Cosméticos & Etnia

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Desaceleração e cautela

A atividade econômica brasileira surpreendeu o mercado em 2023, saindo de uma estimativa de crescimento de aproximadamente 0,6% no início do ano para as atuais projeções de 3%. A inflação ao consumidor caiu mais do que o esperado e o superávit comercial atingiu um nível recorde.

Sem a expectativa de uma supersafra no agronegócio, economistas projetam crescimento moderado em 2024, em torno de 2%. O cenário estimado é de inflação mais baixa e taxa de câmbio relativamente estável nos próximos meses, o que deverá permitir ao Banco Central reduzir a taxa básica de juros.

Apesar da queda registrada em novembro de 2023, a taxa de desemprego no Brasil é a menor desde 2015. Mesmo ante a esperada desaceleração do PIB, analistas acreditam que o mercado de trabalho permanecerá aquecido neste ano.

Em 2023, o foco do poder de compra das famílias no setor de serviços ajudou a manter a trajetória de alta nos níveis de emprego, mesmo ante os resultados negativos da indústria de transformação. Para este ano, o IPEA projeta um cenário de reação dos investimentos e do setor industrial.

A cautela dá tom à maioria das estimativas para o cenário econômico em 2024. Dentre os fatores internos que podem impactar o desempenho da economia estão os desequilíbrios fiscais, que exercem pressão sobre as expectativas de inflação – o que poderia acarretar a interrupção do ciclo de afrouxamento monetário.

Em contrapartida, as condições globais, como os preços das commodities (que devem continuar elevados) e a provável flexibilização da postura dos bancos centrais nos mercados desenvolvidos poderão servir como “amortecedores” para o Brasil, apontam economistas.

Esta edição da Cosmetics & Toiletries Brasil aborda o potencial de públicos específicos, cujos hábitos e estilos de vida seguem os preceitos ayurvédicos, halal e kosher. Valores espirituais e comportamentais de diversas etnias ditam escolhas diárias de milhões de pessoas no planeta, produzindo números expressivos de consumo.

Os artigos técnicos abordam: a importância de pautar o desenvolvimento de produtos no atendimento de necessidades específicas de diferente gerações, com ampla abordagem nas gerações Z, 60+ e a emergente geração alpha; outro artigo descreve a prática de adicionar certos insumos aos produtos cosméticos industrializados, na presunção de potencializar seus efeitos.

Boa leitura!

Hamilton dos Santos
Publisher

Desenvolvendo Cosméticos para a Geração Z, 60+ e Além - Israel Feferman (Consideal Consultoria Ltda., Curitiba PR, Brasil)

Este artigo explora a dinâmica em constante evolução do mercado cosmético, enfatizando a importância de abordar as necessidades específicas de diferentes gerações. Discutimos os vários aspectos envolvidos com essas gerações, destacando como seus contextos únicos moldam as expectativas e as demandas por produtos cosméticos.

Este artículo profundiza en la dinámica en constante evolución del mercado cosmético, enfatizando la importancia de abordar las necesidades específicas de diferentes generaciones. Discutimos los varios aspectos relacionados a estas generaciones, destacando cómo sus contextos únicos moldean las expectativas y demandas de productos cosméticos.

This article delves into the ever-evolving dynamics of the cosmetic market, emphasizing the importance of addressing the specific needs of different generations. We discuss the many aspects concerned with these generations, highlighting how their unique contexts shape expectations and demands for cosmetic products.

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Adição de Alimentos e outros Insumos a Formulações Cosméticas - IR Silva Luz, JG Lopes de Jesus, M Dias Moreira, CA Pedriali-Moraes (Faculdade de Tecnologia de Diadema Luigi Papaiz – Fatec, Diadema SP, Brasil)

A adição de alimentos e de outros insumos a formulações cosméticas industrializadas, por consumidores, tem se tornado cada vez mais comum, com o intuito de potencializá-las. A ideia do "faça você mesmo" vem conquistando o mercado por conta do apelo de tornar o produto natural, porém isso pode acarretar problemas tanto para a formulação quanto para os consumidores.

Cada vez es más frecuente añadir alimentos y otros insumos a las fórmulas cosméticas industrializadas, por consumidores, para mejorarlas. La idea del "hagálo usted mismo" ha ido conquistando el mercado por el atractivo de hacer el producto natural, sin embargo, esto puede causar problemas tanto a la formulación como al consumidor.

The addition of food and other insumes in cosmetic formulations, by the consumers, has become increasingly common in order to enhance them. The idea of "do it yourself" has been conquering the market because of the appeal of making the product natural, however, this can cause problems both for the formulation and for the consumer.

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John Jimenez
Tendências por John Jimenez

Wonka & 2024 trends

Wonka é um filme musical, baseado na história infantil “Charlie and the Chocolate Factory”, de Roald Dahl. O filme centra-se nos primeiros dias de Wonka como chocolatier excêntrico e nos desafios que teve de enfrentar para se tornar o maior chocolatier do mundo.

O tamanho do mercado global de chocolate foi avaliado em US$ 128 bilhões em 2022 e deve se expandir a um crescimento acumulado anual de 5,08% durante o período de previsão, atingindo US$ 172 bilhões em 2028. Os compostos do cacau libertam neurotransmissores, que são responsáveis pelas nossas emoções e pela forma como nos sentimos, podendo melhorar o humor e fornecer energia.

E, tal como o chocolate, os cosméticos são também uma fonte de bem-estar. A magia de um musical transporta-nos para as tendências para 2024. Para esta coluna, convidamos o senhor Wonka, mágico, inventor e chocolatier, para nos dizer quais são algumas das previsões para a indústria cosmética deste ano.

- Prazer consciente: assim como nos chocolates, nos cosméticos, o prazer também está ocupando um lugar central. Uma maior atenção ao bem-estar mental é uma das grandes tendências para 2024.

- Chocolate funcional: o chocolate com benefícios para a saúde, como o chocolate amargo com elevado teor de cacau, está se tornando cada vez mais popular. No setor cosmético, veremos mais lançamentos de produtos funcionais com benefícios comprovados para a saúde.

- Chocolate sustentável: os consumidores estão cada vez mais preocupados com o impacto ambiental das suas compras. Este fato levou a um aumento na procura por chocolate produzido de forma sustentável. No setor cosmético, a sustentabilidade continua sendo uma das principais tendências, com muitos conceitos inovadores.

- Chocolate personalizado: os consumidores procuram chocolates que sejam adaptados às suas necessidades e preferências individuais. Isso levou a um aumento dos produtos de chocolate personalizados, como o chocolate com sabores únicos, ingredientes específicos etc. No setor cosmético, a personalização será também um dos motores da inovação este ano.

- Chocolate sazonal: os consumidores procuram um choco- late fresco e adaptado às diferentes estações ou climas, aumentando a procura por chocolate sazonal. Os cosméticos sazonais também representam uma grande oportunidade de inovação, em parte devido aos diferentes climas e estações e também devido aos efeitos das alterações climáticas na população.

- Chocolate gourmet: os consumidores procuram um chocolate de alta qualidade e que ofereça uma experiência gastronômica única. Nos cosméticos, também vemos conceitos gourmet de alta tecnologia que apoiam a inovação em mecanismos relacionados com o microbioma e ingredientes prebióticos, probióticos e pós-bióticos.

- Chocolate tecnológico: a tecnologia desempenha um papel cada vez mais importante na indústria do chocolate, levando ao desenvolvimento de novos produtos, como o chocolate impresso em 3D ou com sensores incorporados. Nos cosméticos, também veremos avanços impressionantes nas aplicações de impressão 3D para formulações, ativos, embalagens e também novos sensores para embalagens e sensores dérmicos.

- Da psicologia positiva à cosmética positiva: esta psico- logia centra-se nos pontos fortes e nos recursos das pessoas e não nas suas fraquezas e seus problemas.

- Popularidade dos tratamentos não invasivos: os trata- mentos que não requerem cirurgia estão cada vez mais populares. Non-invasive is the new black.

- Antiacne boom: 2024 será o ano do boom no desenvolvimento de novos tratamentos para a acne, tais como aplicações de luz pulsada, terapia laser, novos mecanismos bioquímicos e novos claims.

- À procura de experiências: os consumidores estão à procura de mais do que produtos e serviços; querem experiências memoráveis. As marcas que conseguirem oferecer experiências únicas e cativantes serão as mais bem-sucedidas.

- Diversidade crescente: a população mundial está mais diversificada, e a beleza é um direito universal.

- Aumento da procura por tratamentos para cicatrizes: novos tratamentos para cicatrizes, como a terapia com laser, a terapia com microagulhas e novas vias bioquímicas podem ajudar a melhorar a aparência das cicatrizes.

- Cuidados com a pele baseados na ciência: os consumidores estão cada vez mais interessados em produtos de cuidados com a pele que sejam apoiados pela ciência.

Wonka disse que tudo o que acontece de bom neste mundo era um sonho no início. O mesmo acontece com a inovação na cosmética. A magia, o prazer e a experiência que o chocolate proporciona são uma fonte de inspiração para a inovação em 2024.

Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Etnia e mercado de mãos dadas

O mercado cosmético é vasto e multifacetado, refletindo as diversas culturas e etnias presentes em todo o mundo. Contudo, nem sempre a representatividade étnica é equitativa, levantando questões sobre inclusão, acessibilidade e autenticidade, tornando assim o trabalho daqueles que atuam no posicionamento de marcas um desafio hercúleo.

A questão da representatividade étnica no mercado cosmético não é nova. Nos anos 1990, o mercado era dominado por padrões ocidentais, com produtos voltados majoritariamente para o público caucasiano. Os batons, desde as cores até as técnicas de aplicação, eram predominantemente direcionados para esse padrão de beleza, o que privilegiava lábios e sobrancelhas muito finas. No início do século XXI, o mercado testemunhou o surgimento de marcas focadas em etnias específicas, atendendo à demanda por produtos adaptados. Nada é mais emblemático nesse sentido do que o atendimento à etnia muçulmana quanto às diretrizes halal (permitidas pelo Islã). A partir da primeira década, a ascensão dos movimentos de inclusão, incluindo a diversidade étnica, impulsionou a deman- da dos consumidores e ativistas. Tanto a Fenty Beauty (Rihanna) quanto a Moroccan Oil passaram a exibir campanhas com modelos diversificados (diferentes etnias, idades, peso e identidades de gênero). O empoderamento e as narrativas autênticas, como as da Glossier, passaram a adotar uma abordagem mais realista em suas campanhas, evidenciando narrativas que refletiam uma variedade de experiências e identidades, em vez de aderir aos padrões tradicionais de beleza.

Atualmente, a educação em beleza inclusiva faz parte dos esforços de marketing (workshops, tutoriais e recursos on-line que celebram a diversidade e oferecem orientações sobre como abraçar e valorizar a individualidade) e, nunca na história, a tendência de personalização permitida pela tecnologia ganhou um espaço tão significativo e cativo entre as ferramentas que permitem modelar o produto antes da compra. As ferramentas adaptaram as escolhas de acordo com tipo, tom e idade da pele, cabelo, rosto e, mais que tudo, alinharam os produtos com a atitude dos consumidores. As novas mídias e seus influenciadores ajudaram a segmentar ainda mais o mercado a um custo baixo e de fácil comunicação com o público.

Porém, como toda tendência em ascensão, a representatividade étnica também experimenta desafios. Um deles diz respeito à ausência de profissionais de diferentes origens nas decisões de design e marketing, o que pode resultar em produtos mal concebidos ou campanhas insensíveis a determinados grupos. Não há espaço para amadores quando o assunto é diversidade étnica em produtos cosméticos.

Outro desafio que se descortina esbarra no que é politicamen- te correto em uma campanha de marketing quando o assunto é diferenciar o ato de celebrar um elemento cultural do ato de se apropriar indevidamente dele. A antropologia não é uma ciência exata, portanto é movida por uma expressiva dose de experimentação. Controvérsias surgem quando determinada etnia se sente violentada quando percebe um elemento cultural, considerado único e privado para ela, sendo usado fora do contexto ou com desrespeito pela semântica do elemento. A democratização dos elementos culturais não segue fórmulas precisas. As pesquisas de campo na fase de pré-desenvolvimento podem auxiliar as empresas a evitarem erros nesse aspecto. Veja o caso do uso de tranças e cornrows em celebridades não-negras. Ao longo dos anos, várias celebridades não-negras foram criticadas por usá-las, assim como outros estilos de cabelo associados à cultura afrodescendente, devido à falta de reconhecimento da origem ou da significância cultural por trás deles.

A acessibilidade de produtos específicos para determinadas etnias é outro desafio moderno. Algumas etnias podem ter produtos de custo mais elevados pelo fato de não haver um mercado suficientemente grande para uma produção em escala economicamente viável.

Por outro lado, as empresas que conseguem incorporar eficazmente a representatividade étnica em suas marcas colhem benefícios. Ao atenderem a diversidade local, e no caso dos exportadores, mundial, podem expandir mais facilmente sua base de consumidores. A inclusão multiétnica arrasta a inovação para dentro da cultura da empresa, e dessa forma adapta-se mais facilmente a um mercado tão volátil em termos de gosto e necessidade. Outro importante ganho é a valorização da autenticidade da empresa por trás dos produtos e, por consequência, o aumento da confiabilidade da marca — fator preponderante na perpetuidade da organização em um mercado tão competitivo.

A representatividade étnica no mercado cosmético não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma oportunidade de negócio. À medida que a globalização avança, a diversidade torna-se uma força motriz, e as marcas que reconhecem e celebram essas diversidades estão bem posicionadas para prosperar. No entanto, é essencial abordar essa representatividade com sensibilidade, respeito e autenticidade, garantindo que todas as comunidades sejam verdadeiramente ouvidas e representadas.

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

“O mundo não precisa de cosméticos!”

A rase do título não é minha, como também não me lembro de tê-la ouvido assim, de forma direta, mas é muito comum ouvir opiniões ou encontrar, até na própria indústria, pessoas que desconsideram a real importância dos cosméticos na nossa vida.

Em outras oportunidades, já disse que fiquei indignado quando um importante comentarista político chamou de “alterações cosméticas” as mudanças “sem nenhuma importância” que foram feitas em um projeto de lei que tramitava no Congresso. Aliás, não é de hoje que a importância dos cosméticos não é reconhecida. Nos anos de 1980, houve um aumento nas alíquotas do IPI de “produtos supérfluos”. Além de cigarros e bebidas alcoólicas, entre outros, muitas categorias de cosméticos tiveram o imposto majorado. E foi estranho ver, na época, que o ministro que explicava os aumentos usava base de unhas.

Pensando em tudo isso, achei que seria um exercício interessante imaginar como seria o mundo sem cosméticos, obviamente, englobando todos os produtos de HPPC. Vamos começar pela higiene corporal. Ela seria feita só com água, inevitavelmente com baixa eficiência, o que, certamente, facilitaria o aparecimento de afecções epidérmicas, como micoses e até sarna. Os cabelos sofreriam o mesmo efeito e, provavelmente, deveriam ser mantidos muito curtos ou até raspados. O odor corporal das pessoas seria, na média, perceptivelmente desagradável, dificultando muito as relações interpessoais. A incidência de cáries seria altíssima. Tudo indica que a incidência de câncer de pele também seria maior. A falta de uma higiene adequada das mãos aumentaria muito a disseminação de doenças transmissíveis. Provavelmente, os casos de disenteria e gastroenterite explodiriam. Seria comum ver pessoas com náuseas, vômitos, cefaleia, febre, cólicas abdominais, mal-estar e diarreia, que são alguns dos sintomas destas doenças. Doenças infecciosas das vias respiratórias, como gripe e covid, seguiriam o mesmo roteiro de alta expres- siva. Haveria um inevitável e terrível aumento da mortalidade infantil. As idas a médicos, dentistas e hospitais saltariam para patamares muito superiores aos atuais, e haveria um aumento considerável no consumo de medicamentos.

Um cenário absolutamente aterrorizador, mas que não para por aqui. Até agora, falamos do básico e fundamental, mas nós, humanos, temos outros valores que influenciam muito nossa vida e nossas habilidades. A queda do nível de satisfação e bem-estar causaria, entre outras coisas, uma enorme queda na produtividade, haveria redução da capacidade de resolver problemas e, provavelmente, dificuldade de estabelecer e manter relacionamentos. Problemas psíquicos e baixa resistência orgânica completariam o quadro.

Como especialistas da área técnica, temos que compreender bem a importância dos cosméticos na vida das pessoas, mas não basta ter esta consciência. Temos que traduzir esta percepção na conduta e nas atividades profissionais do dia a dia, mas lembrando sempre que empresas de cosméticos são negócios e precisam ser lucrativos. Isto significa que questões econômicas e financeiras têm uma enorme e decisiva importância. E deve ser assim mesmo. No entanto, quando nas tomadas de decisão, estas questões extrapolarem seu âmbito e se sobrepuserem às demais - conhecimento científico, padrões de qualidade e normas regulatórias -, haverá um enorme risco de que o valor dos produtos, a marca, os resultados da empresa e até o conceito de seus profissionais sejam frontal e negativamente afetados.

Esta mentalidade de supervalorização monetarista ainda é uma realidade em muitas companhias. Ao encontrar esta situação, é obrigação do especialista trabalhar para corrigi-la. Há de se ressaltar sempre, em todos os níveis da empresa, as reais necessidades que determinam o uso de cosméticos. Na parte técnica, será necessário aprofundar a pesquisa e o desenvolvimento, substituir processos mal desenvolvidos, apurar metodologias, resolver não conformidades regulatórias e se comprometer com a qualidade dos produtos. E isto não combina com acomodação.

Pensar que um cosmético é só um material para con- cretizar vendas não é só um erro ético. É também um erro estratégico. Produtos concebidos assim, além do baixo valor, têm, normalmente, ciclo de vida muito curto.

E o comentarista político, citado no início deste texto? Ele não teria a boa imagem que tem e nem um desempenho adequado, se não usasse produtos cosméticos. Na realidade do P&D, é preciso entender que o trabalho vai muito além de saber formular.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Bases para um Sistema de Gestão da Qualidade

Nesta oportunidade vou mencionar alguns pontos importantes a serem considerados na elaboração de um Sistema de Gestão da Qualidade.

Um dos pontos a ser considerado é denominado custo da Qualidade.

Para apresentar um tópico para a discussão sobre custo da Qualidade, é importante considerar dois critérios:

- a ausência da qualidade pode resultar em retrabalho, resíduos e na retirada do produto do mercado;

- as vantagens da “boa” qualidade podem resultar em menores custos, maior aceitação dos produtos pelo mercado, aumento da produtividade, etc.

É de conhecimento geral que a melhor maneira de conseguir e manter a Qualidade é contar com um efetivo Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), porém devemos considerar que existe a obrigatoriedade de que o SGQ esteja perfeitamente integrado aos demais sistemas da organização para que os objetivos sejam alcançados.

A interatividade entre os sistemas permite que todas as áreas envolvidas no ciclo de vida do produto, desde seu desenvolvimento até sua comercialização, executem as tarefas prevenindo erros de origem humana em todas as etapas dos processos.

Deve também ser considerada a supervisão no preenchimento dos documentos de controle e dos manuais, os quais necessitam de maior dispêndio de mão de obra para sua elaboração, fato que predispõe à possibilidade de falhas.

A introdução de sistemas informatizados para controle resulta em redução de falhas e em maior rapidez na obtenção das informações.

Ainda considerando o aspecto custo, a utilização de um sistema informatizado permite a interação entre todas as áreas envolvidas nos processos, de forma segura e confiável, evitando as costumeiras improvisações (os famosos “quebra–galhos”).

Devo também comentar que, atuando-se dessa forma, é impossível que alguma ação individual indesejada possa ocorrer sem que seja imediatamente identificada, possibilitando as devidas correções, quando necessárias.

No ambiente competitivo da atualidade é de fundamental importância a preocupação constante com a Qualidade, como também com todos os processos internos e externos que a impactem negativamente.

Os sistemas da organização devem conter todas as informações relativas aos produtos, de forma a possibilitar ações imediatas e bem fundamentadas, caso necessárias.

Ressalto que a atualização diária das informações auxilia na prevenção de não conformidades que podem acarretar os custos da “má” qualidade, como referido no início desta coluna.

Não posso deixar de mencionar que, apesar dos benefícios proporcionados pela informatização da Qualidade, não se deve esquecer que toda a mão de obra deve ser treinada adequadamente para poder utilizar os sistemas automatizados com a maior eficiência possível, de modo que todos possam usufruir das melhorias colocadas à sua disposição.

Olivier Fabre
Fragrâncias por Olivier Fabre

Fragrâncias e etnias

Durante minha carreira profissional de avaliador olfativo, tive a chance de tra- balhar em quatros continentes e de visitar “olfativamente” mais de 75 países. Sendo o tema desta edição cosméticos e etnia, vou relatar meus aprendizados e minhas experiências sobre a relação entre fragrâncias e etnias.

Em primeiro lugar, como já mencionei em várias colunas anteriores, existe uma ligação estreita entre a cultura de um país ou de uma região e as preferências olfativas de seus habitantes. Isso se verifica ainda mais na relação entre a cultura de uma etnia e as preferências olfativas de seus membros. Por outra parte, observa-se que, na história da humanidade, cada civilização faz uso específico das fragrâncias. Por exemplo, no Egito antigo as fragrâncias eram um meio de comunicação das pessoas com os deuses, enquanto que na Amazônia as fragrâncias servem para elas se comunicarem com a alma. Não é à toa que os pajés da Amazônia Andina se denominam “perfumeros”.

Quando comecei minha carreira profissional, em várias ocasiões recebi briefings com o objetivo de desenvolver uma fragrância global, ou seja, uma única fragrância que fosse apreciada da mesma forma ao redor do mundo. Entende-se facilmente a razão pela qual uma empresa global pode pretender colocar a mesma fragrância no seus produtos: realizar economia de escala. Mas rapidamente percebi que isso era utópico. Para uma empresa global, economias de escala podem ser realizadas nos processos de fabricação, na escolha das matérias-primas e no desenvolvimento da formulação. Entretanto, não é possível realizar economia de escala com as fragrâncias, pois o que é apreciado no Brasil com dois sigma de preferência é rejeitado na Índia e, mesmo dentro do próprio Brasil, o que é apreciado no Nordeste pode ser rejeitado no Sudeste! E eu poderia multiplicar os exemplos. Portanto, o que fez com que minha profissão fosse apaixonante.

A partir dessa constatação, comecei a me interessar, de perto, pela relação entre as fragrâncias e as preferências de consumidores e a tentar identificar como funciona a relação entre a cultura dos consumidores e suas preferências (ou rejeições) olfativas. À medida que entendia melhor essa relação, mais acertava no desenvolvimento das fragrâncias.

Fatos interessantes, algumas vezes quase cômicos, aconteceram no início da minha carreira, quando eu visitava frequentemente vários países da América Central.

Naquele tempo, as viagens duravam várias semanas e eu visitava sucessivamente vários países.

Antes de partir, eu selecionava as fragrâncias que seriam apresentadas aos clientes. Na minha primeira viagem, eu tinha levado várias fragrâncias opulentas de flores brancas pensando que seriam bem apreciadas na região. Erro meu! Rapidamente fui informado que, na América Central, esses tipos de fragrância remetem demais a cerimônias de velório, nas quais muitas flores brancas são colocadas junto ao defunto. Outro fato foi que, em um táxi em Mumbai, na Índia, senti um maravilhoso cheiro de rosa. Perguntei ao motorista qual era a marca do difusor de fragrância. Qual foi minha surpresa quando ele me respondeu que era a fragrância que ele mesmo usava. No dia seguinte, não tive dúvida em pro- por a rosa para um briefing de fragrância masculina! Aliás, hoje a perfumaria de “niche” ou “indie”, segmento da perfumaria em forte crescimento, já não atribui gênero às fragrâncias, e estas não são “unissex”, são fragrâncias!

Hoje, com o desenvolvimento dos blogs de amadores de fragrâncias nas redes sociais (não estou falando de influenciadores que se tornaram meros agentes comerciais de marcas), é cada vez mais importante desenvolver fragrâncias que levem em conta os aspectos sócio-culturais dos consumidores.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Cosmética capilar étnica

O cabelo exerce função social e de autoafirmação; determina estilos e moda, chegando a ser ícone de algumas gerações. Mas, além da função estética, os cabelos são responsáveis pela proteção da pele contra a radiação solar, além de ajudar a diminuir o atrito com a pele, a proteger orifícios e, em algumas áreas do corpo, têm função tátil, de percepção de sensibilidade.

O folículo piloso, local no qual se originam cabelos e pelos, começa a se desenvolver ainda na fase embrionária do bebê, por volta da nona semana. Após a 22a semana, todos os folículos do corpo já estão maduros. Isso significa que o número de folículos que uma pessoa terá já está determinado antes mesmo de ela nascer, incluindo-se na conta os do couro cabeludo.

O folículo piloso forma-se a partir de projeções da epiderme para o interior da derme durante a embriogênese. Os pelos finos que recobrem a maior parte do corpo são denominados velus, e os pelos mais longos e espessos, presentes em couro cabeludo, barba, cílios, região pubiana e axilas, são denomi- nados pelos terminais.

O folículo é dividido em segmento superior e inferior. O segmento superior constitui-se de infundíbulo – porção que vai da abertura do folículo na superfície até a inserção da glândula sebácea – e istmo – fica entre o ducto sebáceo e vai até a inserção do músculo eretor do pelo. O segmento inferior é formado pela haste, segmento que vai do istmo ao bulbo, e pelo bulbo, porção mais inferior do folículo.


O folículo piloso é composto por haste pilosa, bainha folicular interna e externa e bulbo germinativo. A matriz, no interior do bulbo, é constituída por células epiteliais e melanócitos, e sua base envolve a papila, formada por tecido conectivo e vasos. As células do bulbo se multiplicam e dão origem à haste pilosa, que é formada por células queratinizadas cobertas por cutícula.

Cabelos apresentam diferentes características, de acordo com o grupo étnico ao qual a pessoa pertence e da genética de cada um. As variações raciais e individuais irão determinar o padrão de crescimento e também a forma e a textura.

Cabelos lisos são típicos de etnias mongólicas, orientais, esquimós e indígenas.

Cabelos ondulados são típicos dos caucasianos, mas podem ser encontrados em diversas etnias.

Cabelos crespos, comuns na etnia negra, possuem forma- to elíptico e achatado helicoidal, o que lhe confere aspecto encaracolado.

As proteínas, cujo nome vem da palavra grega protos, que significa “a primeira” ou a “mais importante”, são as biomoléculas mais abundantes nos seres vivos. As proteínas assumem uma diversidade de funções biológicas, com propriedades e atividades fantasticamente distintas. Elas são polímeros cujas unidades constituintes fundamentais são os aminoácidos.

Os cabelos são classificados em três tipos, de acordo com as etnias: afroamericano, caucasiano e oriental. A comparação entre os diversos tipos de cabelos na forma virgem mostra que eles possuem propriedades mecânicas diferentes entre si.

Independentemente do fato de ser liso, ondulado, crespo ou encaracolado, um cabelo é sempre o mesmo. A análise química não mostrou nenhuma diferença bioquímica principal entre os vários grupos étnicos. Sua composição básica é de queratina invariavelmente. Por outro lado, a forma do cabelo varia enormemente. As diferenças dependem em grande parte da secção transversal do cabelo e de como ele cresce. Estudos indicam que estes dois elementos estão intimamente relacionados à forma do folículo piloso e a sua posição no couro cabeludo.

A secção transversal de um cabelo é uma elipse que pode tender mais ou menos para um círculo. Uma analogia com outros materiais mostra como a secção transversal pode influenciar na aparência do cabelo no espaço: nas mesmas condições de tamanho, uma faixa fina se enrola muito mais facilmente do que uma corda cilíndrica. Por isso, os asiáticos possuem cabelo com uma secção transversal mais grossa e cilíndrica, enquanto os africanos possuem uma secção transversal achatada e fina, formando o cabelo crespo e encaracolado com anéis de até poucos milímetros de diâmetro. Caucasianos possuem uma secção transversal muito mais variada, porém sendo mais ou menos elíptica. O cabelo dos caucasianos vai desde o ondulado até bastante cacheado.

Isso tudo nos leva a uma simples conclusão: não podemos tratar igualmente todos os tipos de cabelos. Temos que levar em consideração esses dados descritos na hora de formular produtos adequados a cada etnia. O especialista que honra o nome já sabia disso.

Joana Marto
Sustentabilidade por Joana Marto

Etnia na indústria cosmética

A indústria cosmética está em uma encruzilhada, enfrentando atualmente não só desafios na sustentabilidade ambiental, mas também na inclusão étnica.

Essa mudança de comportamento do consumidor impulsiona a indústria a ado- tar práticas mais verdes e mais éticas. Para além dos desafios ambientais, a indústria cosmética enfrenta a necessidade de ser mais inclusiva em termos de etnias. Durante muitos anos, os produtos cosméticos foram criticados por atenderem principalmente a um espectro limitado de tons de pele, ignorando a diversidade étnica global. A inclusão étnica não é apenas uma questão de representatividade, é também uma questão de justiça e igualdade. Ao desenvolvermos produtos mais inclusivos, permitimos que indivíduos de todas as etnias se sintam representados e valorizados.

A base para produtos cosméticos inclusivos começa na fase de pesquisa e desenvolvimento. É crucial entender as necessidades específicas de diferentes tipos de pele, tons e texturas. Isso envolve investir em pesquisa científica que aborde ampla gama de diversidade étnica, garantindo que os produtos sejam seguros e eficazes para todos os consumidores. Uma das críticas mais comuns à indústria cosmética é a limitada gama de tons disponíveis, especialmente para pessoas de pele mais escura. Ampliar a gama de tons de base, corretivos e outros produtos cosméticos é essencial. Isso não apenas atende a uma maior diversidade de consumidores, mas também envia uma mensagem poderosa sobre a inclusão e o respeito pela diversidade. Exemplos como Fenty Beauty, MAC Cosmetics e Cover FX mostram que é possível atender às necessidades de um espectro diversificado de consumidores. Além de expandir a gama de tons, é crucial considerar as diferentes texturas de pele. Isso inclui o desenvolvimento de produtos para diferentes tipos de pele – seca, oleosa, mista e sensível –, garantindo que cada consumidor encontre produtos adequados às suas necessidades específicas.

Não devemos nos esquecer da tecnologia! Investir em tecnologia e inovação pode ajudar a criar produtos mais adaptáveis e personalizáveis. Por exemplo, tecnologias de correspondência de cores podem ajudar os consumidores a encontrar o tom exato para sua pele.

O marketing e a publicidade também desempenham um papel crucial na forma como os produtos são percebidos pelo público. Campanhas inclusivas que apresentam ampla gama de etnias, idades e gêneros podem não apenas atrair um público maior, mas também estabelecer a marca como defensora da diversidade e da inclusão. Trabalhar com influenciadores de diferentes etnias pode fornecer insights valiosos sobre as necessidades e preferências de diversos grupos. Além disso, essas colaborações podem ajudar a promover produtos de maneira autêntica e inclusiva.

Não esquecer de que o feedback dos consumidores é vital para entender se os produtos atendem às suas necessidades. As empresas devem estar abertas a receber e agir com base no feedback, especialmente de comunidades historicamente sub-representadas.

Não há dúvida de que a indústria cosmética está em um ponto de inflexão. A adoção de práticas sustentáveis e o desenvolvimento de produtos inclusivos não são apenas imperativos éticos, mas também oportunidades de negócios. Empresas que abraçam a sustentabilidade e a inclusão, além de atenderem às demandas dos consumidores modernos, lideram o caminho para um futuro mais responsável e inclusivo.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Cuidados com a pele negra

A pele negra não apresenta grandes diferenças em relação à branca, no entanto o sistema de pigmentação tem algumas particularidades. A mais importante de todas está relacionada à produção de pigmento, pois o melanócito da pele negra é mais ativo, produzindo maior quantidade de pigmento.

Esta célula chamada melanócito é uma célula complexa que se origina no sistema nervoso central. Elas caminham durante a gestação da neuroectoderme para a epiderme, onde vão ser responsáveis pela produção de melanina.

Esta é uma proteína responsável por proteger a pele da radiação ultravioleta (sol).

O melanócito incorpora as matérias-primas necessárias para a produção de melanina e, após várias etapas de reações químicas, produz a melanina que é armazenada no grânulo de melanossoma e guardado no melanócito.

A pele negra e a pele branca têm mais ou menos a mesma quantidade de melanócitos.


No entanto, o melanócito da pele negra é muito mais produtivo e responde mais intensamente a estímulos variados.

Sendo assim, a pele negra tende a manchar mais em qualquer circunstância que for estimulada.

As manchas podem ocorrer por machucados, picadas de insetos, inflamações, dermatites, peelings, etc.

Todos os procedimentos realizados na pele negra devem ser feitos com muito cuidado e suavidade para que a pele não apresente reação inflamatória e evite manchar.

Os peelings realizados em pele negra devem ser superficiais para evitar manchas.

A microdermoabrasão ou peeling de cristal é um procedimento que promove uma esfoliação (troca de pele) de maneira suave, sendo indicada para tratamento de manchas, acne leve, melasma e antienvelhecimento.

A microdermoabrasão é um aparelho que emite micropartículas de microcristais de hidróxido de alumínio que esfoliam levemente a superfície cutânea.

À medida que encostamos a ponteira na superfície cutânea, provocamos uma sucção que favorece o contato das micropartículas com a pele.

Estas partículas têm uma ação mecânica, agredindo a camada córnea e provocando a troca da pele e um ligeiro estímulo à produção de colágeno.

Este procedimento é interessante para ser usado na pele negra, pois é suave e não provoca manchas.

As peles negras podem ser tratadas com microdermoabrasão para diversas situações clínicas, desde manchas já existentes, pele grossa, poros abertos, rugas finas e cicatrizes superficiais de acne.

Podem ser realizadas de quatro a seis sessões, com intervalo quinzenal.

A pele pode ser preparada com ácido retinóico, hidratante e filtro solar e, após o procedimento, devem ser feitas máscaras calmantes e uso do filtro solar.

A pele negra mancha também nas dobras e após procedimentos como a depilação.

O pelo do negro é mais fino e enrolado sobre si mesmo e tem uma cutícula mais frágil.

O pelo da pele negra encrava com mais facilidade, causando inflamação e manchas.

A microdermoabrasão pode ser feita antes da sessão de depilação com laser ou cera. Ela ajudaria a pele a ficar mais homogênea e lisa.

A microdermoabrasão também pode ser feita no corpo, além do rosto.

O peeling é um procedimento médico, somente o especialista poderá garantir a melhor indicação e resultados para cada situação.

Cuide-se.

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