Boas Práticas

Falso entendimento

Maio/Junho 2009

Carlos Alberto Trevisan

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Carlos Alberto Trevisan

Já de há muito tempo, temos insistido em esclarecer o entendimento de grande número de empresas em relação à implantação das Boas Práticas de Fabricação e Controle (BPFeC). Para essas empresas desinformadas, essas práticas estariam relacionadas, numa referência até simplória, às atividades da Produção.

Durante nossa vivência na implantação dos processos, com freqüência verificamos que a maior causa para esse comportamento, da empresa como um todo, é esta não ter assimilado o conceito correto de Qualidade Total.

Aqui estamos nos referindo ao conceito pragmático de qualquer empresa que pretenda adotar a filosofia de qualidade para os seus produtos, processos, procedimento, atos e atitudes, relacionamentos interno e externo, etc. Ao contrário, não estamos nos referindo simplesmente à instalação de um departamento para aferir se as matérias-primas e insumos, e os produtos acabados e serviços produzidos estão em conformidade com as especificações previamente estabelecidas.

A constatação de equívoco na interpretação desse conceito está na confecção dos quadros de Visão e Missão, que em muitas circunstâncias se tratam de simples objetos de adorno, quando o termo “Qualidade” é pouco ou raramente citado.

O denominado Manual de Procedimentos para Colaboradores é uma das primeiras pistas para saber se a empresa efetivamente está engajada de modo correto no conceito de Qualidade. Em pesquisa efetuada, constatamos que no manual de uma centena de empresas, o termo “qualidade” apareceu em pouquíssimas vezes, e na maioria atrelado às atividades em si. Fato não suficiente para motivar o colaborador a aderir, efetivamente, à causa da Qualidade.

Voltamos a enfatizar numa máxima, que freqüentemente mencionamos e vale a pena repetir: “quem faz Qualidade são pessoas.” O colaborador motivado produz melhor resultado e as empresas devem estar sempre buscando no seu clima interno a melhor integração possível entre as equipes. A Qualidade e conseqüentemente as BPFeC são fruto do comportamento, que por sua vez se espelham, em sua totalidade, nos atos e atitudes da direção (liderança) da empresa.

A mudança cultural que os processos da Qualidade impõem à empresa, obriga que a sua expressão esteja presente em todas as atividades, sem nenhuma exclusão. Enfatizamos este ponto, pois não raro, os processos de avaliação de desempenho de produtividade impõem objetivos quantitativos, esquecendo que o aumento de produtividade não pode dispensar a melhoria contínua da Qualidade.

O controle sobre os colaboradores é fácil de ser exercido por meio de normas rígidas, supervisão, fiscalização, etc. Todavia nada será mais efetivo que o espírito de colaboração e iniciativa de quem acredita no trabalho.

Os colaboradores não buscam apenas remuneração, mas principalmente oportunidades para expor suas aptidões, participação efetiva e ascensão profissional.

O conceito de Qualidade tem que ser assimilado espontaneamente, sem qualquer tipo de pressão. Se o colaborador ainda não atingiu esse estágio o foi por ausência de participação efetiva no processo, por não ter sido solicitada, por desconhecimento dos processos em todos os níveis, ou por avaliação inadequada das não conformidades

Uma das alternativas para evitar tais obstáculos é o estabelecimento claro de propósitos, pois ao serem propostos novos valores, o processo de aceitação será gradualmente lento e somente a repetição, reforço e estimulação para a prática resultam na implantação irreversível.

Concluindo, podemos afirmar que se não implantados de forma persistente e sem solução de continuidade, os conceitos da Qualidade jamais serão aceitos e praticados.



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