Embale Certo

Embalagens ecologicamente corretas, reciclagem e destinação

Julho/Agosto 2018

Antonio Celso da Silva

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Antonio Celso da Silva

Recentemente li uma matéria na qual a chamada dizia: ”Os oceanos estão virando plástico”. A matéria questionava para onde estava indo os plásticos descartados de maneira não ecologicamente corretos e a conclusão era que os oceanos recebiam grande parte desses materiais. Citava a matéria que, pior que a poluição visual era a consequência desastrosa para a fauna marinha. Embora a matéria fosse interessante, o assunto é óbvio.

Como “embalageiro” de plantão - como diz a minha amiga Assunta Napolitano-, comecei a refletir o que realmente estamos fazendo para dar um fim ecologicamente correto para as nossas embalagens, quais são as ações efetivas das indústrias de transformação, de produto acabado e dos consumidores para minimizar esse gigante e eterno problema. Qual é de fato o tamanho da preocupação?

Na verdade é grande, fala-se muito, mas efetivamente estamos patinando e não saímos do mesmo lugar.

Vemos alguns lampejos de cidadania, uma ou outra empresa fazendo alguma coisa, mas o resultado ainda é pífio.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi implantada e está em vigor desde 12 de agosto de 2010. Entre os conceitos introduzidos por essa lei está a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto. Ainda para viabilizar essa responsabilidade compartilhada entra o instrumento da logística reversa, também definido por essa lei.

Em resumo a responsabilidade é de todos, desde o produtor do material e da embalagem até o consumidor final.

A pergunta que se faz é essa lei pegou? Porque no nosso país tem a história das leis que pegam e as que não pegam - que não são poucas.

Pergunte a qualquer um desses elos da cadeia se efetivamente conhece a lei e o que de fato está fazendo para cumpri-la. Pode ter certeza de que na sua grande maioria a resposta vai ser: desconheço. E como cumprir uma lei que se desconhece, embora ela exista e está em vigor a mais de sete anos?

Diria que talvez a indústria de produto acabado é a que mais se preocupa com isso e vem fazendo alguma coisa.

Começar pelos acordos setoriais nos quais a indústria cosmética foi pioneira através de entidade de classe e construindo meios de recolhimento das embalagens descartadas no meio ambiente, direcionando-as para as empresas de seleção e reciclagem.

Temos bons exemplos de empresas de cosméticos que incentivam a devolução de suas embalagens vazias dando um desconto na próxima compra.

Outro exemplo é o ponto fixo de coleta de embalagens vazias nos pontos de venda dessas empresas. Em ambos os casos, essas embalagens são recolhidas pelas empresas e enviadas para descarte ecologicamente corretos.

Dentro da indústria cosmética temos ainda a separação de embalagens com defeito ou sujas com produtos na linha de produção. Essas embalagens são segregadas e periodicamente enviadas para descarte. Para isso, é necessário que tanto a indústria cosmética quanto a empresa que der o descarte correto tenha o chamado Cadri (Certificado de Autorização de Destino para os Resíduos Industriais), emitido pelo órgão ambiental.

Outro bom exemplo vem também da indústria de produto acabado ao reduzir o tamanho ou o peso das suas embalagens. No caso da redução de tamanho está a adoção de produtos mais concentrados. A redução de peso vem pela redução das paredes de um frasco plástico, por exemplo. O objetivo sempre é reduzir a quantidade de embalagens que vão parar no meio ambiente.

Falando da indústria de transformação temos a entrada dos plásticos verdes, derivados de vegetais, ainda com preço proibitivo e, portanto, pouco atrativo para uso em larga escala, considerando que cada centavo no preço da embalagem faz uma grande diferença no custo do produto final.

Nesse seguimento ainda temos o uso de plástico reciclado pouco recomendado por conta da contaminação que traz na sua composição.

Temos também na linha de cartonagem os cartuchos feitos com material reciclado, mas também pouco utilizado exceto pelas indústrias de produto acabado, que efetivamente exploram esse apelo.

Podem e devem existir outras ações desses ou de outros seguimentos, mas creio que as de maior relevância ou as mais divulgadas foram aqui citadas.

Como vemos, parece que as ações são muitas, mas os resultados nos fazem refletir que, de verdade, ainda muito precisa ser feito e, nós “embalageiros”, mais do que outras pessoas, somos muito responsáveis para que isso aconteça.



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