ondulación, destiñe, y la retención de las olas, entre otros.

Claims for hair products generally are not associated with clear cut outcomes. Therefore, consumers have no standard by which to compare product efficacy. In relation, the North American Hair Research Society (NAHRS) has proposed standards for hair product claims, outlined here, which relate to characteristics including frizz, color fastness and curl retention, among others.

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Formol em Produtos para Alisamento de Cabelos - Juliana Cardoso, Marilen Pires (Universidade do Vale do Itajaí – Univali, Florianópolis SC, Brasil)

Este artigo é uma pesquisa da presença de formol em produtos para alisamento de cabelo. Amostradas de produtos foram coletados em estabelecimentos comerciais e avaliadas seguindo metodologia a AOAC International.

Este artículo es un estudio de la presencia de formaldehído en los productos para el cabello alisado. Muestras de productos obtuvieron de los establecimientos comerciales y se evalúan siguiendo el método de la AOAC Internacional.

This article is a survey of the presence of formaldehyde in products for straightening hair. Sampled products were collected from commercial establishments and evaluated following the method the AOAC International.

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Influência do Cloreto de Sódio em Shampoos - VR Leite e Silva (Instituto Schulman de Investigação Científica, São Paulo SP, Brasil; Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil); V Zague (Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil); RM da Gama (Universidade de São Paulo; Universidade Santo Amaro, São Paulo, Brasil); R Raponi (ISP - International Specialty Products, São Paulo SP, Brasil); JM Gimenis (Instituto Schulman de Investigação Científica; Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo SP, Brasil); MA Schulman (Instituto Schulman de Investigação Científica); A Rolim Baby, MV Robles Velasco, TM Kaneko (Universidade de São Paulo)

Neste artigo, os autores avaliam a influência da adição do cloreto de sódio no que se refere à penteabilidade, usando mechas de cabelo (in vitro) e realizando análise sensorial descritiva (in vivo) de cabelos quimicamente alisados

En este artículo los autores evaluar la influencia de la adición de cloruro de sodio en la facilitad de peinar hebras de cabello (in vitro) y el análisis sensorial descriptivo (en vivo) de cabellos químicamente alisados

In this article the authors evaluate the influence of the addition of sodium chloride on the combing using strands of hair (in vitro) and descriptive sensory analysis (in vivo) of chemically straightened hairs

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Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Conhecimento extra como diferencial

Não existe o manual perfeito para descrever um processo de lançamento de um produto, visto que as especificidades de cada produto, empresa, mercado e circunstância divergem. Porém, há passos indispensáveis que devem ser percorridos no intuito de evitar tropeços, como: a geração de ideias e sua posterior análise e triagem, o desenvolvimento do conceito e da metodologia de teste, a definição das estratégias de marketing e a análise do negócio como um todo.

Por último, deve-se efetivamente entrar no desenvolvimento do produto e acompanhar a vida útil deste no mercado. Tudo isso deve ser acompanhado ciclicamente, pois, a partir do primeiro sinal negativo de qualquer um desses passos, é preciso decidir entre abandonar ou mudar a ideia anterior, se não se quiser investir em um produto que irá agonizar na prateleira, trazendo uma percepção negativa sobre outras marcas da empresa ou do fabricante.

As empresas de grande porte sabem disso e executam esses passos muito bem. Elas têm pessoas especializadas para cada uma das etapas e ferramentas que interligam as informações de cada uma delas. No entanto, as empresas pequenas não dispõem de recursos humanos para isso e, em muitos casos, nem têm ciência de que tudo isso é necessário para um bom lançamento de produto.

Com isso, surge uma oportunidade de negócio para o homem de desenvolvimento de produtos alocado em empresas de pequeno porte: estar atento a essas etapas e gerenciá-las. No entanto, é preciso que esse recurso expanda o seu olhar crítico além da bancada, e ele assuma um viés de homem de negócios, de investidor. É preciso abandonar a ideia de que a valorização desse profissional vem, simples e unicamente, do número de produtos na estufa de shelf life, e não do número de produtos nas gôndolas.

O que se vê na maior parte do parque fabril de cosméticos é o profissional de desenvolvimento perdido entre emulsificantes, sistemas de entrega e atendimento aos fornecedores de matérias-primas, e nunca ao lado do homem de marketing, para entender como funciona o mercado, o cliente, a concorrência e a percepção de valor do consumidor. Note: não estou afirmando que as atividades mencionadas anteriormente como sendo funções do homem de desenvolvimento não sejam importantes e sérias. Aqui, o foco que eu quero dar é fazê-lo entender que existe uma oportunidade de carreira e de valorização como profissional, caso a empresa não tenha recursos para investir em um profissional da área de marketing.

Não se exige um esforço muito grande para gerenciar uma reunião de “geração de ideias” entre pessoas de setores diferentes dentro da própria empresa – que sejam pretensos clientes, ou, quem sabe, com pretensos clientes externos do seu produto – para determinar os requisitos do cliente; os requisitos do produto, para atender os requisitos dos clientes; a descrição conceitual do produto, ou seja, um bom registro dos dados que vão suportar a decisão final; e o lançamento da ideia na administração da empresa. Lembre-se: um produto nasce “fora” da empresa. É lá, fora da empresa, que precisamos identificar a necessidade, e não somente atrás da bancada. O melhor produto não necessariamente é o mais desejado.

Se você quer passar da fase de análise e triagem com sucesso, tenha em mente que deverá responder a perguntas básicas, como: Qual é a descrição do produto? Qual é a ideia de mercado total em valor e volume? Vou concorrer com alguém? Quem? Ideias de custo de desenvolvimento, produção e preço de vendas são imprescindíveis.

Se a ideia acima for bem trabalhada, poderá ser contratada uma empresa para avaliar a comunicação e estabelecer o modelo de teste de conceito, mas é importante que você acompanhe o assunto, para ganhar experiência e contribuir no processo.

Uma conversa com o seu homem financeiro poderá ajudá-lo na análise do negócio. Peça a ele uma ajuda para fazer uma avaliação econômica do negócio. Ele sabe como fazer, e você poderá dar ou estimar alguns dos valores solicitados para a avaliação do retorno dessa ideia. Note: você não precisa saber fazer essa avaliação, apenas saber que precisa fazê-la e que, muito provavelmente, dentro da sua empresa já existe o recurso para ajudá-lo.

Se você chegou até aqui, eu posso garantir que o seu conceito dentro da empresa subiu e o apoio para as próximas etapas do desenvolvimento de um produto não lhe será negado. Não se esqueça que conhecimento extra e plural não ocupa espaço e é sempre um diferencial.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Impacto das BPF e C na implantação do SQ

Quando conceituamos Sistema da Qualidade (SQ), podemos adotar a definição geral de “sistema”, que diz “é todo esforço organizado e documentado dentro de uma empresa, com o sentido de desenvolver, produzir, manter e assegurar as características do produto ou serviço, de modo que cada unidade deste esteja de acordo com suas especificações.”

Um SQ consistente deve assegurar que:

- As operações sejam claramente especificadas por escrito e as exigências das BPF e C sejam cumpridas.

- Os testes necessários para avaliar as matérias-primas sejam realizados de acordo com procedimentos escritos e devidamente registrados.

- Os equipamentos sejam calibrados, com documentação comprobatória.

- A formulação seja corretamente preparada, segundo procedimentos apropriados.

- A formulação seja produzida e conservada de forma que a qualidade desta seja mantida até o seu uso.

- Sejam realizadas auditorias internas, de modo a assegurar um processo de melhoria contínuo.

- Sejam elaborados procedimentos escritos para a limpeza das áreas, dos materiais e dos equipamentos.

- Exista um programa de treinamento inicial e contínuo, adaptado de acordo com as necessidades.

- Exista um sistema controlado, podendo ser informatizado, para arquivamento, por período estabelecido, dos documentos exigidos de todas as etapas do processo.

- Sejam estabelecidos prazos de validade, assim como estabelecidas as instruções de uso e de armazenamento dos produtos.

Ao analisarmos essas premissas, já podemos constatar que as bases para a implantação do SQ são, efetivamente, resultantes da implantação prévia das Boas Práticas de Fabricação e Controle (BPF e C).

Modernamente, as BPF e C são consideradas ferramentas da qualidade, por causa do impacto que causam nas ações necessárias para a obtenção dos parâmetros da qualidade.

Uma das grandes dificuldades que se apresenta para a implantação do SQ e das BPF e C é que a grande maioria dos administradores ainda as considera como parte não integrante dos processos da qualidade.

Essa consideração equivocada traz grandes dificuldades para que se consiga implantar esses processos em empresas, sejam de pequeno, sejam de grande porte.

Muitas vezes, durante minhas atividades de consultoria, sou questionado se existe uma forma eficaz para mudar ou mesmo minimizar esse posicionamento dos administradores em relação a esses processos.

Respondo que os administradores vão adotar esse posicionamento quando ocorrer uma mudança na cultura da empresa, ou seja, quando mudar o conjunto de princípios e conceitos internos, que agem como fatores limitantes ou muitas vezes impeditivos em relação a essas mudanças. E essas mudanças também não são fáceis de obter – muitas vezes, há necessidade de aguardar por mudanças na alta gerência da empresa. O argumento padrão para que as mudanças não ocorram é: “sempre foi assim!”

Outro fator que compromete a efetiva implantação é a caracterização funcional e conceitual de que as “ações de qualidade” são exclusivamente responsabilidade do setor de controle de qualidade ou da garantia da qualidade (mal-implantada). O exemplo clássico disso é a cultura da empresa fixar, na mente dos colaboradores, que qualidade não é responsabilidade indistinta de todos os colaboradores da empresa.

Enfatizo que as atividades de qualidade são 60% de natureza comportamental, ou seja, dependem exclusivamente das pessoas e não da documentação que as formaliza.

Tomando como exemplo certa empresa que faz constar no cartão de apresentação de seus colaboradores, abaixo da função destes, quaisquer que seja, a expressão “Suporte de Vendas”, gostaria de sugerir que se acrescentasse, neste cartão, esta expressão: “Profissional de Qualidade”.

Assuntos Regulatórios por Artur João Gradim

Ano de muito trabalho e desafio

O ano de 2011 tem sido e continuará sendo de intensa atividade no âmbito regulatório internacional e nacional, no que se refere aos produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, com significativos impactos nas empresas produtoras e importadoras localizadas no Brasil.

No escopo abrangente do Mercosul foi harmonizada, aprovada e elevada ao Grupo do Mercado Comum (GMC) a proposta do projeto de Resolução referente ao novo Regulamento Técnico (RT) sobre Protetores Solares (GMC nº 1/10 Rev.1), que revoga a Resolução GMC nº 26/02, a qual se mantém, por ora, em vigor no Brasil, por meio da Resolução da Anvisa, a RDC nº 237/02.
A aprovação do novo RT tem alto impacto na maioria dos fabricantes de protetores solares, uma vez que as ações necessárias para a adequação dos produtos praticamente remontam às ações previstas para um novo desenvolvimento e tempos correspondentes, considerando o que os novos requisitos preconizam. Dentre outras exigências, o novo RT estabelece a obrigatoriedade de as formulações desses tipos de produto conferirem proteção UVA e UVB. A proteção à radiação UVA deverá ter o valor mínimo de 1/3 do nível de proteção alcançado pelo produto contra a radiação UVB, simbolizada pelo número do fator de proteção solar (FPS), que, doravante, será viabilizado somente a partir de um valor mínimo de 6. Não mais será permitida a comercialização de produtos FPS 2 e 4, assim como dos denominados “bloqueadores solares”, como também passa a ser proibido o uso de expressões como “bloqueia 100% a radiação solar”, entre outras similares a esta.

O tipo de produto e/ou a atribuição acessória da ação bronzeadora foi mantido para os produtos com nível FPS≥6 de proteção UVB e 1/3 mínimo correspondente à UVA na faixa de 340 nm. A internalização, no Brasil, desse novo regulamento é aguardada com ansiedade, uma vez que deverá estabelecer igualmente o prazo que as empresas terão para fazer essa adequação.

No Brasil, a bola da vez é a Resolução RDC nº 16, de 12/4/2011, e o seu anexo, definido como RT referente à “Lista de Substâncias que os Produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos não Devem Conter Exceto nas Condições e com as Restrições Estabelecidas”, que igualmente revoga a Resolução RDC nº 215, de 25/7/2005.

Por sua abrangência, impacta em uma adequação aplicável praticamente à totalidade dos produtos notificados (Grau 1) e registrados (Grau 2) até então, incluindo aqueles produtos cuja petição foi protocolada (estando ainda em análise) anteriormente à publicação dessa Resolução.

Chamo essa atualização de “Resolução de Amplo e Acurado Espectro”, devido ao singular fato de implicar ações de verificação prévia em todos os produtos que contenham composições aromáticas (“parfum”) em sua composição, em relação à presença das substâncias listadas (compiladas da Diretiva da União Europeia), identificadas como potenciais causas de reações alérgicas de contato em consumidores sensíveis.

A confirmação da presença de uma ou mais substâncias listadas e das concentrações estabelecidas pela RDC nº 16 implicarão na obrigatoriedade da sua inclusão na relação de ingredientes dos componentes que aparece na rotulagem do produto.

Dentre as demais alterações constantes nesse RT, citamos como substâncias excluídas, o fenol, os diaminofenóis, o formaldeído (agora só pode ser utilizado como conservante, na concentração máxima de 0,2%) e o piroctone olamine.

Nas inclusões constantes desta revisão, sinalizamos os fluoretos (sódio, potássio e amônio), cuja utilização passou a ser restrita nas condições estabelecidas, com a obrigatoriedade da inserção de advertências e da menção da presença do componente na rotulagem do produto.

Para os fluoretos anteriormente inscritos, são requeridas novas informações no texto de rotulagem dos produtos que os contenham.

Em relação aos fluorsilicatos e monofluorfosfatos utilizados em produtos de higiene bucal foram incluídas novas recomendações que devem constar na rotulagem.

Igualmente, passam a constar nesta lista de substâncias o glioxal (limite máximo 100 mg/kg), o triclorocarban (em produtos leave-on), os sulfitos e os bisulfitos (em produtos de coloração capilar, alisamento e autobronzeamento), e o tolueno (uso em produtos para unhas) na concentração máxima de 25%, entre outras não mencionadas aqui.

Concluindo esta breve abordagem regulatória, no que se refere à Resolução RDC nº 16/2011 (que é a atualização da RDC nº 215/05) enfatizamos que as alterações, se for o caso, aplicáveis a cada produto, mesmo àqueles em comercialização, deverão ser peticionadas na Anvisa até o dia 31 de outubro deste ano, e implementadas.

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

Desafios no desenvolvimento de produtos hair care

No mercado brasileiro é grande a demanda por produtos para hair care, assim como é grande a oferta desses produtos. Além da importância em tamanho, esse mercado específico tem aumentado sua capacidade e disposição para comprar e pagar mais pelos produtos, o que o torna muito atrativo. Em contrapartida, ele está se tornando cada vez mais exigente. Portanto, para uma empresa obter bons resultados nesse segmento não há outro caminho, senão ser competitiva e, principalmente, inovar. Em desenvolvimento de produtos, “inovar” tem muitas implicações.

Atualização - o primeiro ponto a ser considerado é que os técnicos devem estar absolutamente atualizados em relação às tecnologias disponíveis e às tendências que vão se delineando até se transformarem em demandas. Também existe a necessidade de manter-se atento à normatização regulatória. É preciso, inevitavelmente, absorver e aplicar informações de fornecedores, revistas técnicas, seminários, cursos e congressos. Isso exige tempo e dedicação.

Funcionamento bem planejado - o funcionamento do departamento tem de ser harmonioso em suas atividades internas e no relacionamento com outros setores.

Gestão de informação e processos - se não existir um formato operacional bem estabelecido, com um padrão adequado para a gestão de informações e processos, os técnicos ficarão muito ocupados com “atividades de meio” e não terão tempo de se preparar para aplicar seus conhecimentos em inovações.

Briefing formal e cronograma adequado - para a boa execução de um projeto é necessária a elaboração formal de um briefing, para que todos tenham as mesmas referências. Da mesma forma, é preciso ter um cronograma bem montado, para que as atividades possam ser executadas sem atropelos.

Abordagem adequada do custo - em um novo projeto, o custo deve estar claramente definido e deve ser corretamente abordado pelo P&D. Aqui o caminho não é “fazer o mais barato possível”, mas sim o mais justo possível. O primeiro desafio é estabelecer bem o custo do novo produto, o segundo é aproximar-se ao máximo desse valor. Ultrapassar o custo ou ficar muito abaixo deste certamente significará perda de competitividade por preço alto ou baixa performance, respectivamente.

Documentação técnica e regulatória em absoluta ordem - é necessário reconhecer que a documentação técnica e regulatória é extensa e complexa, mas é absolutamente fundamental que esteja organizada e completa, independentemente do tamanho da empresa. Ignorar esse princípio pode gerar problemas muito sérios e graves. Temos de lembrar que uma linha com 300 produtos terá quase 10.000 documentos. Se essa questão não estiver bem equacionada, será formada uma situação na qual inovar será praticamente impossível.

Inovar inovando - como o mercado é exigente e tem elevado constantemente sua capacidade de avaliar o produto, não basta mais desenvolver uma formulação estável e atraente. Ela deve ser diferenciada e comprovadamente segura e eficaz. Para isso, é indispensável a realização de testes, não só de estabilidade, mas também de segurança e eficácia. Particularmente no caso de produtos para hair care, há uma grande possibilidade de se elaborar protocolos de teste de eficácia in vitro, utilizando mechas para avaliar brilho, termoproteção, alisamento, duração de cachos, hidratação e força, que são claims comuns e devem ser cuidadosamente avaliados e totalmente comprovados. Esses são testes de baixo custo, que darão uma decisiva contribuição para o bom resultado do projeto. Os ensaios de aceitabilidade também serão muito úteis.

Na empresa de grande porte será necessário cuidar dos procedimentos, para que eles não se transformem em empecilhos ou dificuldades extras. Na pequena empresa será preciso evitar que o acúmulo de tarefas e a informalidade não comprometam os trabalhos. Citar o tamanho da empresa como justificativa para a demora em gerar inovações ou para não cumprir todas as etapas de um desenvolvimento – inclusive as obrigatórias – não resolve a questão. Muito pelo contrário: esconde uma realidade que pode comprometer a competitividade e a lucratividade num futuro próximo.

A prática de aproveitar formulações mudando somente a fragrância, o corante ou adicionando um ativo – normalmente em concentrações nas quais fica difícil imaginar que cumprirão sua função – não atende mais a um mercado que já sabe reconhecer e julgar o desempenho de produtos e, certamente, essa não é a melhor conduta para a empresa que espera obter resultados consistentes e duradouros.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Polímeros e hair care

Os cabelos trazem polímeros na sua composição. Os efeitos desejados para shampoos, condicionadores e produtos para penteados dependem dos polímeros.

A própria etmologia da palavra “polímero” já nos dá uma noção do que eles são: moléculas muito grandes, formadas pela junção de pequenas moléculas, unidas quimicamente. Podemos classificar o polímero como homopolímero, quando ele é composto por um único tipo de molécula, repetida inúmeras vezes, ou como copolímero, quando é composto por muitas unidades de dois ou três tipos de molécula diferentes.

Os polímeros podem ser naturais, como o próprio DNA ou o RNA, a teia da aranha, a celulose e a borracha. Eles também podem ser sintetizados em laboratório e assim assumir as formas que se queira dar, como linear, ramificada ou até formas tridimensionais, chamadas de dendrímeros.

Esses polímeros têm inúmeros usos, dependendo da sua estrutura, isto é, eles podem ser feitos com a finalidade específica de serem usados em vários tipos de artigo, desde vidros à prova de bala até material para a construção de aviões! Na área da saúde podemos encontrá-los em drogas de liberação especial, implantes que substituem ossos e, na área da estética, em implantes para minimizar rugas e sulcos.

Nos produtos para cuidado com os cabelos, vamos encontrá-los em:

Shampoos - muitos polímeros são bastante úteis em shampoos, pois ajudam a espessar e manter a viscosidade do produto, o que dá a consistência desejada pelo consumidor. É muito mais fácil aplicar um shampoo ou condicionador se ele não escapar entre os dedos quando derramado da embalagem nas mãos. Alguns desses polímeros também são utilizados como estabilizadores de emulsão, pelo fato de ajudarem a manter a formulação de óleo-em-água, o que é mais típico em produtos para cabelos. Dentre os produtos mais utilizados para essas finalidades, estão: hidroxi-etil-celulose, hidroxi-propil-metil-celulose, carboximetil, harboxymethyl hidroxipropil e carbômero (ácido poliacrílico, acralates/C10-130 alquil acrilato).

Condicionadores - Polímeros catiônicos são muito usados como agentes de condicionamento para o cabelo. Esses polímeros são quimicamente modificados para ter cargas positivas ao longo de sua estrutura. Como o cabelo tem carga negativa, esses polímeros ficam eletricamente vinculados à superfície do fio e, quando aplicados sob o chuveiro, vão resistir a ser lavados pela água. Isso fará que as cutículas sobre a superfície do cabelo permaneçam na posição horizontal, o que dará textura suave e aparência brilhante para o cabelo. Esses polímeros também ajudam a separar e proteger cada fio de filamentos adjacentes, o que evita o embaraço e facilita o pentear. Esses tipos de polímero sao conhecidos como polyqyaternium no sistema de nomenclatura INCI.

Silicones também são ingredientes muito usados pelos formuladores de produtos para o cuidado dos cabelos, devido às suas propriedades de condicionamento. Esses polímeros se depositam sobre a superfície do cabelo e agem para reduzir o atrito no ato de pentear, proporcionando efeito emoliente, transmitindo brilho e reduzindo a carga estática entre os fios de cabelo, evitando assim o aspecto “armado” dos penteados.

Dentre os silicones mais utilizados na indústria dos condicionadores, estão: poliquatérnio-10, poliquatérnio-7, poliquatérnio-11, cloreto de hidroxi-propil-trimônio. Exemplos de silicones são: dimeticone, amodimeticone, ciclopenta-siloxano, ciclometicone, copolióis dimeticone e dimeticonol.

PEG - é o polietileno glicol, um polímero solúvel em água, que reage facilmente a uma variedade de outras moléculas. O número associado ao PEG na nomenclatura INCI é um indicativo do número de unidades repetidas PEG presentes. Quanto maior o número, maior a solubilidade em água da molécula modificada. Essas moléculas modificadas podem ser usadas ​​como emulsionantes, modificadores de viscosidade, tensoativos e umectantes. Dentre os produtos PEG que temos mais comumente usado em produtos para cabelos, estão: o PEG-150 diestearato e o PEG-10 laurato sorbitano.

Formadores de filmes - os polímeros são muitas vezes a fonte de “sustentação” em produtos para penteados, como gel de cabelo e hair sprays. Esses polímeros formam um depósito sobre a superfície dos fios de cabelo e fazem que eles sejam atraídos um pelo outro por meio de forças capilares. Os polímeros, em seguida, secam para formar filmes. O filme é forte o suficiente para manter os cabelos juntos até que ele seja removido por meio de lavagem, ou até que seja quebrado devido à ação de forças mecânicas sobre o cabelo (o ato de penteá-lo agressivamente).

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Linhas profissionais exigem embalagens diferentes?

A resposta a essa pergunta é “não”, no que se refere ao aspecto qualidade, e “sim”, sob o ponto de vista do desenvolvimento, do design e da produção. Antes, porém, precisamos entender o que é uma embalagem profissional ou para uma linha profissional. Existem, basicamente, dois tipos de linha profissional.

Existe a embalagem para produtos de uso dos profissionais de estética, que são os cremes de tratamento, de massagem, os óleos essenciais, as máscaras de argila, os liftings, os produtos para uso em cabines etc. Outra é a embalagem usada nos salões, para uso exclusivo dos profissionais cabeleireiros, que são os shampoos, os condicionadores, as máscaras capilares, os finalizadores etc.

Como foi dito acima, no aspecto qualidade não pode haver diferença, tanto nas avaliações por variáveis quanto por atributos. Nas avaliações por variáveis – nas quais são feitas medidas de diâmetro, altura, largura, espessura de parede, peso, volume OF (over flow), volume BG (base do gargalo), dentre outras medidas – uma atenção especial é voltada exatamente ao volume e à câmara de expansão necessária para evitar vazamento, no caso de um aumento da temperatura ambiente e do consequente aumento de volume do produto. Em outras palavras, não se deve encher a embalagem até a boca, mas sim deixar um espaço para a expansão de volume do produto.

Nas avaliações por atributos, quando se busca defeitos visuais, deve-se dar a mesma importância conferida a uma embalagem para linha comercial (aquela que é vendida ao cliente usuário), inclusive mantendo os mesmo NQAs (níveis de qualidade aceitável) usados pela empresa. É importante ressaltar essa questão, pois em muitos casos o fato de a embalagem ser desenvolvida para uma linha profissional faz que ela receba “vistas grossas” frente a problemas como variação de cor, borrões de gravação e rebarbas, o que não deveria acontecer.

Se no quesito qualidade não existe diferença entre uma linha profissional e uma comercial, nos aspectos desenvolvimento, design e uso na produção existem diferenças que precisam ser levadas em conta.

No que diz respeito ao desenvolvimento/design, uma embalagem profissional tem uso diferenciado e quem a desenvolve precisa preocupar-se com a quantidade, que normalmente é bem maior do que a contida em uma embalagem comercial; com o local onde a embalagem vai ser armazenada para uso; e, acima de tudo, como ela será utilizada (se servirá apenas como estoque para depois ser transferida para uma embalagem menor na hora do uso, ou se vai diretamente para o uso do profissional); além de ater-se ao aspecto ergonômico.

Em se tratando de uma embalagem para linha capilar, como um shampoo, se o objetivo for o armazenamento e a posterior transferência do produto para um frasco menor, é preciso uma embalagem de 2, 3 ou 5 kg com tampa-cega, sem grandes preocupações com a ergonomia, mas sim com a facilidade de armazenagem. Mas, se ela for diretamente para o uso no salão, precisará de uma válvula que seja ergonomicamente adequada e conter uma quantidade que não dificulte o uso.

Finalmente, no aspecto produção, é preciso tomar cuidado e, previamente, saber se quem vai fazer o envase, seja a própria empresa, seja um terceirista, tem equipamento compatível com o volume e o tamanho da embalagem.

Digo isso porque os equipamentos são adquiridos para envasar, normalmente, volumes abaixo de 1 kg ou 1 litro. Acima disso, são necessários motores mais potentes, bicos de envase diferentes e pistão com maior capacidade, para evitar o envase de uma embalagem profissional com 2, 3, 4 e até 5 “bombadas”. É nesse caso que se acaba envasando até a boca da embalagem e desrespeitando a câmara de expansão do produto. O mesmo vale para as máquinas de rotular, que nem sempre são compatíveis com os tamanhos de embalagens profissionais.

Com relação aos dizeres de rotulagem (Anvisa) não há mudança em relação a qualquer outra embalagem ou outro produto. O fato de a embalagem ser desenvolvida para o uso profissional não significa que ela não precisa obedecer exatamente a tudo o que pede a legislação vigente.

A Anvisa não faz diferença entre um produto profissional e um comercial, muito menos considera a definição “produto artesanal” – isso não existe para a Anvisa.

Certa vez, falando com o dono de uma empresa que fabricava produtos profissionais, vi que nas embalagens só havia o rótulo na frente da embalagem, e, consequentemente, faltavam todos os textos, inclusive o texto legal obrigatório.

Questionado, ele respondeu que se tratava de um produto artesanal. Com certeza, faltou orientação técnica adequada para esse empresário.

Finalizando, são poucos os fornecedores que trabalham com embalagens para linhas profissionais. É preciso, então, realizar o árduo trabalho da procura e, acima de tudo, do acerto na embalagem que se procura e do respectivo fornecedor.

Luis Antonio Paludetti
Manipulação Cosmética por Luis Antonio Paludetti

Faca de dois gumes

Recentemente, foi concedido pela Justiça o direito de as farmácias dispensarem cosméticos por elas preparados, sem a necessidade de prescrição médica. Aparentemente, isso pode parecer um ganho para as farmácias. Mas é preciso uma análise mais detalhada, para compreendermos melhor com o que estamos lidando.

Primeiramente, quero deixar claro que eu sou favorável ao preparo e à dispensação de cosméticos em farmácias sem a necessidade de prescrição, desde que isso se faça no atendimento de necessidades especiais dos pacientes, que não são supridas pela indústria cosmética, e sem que a farmácia se caracterize como uma “mini-indústria”.

Posto isso, é preciso resgatar um pouco da história dos cosméticos e da manipulação. Cosméticos são preparados por farmacêuticos, desde que o mundo é mundo. Mais precisamente, no Brasil, os cosméticos e os medicamentos sempre foram oferecidos pelas boticas. Mais tarde, com o estabelecimento das indústrias, esse panorama mudou um pouco, sendo que a indústria cosmética começou a surgir e a ocupar esse espaço nas grandes e médias cidades. Nas cidades menores, os cosméticos mais populares eram ofertados pelos supermercados e magazines, não havendo oferta de produtos mais “sofisticados”.

No final da década de 1970, as farmácias com manipulação ressurgiram, resgatando o preparo de cosméticos em pequenas quantidades. O paciente informava, por exemplo, que estava com o couro cabeludo oleoso, e a farmácia preparava um shampoo antioleosidade. Apesar de já estarem em vigor a Lei nº 5991/73 e a nº 6360/76, que impedem o preparo de cosméticos em farmácias, a prática era vista como “normal” pelas vigilâncias sanitárias na época.

Com o passar do tempo, essa prática foi crescendo e várias farmácias passaram a criar “linhas próprias de cosméticos”, manipulando-as nas dependências da farmácia e deixando-as expostas em suas prateleiras. O excesso de oferta de produtos despertou então a fiscalização, que apertou as rédeas e impediu que as farmácias mantivessem o preparo de suas linhas. Agora, liminares concedidas permitem que as farmácias retornem a essa prática.

Mas isso é vantajoso? Qual é a vantagem competitiva que a farmácia teria em relação à indústria cosmética?

Para responder a essas perguntas, precisamos ter em mente que um paciente procura um cosmético manipulado basicamente porque o cosmético oferecido pela indústria não o satisfaz. Submete então o caso ao farmacêutico, que, com base em seu conhecimento, formula um produto que satisfaz a necessidade. Ao utilizar o produto, o paciente pode dar um retorno ao farmacêutico, que, por sua vez, “aperfeiçoa” o produto, em uma relação de fidelidade que é profícua para ambos.

Essa é a vantagem competitiva: fazer sob medida e ajustar-se às necessidades rapidamente. Nesse sentido, o farmacêutico pode, dentro dos limites da legislação, combinar ativos de forma exclusiva e utilizar concentrações desses ativos que, na maioria das vezes, são maiores que aquelas utilizadas pela indústria. Também, a velocidade em que o ajuste do produto é feito é muito maior, pois este não necessita de inúmeras fases de desenvolvimento e pesquisas de mercado. Isso faz que o produto manipulado seja realmente diferente e, quase sempre, apresente resultados mais expressivos.

Agora, ao preparar uma linha padronizada e deixá-la exposta, a vantagem competitiva da farmácia se esvai, como fumaça ao vento. É como se a farmácia quisesse engessar-se. Além disso, existe uma questão que é quase sempre esquecida: a legislação em cosméticos.

Quando se pensa que uma farmácia pode manipular, em suas dependências, linhas de cosméticos para atender à população em geral, indiscriminadamente, por uma questão de isonomia é preciso que elas se adaptem à legislação vigente, que é bastante restritiva.

Como vimos, uma das vantagens da farmácia é poder utilizar ativos em concentrações diferenciadas da indústria. Há diversos ativos que possuem uso restrito em cosméticos, mas que, com a supervisão e o monitoramento do farmacêutico, poderiam ser facilmente utilizados além dessa concentração, em cosméticos manipulados, que ficariam no limiar entre os medicamentos e os cosméticos. O farmacêutico seria o responsável pela segurança do uso individual. No caso de o farmacêutico optar por produzir em escala, ainda que pequena, acredito que o mesmo deva ficar obrigado a seguir a legislação vigente, o que, mais uma vez, mina suas vantagens competitivas.

Por fim, é preciso pensar que, caso uma farmácia queira desenvolver uma linha própria, ela poderá terceirizar a produção. Atualmente, há empresas que terceirizam a partir de 200 ou 300 unidades, com preços competitivos. A farmácia fica com o desenvolvimento e o terceirista, com a produção, o que resulta em produtos mais profissionais e de acordo com a legislação.

Como se vê, é preciso refletir sobre o que se quer para as farmácias magistrais. Precisamos propor não só liminares, mas também marcos regulatórios específicos para a manipulação de cosméticos em farmácias, um direito histórico do farmacêutico.

Os cosméticos manipulados – seguidos de aconselhamento e acompanhamento farmacêuticos – constituem uma vantagem e um serviço excepcional, além de serem um cartão de visitas e uma fonte de rendimentos excepcionais. Não podemos – sem refletir – deixar que eles se transformem em uma faca de dois gumes.






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