Fundamentos da Cosmetologia - Condicionadores
Luciana Amiralian, Claudia Regina Fernandes
Phisalia Produtos de Beleza Ltda., Osasco SP, Brasil
artigo publicado na revista Cosmetics & Toiletries Brasil - Mar/Abr 2018 Vol. 30 Nº 2 (pag 28 a 30) |
A arte de desenvolver uma formulação cosmética não está só na combinação dos ingredientes e em sua performance, mas também no conhecimento técnico e, principalmente, no conhecimento dos requisitos específicos, que englobam as listas positivas, restritivas e negativas de ingredientes e as precauções requeridas para cada categoria de produto. |
Definição e Aplicação do Produto
Os condicionadores são emulsões catiônicas formadas por tensoativos, agentes de estabilização, álcoois graxos, emolientes, fragrância e preservantes que conferem aos cabelos maciez, restauração, brilho, hidratação, diminuição do frizz, definição de cachos, entre outros atributos.
Com relação à aplicação dos produtos, existem as categorias de condicionadores com enxágue e sem enxágue. |
Os condicionadores apresentam, em sua composição, tensoativos catiônicos, como os sais quaternários de amônio ou éster quat, que são compostos capazes de: diminuir a tensão superficial da água, atuar como bactericidas e auxiliar na estabilidade da emulsão, além de ter ação condicionante dos fios de cabelo, pois se aderem à superfície da fibra capilar.
A parte ativa da molécula dos condicionadores é um cátion (?NH3 +), como mostra a Figura 1. |
Composição de um Condicionador
De maneira genérica, um condicionador capilar é uma emulsão constituída por duas fases, uma fase aquosa e uma fase oleosa, que são aquecidas e emulsionadas para a formação do condicionador. |
Condicionamento
Entre as matérias-primas de condicionamento também estão os poliquatérnios e a goma guar quaternizada.
Os reguladores de viscosidade de fase aquosa são normalmente insolúveis na fase oleosa. São exemplos desses reguladores os derivados de celulose, como a hidroxietilcelulose, e os derivados de amido.
Entre os álcoois graxo, podem-se citar os álcoois cetílico, o cetoestearílico, o estearílico e o berrênico. Os álcoois graxos de cadeia carbônica C16-22 são os espessantes graxos mais efetivos para ganho de viscosidade e estabilidade. |
São substâncias utilizadas para ajustar o grau de acidez ou de alcalinidade do produto. São classificados como neutralizantes, alcalinizantes, acidulantes e tampões.
Os acidulantes mais utilizados para fazer esses ajustes na área cosmética são os ácidos carboxílicos e os ácidos hidroxicarboxílicos, e entre eles podem ser citados o cítrico e o láctico.
Os alcalinizantes podem ser de origem orgânica ou inorgânica. São exemplos de bases orgânicas as alcanolaminas e o aminometil propanol, e de bases inorgânicas o hidróxido de sódio, o potássio e o amônio.
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Os umectantes são substâncias higroscópicas que têm a propriedade de reter água na pele, no cabelo e nos produtos cosméticos. Entre os principais umectantes, destacam-se: a glicerina, os poliglicóis, os sacarídeos e os polissacarídeos, e os extratos vegetais. |
Também conhecidos como sequestrantes, os agentes quelantes são componentes utilizados nos produtos cosméticos para evitar problemas de estabilidade, como mudança de cor, de cheiro e de aparência.
O EDTA dissódico e o EDTA tetrassódico são os principais representantes dessa classe de matérias-primas, mas existem também os derivados de citrato e os de gluconato.
Os agentes quelantes atuam complexando e inativando íons metálicos, como cálcio, ferro, cobre e magnésio provenientes da água ou de matérias-primas da formulação.
O EDTA dissódico é utilizado em formulações com pH mais ácido e o EDTA tetrassódico é usado em formulações com pH mais básico.
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A preservação de um cosmético é obtida pelo uso de preservantes em sua formulação, o que aumenta a vida útil do produto, garantindo seu shelf life desde o momento de sua fabricação até ele chegar a casa do consumidor.
Os preservantes são regulamentados pela RDC nº 29, de 1º de junho de 2012, da Anvisa, na qual se estabelece a lista dessas substâncias permitidas para uso, suas máximas concentrações autorizadas e suas limitações.
Um sistema preservante ideal, dentro da dosagem de uso recomendada pelo fabricante e do que a legislação permite, deve apresentar as seguintes propriedades: possuir amplo espectro de atuação; ser estável em ampla faixa de pH e ser compatível com as matérias-primas comumente usadas em cosméticos;inativar os microrganismos com rapidez suficiente para evitar a adaptação microbiana; ser de uso seguro, ou seja, não irritante, não sensibilizante e não alergênico; e ter custo acessível.
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São matérias-primas modificadoras de características organolépticas. O termo fragrância está relacionado a “perfume, aroma, cheiro e odor produzidos por uma substância ou por uma mistura de substâncias que pode ser de origem natural ou sintética”.
Uma fragrância é identificada por meio de suas notas, ou seja, do odor específico de cada substância que a compõe. Seu desempenho e sua estabilidade são muito importantes para a obtenção de um produto equilibrado, e isso depende das matérias-primas que fazem parte de sua composição.
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No Quadro 1 é apresentada uma formulação típica de um condicionador capilar. Nessa formulação ainda podem-se incluir extratos, corantes e outros aditivos para compor o apelo comercial do produto.
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O sucesso do desenvolvimento de um novo cosmético depende não só da escolha correta das matérias-primas que o compõem, mas também do seu processamento por meio de operações industriais adequadas.
Os processos de mistura são regidos por princípios físico-químicos e termodinâmicos nos quais ocorrem transferências de energia mecânica e de energia térmica. A eficiência da mistura dependerá do tipo de equipamento, da velocidade da agitação, do tempo de agitação e da temperatura do meio. |
Características Físico-Químicas do Produto Final
As características físico-químicas desejadas de um produto cosmético para a categoria condicionador devem atender aos seguintes parâmetros: |
O desenvolvimento de um condicionador deve ser realizado de forma consistente, levando em consideração as interações entre os materiais, suas solubilidades e polaridades, evitando assim incompatibilidades e possíveis desestabilizações de formulação durante seu shelf life. É de extrema importância que o formulador conheça a legislação vigente e suas restrições, além de conhecer as características de desempenho desejadas pelo público-alvo ao qual o produto se destina. |
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Luciana Amiralian é farmacêutica-bioquímica formada pela Universidade de São Paulo (USP) e sócia-diretora da empresa Phisalia Produtos de Beleza, onde também é responsável pelas áreas de pesquisa e desenvolvimento, inovação e controle de qualidade.
Claudia Regina Fernandes é química-industrial com especialização em Engenharia Cosmética e mais de 15 anos de experiência nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, regulatórios e controle de qualidade. Atua na empresa Phisalia Produtos de Beleza como supervisora da área de pesquisa e desenvolvimento.
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