Produtos Infantis - Feito gente grande!

Edicao Atual - Produtos Infantis - Feito gente grande!

Editorial

Bola pra frente

No país do futebol, já estamos pensando na próxima Copa do Mundo, como se 2014 fosse amanhã. Na verdade, temos uma longa trilha a percorrer. 

Entretanto, parece que muitos ainda não se deram conta de que 2010 é um ano muito importante para os brasileiros (não, agora não estou me referindo ao futebol, portanto, também não ao hexacampeonato que não chegou). Neste ano, elegeremos o presidente da República, os governadores e os prefeitos, que são as principais figuras da vida política e administrativa do Brasil. É hora de saber que legado pretendemos deixar para o futuro. A decisão está em nossas mãos, ou melhor, em nossos votos. 

Enquanto isso, calem as vuvuzelas, guardem as jabulanis!

Nesta Cosmetics & Toiletries (Brasil), o mercado de produtos infantis é a pauta da matéria de capa. Dois interessantes artigos demonstram as reações neurológicas positivas e de bem-estar proporcionadas por tratamentos faciais. Outros dois artigos abordam a tecnologia de micronização e o uso de pigmentos tratados.

No caderno “ABC News”, o leitor encontrará informações sobre o projeto da ABC de instalar no Brasil um centro de testes alternativos ao uso de animais, que se torne referência mundial, e sobre o curso de especialização em Cosmetotoxicologia, para a formação inédita de profissionais de avaliação de segurança.

Em “Persona”, Carlos Cruz revela a saga do empreendedor que soube valorizar todas as oportunidades que surgiram ao longo de sua vida profissional. Vale a pena conhecê-la.

Boa leitura,
Hamilton dos Santos
Editor

Base de Maquiagem para a Terceira Idade: Desenvolvimento e Implicações Neurológicas - Yukari Sakazaki, Chiaki Asami e Kazuhiro Nishikata (Pola Chemical Industries, Inc., Yokohama, Kanagawa, Japão) Toshimitsu Musha (Brain Functions Lab. Inc., Yokohama, Kanagawa, Japão)

No presente artigo, os autores desenvolveram uma base de maquiagem especificamente adequada para as necessidades e as preferências das mulheres da terceira idade e, por meio de medição científica, confirmaram que o seu uso de forma adequada pode promover a ativação cerebral. Os estudos validaram que, entre mulheres da terceira idade, a satisfação com seu aspecto físico pode contribuir com maior autoconfiança, melhores perspectivas de vida e para maior resistência às doenças neurológicas.

En el presente reporte los autores desarrollaron una base de maquillaje específicamente adecuada para las necesidades y preferencias de las mujeres de edad mayor y, a través de medición científica, confirmaron que el su uso adecuado puede promocionar activación cerebral. Los estudios validaron que entre mujeres de edad mayor, la satisfacción con su aspecto podría contribuir a una mayor autoconfianza, a una mejor perspectiva y a la resistencia a las enfermedades neurológicas.

In the present report, the authors developed a foundation specifically tailored to the needs and preferences of elderly women and, through scientific measurement, confirmed that wearing the right makeup leads to brain activation. Studies validated that among elderly women, satisfaction with self-appearance could contribute to higher self-confidence, improved outlook and resistance to neurological ailments.

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Tratamento Facial e Bem-estar - Beatriz Sassaki e Túlio N. da Cunha (Faculdade de Farmácia da Universidade Santa Cecília – Unisanta, Santos SP, Brasil)

Os produtos cosméticos melhoram o estado da pele, aproximando-a de suas condições ideais. Nesse contexto, incluímos o bem-estar como fator relevante e a responsabilidade do profissional farmacêutico envolvido na produção, comercialização e orientação de como usar esses produtos.

Los productos cosméticos benefician el estado general de la piel. En este contexto se incluyen el bienestar como un factor relevante para el desarrollo de nuevos productos y la responsabilidad de los farmacéuticos que participan en la producción, la comercialización y la orientación de uso de eses productos.

Cosmetic products benefit the skin conditions bringing it closer to its ideal conditions. In this context we emphasize the well-being as a relevant factor for the development of new products and the responsibility of the pharmacist involved in the production, marketing and orientation of how to use of these products.

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Influência da Micronização de Partículas em Maquiagem - Rodrigo Novacoski (Schwan Cosmetics, São José dos PinhaisPR, Brasil)

Neste artigo, inicialmente são comparados dois processos de moagem de pigmentos utilizados em maquiagem: o convencional com moinho de martelos e a micronização. A seguir, são apresentadas as vantagens em usar a micronização e descritos os atributos diferenciais dos produtos obtidos com pigmentos tratados por esse processo.

En este artículo, inicialmente, se comparan dos procesos de molienda de pigmentos utilizados en el maquillaje: el convencional con molino de martillos y la micronización. Adelante son presentadas las ventajas en el uso de la micronización, y se describe los atributos diferenciales de los productos obtenidos con pigmentos tratados por este proceso.

At first, in this article first two processes processes for pigments grinding used in makeup are compared: the conventional hammer mill and the micronization. Further the advantages in using micronization are presented, and described the differential attributes of the products manufactured with pigments treated by this process.

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Benefícios de Pigmentos Tratados em Cosméticos Coloridos - Yun Shao, Ph.D (Kobo Products, Inc., South Plainfield, New Jersey, USA)

Neste artigo, o autor descreve os benefícios característicos dos pigmentos com superfície tratada e apresenta um recém-desenvolvido pigmento, recoberto por substâncias naturais, que proporciona novas propriedades e maior performance.

En este artículo el autor describe los beneficios característicos de los pigmentos con superficie tratada, y presenta un recién desarrollado tipo de pigmento recubierto por sustancias naturales que proporciona nuevas propiedades y un mayor rendimiento.

In this article the author describes the typical benefits of surface-treated pigments, and presents a novel pigment coated with natural substances that provides new properties and increased performance.

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Estabilidade de Creme Não Iônico com Ácido Ascórbico - Andreas S. L. Mendez e Cássia V. Garcia (Universidade Federal do Pampa, Uruguaiana RS, Brasil) Felipe S. Saraiva (Centro Universitário Metodista IPA, Porto Alegre RS, Brasil)

Foi pesquisada a estabilidade de creme não iônico contendo ácido ascórbico a 10%. As preparações foram avaliadas após centrifugação, ciclo gelo-degelo e em armazenamento a 4°C e 25°C. Observou-se alteração nas amostras estocadas em temperatura ambiente, com modificação das características organolépticas e da qualidade sensorial das amostras.

Fue investigada la estabilidad de crema no ionica contiendo el ácido ascórbico a 10%. Las preparaciones fueron evaluadas bajo la centrifugación, ciclo hielo-deshielo y en estocage a 4°C y 25°C. Los resultados obtenidos mostraran modificaciones en las características organolépticas y en los aspectos sensoriales de las amuestras mantenidas a temperatura ambiente.

The stability determination of a non ionic cream containing ascorbic acid 10% was evaluated. The preparations were evaluated after centrifugation, freeze-thaw cyclo and storage at 4°C and 25°C. It was observed alterations in the samples stored at room temperature, verifying modifications in the organoleptic characteristics and in sensorial aspects.

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Emulsões Cosméticos (Artigo de Revisão) - Hamilton dos Santos (Editor de Cosmetics & Toiletries (Brasil), São Paulo SP, Brasil)

Emulsão é uma das formas cosméticas mais utilizadas pela indústria de produtos de cuidado pessoal. Neste artigo de revisão, são apresentados os tipos e os componentes das emulsões, os processos de preparação e os casos de instabilidade.

Emulsión es una de las formas cosméticas mas utilizadas por la industria de productos de cuidado personal. Este artículo de revisión presenta los tipos y componentes de las emulsiones, y los procesos de preparación y los casos de inestabilidad.

Emulsion is one of the cosmetic forms most used by industry for personal care products. This review article presents the types and components of emulsions, and process of preparing and the instability occurrence.

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Cristiane M Santos
Direito do Consumidor por Cristiane M Santos

Consumo cultural

Dentre as diversas áreas transformadas pela evolução tecnológica, talvez a cultural tenha sido uma das mais afetadas.

Existe dificuldade dessa área em adaptar-se ao novo paradigma, por causa da insistência em permanecer num modelo de negócio tradicional, dos preços que pratica, incompatíveis com a renda dos consumidores e por ser regida por uma lei considerada extremamente rígida. Estes podem ser alguns dos principais fatores que contribuem para que os bens intelectuais, como CDs e DVDs, tornem-se o alvo favorito da pirataria.

Hoje, o consumidor obtém a música que acabou de ouvir sem precisar sair de casa, pois vivemos num tempo em que a circulação de produtos culturais é feita por meio de plataformas digitais – não é mais necessário ir a uma loja comprar um CD (modelo de negócio tradicional).

Em muitos casos, o preço praticado para a venda de bens intelectuais é absurdo, e isso não ocorre somente no Brasil - recentemente comprei um livro de direito (que não tinha nada de especial), nos Estados Unidos, por US$ 200.00!

A Lei de Direitos Autorais (LDA) brasileira, nº 9610/98, vigente no País, vem sendo considerada rígida e incomunicável com os outros diplomas legais, principalmente com o Código de Defesa do Consumidor, e não facilitadora do desenvolvimento da economia cultural – setor que representa 7% do PIB nacional, de acordo com estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e que em muitos países europeus, mesmo em épocas de crise, é considerado setor estratégico, no qual não se faz corte orçamentário.

Além disso, a LDA está em desacordo com a nova realidade social, ao considerar infração que um professor exiba um filme em sala de aula, por exemplo.

Estudo realizado em 2009, pela entidade Consumers International, considerou a LDA brasileira a quarta pior do mundo no que se refere ao seu uso educacional.

Vislumbrando a necessidade de mudança – depois de uma campanha realizada por 20 entidades civis – o Ministério da Cultura abriu este ano, no dia 14 de junho, consulta pública para discutir o anteprojeto de lei que reforma a LDA.

Segundo o Ministério da Cultura, o intuito da consulta é “harmonizar a proteção aos direitos do autor, o acesso do cidadão ao conhecimento e a segurança jurídica ao investidor”.

Esse debate tem relação direta com a proteção do autor, com os direitos do consumidor e com o acesso à cultura - direito de qualquer cidadão.

Dentre as questões discutidas estão: o “jabá”, prática que consiste em grandes gravadoras pagarem às rádios para que estas toquem determinada música, e que restringe o acesso do consumidor à diversidade musical brasileira; a garantia do direito do consumidor fazer cópia privada de produtos culturais para fins não comerciais; disciplinar a obrigatoriedade de colocar uma obra em circulação quando houver impedimento desmedido por parte de herdeiros de direitos autorais, ou no caso de obras de autores desconhecidos; expandir a possibilidade de acesso aos bens culturais por pessoas portadoras de deficiência; criar um sistema de supervisão estatal dos órgãos coletores de direitos autorais; e regularizar a questão da fotocópia para uso educacional.

Esperamos que a reforma da LDA traga avanços significativos para a consolidação de direitos essenciais, como o direito autoral, o direito à informação e à cultura, pois o consumo cultural – de livros, músicas, filmes, por exemplo – é o mais qualificado que existe e é o que, de fato, pode diferenciar um país desenvolvido de outro emergente ou subdesenvolvido.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

BPFeC: Comportamento ou procedimento?

Ao ler o título, o leitor poderá ficar confuso pois a própria definição de Boas Práticas de Fabricação e Controle (BPFeC) define um “conjunto de procedimentos”.

Já na fase do desenvolvimento e da implantação de BPFeC, verifica-se que, embora sejam fundamentais, os procedimentos somente passam a ter importância quando acontece seu efetivo cumprimento.

A experiência mostra que em muitas empresas, ao ser considerada a necessidade de implantar esse sistema, sempre surgem as perguntas:

1 - Quantos procedimentos deverão ser escritos?
2 - Quem vai ser encarregado de escrevê-los?
3 - Quanto tempo será empregado na elaboração dos procedimentos?

Os questionamentos são efetivamente a comprovação de que o conceito real de BPFeC está sendo entendido como uma coletânea de papéis, a qual pode ser elaborada de uma forma qualquer ou, quando muito, por quem não necessariamente está diretamente envolvido nas atividades a serem descritas.

Apenas para exemplificar, gostaria de relatar um fato acontecido durante o acompanhamento que fiz de produção realizada por uma empresa tercerista contratada por uma empresa que é nossa cliente. Esse fornecedor foi considerado aprovado em processo prévio de qualificação.

Seguindo o procedimento normal, após prévio aviso feito por nossa cliente e em concordância com o estipulado no contrato de terceirização, durante a visita para acompanhar a produção solicitei ao setor responsável pela qualidade da contratada a documentação referente àquela produção e, de posse da mesma, dirigi-me ao local para acompanhamento do ciclo básico de produção: pesagem, fabricação e envase.

Na pesagem verifiquei algumas não conformidades comportamentais, que com treinamento de média carga poderiam ser eliminadas. Em seguida, dirigi-me ao manipulador, apresentei-me e lhe informei o motivo da minha presença. Fui surpreendido pelo manipulador que me perguntou se ele poderia verificar a cópia do procedimento de fabricação que estava em minhas mãos e, após ler atentamente, com a maior naturalidade do mundo, exclamou: “Este não é o procedimento que eu executo, este é o que foi escrito pelo meu supervisor quando para implantar as Boas Práticas”.

Poderia o prezado leitor avaliar minha surpresa em relação ao ocorrido? Após fazer uma investigação rápida, pude constatar a inexistência de BPFeC naquela empresa, embora existissem os procedimentos escritos.

Em razão do ocorrido, encerrei o acompanhamento e comuniquei imediatamente o fato ao cliente, que em seguida retirou o fornecedor de sua lista de fornecedores qualificados.

Ao avaliar as não conformidades envolvidas no fato relatado, pude considerar que:

- A área da qualidade desconhecia que as BPFeC haviam sido implantadas na empresa, ou melhor, que havia sido “tentada” sua implantação.

- Havia desconhecimento da administração da empresa de que procedimentos elaborados, revisados e aprovados não eram cumpridos. O mais grave é que isso acarretou o descredenciamento da empresa de um de seus maiores clientes.

Acredito que esse relato serve de alerta sobre a importância da correta implantação das Boas Práticas de Fabricação e Controle, pois, para haver o comprometimento dos colaboradores, deve ocorrer a participação efetiva de todos na elaboração dos procedimentos e, mais ainda, é preciso realizar o treinamento dos envolvidos, antes da sua implantação.

Para concluir, gostaria de deixar uma colocação para que o leitor reflita: o comprometimento, e não os procedimentos escritos, é o que efetivamente comprova a adoção das
BPFeC.

Emiro Khury
Assuntos Regulatórios por Emiro Khury

O que há de novo?

Em oportunidades anteriores, tentei predizer algumas mudanças que poderiam ocorrer nas regras que regulamentam nosso setor. Isso não é difícil de se fazer, basta acompanhar a pauta de reuniões do SGT 11 Saúde, grupo de cosméticos do Mercosul, dar uma olhada nos sites da Anvisa (www.anvisa.gov.br), da Comissão Europeia (Enterprise and Industry-Cosmetics) e da FDA (www.fda.gov/newsevents), e tentar entender os desdobramentos e as consequências que as informações publicadas por esses agentes reguladores podem provocar em nosso trabalho.

É possível também colher informações por intermédio de revistas, artigos ou informativos publicados, mas prefiro sempre consultar a fonte primária da informação. Na fonte a informação ainda é “pura” e isenta de interpretação. Caso esse não seja seu caso ou simplesmente você não tenha tempo para buscar as informações, essa coluna se propõe a prestar esse serviço.

A seguir, veja o resumo dos achados mais recentes:

- Consulta Pública nº 68: trata da obrigatoriedade de disponibilizar preparação alcoólica para fricção antisséptica das mãos, em serviços de saúde do Brasil. No artigo 9º, menciona que os estabelecimentos podem adquirir o produto “(...) comercialmente, devidamente regularizado junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, atendendo às exigências específicas; ou produto manipulado em farmácias hospitalares e magistrais, em conformidade com a RDC nº 67, de 8 de outubro de 2007”.
Sugestões para essa Consulta Pública, de 30 de junho de 2010, podem ser enviadas até 2 de setembro de 2010.

- Anti-aging: no cenário norte-americano, dê destaque para a reinclusão, feita pela FDA, das empresas importadoras de produtos cosméticos com apelos anti-aging, na chamada Lista Amarela que contempla empresas ou produtos que têm apelos considerados não cosméticos pela pela regulamentação desse órgão (drug claims). Esse procedimento é antigo (começou em 1988), mas foi reforçado neste mês, julho de 2010, pelo alerta publicado no site daquela entidade. Os analistas daquele dos Estados Unidos não chegaram a um consenso sobre a validade dessa ação, mas alguns acham que esta é um sinal do recrudescimento das exigências em relação aos claims reivindicados pelos produtos cosméticos.

- Triclosan: ainda no site da FDA, podemos encontrar uma atualização dos dados relativos à segurança e à eficácia de produtos que contêm triclosan. O órgão reafirma que “não tem até o momento dados de segurança (toxicológicos) suficientes para recomendar mudanças no consumo de produtos que contêm este ingrediente”. Declara também que, se para alguns produtos há evidências claras de que o triclosan provê benefícios, para outros, como os sabonetes antibacterianos e os produtos para lavagem corporal, não é possível afirmar que esses benefícios existam.

- Avaliação de risco da IFRA: a International Fragrance Association (IFRA) publicou sua 45ª emenda, que contém somente sete modificações.

Os seguintes ingredientes tiveram modificações devido à avaliação quantitativa de risco (quantitative risk analysis, QRA): dimethylcyclohex-
3-ene-1-carbaldehyde (mistura de isômeros), alpha-methyl-1,3-benzodioxole-5-propionaldehyde (MMDHCA) e 3-Phenylbutanal.

O ingrediente verbena absolute (Lippia citriodora Kunth.), CAS 8024-12-2, teve suas restrições revisadas conforme seu QRA.

As especificações do ingrediente, 2,2-dimethyl-3-
(3-tolyl) propan-1-ol (majantol), foram modificadas no que se refere à presença de organoclorados, e as especificações da musk ketone (CAS 81-14-1) foram modificadas em relação à presença de musk xylene. O ingrediente quinoline (CAS 91-22-5) teve seu uso proibido.

A implementação da 45ª emenda faz parte do Programa de Segurança Global da Indústria e é obrigatório para todas as companhias que são filiadas à IFRA.

Caro leitor, gostaria de sugerir sua participação nesta coluna, propondo assuntos dentro do tema geral da coluna, Assuntos Regulatórios, que sejam de seu interesse e que possam ser desenvolvidos pela equipe da revista e por este colunista. O objetivo disso é dar mais dinamismo ao tema, tornando-o também mais interessante. Sugestões podem ser enviadas para o endereço eletrônico constante no topo desta página.

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

Emulsões cosméticas: critérios de desenvolvimento

As emulsões constituem a forma física mais utilizada em cosmética, e isso não é novidade para ninguém. Sabemos que esse papel de destaque não se deve somente à aparência elegante e atraente das emulsões ou ao fato de que elas são muito agradáveis ao toque, mas também à possibilidade de se usar ingredientes hidrossolúveis, lipossolúveis e até insolúveis em um sistema estável. Mas ainda há uma razão mais importante e provavelmente a que mais conta nesta história: o manto hidrolipídico que protege a pele é uma emulsão. Portanto, como pesquisadores e desenvolvedores de cosméticos, temos de conhecer bem a teoria das emulsões e dominar sua aplicação prática.

A própria definição de emulsão já traz em si um grande desafio, que é o de manter um sistema heterogêneo estável. Independentemente do avanço da tecnologia de coloides, o desenvolvimento de uma emulsão exige conhecimento e boa percepção do pesquisador. A seguir, estão enumerados alguns pontos que fazem toda a diferença no desenvolvimento de emulsões:

• Conheça todos os processos de emulsificação. Fazer uma revisão teórica periodicamente é sempre benéfico, porque assim é possível compreender melhor a teoria, à medida que é adquirida experiência prática.

• Ao desenvolver uma formulação, escolha o processo de emulsificação mais adequado, considerando as condições e os equipamentos existentes na planta de produção. Um erro comum é preparar uma emulsão em fases separadas no laboratório, sendo que só será possível fabricá-la industrialmente em uma única fase. Os resultados de cada preparação serão inevitavelmente diferentes.

• Use matérias-primas que tenham o mesmo perfil de especificação que será utilizado na fase industrial, principalmente a água. Muitas vezes, a água utilizada na produção é diferente da água do laboratório. Dê preferência para amostras de empresas que possam fornecer a matéria-prima na fase industrial. No caso de aquisição de distribuidores, solicite que o informem qual é o fabricante e peça a literatura técnica emitida por ele.

• Estude todas as propriedades das matérias-primas que serão utilizadas. Por mais conhecimento que se tenha sobre um material, é recomendável fazer esse estudo com o objetivo de certificar-se de que todas suas características tenham sido consideradas.

• Monte criteriosamente a formulação e a especificação da nova emulsão. Antes de preparar amostras, faça uma verificação regulatória para se certificar de sua adequação.

• Redija o modo de preparação de forma clara e completa. Especifique qual será a intensidade de agitação e o tempo de duração de cada etapa. Em casos de preparação a quente, com possibilidade de variação de velocidade de agitação, determine as temperaturas críticas (formação da emulsão e solidificação de ingredientes sólidos) e indique os procedimentos específicos.

• Acompanhe atentamente cada passo do processo de preparação em bancada e anote todas as observações.

• Tenha um bom planejamento para realizar a avaliação preliminar das amostras obtidas. Alguns testes superacelerados de estabilidade, como a centrifugação a 3000 rpm por 30 minutos ou em banho-maria a 70ºC em ampolas fechadas, são muito úteis.

• Planeje e acompanhe o scale-up da nova formulação.

• Mantenha um cadastro de todas as matérias-primas, com descrições, especificações, custos, fornecedores e literatura técnica. Jamais encaminhe para a bancada uma amostra sem que ela tenha sido devidamente registrada em seu controle.

• Tenha um sistema formal e seguro para registrar todas as informações referentes ao trabalho de desenvolvimento, desde a montagem da fórmula até os resultados de avaliação e testes.

As emulsões certamente vão continuar sendo a principal forma física dos cosméticos destinados ao cuidado da pele e dos cabelos. Novos desafios provenientes da evolução tecnológica e de tendências de mercado serão constantemente apresentados aos formuladores, que devem estar atualizados e bem equipados. Os produtos orgânicos e a expectativa de sua participação no mix de vendas são bons exemplos desses desafios.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Efeitos adversos da coloração de cabelo

Os deuses e os heróis da antiga Grécia tinham cabelos loiros. Isso fazia que o homem comum quisesse também ter os cabelos claros, utilizando para isso abrasivos que às vezes causavam danos aos fios.

Os romanos eram fascinados por corantes capilares, e especula-se que eles tinham mais de 100 diferentes fórmulas que eram utilizadas para alterar a cor dos fios. O problema é que eles só conheciam tinturas que escureciam e não clareavam os cabelos, baseadas em castanhas, cascas de ovos, alho poró cozido e outros ingredientes naturais. Os primeiros homens saxônios tingiam os cabelos e a barba de azul, vermelho, verde ou laranja. Na época da rainha Elizabeth I, surgiu a moda dos cabelos laranja-avermelhados para homens e mulheres.

Em 1907, um cabeleireiro de Paris visitou a Escola de Engenharia Química da Sorbonne, na França, e pediu para que lá fosse desenvolvido um produto que pudesse ser usado para colorir cabelos. Sua solicitação teve resposta negativa, com o adendo de que esse tópico não era relevante para a sociedade. Mas, naquela ocasião, lá havia um aluno que percebeu a magnitude do problema e, um ano depois, fundou uma empresa que hoje é a maior do mundo em seu segmento. O nome dele era Eugène Schueller e a sua empresa chama-se L´Oréal!

O fato é que, em 1950, apenas 7% das mulheres norte-americanas coloriam os cabelos. Hoje, esse número passa de 80% e deve aumentar, à medida que as tinturas se firmam como agentes tratadores dos fios. Como as pessoas associam cabelos grisalhos à idade avançada, mais e mais homens e mulheres vão em busca desse tipo de procedimento.

Outra novidade é que a população asiática, que tem cabelo escuro monótono, a partir da década de 90 começou a procurar agentes clareadores como forma de destacar-se na multidão.

A coloração de cabelo envolve a utilização de substâncias químicas capazes de remover, substituir e, ou, encobrir pigmentos encontrados naturalmente no interior dos fios. O uso desses produtos químicos pode resultar em uma série de efeitos adversos, incluindo irritação na pele e alergia temporária, quebra de cabelo, descoloração da pele e resultados inesperados na cor do cabelo.

Além disso, há um debate em curso sobre as consequências mais graves, na área da saúde, com o uso da cor no cabelo, incluindo envenenamento por chumbo.

Os sintomas na pele podem incluir vermelhidão, feridas, prurido, sensação de ardor e desconforto. Se algum desses sintomas aparecer, o colorista de cabelo deve imediatamente remover a cor. Os sintomas nem sempre vão estar presentes na hora da primeira aplicação, porém podem surgir várias horas ou mesmo um dia após esse procedimento.
Para ajudar a evitar ou limitar as reações alérgicas relacionadas à maioria dos produtos de cor do cabelo, recomenda-se realizar um teste antes do uso do produto: misturar uma pequena quantidade de preparação da tintura e aplicá-la diretamente sobre a pele, deixando-a nesta durante 48 horas. Se a irritação persistir, os fabricantes recomendam ao cliente não utilizar o produto. Um teste de repetição na pele é recomendado antes do uso de cada processo de coloração, uma vez que as alergias podem desenvolver-se mesmo após anos de uso sem reação.

As reações adversas podem ocorrer em casa e no salão de cabeleireiro, pois produtos químicos similares são usados em ambas as configurações. Em alguns casos, reações alérgicas são causadas por derivados de anilina e ou p-fenilenodiamina (PPD).

Às vezes, o cabelo fica danificado por causa da exposição excessiva a produtos químicos. Isso resulta em cabelos secos, ásperos e frágeis. Em casos extremos, o cabelo pode ser tão danificado que se quebra completamente. Isso é especialmente verdadeiro para o cabelo afro, especialmente se o produto químico for utilizado em combinação com relaxantes. Tratamentos médicos podem estar disponíveis para cuidar dos fios, mas a melhor solução é parar o uso de produtos químicos até a recuperação do cabelo.
É aconselhável que, periodicamente, cabelos coloridos sejam intensamente condicionados e lavados, sendo esse condicionamento feito com produtos suaves projetados especificamente para cabelos tingidos. Isso ajudará a manter os cabelos intactos, e garantirá que a cor não desbote rapidamente.

As últimas notícias nessa área são muito boas. Não só a indústria está muito preocupada com a qualidade de seus produtos, como existe uma corrente na direção de qualificar as tinturas não só como cosméticos de embelezamento, mas também de tratamento para os cabelos.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Embalagem é mais reprovada que MP?

Cada vez mais, assusto-me com os problemas de qualidade que são encontrados quando se analisa lotes de embalagem, por ocasião do seu recebimento. Os defeitos (motivos para reprovação) se repetem e parece que o fornecedor não conhece o cliente, que eles nunca se falaram ou nunca se viram.

Se compararmos com os lotes de matérias-primas, ficará ainda mais visível esse descompasso. Não são reprovados lotes de matérias-primas tanto quanto os de embalagem. O que será que há de errado?!

Percebo também que, no caso de embalagens, decidir em função da necessidade é o que tem falado mais alto, ou seja, são utilizados lotes que foram reprovados pelo Controle de Qualidade (CQ). Explico: existem reprovações onde o defeito é localizado, o que na maioria das vezes permite que se faça uma seleção prévia das peças defeituosas, ou mesmo durante o uso da embalagem na linha de produção.

É óbvio que isso não pode ser uma regra, após ser reprovado o lote teria de ser devolvido ao fornecedor.

Pior é quando o CQ reprova o lote e um superior “passa por cima” e, em nome da urgência e do faturamento, acaba desconsiderando a reprovação e considerando o defeito “passável”. Esse é o primeiro passo para a perda de credibilidade e autonomia do CQ e para a perda de “qualidade” dos produtos.

O que acontece com as embalagens não acontece com as matérias-primas.

Mas, voltando à pergunta, o que será que existe de errado? Acredito ter a resposta.

Quando se analisa uma matéria-prima, procura-se por defeitos visuais (cor, aparência, entre outros) e por defeitos mensuráveis (como pH, viscosidade, densidade e doseamento). Defeito é uma não conformidade em relação à especificação técnica existente, seja esta visual ou mensurável. As não conformidades visuais nas
matérias-primas são normalmente menores em relação às mensuráveis e a maioria das reprovações, portanto acontecem por causa de defeitos mensuráveis.

O inverso acontece com as embalagens, nas quais os defeitos resultantes dos controles mensuráveis, também conhecidos como controles por variáveis ou dimensionais, são menores em relação aos controles por visuais, também conhecidos como controles por atributos.

Em controles por variáveis, as não conformidades que são resultantes de defeitos, por exemplo, em um molde ou uma faca, são mais difíceis de acontecer, a não ser por causa de desgaste ou de mau uso da peça, do equipamento ou do acoplamento entre componentes da embalagem.

Altura, largura, profundidade, diâmetro, espessura, peso e volume são controles por variáveis ou dimensionais, nos quais não existem dúvidas quando acontece uma não conformidade, uma reprovação. Se o diâmetro interno de uma boca de frasco for de, por exemplo, 20 mm mais ou menos 1 mm (mínimo 19 e máximo 21), isso significará que se esse mesmo diâmetro tiver 22 mm estará acima do especificado e que, portanto, será reprovado por ser uma não conformidade clara e mensurável.

Em controles por atributos não existe medição, (por exemplo, cor, borrado, sujeira, falha de gravação, pintas, manchas, descolado e amassado). Deveriam existir um padrão visual, uma linguagem clara e única e, acima de tudo, bom senso entre fornecedor e cliente. As reprovações nos controles por atributos são bem mais frequentes em relação aos dimensionais, e as “boas” brigas e discussões entre fornecedor e cliente também.

Em resumo, o que existe de linguagem clara, especificação, padrões e técnicos especializados no caso das matérias-primas não existe nas embalagens.

Salvo as grandes empresas, poucas têm um CQ de embalagem bem equipado e com técnicos conhecedores, habilitados e com autonomia para tomarem decisões no caso de uma reprovação.
Por outro lado, se não existir um laboratório químico, onde se faça as análises das matérias-primas, a empresa nem poderia funcionar.

Portanto, acredito que a razão de ocorrerem mais reprovações de embalagens do que de matérias-primas, é porque os maiores motivos das reprovações de embalagens acontecem nos controles por atributos, e porque para esses controles não existem padrões visuais e faltam acima de tudo uma linguagem única e bom senso entre fornecedor e cliente. É óbvio que excluí aqui os fornecedores e os técnicos que não têm competência e desconhecem qualquer critério de qualidade.

Luis Antonio Paludetti
Manipulação Cosmética por Luis Antonio Paludetti

Canja de galinha

Em minhas colunas anteriores, procurei tratar da importância que os medicamentos dermatológicos e os cosméticos terapêuticos têm para os pacientes que recorrem a esses produtos, e de como as farmácias com manipulação podem personalizar esses produtos de modo a oferecer alternativas diferenciadas e personalizadas aos seus clientes.

Nesta oportunidade, comentarei com vocês um assunto importante para qualquer setor que deseje estar à frente de seu tempo: o investimento em pesquisa.

Como em qualquer setor, é fundamental que as farmácias disponham de informação técnica de qualidade, a respeito da eficácia, das dosagens, da formulação e da estabilidade dos produtos.

A grande maioria dos insumos e ativos se destinam à aplicação na indústria cosmética e, embora as empresas fabricantes e distribuidoras de insumos cosméticos possuam departamentos de pesquisa voltados à obtenção de informação específica sobre seus produtos, existem particularidades que fazem que essa informação, em geral, não seja completamente aplicável no universo das farmácias.

No desenvolvimento de produtos cosméticos, os estudos de pré-formulação definem claramente o produto, particularmente quanto à formulação e à estabilidade. Em conjunto ou não com os fabricantes das matérias-primas, desenvolvem metodologias para avaliar a eficácia e a estabilidade desses produtos.

Já no caso das farmácias não se pode definir estudos de pré-formulação, uma vez que a atividade destas difere substancialmente da realizada pelas indústrias: existe a prescrição médica.

Na farmácia, os produtos dermatológicos e os dermocosméticos devem ser preparados sob prescrição médica (isso mesmo, pois segundo a legislação brasileira eles são medicamentos), e podem conter concentrações bem maiores do que as geralmente empregadas em cosméticos, e ter associação de ativos e modos de usar completamente diferentes dos preconizados para uso em cosméticos.

Muitas vezes, o farmacêutico se depara com o desafio de formular – em tempo recorde – preparações estáveis e eficazes, para as quais não há quase informação específica.

Atualmente, a manipulação de medicamentos dermatológicos e de dermocosméticos é alvo de diversos fabricantes e distribuidores de insumos, representando parcela significativa do faturamento dessas empresas.

Mas, apesar de tudo isso, há pouca informação disponível para que o farmacêutico possa atender com total segurança a uma prescrição contendo diversos ativos e insumos.

Por exemplo: a empresa “A” fabrica um ativo composto de extratos vegetais; e a empresa “B” fabrica um outro ativo composto por uma associação de extratos vegetais diferentes. O que acontecerá com a eficácia do produto, caso os ativos de “A” e “B” forem associados?

Um outro exemplo interessante: a literatura de determinado ativo especifica determinada concentração de uso. Os prescritores, muitas vezes, elevam essas concentrações buscando um resultado mais pronunciado, como ocorre com ativos clareadores, antiacne e de peeling.

O que acontece com o medicamento nesses casos? Qual é sua eficácia? Há incompatibilidades químicas envolvidas nisso? Há potencialização ou inativação dos ativos entre si? Nas concentrações prescitas, há risco de reações cutâneas devido ao aumento de concentrações? Em geral não se sabe quais são as respostas para essas perguntas.

Para que um segmento tenha perenidade e credibilidade, não pode haver dúvida em relação a questões como as que comentei. A farmácia depende da prescrição médica e precisa levar ao prescritor informações precisas e confiáveis.

E para isso acontecer, só há uma saída: investimento em pesquisa. Mesmo sendo uma realidade na terapêutica e importante fonte de receita, as farmácias parecem ter esquecido a importância da pesquisa científica de temas como a eficácia e a estabilidade dos cosméticos manipulados.

Durante o 24º Congresso Brasileiro de Cosmetologia, realizado em maio, em São Paulo, apenas um (“unzinho” só) dos 60 pôsteres apresentados tinha como objeto da pesquisa cosméticos manipulados.

Fabricantes, distribuidores e farmácias devem refletir sobre esse fato. Há inúmeras universidades no Brasil com condições de executar pesquisas bem conduzidas, para atender a essa demanda. Mais do que isso, desde que as novas diretrizes curriculares do farmacêutico foram introduzidas, os graduandos necessitam realizar trabalhos de conclusão de curso e os temas estabilidade e eficácia certamente despertarão interesse de alunos e professores.

Todos sairão ganhando com o aumento da pesquisa científica sobre medicamentos dermatológicos e dermocosméticos.

E, pedindo licença ao compositor Jorge Ben Jor, sempre é bom lembrar: Pesquisa e “dinheiro no bolso, canja de galinha não faz mal a ninguém”.






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