Fundamentos da Cosmetologia - Cremes e Loções
Luciana Amiralian, Claudia Regina Fernandes
Phisalia Produtos de Beleza Ltda., Osasco SP, Brasil
Emulsões Cosméticas
Tipos de Emulsão Cosmética
Componentes de Cremes e Loções
Processo de Fabricação
Carcterísticas do Produto Final
Conclusão
Referências
artigo publicado na revista Cosmetics & Toiletries Brasil - Mai/Jun 2018 Vol. 30 Nº 3 (pag 36 a 38) |
Cremes e loções são emulsões O/A (óleo em água) ou A/O (água em óleo) constituídas de uma fase aquosa e de uma fase oleosa que são unidas por meio de um tensoativo (emulsionante) que tem afinidade com ambas as fases. Possui aparência branca (macroemulsão) ou aparência mais transparente (microemulsão) – a aparência depende do tamanho das micelas que se formam. Os cremes apresentam alta viscosidade, enquanto as loções apresentam de média a baixa viscosidade, podendo, ainda, ser muito fluidas. Os cremes e as loções são sistemas versáteis e responsáveis por carrear ativos que foram incorporados a eles, entregando benefícios à pele ou aos cabelos.1 |
Nas emulsões O/A nas quais o meio dispersante é aquoso, o sensorial do produto é mais leve, menos oleoso e, assim, menos oclusivo para a pele. Esse tipo de emulsão é mais utilizado e valorizado no mercado brasileiro porque proporciona as sensações de leveza e refrescância.
Em relação ao sistema emulsionante, Sherman (1968) resumiu as características desejáveis de um agente emulsificante: |
Creme clássico
Constituído basicamente de ceras, emolientes, conservantes e água, tem um toque mais ceroso.
Emulsão com viscosidade menor que a do creme clássico, podendo ou não ser aplicada com fricção. É ideal para aplicação corporal, por ser menos espessa e ter melhor espalhabilidade.
- Creme oil free: creme isento de óleos de origem mineral e componentes comedogênicos; nessas formulações, a viscosidade é dada por espessantes, geleificantes e por silicones que deixam o creme com a aparência branca.
- Loção oil free: tem composição semelhante à do creme oil free, porém apresenta menor consistência.
- Creme hidratante: creme no qual adicionam-se hidratantes naturais à sua formulação, principalmente os constituintes do NMF (fator de hidratação natural), como ceramidas, PCA sódico e aminoácidos.
- Emulsão de cristal líquido: emulsão trifásica formada por uma fase externa aquosa; pela fase intermediária, que possui estruturas líquidas cristalinas lamelares (cristais líquidos) dispersas, englobando a fase oleosa; e pela fase mais interna, que apresenta a estrutura de um gel. A emulsão resulta em uma preparação muito hidratante, de toque seco e suave devido à presença do gel e de pouco conteúdo ceroso.
- Gel-creme: emulsão (formada normalmente a partir de um gel) com alto percentual de água e baixo (ou nenhum) percentual de óleo. Pode-se, ainda, acrescentar ao gel-creme um opacificante para dar a ele uma aparência branca.
- Sérum ou leite: veículo fluido que contém até 3% de fase oleosa em sua formulação, o que permite a penetração dos ativos veiculados. Por possuir gel em sua formulação, proporciona toque seco, não oleoso nem pegajoso e tem excelente espalhabilidade.
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Componentes de Cremes e Loções
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O processo de fabricação de um creme ou de uma loção clássicos consiste basicamente na mistura de uma fase aquosa e de uma fase oleosa, que são aquecidas à temperatura de aproximadamente 80ºC, por determinado período de tempo, para a formação da emulsão. Após a emulsificação, a mistura é resfriada e quando estiver na temperatura de aproximadamente 45ºC, são adicionados a ela os conservantes, os aditivos e a fragrância, que são sensíveis a altas temperaturas, finalizando o processo. Os pontos críticos do processo são a temperatura da emulsão, o tipo de agitação e, as velocidades de agitação e de resfriamento. |
Carcterísticas do Produto Final
As características físico-químicas desejáveis de um produto cosmético da categoria de cremes e loções devem atender aos seguintes parâmetros:
- Viscosidade, a qual depende muito do tipo de frasco no qual o produto será comercializado, pois este deve ser de fácil manuseio.
- Aspecto, o qual depende do tipo de formulação desejada, como emulsão cremosa, ou loção fluida, ou gel–creme.
- pH: deve estar entre 5,5 – 6,5 (creme de formulação básica).
Há ainda cremes e loções com características mais específicas, como peelings químicos, filtros solares, cremes antirrugas, cremes antiacne, cremes preventivos de assaduras etc.
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Desenvolver formulações de sucesso é um desafio, especialmente quando os produtos são emulsões, pois o consumidor quer desempenho, aparência agradável e inovação em um único produto. Além disso, como o mercado atual é muito competitivo, os formuladores têm como desafio cumprir todos esses requisitos em prazos extremamente curtos para o lançamento do produto. |
1. Ansel HC, Popovich NG, Allen LV. Formas farmacêuticas e sistemas de liberação de fármacos, 6. ed., Colômbia: Editorial Premier, 2006
2. Coutinho C dos Santos, Santos EP. Cremes e loções: visão geral, Cosm & Toil Brasil 26(4), 00-00, 2014
3. Daltin D. Tensoativos: química, propriedades e aplicações, Ed.Blucher, São Paulo, 2011
4. Becher P. Emulsions: theory and practice, 2. ed., Reinhold Publishing Corp, New York, 1965
5. Salager JL, Miñana-Perez M, Pérez-Sánchez M, Ramirez-Gouveia M, Rojas Lab CI. Surfactant-oil-water Systems near the Affi nity Inversion - Part III: the two Kinds of Emulsion Inversion, Laboratorio FIRP, Escuela de Ingenieria Quimica de la Universidad de los Andes, Mérida, Venezuela
6. Gomes RK, Gabriel M. Cosmetologia: descomplicando os princípios ativos, Livraria Médica Paulista – LMP, São Paulo, 2006
7. Barata E. Cosméticos: arte e ciência. 1. ed., Lidel-Edições Técnicas, Lisboa, 2002
8. Schlossman ML. The Chemistry and manufacture of cosmetics, v.1 – Basic Science, 3. ed., Michael Schlossman, New York, 2000
9. Anton RE, Salager J-L. Lab. Emulsion Instability in the Three-Phase Behavior Region of Surfactant-Alcohol-Oil-Brine Systems, Laboratorio FIRP, Escuela de Ingenieria Quimica de la Universidad de los Andes, Mérida, Venezuela, 1985
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Luciana Amiralian é farmacêutica-bioquímica formada pela Universidade de São Paulo (USP) e sócia-diretora da empresa Phisalia Produtos de Beleza, onde também é responsável pelas áreas de pesquisa e desenvolvimento, inovação e controle de qualidade.
Claudia Regina Fernandes é química-industrial com especialização em Engenharia Cosmética e mais de 15 anos de experiência nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, regulatórios e controle de qualidade. Atua na empresa Phisalia Produtos de Beleza como supervisora da área de pesquisa e desenvolvimento.
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