Aloe vera no Tratamento da Acne Vulgar
Ariane Braga da Cruz, Luana Caroline Cândido da Silva, Sofia Poletti
Curso de Estética da Fundação Hermínio Ometto (Uniararas), Araras SP, Brasil
Considerada o maior órgão do corpo, a pele mede em torno de 1,7 m² a 2,0 m² em indivíduos adultos, correspondendo a cerca de 5,5% de sua massa corporal, e seu pH oscila entre 5,5 a 7,0 em sua extensão. Esse órgão tem como característica o desempenho de diferentes funções, entre elas, manter uma barreira física contra o meio ambiente, dificultando a entrada de agentes nocivos, e a termorregulação.9 A pele tem extrema importância para o ser humano quando é relacionada à vaidade.35
A pele é composta de três complexas camadas: epiderme, derme e hipoderme ou tela subcutânea. A epiderme é composta de estrato córneo, camada granulosa, camada espinhosa e camada basal.42 A segunda camada da pele é a derme, um gel rico em mucopolissacarídeos, fibras colágenas e elásticas, composto de componentes celulares e acelulares e que apresenta vasta vascularização e terminações nervosas.
Nessa camada se localizam os folículos pilosos, e neles encontram-se as glândulas sebáceas, cuja função principal é a secreção de sebo. O sebo sofre influência nutricional e do controle hormonal, como os andrógenos, que causam hipertrofia e hipoplasia, e os estrógenos e glicocorticoides, que causam involução. O sebo secretado pelas glândulas sebáceas e a secreção das glândulas sudoríparas formam uma barreira física e química contra patógenos.42
Para os adolescentes, independentemente do sexo, a pele bem cuidada e com boa aparência é de suma importância para manter sua autoestima e suas relações sociais. Dessa forma, até mesmo pequenas lesões como a acne podem influenciar a parte psíquica dos adolescentes.13
A acne vulgar (AV) é uma patologia que acomete principalmente jovens adultos, de ambos os sexos, porém ocorre de forma mais severa em indivíduos do sexo masculino. Sua causa etiológica pode ser genética e hormonal.25
A AV pode apresentar diversas formações, como comedões, pápulas, cistos, nódulos e pústulas, que tendem a gerar cicatrizes escavadas, deprimidas e hipertróficas na pele.21,34 Os fatores primordiais para a formação da acne são: hiperprodução sebácea; hiperqueratinização folicular; aumento da colonização por Propionibacterium acnes (P. acnes) e inflamação dérmica periglandular.2
Existem vários ativos aplicados topicamente para o tratamento da acne, como o ácido retinoico, o ácido azelaico, o ácido benzoico, o óleo de melaleuca e a Aloe vera.46 O uso da planta medicinal Aloe vera tem diversas ações que podem influenciar as manifestações da acne, por exemplo: anti-inflamatória, antibacteriana, cicatrizante, hidratante e antioxidante.31
A Aloe vera é uma planta medicinal cujo nome Aloe deriva de Alloeh, palavra árabe que significa “substância amarga brilhante”, e vera é uma palavra de origem latina que significa “verdadeiro”. Seu nome botânico é Aloe barbadensis Miller e essa espécie pertence à família Liliaceae. A Aloe vera é uma planta semelhante a um cacto, cresce mais em ambientes secos. Acredita-se que a Aloe vera tenha surgido no Norte da África, no Sudão e em outras áreas áridas.
Por ser nativa do Norte da África, essa planta precisa de luz solar direta para sobreviver, por isso se adaptou muito bem ao Cerrado brasileiro.15,32
Há mais de 300 espécies de Aloe no mundo. Algumas delas são consideradas venenosas e somente quatro são seguras para o uso medicinal, com destaque para a Aloe barbodensis (Aloe vera), espécie que apresenta o maior número de nutrientes em seu gel. No Brasil, a Aloe vera é popularmente conhecida como babosa.6,37,43
De origem antiga, a Aloe vera foi descoberta no Egito, onde a chamavam de “planta da imortalidade”. Rainhas egípcias, como Nefertiti e Cleópatra, a utilizavam em seus rituais de beleza. Soldados de Alexandre, o Grande, e homens das frotas lideradas por Cristóvão Colombo utilizavam a planta em suas feridas.
Na literatura inglesa, a primeira referência que cita a utilização da babosa foi publicada em 1655, pelo botânico John Goodyer. A Aloe vera é plantada em grande escala em países como México, EUA e China. Mas só foi descrita como droga oficial em 1932, pela Farmacopeia Britânica, passando em seguida a ser aceita em diversas outras farmacopeias.39,20
As folhas de Aloe vera têm forma de lança pontiaguda e afiada, com margens serrilhadas. Seu tamanho é de 60 a 100 cm de comprimento e tem de 6 a 8 cm de largura, podendo pesar até 2,3 kg. Suas folhas são verdes, grossas e carnudas. A Aloe vera tem um gel claro no interior de suas folhas, sendo este o maior suprimento de água da planta, com a função de mantê-la viva em longos períodos de seca. Essa planta tem uma haste floral que faz a sustentação de uma espiga densa de flores da cor amarelo-alaranjado. A parte mais usada da Aloe vera para fins terapêuticos é a folha. Indica-se que a planta não seja regada cinco dias antes de sua utilização, para que concentre maior teor de princípios ativos.31,32,45
Na parte externa dessa planta é possível coletar um suco concentrado de cor marrom, que tem odor forte e gosto amargo e seco, e é composto de antracênicos. Já na parte mais interna da planta se obtém um gel mucilaginoso, que tem aparência viscosa e incolor, e é constituído de 99% de água e 1% de substâncias ativas.10,22,39
O gel da planta apresenta mais de 200 substâncias, incluindo 20 minerais (ferro, cromo, zinco, selênio, cobre, manganês, sódio, potássio, cálcio etc.), 20 aminoácidos, polissacarídeos e vitaminas (A, B1, B2, B3, B5, B6, B12, C, E, colina e ácido fólico). Também tem enzimas ativas, como fosfatase alcalina, amilase, bradicinase, carboxipeptidase, catalase, celulase, lipase e peroxidade.20 O Quadro 1 apresenta os estudos sobre as propriedades e os componentes da planta A. vera.
Estudos in vitro e in vivo demonstraram atividades antineoplásica, antimicrobiana, anti-inflamatória e imunomodulatória e cicatrizante do extrato de Aloe vera. Suas ações terapêuticas são iguais às de todas as espécies da família Liliaceae. Porém a Aloe vera age mais profunda e intensamente do que as outras plantas da família. A ação anti-inflamatória da Aloe vera ocorre pela inibição via enzima ciclo-oxigenase, da qual reduz a produção de prostaglandinas por meio do ácido araquidônico.28,31,43
Vale ressaltar a ação do polissacarídeo de acemanana, presente na Aloe vera, que contém altas atividades imunomoduladora, cicatrizante, antibacteriana e antifúngica. O que torna uma substância com grande potencial para curar queimaduras solares, cortes pequenos e até câncer de pele. Seu uso na pele previne lesões no tecido cutâneo, tratamento da acne e promove brilho na pele.3,23
Assim, o presente estudo objetivou revisar, na literatura, o efeito da Aloe vera no tratamento da AV, com base na análise de estudos clínicos.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Hermínio Ometto – Uniararas, sob o parecer n.º 244/2018. A pesquisa foi realizada de fevereiro a junho de 2018. As bases de dados pesquisadas foram PubMed e Google acadêmico, nas quais foram buscados artigos científicos de estudos clínicos e experimentais, nos idiomas português e inglês. Os estudos incluídos foram catalogados entre os anos de 2008 e 2018, com as palavras-chave: Aloe vera, acne vulgar e inflamação.
A acne é caracterizada como uma patologia de origem crônica e inflamatória da unidade polissebácea, que acomete principalmente adolescentes. A acne, de causa multifatorial, provoca nos indivíduos alterações físicas e emocionais (por conta de sua forma inestética), principalmente na face e no tronco, tornando-se desagradável para os indivíduos acometidos por essa patologia.30
A forma mais comum e mais frequente da acne é a vulgar, que afeta em torno de 80% a 85% dos adolescentes, por causa de desequilíbrio hormonal. A acne vulgar é decorrente da ação de andrógenos, que causam o aumento da produção sebácea, da queratinização e da colonização bacteriana pela Proprionibacteriun acnes (P. acnes) nos folículos pilossebáceos.12,17,29
Acredita-se que a AV tenha forte infl uência genética, explicando-se assim o desequilíbrio hormonal que leva a alterações na unidade polissebácea, acometendo em torno de 45 milhões de indivíduos com idades de 12 a 25 anos. A AV não apresenta diferença de prevalência em relação às etnias.44
As formas de tratamento para a AV são diversas, como o uso de antibióticos orais e tópicos, por exemplo, o peróxido de benzoíla; os retinoides tópicos; os ácidos, como o alfa-hidroxiácido (ácido glicólico); o beta-hidroxiácido (ácido salicílico); além de tratamentos hormonais.42 Também são disponíveis estudos com a utilização de plantas para o tratamento da AV, entre elas as que têm propriedades dermatológicas, por exemplo, ação anti-inflamatória, bactericida e cicatrizante - entre essas plantas está a Aloe vera.23,46
A AV tem quatro graus de severidade, denominados I, II, III e IV, que são subdivididos em lesões não inflamatórias e lesões inflamatórias. O grau I é classificado como lesão não inflamatória e os graus II, III e IV como lesão inflamatória. O grau I apresenta duas formas conhecidas: o comedão fechado (“ponto branco”) e o comedão aberto (“ponto negro”). O comedão fechado se origina pelo aumento de corneócitos no acroinfundibulum folicular e o comedão aberto ocorre devido ao acúmulo de sebo e de queratina no infundíbulo.2,14
A lesão de grau II é denominada pápulo-pustulosa por causa da presença de: comedões, pápulas (pequenas elevações com edema que se originam do comedão), pústulas (com conteúdo purulento) e inflamação. A lesão de grau III é conhecida como nódulo-cística, sendo a forma mais grave de acne. O grau III caracteriza-se pela presença de nódulos (elevados e duros), inflamação intensa e cistos (estruturas globulosas, muito tensas e salientes, com conteúdo pastoso). A lesão de grau IV, denominada conglobata é o tipo mais severo de AV, contendo também, em seu diagnóstico, a presença de abscessos e fístulas.2,13,42
A glândula sebácea produz o sebo, que é formado e transportado até o folículo por um ducto de dreno sebáceo, onde alcança a superfície da pele. O sebo é composto de triglicérides, ácidos graxos, ésteres de cera, escaleno, ésteres de colesterol e colesterol. A atividade da glândula sebácea é controlada por andrógenos que se ligam aos receptores dessa glândula. Além de realizar a estimulação glandular, esses hormônios fazem a estimulação dos queratinócitos foliculares.
Os andrógenos têm origem adrenal, gonodal e alguns são produzidos na unidade polissebácea.1,11
Nas glândulas sebáceas encontram-se enzimas como a 5á-redutase, a 3β-hidroxiesteroide-desidrogenase e a 17β-hidroxiesteroidedesidrogenase, que, por sua vez, fazem a metabolização dos andrógenos, tornando-os mais potentes. Em especial, essas enzimas fazem a conversão da testosterona em di-hidrotestosterona, o principal hormônio responsável pelo aumento da produção do sebo e pela alteração no processo de queratinização.36,41
O processo de hiperqueratinização se caracteriza pela produção anormal e rápida de queratinócitos do epitélio, levando ao bloqueio do fluxo de sebo, ocorrendo assim acúmulo de sebo no lúmen folicular, o que resulta na formação de comedões. Esse distúrbio que pode ocorrer no processo de queratinização, além de poder ser causado pela atuação hormonal, pode acontecer devido a mudanças na composição do sebo, que podem irritar os queratinócitos infundibulares. Entre essas mudanças, estão: a redução do ácido linoleico; a proliferação da via 5á-redutase; inclusões lipídicas anormais; e elevadas concentrações de interleucina IL-1, citocina expressa pelos queratinócitos foliculares. Esse aumento na produção de sebo e queratina leva à proliferação de vários microrganismos, entre eles a bactéria P. acnes.24,42
A P. acnes é uma bactéria gram-positiva, anaeróbica e do gênero Corynebacterium. Ela faz parte da microbiota natural da pele humana e tem a função de realizar a hidrólise de triglicerídeos do sebo, transformando-os em ácidos graxos livres que promovem a hiperqueratose.
A P. acnes produz espécies de oxigênio reativas (ERO) e desencadeia uma resposta inflamatória.17
Bhaskar, Arshia e Priyadarshini (2009) relataram, em seu estudo, o uso dos extratos aquosos de Garcinia mangostana e de Aloe vera, formulados em um sistema de gel Carbopol 934 (1% p/p) de base aquosa, para o tratamento da AV leve. Seis formulações do gel foram preparadas variando-se as proporções de polímeros. Porém, com base nos testes, a melhor formulação foi aquela que continha 1% de carbômero. O ensaio microbiano de todas as formulações demonstrou melhor atividade inibitória contra P. acnes e Staphylococcus epidermidis em comparação com o gel de fosfato de clindamicina, comercializado em quantidades equivalentes de aplicação.
Ezenwa et al. (2018), em seu estudo in vitro, observaram a eficácia da Aloe vera diante de agentes bacterianos gram-positivos e gram-negativos utilizando diferentes solventes. A propriedade antibacteriana do gel de Aloe vera obtido com o uso de solventes etanólicos, metanólicos e acetona, mostrou maior atividade antibacteriana contra bactérias gram-positivas quando comparada à contra bactérias gram-negativas. Foi identificado grau de resposta variável para os patógenos relacionados, e o extrato etanólico apresentou maior inibição do que o extrato metabólico. Isso demonstrou que o gel de Aloe vera tem efeito inibitório contra bactérias patogênicas.
Estudo de Ranjbar e Yousefi (2018) analisou os efeitos da combinação de biofilme de Aloe vera com uma carga de nanopartículas de quitosana na cicatrização de feridas infectadas totalmente por Staphylococcus aureus (S. aureus), bactéria gram-positiva. O estudo foi realizado em 30 ratos Wistar machos adultos com feridas de aproximadamente 300 mm², escolhidos aleatoriamente. A Aloe vera com película fina de nanopartícula de quitosana diminuiu o tempo de maturação do tecido de granulação e a contração da ferida, indicando melhora na reepitaliação e aumento do número de fibroblastos, tendo também observado redução na contagem de S. Aureus cultivadas nas feridas. Concluindo, houve melhora na cicatrização total da ferida, justificando seu uso na prática.
No folículo polissebáceo de indivíduos não acometidos por AV, os queratinócitos descamam e são carregados do lúmen para fora, por meio do sebo que foi secretado pela glândula. Já em indivíduos acometidos por AV, essa descamação dos queratinócitos ocorre de forma agrupada, fazendo com que se forme um tampão que obstrui o infundíbulo folicular.24
Na continuidade desse processo, a pressão no folículo, decorrente do aumento do acúmulo de sebo e de queratina, faz com que ele se rompa e cause a liberação de bactérias, ácidos graxos e corneócitos na derme, ocorrendo a invasão de linfócitos CD4 e neutrófilos, uma reação inflamatória, que inicia a liberação de mediadores imunológicos.
Nesse processo, há a presença de substâncias quimiotáxicas de neutrófilos, monócitos, linfócitos e citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina 8 (IL-8), que é capaz de mediar ou regular o processo inflamatório, e do fator de necrose tumoral alfa (TNF), que perpetuam o processo infl amatório.24,40
Em 2014, Chularojanamontri et al. verifi caram em seu estudo que a produtos hidratantes para a AV eram adicionados metais e extratos botânicos com propriedades anti-inflamatórias, como ginkgo biloba, chá verde, Aloe vera, alantoína e licochalcona. A Aloe vera tem efeito hidratante com concentração a 10%. Segundo esses autores, a planta tem efeito anti-inflamatório, pois inibiu a ciclo-oxigenase na via araquidônica.
Lima et al. (2017), em seu estudo, elaboraram e testaram a eficácia anti-inflamatória de uma formulação (em gel-creme) contendo extratos glicólicos de Aloe vera, ginkgo biloba, Panax ginseng, Matricaria recutita e mel de abelha. Avaliaram a ação anti-infl amatória da formulação em camundongos Swiss e camundongos C57BL⁄6J. Os animais passaram nove dias recebendo aplicação tópica de cróton (Codiaeum variegatum), que causou edema induzido em suas orelhas, e, a partir do quinto dia, passaram a ser tratados com o gel-creme teste ou gel-creme base (controle). A formulação apresentou inibição do edema, tendo sua ação anti-inflamatória mais evidente nos camundongos C57BL⁄6J, o que justifica o seu uso no tratamento da AV.
Choudhury e Roy (2016), em seu estudo in vivo, verificaram que a Aloe vera tem propriedade significativa anti-inflamatória no modelo experimental de inflamação aguda, subaguda e crônica em ratos albinos. A inflamação aguda foi produzida por meio de uma injeção subplantar de suspensão de 0,1 ml de carregenina 1%. A inflamação subaguda foi realizada por meio de uma injeção no dorso, contendo 1 ml de suspensão de carregenina 20% em óleo de gergelim. No estudo, observou-se efeito anti-inflamatório considerável nos modelos experimentais de inflamação aguda, subaguda e crônica, porém há necessidade de que sejam realizados mais estudos para corroborar a eficácia do seu efeito.
O processo de cicatrização é uma resposta natural do corpo a uma lesão. As cicatrizes de lesões inflamatórias da AV podem ser classificadas como atróficas ou hipertróficas. As cicatrizes atróficas ocorrem por causa da perda de colágeno, podendo ser superficiais ou profundas e do tipo furador de gelo (ice-pick), onduladas (rolling) ou em forma de caixa (boxcar). Já as hipertróficas e os queloides estão ligados à alta deposição de colágeno, com diminuição da colagenase.21,34
Truiti e Sanfelice (2010), por meio de um estudo prático, formularam um cosmético em filme, contendo em sua composição um polissacarídeo, um polímero, um conservante e extratos hidroglicólicos. Essas substâncias formaram um filme espesso, porém flexível. Para que esse cosmético se tornasse um produto adjuvante no tratamento da acne, à sua formulação eles adicionaram extratos hidroglicólicos de Aloe vera, que é rica em aloeferon e capaz de promover a multiplicação celular, acelerando a cicatrização; a antraquinona, que tem ações antisséptica, anti-infl amatória e cicatrizante; e rosa branca (Rosa centifolia L.).
Koga et al. (2018) realizaram um estudo no qual desenvolveram um novo curativo com alginato contendo Aloe vera, com o objetivo de avaliar seu efeito na cicatrização cutânea em ratos Wistar. Observaram que houve maior quantidade de fibras de colágeno na fase de granulação, devido à maior ativação dos fibroblatos. Também houve aumento na proliferação celular e na epitelização do tecido lesionado, devido aos efeitos da Aloe vera. Notou-se que o aloe alginato estimula a recrutação de macrófagos, modulando a fase inflamatória, aumentando a angiogênese do local durante a fase proliferativa e estimulando a colagênase, efeitos que podem ser atribuídos à A. vera.
O estudo realizado por Mercês et al. (2017) teve como objetivo observar o efeito cicatricial da Aloe vera em ratos, utilizando 15 ratos da espécie Rattus norvegicus albinus. Foi retirado um fragmento de 2,0 cm x 3,0 cm de pele e de tecido cutâneo do dorso dos ratos. No 21° dia de experimento, houve o fechamento total das lesões em 100% dos ratos do grupo que utilizou a Aloe vera como forma de tratamento. Esse vegetal tem a capacidade de manter a ferida úmida, facilitando a migração das células epiteliais, permitindo que a maturação do colágeno ocorra rapidamente e reduzindo o tempo da inflamação da lesão. Dessa forma, conclui-se que a Aloe vera apresenta alta velocidade de cicatrização e pequena retração sem elevação.
Costa e Begatin (2013) alegaram em seu estudo que tratamentos alternativos para a acne, com ervas, Aloe vera, piridoxina, ácidos derivados de frutas, óleo de melaleuca, acupuntura e moxabustão, precisam de mais estudos práticos para que se possa fazer a definição da eficácia de seu uso.
A Aloe vera contém diversos ativos que podem ser utilizados no tratamento dos sintomas da AV, devido à sua ação antioxidante e porque consistem nas vitaminas A, C e E, em flavanoides, ácido ascórbico, β-caroteno e α-tocoferol, que agem no ERO, produzido pela P. acnes. Além disso, a Aloe vera tem ação antibacteriana, que ocorre por meio dos ativos antibacterianos presentes na planta, como a antraquinona, a acemanana e a emodina.4,5,6,28
A bacteria P. Acnes é responsável por promover o processo inflamatório presente na acne, que pode ser amenizado pelas bradiquinase, C-glucosil, giberelinas, auxinas e acemanana, e pelos ácidos graxos, lupeol, β-sistosterol e ácido salicílico, presentes na planta. Todavia, a acne deve ser contida para não causar processo cicatricial severo, o que provocaria deformações inestéticas. A Aloe vera também pode ser utilizada nessa fase, pois contém alantoína, aloína, antraquinonas, glicoproteínas, acemanana e aminoácidos, ativos cicatrizantes, juntamente com outros ativos que sejam capazes de auxiliar na síntese de queratina acemanana, da emodina e da aloesina.28,43
Portanto, com base nos estudos analisados, a presente revisão concluiu que há necessidade de que sejam realizados mais estudos com o uso da Aloe vera como ativo para neutralizar a ação da bactéria P. acnes, não associada a outras substâncias na sua formulação, em estudos tanto in vivo quanto in vitro. Porém, a literatura já apresenta número significante de estudos práticos que indicam que a Aloe vera pode ser considerada uma forma de tratamento eficaz da acne.
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Ariane Braga da Cruz e Luana Caroline Cândido da Silva são graduadas do Curso de Bacharelado em Estética da Fundação Hermínio Ometto (Uniararas), Araras SP, Brasil
Sofia Poletti é graduada em Fisioterapia e Terapia Ocupacional pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) e mestra em Ciências Biomédicas pela Fundação Hermínio Ometto. Atualmente, é docente da disciplina Refl exologia, do curso de Estética da Fundação Hermínio Ometto – Uniararas, Araras SP, Brasil
Este artigo foi publicado na revista Cosmetics & Toiletries Brasil, 32(4): 18D-22D, 2020
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