Indústria cosmética no Brasil: panorama e perspectivas para 2014

Érica Franquilino
Cenário econômico
 
O que dizem os profissionais do setor
 
Panorama da Indústria Cosmética
 
Nordeste e Norte
 
Centro-Oeste
 
Sul e Sudeste

 

matéria publicada na versão impressa da edição janeiro/fevereiro de 2014 da revista Cosmetics & Toiletries Brasil

        Confira um painel com os principais números do setor, o crescimento da indústria em cada região nos últimos anos, os movimentos de mercado e as expectativas dos profissionais em relação ao ano que se inicia.


        Fatores como a desaceleração da atividade industrial, a inflação resistente, a menor oferta de crédito e juros em elevação compõem um cenário de modestas estimativas de crescimento econômico para 2014. Se para alguns setores 2013 foi embora sem deixar saudade, é consenso em diversos segmentos que 2014 – que traz consigo a imprevisível combinação de Copa do Mundo e eleições – começou sob o signo da cautela. O otimismo, contudo, continua presente entre os profissionais da área cosmética, ancorado no esforço inovador e competitivo de um setor que já representa 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

 

Cenário econômico
 

      O Brasil encerrou o ano com infl ação em alta. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apontou infl ação média anual de 5,74%. Com os preços em trajetória ascendente, a confiança do brasileiro na economia nacional também diminuiu. Nos últimos anos, as facilidades para a concessão de créditospessoais acarretaram aumento no endividamento das famílias. Esse contexto levou à retração de crédito ao consumidor em 2013, o que afetou o mercado varejista.

        Segundo dados do Banco Central divulgados no início deste ano, a taxa média de juros cobrada do consumidor fechou 2013 em 38% ao ano, alta de 4,1 pontos percentuais ante a que foi registrada no ano anterior. O aumento (referente ao crédito concedido a pessoas físicas com os chamados recursos livres) é superior ao da Selic no ano passado (alta de 2,75 pontos percentuais) e maior do que a taxa de captação dos bancos, que fi couem 3,9% em 2013.

        Em dezembro do ano passado, caíram todos os indicadores que medem a Intenção de Consumo das Famílias (ICF), segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). As maiores quedas foram observadas na intenção de comprar a prazo (11,9%), em bens duráveis (11,5%) e em relação à perspectiva profi ssional (6,1%).

        Desde maio de 2013, a desvalorização do real frente ao dólar tem se intensifi cado. A depreciação do real, contudo, não implicou aumento signifi cativo das exportações, uma vez que grande parte das indústrias brasileiras que exportam depende de insumos importados. A dependência dos itens importados elevou os custos de produção e, consequentemente, os preços repassados ao consumidor.

        Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 2,56 bilhões em 2013, o pior resultado para um ano fechado desde 2000 (quando houve défi cit de US$ 731 milhões). O resultado é bastante inferior ao registrado em 2012, quando houve superávit de US$ 19,39 bilhões nas transações comerciais do Brasil com o exterior.

        De acordo com o MDIC, o resultado comercial do ano passado está relacionado à interrupção da atividade de plataformas de petróleo que operam no Brasil, para a realização de serviços de manutenção, o que levou à queda da produção ao longo de 2013 e ao aumento da importação de combustíveis para atender à demanda brasileira.

        Pesquisa conduzida pelo Banco Central informa que, para 2014, economistas de mais de 100 instituições fi nanceiras acreditam que a balança comercial registrará alguma recuperação, atingindo US$ 8 bilhões de superávit, com exportações em US$ 252 bilhões e importações em US$ 244 bilhões.

        Segundo o Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), a produção da indústria cresceu apenas 1,2% em 2013. O resultado, contudo, é melhor que o de 2012, quando o setor registrou retração de 2,5%.

        O pífio crescimento da indústria em 2013 foi, em parte, influenciado pela forte queda da produção em dezembro, quando a indústria teve retração de 3,5% ante o mês de novembro, o que surpreendeu o setor. Férias coletivas e paralisações de linhas de produção, bem como juros mais altos, restrição de crédito einadimplência em patamar elevado são algumas das razões para esse recuo, aponta o IBGE.

        Em dezembro houve retrações em alguns segmentos, como: veículos (17,5%), máquinas e equipamentos (6,2%), área farmacêutica (11,7%) e refi no de petróleo e álcool (4,3%). Dos 27 setores pesquisados, apenas cinco cresceram em relação a novembro. A análise de produção industrial por setores em 2013 revela que a categoria “Produção de perfumaria, sabões e produtos de limpeza” cresceu 5,5%.

        Em linhas gerais, economistas divergem em suas previsões para 2014, mas há consenso de que este será um ano de desenvolvimento lento a moderado, com baixo crescimento diante de juros altos e crédito escasso para o consumo. A primeira pesquisa Focus do ano, produzida pelo Banco Central, apontou redução de 2,0% para 1,95% na variação do PIB em 2014.        

 

        O especialista no mercado financeiro e de capitais, e conselheiro da Dasein Executive Search Paulo Ângelo Carvalho de Souza discorda de boa parte das previsões e acredita que 2014 “tem tudo para contrariar as projeções econométricas para os aspectos macroeconômicos e ser o ano da virada”. Ele comenta um estudo recente do Banco Mundial, divulgado no início deste ano, que aponta crescimento de 2,4% para o país em 2014; de 2,8% nos EUA; de 7,7% na China; de 6,2% na Índia; e de 1,1% na zona do euro. “São perspectivas de crescimento [...] bastante superiores às estimativas e projeções até então vigentes”, diz.

        Por ser este um ano de eleições, a tendência é de que não aconteçam mudanças expressivas na política econômica nacional, apontam analistas. “Penso que a sociedade brasileira [...] não vai conceder cacife eleitoral ‘de graça’. No meu entendimento, todos os candidatos terão de apresentar propostas mais convincentes [...]. Éclaro que não se podem esperar mudanças expressivas na política econômica, mas, pela leitura da primeira reunião do Copom [Comitê de Política Monetária, do Banco Central, que elevou a Selic de 10% para 10,5% na primeira reunião do ano], já dá para perceber um estratégico arrocho na política monetária logo no começo do ano, de sorte a permitir uma gradual redução da taxa básica de juros mais à frente”, opina.

        No que se refere aos desafi os e aspectos positivos quepermeiam a indústria de bens de consumo em 2014, ele lembra que nos últimos anos o governo vem instigando o consumo, como forma de estimular a economia. “O consumo cresceu, mas a economia não. Talvez a economia crescesse menos se não houvesse uma política de aumento do consumo. Só que determinados artifi cialismos não se sustentam a médio e longo prazo. Por exemplo: retiram o IPI [imposto sobre produtos industrializados], mas depois é preciso reintroduzi-lo, anulando o efeito [da medida] [...]. Temos uma nova classe média desejosa por consumir”, ele destaca. Apesar de o consumidor estar mais cauteloso, Souza acredita que o consumo atrelado à renda e ao emprego deverá manter-se em alta.

        Com crédito restrito, consumidores voltam seu poder deconsumo aos artigos de menor valor, o que favorece as vendasde itens como perfumes, brinquedos e artigos para a casa. Dadosda Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, referentes a outubro de 2013, mostram que, em 12 meses (até outubro do ano passado), o consumo de itens dos segmentos de perfumaria e artigos de uso pessoal e doméstico teve altas significativamente superiores à média do varejo – foram 10,9% contra 4,5%.

        

 

        Apesar de seu vigor característico, o mercado cosmético, assim como outros setores, cresceu menos em 2013. “Além das dificuldades normais da economia brasileira, tivemos um agravante muito forte. Foram mais de 2.000 processos parados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aguardando análise, com 200 dias de atraso”, diz o presidente da Abihpec João Carlos Basílio.

        Ele se refere à dificuldade na liberação de registros de produtos grau 2 por parte da Anvisa – o prazo para aprovação dos registros costumava ser de, em média, 45 dias. Os prejuízos chegaram a aproximadamente R$ 1 bilhão. “Essas categorias que ficaram represadas [...] são de produtos com maior valor agregado e que exigem pré-análise da Anvisa”, ressalta Basílio. “Deixamos de gerar 6.500 empregos, deixamos de arrecadar de R$ 340 a R$348 milhões em impostos federais e estaduais”, completa.

        O transtorno vivido em 2013 ficou, felizmente, para trás. No último dia 30 de janeiro, a Anvisa lançou o sistema de automação de registro de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Com o novo sistema, todas as etapas de análise dos processos referentes ao setor cosmético passaram a ser realizadas de forma eletrônica. A automação deu maior agilidade à análise de produtos e, em muitos casos, a liberação pode ser automática. O novo sistema entrou em operação no dia 3 de fevereiro, no site da Anvisa.

        O setor cosmético deve crescer entre 3% e 3,5% em 2013 (crescimento real, descontando o IPCA). “Para 2014, a expectativa está dentro do que estamos acostumados. Esperamos que o setor consiga reagir de forma positiva, com crescimento real entre 7% e 10%”, diz Basílio. Os números consolidados referentes às categorias de produtos em 2013 ainda não foram disponibilizados, mas ele destaca o segmento de protetores solares, cujo desempenho deverá surpreender o mercado de forma muito positiva, graça aos dias ininterruptos de calorão, desde o final de dezembro.

        No segmento de higiene pessoal, ele ressalta o crescimento expressivo na categoria de desodorantes, que avançou 12,4% em volume e 21,66% em faturamento até agosto de 2013. Basílio também destaca o fortalecimento da perfumaria no mercado de franquias: “Houve crescimento bastante signifi cativo [no segmento de perfumaria] em comparação com o mercado tradicional e o de venda direta”.

 

 

 

 

O que dizem os profissionais do setor
 

        Para o Grupo Boticário, 2013 foi um ano de investimentos pesados em infraestrutura. “Foram destinados R$ 357 milhões somente em movimentos nesse sentido”, diz Sandro Rego, gerente de Assuntos Corporativos e Imprensa do grupo. Parte desse montante foi investida na Bahia, onde a empresa vai inaugurar uma nova fábrica, em Camaçari, e um centro de distribuição, em São Gonçalo dos Campos. O grupo também inaugurou um centro de pesquisa e desenvolvimento, destinado ao desenvolvimento de uma nova linha de maquiagem, e um armazém automatizado de 4 mil metros quadrados em São José dos Pinhais PR.

        Esses recursos fazem parte do projeto de expansão do grupo, anunciado em 2012, que totaliza R$ 650 milhões e sustentará o crescimento da organização pelos próximos 20 anos. “Além disso, 2013 foi o período de consolidar as novas unidades de negócio [Eudora, quem disse, berenice? e The Beauty Box], que são movimentos recentes e já começaram a gerar resultados positivos”, ele comenta. O Grupo Boticário estima ter encerrado 2013 com faturamento de R$ 8 bilhões no varejo. “Para 2014, temos a expectativa de que o Brasil terá um ano atípico, porconta da Copa do Mundo e das eleições. Parte do varejo deverá sentir a paralisação em dias de jogos. Por outro lado, o Brasil ainda tem muito espaço para os produtos e serviços no setor de cosméticos”, aponta o executivo.

 

        Antonio Celso da Silva, diretor industrial da Payot, ressalta que 2013 foi um ano difícil e atípico: “Normalmente, nós temos um início de ano mais difícil e um fi nal de ano melhor. Em 2013, isso não aconteceu. E a gente percebe que para 2014 as perspectivas também não são tão boas. No geral, observo que o pessoal está com o pé no freio, esperando o que vai acontecer”.

        Fabricantes brasileiros estão com o pé no freio e pouco otimismo, como demonstra o levantamento global da consultoria Grant Thornton divulgado no início de janeiro. Ao longo de 2013, o índice de confi ança no futuro do Brasil, calculado pela consultoria, caiu de 48% para apenas 10%. Essa foi a maior queda entre os 44 países que participaram da pesquisa.

        A opinião de Antonio Celso é compartilhada por Raquel Kann, responsável técnica da Naturelle. “A cada mês que se passava, a gente achava que a produção aumentaria, que viriam novidades, mais clientes...”, conta Raquel. Ela ressalta, contudo, que 2013 foi um ano de muitos desenvolvimentos de produtos na Naturelle. “Nós crescemos, mas acho que poderíamos ter crescido um pouco mais. Para 2014, estamos pensando em muitos itensdiferenciados, muitas coisas ecológicas e produtos inovadores para arrematar mais público e mais clientes”, diz.

 

        Luciana Amiralian, diretora técnica da Phisalia, também ressalta o comportamento do mercado em 2013: “Houve meses em que a gente esperou que fosse crescer mais e não cresceu, e houve meses em que a gente não esperava crescer, e estes foram os melhores... Foi um ano um pouco atípico, mas no geral foi bom. Para 2014, temos uma expectativa boa, com muitos lançamentos chegando”.

 

        Segundo a pesquisa “O Brasileiro, Moda e Beleza”, realizada pelo Data Popular, 66% das brasileiras consultadas afi rmam que estar bonita é uma das principais preocupações que elas têm em suas rotinas. A análise por regiões mostra que esse percentual chega a 70% no Nordeste e a 63% no Sudeste. “As pessoas têm necessidade de continuar sendo bonitas, têm necessidades que foram conquistadas nos últimos anos e das quais elas não abrem mão”, argumenta Silvestre Resende, diretor institucional na Valmari. 
       Para ele, “2013 não foi o ano mais fácil dos últimos tempos, mas nós trabalhamos, felizmente, com beleza. E, no mercado de beleza, quando as coisas vão bem, vende-se bem e quando as coisas não vão tão bem, vende-se bem também [...]. Para este ano, a perspectiva é continuar com o crescimento de dois dígitos e plantar, sempre.Nós acreditamos muito na associação de serviço [com a venda de produtos]. A prestação de serviços torna nosso trabalho muito importante”, destaca.

        Multinacionais como a Avon e a P&G seguem apostando em soluções que atendam ao mercado brasileiro.Para a Avon, que enfrentou problemas de logística que levaram à falta de produtos, a atrasos nas entregas e, consequentemente, à queda nas vendas, 2013 foi um ano desafi ador. “Não foi um ano fácil, mas acho que não só a Avon, mas todas as empresas trabalharam fortemente para poder atingir resultados positivos”, afi rma João Hansen, diretor de Desenvolvimento de Produtos e Assuntos Regulatórios da Avon para a América Latina. “Todos corremos para restabelecer a parte de custo, com a desvalorização do real. O setor importa muitos insumos e isso tem impacto importante na estrutura de custo [...]. Espero que em 2014 consigamos trabalhar com um pouquinho mais de calma, para poder entregar os resultados com um pouco mais de tranquilidade”, diz.

        Em 2012, o faturamento da Avon no Brasil cresceu apenas 3%, já descontados os efeitos da variação cambial. Em dois anos, a companhia passou da terceira para a quinta posição no mercado brasileiro. No período entre 2009 e 2013, a participação da Avon no setor de beleza no Brasil recuou de 9% para 7,2%. Para reencontrar o caminho do crescimento no país, a companhia investiu no fortalecimento do relacionamento com suas consultoras e na adequação de produtos.

        Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o colombiano David Legher, presidente da Avon Brasil, informou que a operação brasileira da Avon cresceu 13% no terceiro trimestre de 2013, a companhia atualmente tem 98% de seus pedidos entregues em dia e a subsidiária brasileira teve dois dos melhores lançamentos da história da Avon em suas respectivas categorias: a linha Avon Maquiagem, reformulada e focada na mulher brasileira, e a nova linha de hidratação corporal Encanto, desenvolvida para o mercado local.

        A P&G tem registrado crescimento médio anual de dois dígitos em mercados emergentes. “Trouxemos diversos lançamentos [para o Brasil] em 2013, como Pantene Expert Collection, a nova linha premium da Pantene, e a linha Advanced Keratin Repair, da linha Expert Collection”, diz Michele Colombo, gerente de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade da P&G Brasil. Ela informa que a companhia apresentou média de crescimento anual de 23% no Brasil, no período de 2002 a 2012. “Temos como expectativa para o ano fiScal 2013/2014, iniciado em julho de 2013 e que vai até junho de 2014, lançar 200 novos produtos para todas as categorias. Já lançamos a metade deles”, conta Michele.

        Regiane Marques Rodrigues, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Contém 1g make-up, ressalta que a empresa aposta em inovação: “Vem muita coisa boa por aí”. “2013 foi um ano de muitos lançamentos e um período que nós utilizamos para nos preparar para o próximo, com muitos desafios e muitas inovações para atender às consumidoras, que estão sempre em busca de maquiagens surpreendentes.” 

       Samuel Guerra, diretor de pesquisa e marketing da Allergisa, destaca o bom desempenho da empresa em 2013 e comenta que, para este ano, a perspectiva está um pouco “nebulosa”. “Um ano de eleição presidencial sinaliza um movimento forte do governo na parte de consumo, por questões políticas. Ao mesmo tempo, há uma série de nuvens, como o comprometimento com as contas públicas e essa conta dos poupadores que pode pesar muito no dinheiro disponível para crédito [...]. Este é um ano em que estamos nas mãos de decisões que transcendem muito as questões operacionais de mercado”, diz Guerra.

        Para Roseli Insoliti, diretora comercial da Ion Tecnologias e Serviços, foi preciso trabalhar mais em 2013 para conseguir o mesmo resultado do ano anterior. “Por outro lado, tivemos uma presença mais forte junto aos nossos clientes, para entender melhor quais são as necessidades deles”, comenta.

        Na Chemyunion, 2013 foi um ano de consolidação de mudanças. “Nós fizemos várias operações internas, no sentido de ajustar alguns detalhes de gestão, e hoje a empresa está muito mais saudável do que era. Para nós, isso teve reflexos muito bons em termos de resultado”, aponta o presidente da Chemyunion Marcelo Golino. “Para 2014, os sinais macroeconômicos não são os melhores, mas eu ainda acredito que a área cosmética por si responde de uma maneira diferente em relação a outros setores. Continuo mantendo meu otimismo de sempre, mas acho que o ano requer um pouco de cautela”, completa.

        O ano que passou foi muito produtivo na Akzo Nobel, “com grande crescimento no Brasil”, afirma Karla Mantovani de Mello, gerente regional da empresa. “Tivemos retorno significativo também na América do Sul, mas o grande crescimento mesmo foi no Brasil. Para 2014, estamos esperando uma expansão de até dois dígitos, entre 8% e 10%, e acreditamos que vamos continuar crescendo com o lançamento de novas tecnologias”, ressalta Karla.
 

        Tatiana Bianco, gerente de marketing e produto na Divisão 
LifeScience da Quantiq, informa que a empresa apresentou crescimento “um pouco acima da média do mercado”. “Para 2014, estamos projetando mais crescimento, trazendo inovação e novidades para nossos clientes”, ressalta.

        Para Marco Antônio Carmini, diretor-geral da Croda do Brasil, 2013 deixou um saldo positivo, apesar da desaceleração na economia. “De forma geral, estou bastante otimista com relação a 2014. Em 2013, a Croda reforçou o time de vendas, a equipe técnica e promoveu uma série de campanhas de marketing, mostrando tecnologias diferenciadas aos clientes [...]. Acredito que 2014 vai ser um ano de retomada do crescimento, de forma bastante vigorosa”, diz.

         Na Sensient, 2013 também foi um ano de mudanças. “Nós somos uma empresa norte-americana, fi zemos uma aquisição no ano passado e praticamente consideramos 2013 como o ano 1 da empresa como Sensient”, diz Renato Muchiuti, gerente-geral  da empresa. “Desenvolvemos muita cooperação com o mercado brasileiro. Foi um ano bastante interessante do ponto de vista de alguns segmentos em particular, como os de esmaltes e de tinturas capilares. Para 2014 esperamos dar continuidade a esse trabalho, em função dos desenvolvimentos que temos nas empresas. Elas estão trabalhando intensamente. A Sensient está mudando para uma área bem maior, para prestar um serviço mais adequado aos clientes brasileiros e aos da América Latina.”

        “Está sendo cada vez mais difícil lançar produtos inovadores”, em face da concorrência acirrada no setor, comenta Jadir Nunes, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Stiefel. Apesar dos desafi os, “sentimos uma evolução muito positiva, principalmente no setor de fotoproteção, no qual conseguimos fazer um lançamento muito interessante: um produto que veio com um diferencial de toque seco. No fi nal do ano, esse produto deu bom resultado para a empresa, o que está nos animando para [...] a alta temporada do verão”, comenta Nunes.


 

        Na opinião de Ana Resende, diretora de negócios da Cosmotec, o Brasil está se tornando um país “com cada vez mais atrativos. Empresas e fornecedores [do mercado cosmético] estão chegando, procurando o crescimento que a gente ainda tem em comparação com mercados como Europa e Estados Unidos”. “A Cosmotec fez uma joint venture com o grupo Sumitomo. Então a expectativa para 2014 é boa, com muitos investimentos, apesar de este ser um ano de Copa do Mundo. Então [em razão da Copa] não dá para saber se vai ser um ano com ótimo aquecimento ou um ano parado”, acrescenta.

 

        Jefferson Santos, gerente-geral da Pulcra, destaca que o ano passado foi “bem sofrido” para empresas de diversos setores. “A Pulcra é uma empresa que também trabalha em outros mercados. Nós sentimos essa retração em algumas outras áreas de maneira mais forte. Os mercados de personal care e de domissanitários também diminuíram o ritmo de crescimento. Mas a perspectiva é que 2014 será melhor que 2013, apesar da expectativa de um primeiro semestre difícil”, afirma.

        Na Solabia, segundo Daniella Lopes, gerente de marketing da empresa, “o ano de 2013 foi de bastante sucesso, pois, além do grande volume comercializado em matérias-primas de origem biotecnológica, a empresa se firmou na produção e na venda de matérias-primas de origem vegetal, respeitando todos os princípios de sustentabilidade e do biocomércio ético. Provas disso são nossas parcerias com a RBMA [Reserva da Biosfera da Mata Atlântica] e a UEBT [Union for Ethical Bio Trade]”. Daniella também destaca a atuação da Solabia Express, e-commerce da empresa para pequenos volumes. “Ela continuará atendendo de maneira simples e rápida para as farmácias de manipulação e as indústrias de maneira geral. Enfim, boas perspectivas não faltam.”

        Com a bagagem de “muitas oportunidades e algumas grandes conquistas” em 2013, a Beraca inicia o ano em clima de otimismo. “Nós acreditamos que este vai ser outro ano bom, bastante agitado e com muitos eventos no Brasil. Com certeza teremos sucessos e novas conquistas”, salienta Vanessa Salazar Fernandes, gerente comercial da Beraca. 

        “Como distribuidora de matérias-primas e tendo um parceiro como a BASF, 2013 foi realmente um ano muito bom”, diz Fernando Alves de Godoy, gerente operacional da Chemspecs. “A linha que a empresa representava antes era da Cognis, que foi adquirida pela BASF. Depois dos ajustes da fusão, hoje estamos plenamente no negócio e acreditamos que para 2014 o mercado esteja mais promissor ainda. Fizemos grandes investimentos em marketing e renovação da marca. Estamos a todo vapor”, garante Godoy.
 

        Adriano Pinheiro, diretor da Kosmoscience, acredita que 2013 foi um dos anos mais produtivos para o setor, principalmente no que se refere ao crescimento técnico da indústria cosmética brasileira.

        Eventos como a FCE Cosmetique são termômetros da vitalidade do setor. Segundo Ligia Amorim, diretora-geral da NürnbergMesse Brasil, empresa que organiza e promove a FCE Cosmetique, até novembro do ano passado 95% dos espaços da feira de 2014 já haviam sido comercializados. “Esse é um índice de renovação muito grande, o que significa que o mercado está apostando e se preparando para o crescimento neste ano”, afirma Ligia.

Assista aqui o vídeo com estes depoimentos.

 

 

 

Panorama da Indústria Cosmética
 

        O país que ocupa a terceira posição no mercado mundial de cosméticos tem diferenças significativas entre suas regiões, no que se refere à concentração de indústrias cosméticas, às oportunidades de mercado, aos desafios e aos hábitos de consumo. Nesta reportagem, apresentamos um breve perfil da indústria cosmética no Brasil. Nas próximas edições, você saberá mais a respeito das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, na seção “Panorama”, que integrará a revista Cosmetics & Toiletries Brasil em 2014.

        Contudo, se por um lado existe grande disparidade entre o perfil industrial do Sudeste e os das outras regiões brasileiras, há também movimentos positivos de mercado, como: 

• empresas de grande porte demonstram interesse em instalar unidades de produção fora do eixo Rio-São Paulo, para atender às regiões Norte e Nordeste;
• produtores locais se organizam para ganhar maior visibilidade; 
• programas de incentivo à inovação em processos e produtos alavancam pequenos negócios;
• a força do mercado consumidor desponta em várias regiões, Brasil adentro.

        A indústria brasileira de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos apresentou crescimento médio deflacionado composto de 10% ao ano nos últimos 17 anos, passando de um faturamento “ex-factory” (líquido de imposto sobre vendas) de R$ 4,9 bilhões em 1996 para R$ 34 bilhões em 2012, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).

        O Brasil ocupa a primeira posição mundial em perfumaria e desodorantes, conforme dados de 2012, do instituto Euromonitor. Somos o segundo mercado em produtos para cabelos, produtos masculinos, infantis, produtos para banho, depilatórios e proteção solar; o terceiro em produtos cosméticos com cores e produtos para higiene oral; e o quarto em produtos para a pele.  Nos últimos anos, a indústria brasileira de cosméticos apresentou crescimento médio de 10% ao ano, contra 3% do Produto Interno Bruto (PIB) total do país e 2,2% da indústria geral.

        Existem no Brasil 2.412 empresas atuando no mercado de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, segundo a Abihpec. Desse contingente, 20 são empresas de grande porte, com faturamento líquido acima de R$ 100 milhões e que representam 73% do faturamento total do setor. Dados sobre a distribuição das indústrias cosméticas no país (atualizados até novembro de 2013) apontam que 46 delas estão na região Norte;169 no Centro-Oeste; 242 no Nordeste; 1.487 no Sudeste; e 468 na região Sul.

 

 

 

Nordeste e Norte

 

        A região Nordeste tem recebido investimentos de peso. Nos três maiores polos de desenvolvimento da região – Suape (PE), Pecém (CE) e Camaçari (BA) –, os aportes captados nos últimos cinco anos e projetados até 2015 somam cerca de R$ 98 bilhões, como informa a reportagem “Com investimentos de US$ 50 bi, Nordeste vira rota de grandes empresas”, publicada no portal UOL em 19 de fevereiro de 2013.

        Dados do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) apontam crescimento nominal de volume de recursos investidos na região de 776% em 10 anos, e de 351% no total de operações. Obras de infraestrutura também colaboram para a industrialização dos estados nordestinos. Segundo o BNB, os investimentos em infraestrutura na região devem chegar a cerca de R$ 140 bilhões até 2020.

        Os números sobre a evolução do setor cosmético no país mostram que, no período de 2004 a 2013, a região Nordeste foi a que mais cresceu em número de empresas, com variação de 160,2% no período.

        A matéria “Consumo de cosméticos cresce acima da média nacional no Nordeste”, veiculada em 26 de setembro de 2013 pelo Jornal Hoje, da Rede Globo, destaca uma pesquisa realizada pelo Ibope, segundo a qual as mulheres gastam aproximadamente R$ 190 por ano com produtos de beleza no Nordeste. No período entre setembro de 2012 e setembro de 2013, o varejo de cosméticos cresceu 66% na região. No Ceará, o número de salões de beleza aumentou 47% nesse período.

        A ascensão da classe C tem papel importante nesse cenário: o Ibope informa que essa parcela de brasileiros é responsável por 40% do consumo de produtos de beleza no país e que três entre cada dez pessoas que ingressam na classe C estão no Nordeste. O levantamento do Ibope indicava que, até o fi nal de 2013, o mercadode cosméticos movimentaria R$ 7,55 bilhões apenas no Nordeste. 

       Entre os produtos mencionados pelos consumidores ouvidos pela pesquisa, estão: itens de maquiagem, perfumes, hidratantes, filtros solares, esmaltes e desodorantes. A matéria do Jornal Hoje ainda cita uma pesquisa feita por empresas do setor, segundo a qual 52% das casas do Brasil consomem produtos de perfumaria. No Nordeste, as colônias e perfumes estão em 80% das residências.

        O Nordeste se fortalece como mercado consumidor em ascensão e vem chamando a atenção de empresas sediadas em outras regiões do país, como Sul e Sudeste. Esse panorama inclui as empresas que vislumbram oportunidades de bons negócios com as vendas de produtos para a região, bem como a instalaçãode unidades de produção para o abastecimento do Norte e do Nordeste – e, em alguns casos, de mercados internacionais. 

        Este ano, o Grupo Boticário vai inaugurar uma nova fábrica, localizada em Camaçari BA. A unidade foi dimensionada para fabricar cremes e itens de perfumaria, que atenderão às regiões Norte e Nordeste, suprindo 80% da demanda dessas regiões. As obras começaram em agosto de 2012. O grupo também investiu na criação de um centro de distribuição, localizado na cidade de São Gonçalo dos Campos BA. Com investimentos de R$ 535 milhões, as duas instalações vão gerar 529 empregos diretos. O Norte do país, cuja participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é de apenas 5%, tem sua economia impulsionada pelo extrativismo, pela mineração e, principalmente, pela força do Polo Industrial de Manaus, na Amazônia. A região, contudo, enfrenta problemas básicos de saneamento que impactam diretamente nas estatísticas de mortalidade infantil e na qualidade de vida das pessoas. No que se refere à presença da indústria cosmética, a defasagem em relação às outras regiões é signifi cativa - a região conta com poucas empresas produtoras, a maioria de médio e pequeno porte.

        Um nome tradicional entre as empresas da região Norte é a Chamma da Amazônia, sediada em Belém PA. Criada há mais de 50 anos e atuante nos segmentos de perfumaria e cosméticos, a marca está presente no Norte e no Nordeste por meio do sistema de franquias. Em Belém, a fábrica dos produtos Phebo, marca da Casa Granado, é emblemática para a região há mais de 80 anos. 

       A força da região Norte reside, contudo, na riqueza de suas matérias-primas, como açaí, andiroba, babaçu, buriti, castanha-do-brasil, copaíba, murumuru e urucum, que abastecem grandes indústrias nacionais e seduzem o mercado internacional. A Amazônia possui a maior diversidade biogenética do mundo e abriga 300 espécies diferentes de árvores por hectare.

        Em 2012, a Natura inaugurou em Manaus o Núcleo de Inovação Natura Amazônia, centro de conhecimento que objetiva formar uma rede de pesquisas e transformar a região em referência em biotecnologia. O núcleo atua como agência de fomento, concedendo bolsas para pesquisadores que queiram desenvolver estudos sobre insumos derivados de produtos amazônicos. A empresa informa que pretende aumentar de 10% para 30% o consumode insumos produzidos na região e, até 2020, envolver entre 10 mil e 12 mil famílias agroextrativistas em sua cadeia produtiva.

        A Natura terá sua primeira fábrica na Amazônia. O projeto, batizado de Ecoparque, está sediado no município paraense de Benevides, próximo à Belém. A nova unidade, que recebeu investimento de R$ 200 milhões, será responsável por praticamente toda a produção de sabonetes e óleos da Natura, hoje terceirizada na região Sudeste.

        Até 2016, a unidade paraense produzirá 70 mil toneladas de massa de sabonete por ano e 12 mil toneladas por mês de óleos e manteiga, que serão distribuídas pelo país. A fábrica, que possibilitará a aproximação da companhia com seus principais fornecedores, também poderá se tornar o meio pelo qual os produtos da empresa chegarão aos Estados Unidos.

        Em setembro de 2013, o governo do Amazonas e a Financiadora de Estudo e Projetos (Finep) disponibilizaram R$ 13,5 milhões para micro e pequenas empresas da região que investem em tecnologia e inovação. Entre as áreas contempladas pelo programa, estão os biofármacos e os biocosméticos.

 

complemento publicado na versão impressa da edição jul/ago de 2014 da revista Cosmetics & Toiletries Brasil
Norte

        No que se refere à presença da indústria cosmética, a defasagem em relação às outras localidades do país é significativa. A força da região está na riqueza e no apelo de suas matérias-primas.
        A região que abriga a floresta amazônica – detentora da maior diversidade biogenética do mundo, com 300 espécies diferentes de árvores por hectare – tem participação de apenas 5% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Problemas básicos de saneamento ainda impactam diretamente as estatísticas de mortalidade infantil e a qualidade de vida das pessoas.
        O Norte do país tem sua economia impulsionada pelo extrativismo, pela mineração e, principalmente, pela atuação do Polo Industrial de Manaus, na Amazônia. No que se refere à presença da indústria cosmética, dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), com base em informações atualizadas em novembro de 2013, apontam a presença de 46 empresas na região.
        A Chamma da Amazônia, sediada em Belém (PA), é um nome tradicional entre as empresas do Norte do país. Criada há mais de 50 anos e atuante nos segmentos de perfumaria e cosméticos, a marca está presente no Norte e no Nordeste por meio do sistema de franquias. Em Belém, a fábrica dos produtos Phebo, marca da Casa Granado, é emblemática há mais de 80 anos.
        Em 2012, a Natura inaugurou em Manaus o Núcleo de Inovação Natura Amazônia, um centro de conhecimento que objetiva formar uma rede de pesquisas e transformar o lugar em referência na área de biotecnologia. O núcleo atua como agência de fomento, concedendo bolsas a pesquisadores que desenvolvam estudos sobre insumos derivados de produtos amazônicos.
A empresa pretende aumentar de 10% para 30% o consumo de insumos produzidos na região e, até 2020, envolver entre 10 mil e 12 mil famílias agroextrativistas em sua cadeia produtiva.
        Em março deste ano, a Natura inaugurou sua primeira fábrica na Amazônia. O projeto, batizado de Ecoparque, está sediado no município paraense de Benevides, próximo à Belém. A nova unidade, que recebeu um investimento de R$ 200 milhões, será responsável por praticamente toda a produção de sabonetes e óleos da Natura, hoje terceirizada na região Sudeste.
        Até 2016, a unidade paraense produzirá, por ano, 70 mil toneladas de massa de sabonete e, por mês, 12 mil toneladas de óleos e manteiga, que serão distribuídas pelo país. A fábrica, que possibilitará a aproximação da companhia com seus principais fornecedores, também poderá se tornar o meio pelo qual os produtos chegarão aos Estados Unidos.
        Em abril deste ano, a Symrise anunciou que, no quarto trimestre, dará início às operações de uma unidade para pesquisa, desenvolvimento e fabricação de ingredientes sustentáveis da região amazônica. Localizada no Ecoparque, em Benevides, a unidade produzirá manteigas e óleos essenciais de matérias-primas como castanha do Brasil, murumuru, cupuaçu, cacau, andiroba, buriti e maracujá. A companhia informa que pretende ajudar a promover o desenvolvimento econômico e social das comunidades locais e que apoiará diretamente mais de 2 mil famílias da região amazônica.
        Pioneira no mercado de insumos amazônicos, a Beraca tem duas unidades na região Norte: em Benevides e em Ananindeua, no Pará. Para a área de Health & Personal Care, a empresa conta com a parceria de comunidades extrativistas, que coletam sementes, argilas, resinas, nozes, cascas, polpas e frutos no local de origem. A empresa realiza o beneficiamento dos produtos para o desenvolvimento de óleos, extratos, resinas, manteigas, argilas e outras especialidades.
        A Beraca investe na organização e capacitação das comunidades fornecedoras, bem como em certifi cação e em transferência de tecnologia para o processo de coleta das matérias-primas. Em 2013, a empresa registrou faturamento de R$ 172 milhões, um crescimento de 25% em relação ao ano anterior. Na divisão Health & Personal Care, o avanço foi de 38%.
        Sabemos que a força da região Norte reside na riqueza de suas matérias-primas. Alinhado a esse apelo, existe um esforço por parte de instituições de ensino e de entidades ligadas ao governo do estado, no sentido de fortalecer a disseminação de conhecimento, tanto técnico como para a gestão de negócios.
 
Estímulo ao conhecimento e ao empreendedorismo
 
        A Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi) foi instituída em 1982, a partir da iniciativa conjunta da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) e do Grupo Executivo Interministerial de Componentes e Materiais (Geicom), ligado ao Governo Federal. A Fucapi Incubadora de Tecnologia (FIT) atua no desenvolvimento e na consolidação de novos empreendimentos, por meio da oferta de estrutura física e do acesso ao conhecimento.
        Informações divulgadas em fevereiro deste ano no portal da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) destacam o trabalho da FIT junto à Aroma Natural da Amazônia. A empresa foi criada em 2010, quando iniciou a produção de sabonetes de mulateiro - árvore amazônica conhecida tradicionalmente por sua capacidade regenerativa. Graças à infraestrutura oferecida pela FIT, atualmente a Aroma Natural da Amazônia desenvolve uma linha com mais de 40 produtos, entre sabonetes, hidratantes, águas de colônia e esfoliantes com argila – distribuídos em Belém e no interior do Pará.
        O Amazonas ganhará novos programas de pós-graduação para a formação de mestres e doutores. Essa é uma das ações previstas no convênio de cooperação técnica fi rmado entre a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A parceria foi fi rmada em fevereiro deste ano e terá duração de cinco anos.
        O convênio de cooperação prevê a criação de novos programas de pós-graduação e a qualificação de cerca de 300 professores da UEA – o objetivo é ampliar dos atuais 20% para 50% a quantidade de professores em serviço com titulação de mestrado e doutorado.
        Além da melhoria na qualidade do ensino, a iniciativa tem o intuito de colaborar para o estímulo à geração de emprego e renda a partir do aproveitamento dos recursos naturais da região. “Nesse sentido, a expectativa é potencializar o setor pesqueiro, a indústria gás-química e petroquímica, farmacopeia e de cosméticos”, informou o portal do governo do Estado do Amazonas em fevereiro deste ano. As áreas de engenharia, saúde, artes, direito e as licenciaturas são os alvos da parceria. Os cursos ocorrerão em Manaus e no Rio de Janeiro.
        “Há incubadoras em universidades e institutos de pesquisa, profi ssionais habilitados, pesquisadores e pesquisas já realizadas, patentes e infraestrutura para controle de qualidade, matéria-prima original e abundante e organização de comunidades, associações e extrativistas. Só faltam empresas. São poucas e pequenas as empresas locais”, afi rmou o pesquisador Valdir Florêncio, doutor em Química pela UFRJ e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em entrevista concedida em março deste ano à revista T&C Amazônia, publicação da Fucapi.

 

PROJETO QUER REGULAMENTAR COSMÉTICOS
COM MATÉRIAS-PRIMAS DA AMAZÔNIA
 

        O Projeto de Lei 426/2011, de autoria da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), tem o objetivo de regular a extração de matérias-primas amazônicas para a fabricação de cosméticos. O projeto, que especifi ca quais produtos poderiam receber a denominação de “biocosméticos amazônicos”, foi aprovado em junho de 2013 pela Comissão de Meio Ambiente. O texto então

seguiu para a votação fi nal na Comissão de Assuntos Econômicos. De acordo com a proposta, para um produto ser identifi cado como biocosmético amazônico, a matéria-prima proveniente da fauna e fl ora da Amazônia deve representar pelo menos 10% do custo

  total das substâncias usadas na sua formulação.

      O texto também institui a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico sobre a fabricação de biocosmético amazônico (Cide- Biocosméticos) e prevê incentivos fiscais para as indústrias instaladas na região. 

        A autora do projeto sugere que a arrecadação da Cide-Biocosméticos seja destinada exclusivamente ao Fundo Amazônia, criado pelo Decreto 6.527/2008, para fi nanciar pesquisas que contribuam para melhorar o trabalho das indústrias de cosméticos amazônicos.                                                                                                                                                         

complemento publicado na versão impressa da edição set/out de 2014 da revista Cosmetics & Toiletries Brasil

Nordeste

A região atrai investimentos e se fortalece como mercado consumidor em expansão. Nos últimos dez anos, os estados nordestinos foram os que apresentaram maior crescimento no número de indústrias de cosméticos
 
        O aumento do poder aquisitivo da população e os investimentos públicos e privados em infraestrutura e na indústria estão impulsionando a economia dos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe. No período de 2003 a 2010, o produto interno bruto da região cresceu 37,1%, resultado que supera a média nacional, de 32,2%.
        Dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) sobre a distribuição das indústrias cosméticas no país (atualizados até novembro de 2013) apontam que 242 indústrias estão instaladas no Nordeste. Os números sobre a evolução do setor no país mostram que, no período de 2004 a 2013, a região Nordeste foi a que mais cresceu em número de empresas, com variação de 160,2% no período.
        O Nordeste tem recebido investimentos de peso em seus três maiores polos de desenvolvimento – Suape PE, Pecém CE e Camaçari BA. Os aportes captados nos últimos cinco anos e projetados até 2015 somam cerca de R$ 98 bilhões – e as obras de infraestrutura também colaboram para a industrialização na região. De acordo com o Banco do Nordeste do Brasil, os investimentos voltados para essa fi nalidade devem chegar a cerca de R$ 140 bilhões até 2020.        
 
        Uma pesquisa do Ibope divulgada em setembro do ano passado destaca que as mulheres nordestinas gastam aproximadamente R$ 190 por ano com produtos de beleza. De setembro de 2012 a setembro de 2013, o varejo de cosméticos cresceu 66% na região. No Ceará, o número de salões de beleza aumentou 47% nesse período. Ainda segundo o Ibope, a parcela de brasileiros correspondente à classe C é responsável por 40% do consumo de produtos de beleza no país, sendo que três em cada dez pessoas que ingressam na classe C estão no Nordeste.
        Os estados nordestinos se fortalecem como mercado consumidor em ascensão, atraindo empresas que estavam sediadas em outras regiões, como o Sul e o Sudeste. Esse panorama inclui aquelas que vislumbram oportunidades de bons negócios com as vendas de produtos para a região, bem como a instalação de unidades de produção para o abastecimento do Norte e do Nordeste – e, em alguns casos, de mercados internacionais. 
        Até o final de ano, o grupo Boticário deverá inaugurar uma fábrica em Camaçari BA. A unidade foi dimensionada para fabricar cremes e itens de perfumaria, que atenderão às regiões Norte e Nordeste, suprindo 80% da demanda local. O grupo também investiu na criação de um centro de distribuição, localizado na cidade de São Gonçalo dos Campos BA.
 
 
Destaques
        Segundo dados da consultoria de recrutamento Asap, divulgados em abril deste ano em reportagem publicada no portal Exame, Pernambuco, Ceará e Bahia são os maiores empregadores do Nordeste. Esses estados também se destacam no que se refere à concentração de indústrias cosméticas: são 48 no Ceará, 65 em Pernambuco e 67 na Bahia, estado que registrou o maior avanço no número de empresas entre 2004 e 2013, com um salto de 378,6%. A maioria desses fabricantes se locali-za nos municípios de Lauro de Freitas, Salvador e Feira de Santana, que são as áreas mais densamente povoadas do estado. “A maior parte das empresas é de micro, pequeno e médio porte, sendo que as pequenas (com 10 a 49 funcionários) são as maiores empregadoras do segmento, representando perto de 40% dos postos de trabalho”, afirma o gerente de Estudos Técnicos da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Ricardo Kawabe. Ele informa que, apesar do crescimento expressivo nos últimos anos, o setor cosmético responde por cerca de 1% do emprego gerado pela indústria baiana - aproximadamente 3,2 mil postos de trabalho.
        Em fevereiro deste ano, 11 empresários baianos do setor cosmético e três italianos se reuniram para trocar informações a respeito do mercado local e discutir oportunidades de cooperação bilateral. A ação foi promovida pela Fieb, em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), o Sindicato das Indústrias de Cosméticos e Perfumaria do Estado da Bahia (Sindicosmetic), o Sebrae e a Empresa Especial da Câmara de Comércio de Milão. O encontro fez parte de um pacote de atividades que está em andamento há dois anos e que têm como objetivo o aumento da competitividade do setor cosmético na Bahia e a realização de parcerias tecnológicas e comerciais.
        A indústria de produtos químicos e farmacêuticos está entre as que vêm apresentando bom potencial de crescimento no Nordeste. A reportagem publicada no portal Exame, mencionada anteriormente, informa que, em Goiana, município localizado a 60 quilômetros de Recife, no Norte de Pernambuco, um novo polo farmoquímico deve ser concluído até 2016. Onze empresas de medicamentos e biotecnologia serão instaladas numa área de 287 hectares, o que demandará um investimento total de R$ 1 bilhão e criará mais de 1400 empregos. Entre as empresas de cosméticos que terão unidades no polo, estão a Vita Derm, de São Paulo SP, a Hair Fly, de Nova Iguaçu RJ, e a Rishon, de Recife PE.
        Dados do último cadastro industrial da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) apontam que 96% dos fabricantes de cosméticos existentes no estado são micro e pequenas empresas (78% e 18%, respectivamente). “Nos últimos sete anos, o número de estabelecimentos classifi cados como ‘Fabricação de Cosméticos, Produtos de Perfumaria e de Higiene Pessoal’ no estado cresceu 24%, uma média de 3,1% ao ano”, diz Thobias Silva, gerente da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiepe.
        
        De acordo com a estimativa do Ibope mencionada anteriormente, o Ceará – cuja presença da indústria cosmética cresceu 71,4% de 2004 a 2013, segundo a Abihpec – fi rma-se como o terceiro maior mercado consumidor do Nordeste, atrás da Bahia e de Pernambuco. A pesquisa do Ibope refere-se às compras de pessoas físicas junto a varejistas do setor e inclui perfumes, colônias, maquiagem, cremes hidratantes e de tratamento, fi ltros solares, esmaltes, desodorantes e tinturas capilares, dentre outros produtos. Na pesquisa com internautas da região, observou-se que 65% usam perfumes, 47% utilizam produtos de cuidados com a pele e 36% usam maquiagem, enquanto 22% não usam cosméticos. Dentre os locais de compra, 69% adquirem os produtos em supermercadose 42% em farmácias. Apenas 15% afi rmaram que compram cosméticos em lojas especializadas.
        Dentre as fabricantes de cosméticos instaladas no Nordeste, vale destacar a Amazun e a Rishon, que possuem perfis distintos. A Amazun, com sede em Lauro de Freitas BA, iniciou suas atividades com a produção de bases cosméticas para farmácias de manipulação, em 2005.Nos últimos anos, investiu no lançamento de linhas capilares (incluindo produtos de uso profi ssional) e de higiene pessoal, com distribuição nacional, bem como no serviço de terceirização de produtos.
        A Rishon, localizada em Recife PE, fabrica cosméticos para tratamento capilar – as marcas Tutanat e Biorek –, além do removedor de esmalte que leva o nome da empresa. Criada em 1986, atualmente exporta para os Estados Unidos, a Itália e a África do Sul. A empresa também comercializa os produtos por meio de sua loja virtual e oferece treinamento a profi ssionais do setor no Instituto de Beleza Rishon. 
 
 

 


 

 

 

Centro-Oeste
 

       A Reportagem “Distribuição de investimentos gera expansão econômica”, publicada em 16 de maio de 2013no jornal Brasil Econômico, destaca a “nova” expansão econômica vivida pelo Centro-Oeste, graças à maior difusão dos investimentos entre as cinco regiões do país. Segundo o Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES), nos 12 meses até março de 2013, os desembolsos para o Centro-Oeste avançaram 102%, chegando a R$ 23,075 bilhões, sem contar outras fontes de recursos, como o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), que em 2012 repassou R$ 5,9 bilhões para a região.

        O Centro-Oeste é alvo do interesse de duas multinacionais do setor cosmético que estão em processo de negociação com o governo do Mato Grosso do Sul, para a instalação de unidades de produção na região. O portal do Governo do Estado do Mato Grosso do Sul (www.ms.gov.br) informa que, em junho do ano passado, o governador desse estado André Puccinelli, recebeu a diretoria do grupo espanhol VMV.

        Esse grupo fabrica produtos capilares de uso profi ssional, especialmente produtos de coloração, bem como mobiliário e aparelhos para salões de cabeleireiros. Formado por diferentes empresas do setor de cosméticos, entre elas a Salerm Cosmetics, o grupo comercializa seus produtos no mundo todo por meio de rede própria. Com sede em Lliçà de Vall, em Barcelona, o VMV está presente em cinco continentes, possui mais de 1.000 funcionários e tem faturamento anual de cerca de 120 milhões de euros, com 60% de suas vendas realizadas fora da Espanha.

        André Puccinelli anunciou que poderá conceder até 90% de incentivos fi scais à nova fábrica. O grupo prevê um investimento de aproximadamente US$ 40 milhões para a implantação da unidade no Mato Grosso do Sul.

        Em outubro do ano passado, representantes da italiana Cosmoproject Cosmetic Solutions também visitaram esse estado. Com foco em estética e perfumaria, a empresa tem sua própria linha de produtos, e clientes como Dolce & Gabbana e Fiorucci. Até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa do governo do Mato Grosso do Sul não informou se as áreas referentes à construção das duas unidades fabris já foram defi nidas.

        No Centro-Oeste o destaque em número de empresas é Goiás, mais especifi camente, o município de Aparecida de Goiânia. Segundo informações da Agência Sebrae de Notícias, o município concentrava, em 2012, cerca de 70% das empresas de cosméticos instaladas no estado de Goiás. De acordo com o site do Institutode Ciência e Tecnologia (ICT) Aparecidatec, Aparecida de Goiânia é o sexto maior polo de produção de cosméticos do Brasil e ambiciona alcançar o terceiro lugar nos próximos anos.

complemento publicado na versão impressa da edição nov/dez de 2014 da revista Cosmetics & Toiletries Brasil

Centro-Oeste

A região amplia os horizontes para além do agronegócio, com o crescimento e a diversifi cação da indústria. Goiás é o destaque no setor cosmético. O estado agrega o maior número de fabricantes, localizados principalmente no município de Aparecida de Goiânia.
 
        Nos últimos anos, o Centro-Oeste viveu um período de expansão econômica, graças à maior difusão de investimentos entre as cinco regiões do país. Juntos, os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal concentram 40% da produção agrícola brasileira.
        De acordo com a pesquisa Contas Regionais do Brasil, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) em novembro de 2013, a participação do Centro-Oeste no Produto Interno Bruto (PIB) nacional passou de 9,3% em 2010 para 9,6% em 2011. Em 2006, a participação da região no PIB era de apenas 8,7%.
        Durante a primeira edição do Exame Fórum Centro-Oeste, realizado em Goiânia no último mês de junho, o então governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, destacou que aproximadamente 10 milhões de pessoas vivem no eixo Goiânia, Anápolis e Brasília e que, até 2022, essa população deverá dobrar. 
        Uma reportagem publicada pela revista Exame em junho deste ano informou que, segundo estimativa do Itaú Unibanco, a região Centro-Oeste deverá atrair R$ 115 bilhões em investimentos nos próximos anos, em diversos setores, como saúde e indústria automotiva.
        No entanto, a expansão da produtividade resvala em problemas de infraestrutura. São necessárias, por exemplo, obras que diminuam a distância até portos como o de Santos, no estado de São Paulo. Esses e outros gargalos deverão estar na pauta de atuação do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO), regulamentado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em setembro de 2013, com o objetivo de financiar empreendimentos de infraestrutura na região.
 
Grupo espanhol
 
        Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), com base em informações atualizadas em novembro de 2013, o Centro- -Oeste possui 169 indústrias do setor. O destaque é Goiás, onde a presença das indústrias cosméticas avançou 168,6% no período de 2004 a 2013.
        Ao longo da última década, a industrialização vem ajudando a alavancar o crescimento da região. Nesse cenário, o Mato Grosso do Sul se prepara para receber uma unidade de produção do grupo espanhol VMV, fabricante de produtos capilares de uso profi ssional, especialmente os de coloração, bem como mobiliário e aparelhos para salões de cabeleireiros.
        Formado por diferentes empresas do setor de cosméticos, entre elas a Salerm Cosmetics, o grupo comercializa seus produtos no mundo todo por meio de rede própria. Com sede em Lliçà de Vall, em Barcelona, o VMV está presente em cinco continentes, possui mais de 1.000 funcionários e tem faturamento anual de cerca de 120 milhões de euros, com 60% de suas vendas realizadas fora da Espanha.
        Informações divulgadas em junho de 2013 pelo governo do Mato Grosso do Sul indicavam que o estado poderia conceder até 90% de incentivos fiscais à nova fábrica.
        Segundo reportagem do jornal Tribuna Livre Online, publicada em julho deste ano, a fábrica, que receberá o nome de Salerm Pantanal, será instalada em Campo Grande e deverá gerar cerca de 1,5 mil empregos diretos e indiretos. A construção, de acordo com o jornal Tribuna Livre Online, deve começar no início de 2015.
        A reportagem informa que a obra receberá investimentos de mais de R$ 100 milhões e será realizada em três fases, ao longo de cinco anos. A fábrica deverá começar a operar já na primeira fase, dentro de dois anos. O projeto inclui a capacitação profi ssional de pessoas da região.
        A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul (Seprotur) informa que foi firmado um acordo entre o estado e a Salerm Cosmetics. “Mas ainda não temos conhecimento de quais providências a empresa está tomando com relação ao início das instalações da fábrica, no que se refere à aprovação do projeto de engenharia, local de instalação, concessão e aquisição do terreno, licenciamento ambiental, dentre outras providências previstas em lei”, afirma Lino de Souza Lima, analista de desenvolvimento econômico do Seprotur.
 
O polo de Aparecida de Goiânia 
 
        Segundo informações da Secretaria de Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia do município de Aparecida de Goiânia, o estado de Goiás conta com 128 fabricantes do setor cosmético, que geram 4,5 mil empregos diretos. Tais números asseguram ao estado a sétima colocação no ranking nacional do setor, em termos de produção. Goiás é responsável por cerca de 8% do faturamento nacional em produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos.        
        Aproximadamente 70% das indústrias goianas do setor estão localizadas em Aparecida de Goiânia. O município é um dos principais centros industriais do estado, situado na região metropolitana de Goiânia.
        Com a criação do Polo dos Cosméticos, que será viabilizado pelo Arranjo Produtivo Local (APL) da Região Metropolitana, a representatividade das indústrias do setor instaladas na cidade no mapa estadual deverá chegar a 80%.
        A Secretaria de Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia da cidade informa que grande parte da produção goiana é consumida no Brasil. Contudo, já existem grandes, médias e, mais recentemente, pequenas empresas exportando para a Colômbia e Angola, por meio de distribuidores ou de joint-ventures com empresas dos dois países.
        “Nos últimos 10 anos, mais que dobramos a capacidade [de produção], um crescimento de aproximadamente 125% em termos absolutos”, diz Marcos Alberto Campos, secretário de Indústria e Comércio de Aparecida de Goiânia. Ele informa que a representatividade do setor cosmético é de aproximadamente 10% do faturamento do município. A maior parte das indústrias localizadas na cidade (60%) é voltada ao segmento de higiene pessoal, 25% correspondem a fabricantes de cosméticos e 15%, ao segmento de perfumaria.
       
         A cidade tem cinco polos empresariais, com prevalência industrial. Campos informa que outros cinco polos estão sendo criados: “um do estado, que é o Complexo Industrial Metropolitano; um do município, que atenderia o setor cosmético na parte de distribuição, já que será um polo logístico; dois polos privados; e um polo tecnológico, que tem o apoio do Sindquímica (Sindicato das Indústrias Químicas no Estado de Goiás) e onde serão implantados laboratórios, empresas certifi cadoras e laboratórios de metrologia. Isso dará uma base forte para o desenvolvimento do setor”.
        Todos esses polos estão em fase de implantação. Campos acredita que, em um ano, as empresas começarão a chegar. “Esse é um projeto para os próximos seis anos”, comenta. “A projeção é de que, até 2020, ocupemos a terceira ou quarta posição no cenário nacional”, completa.
        Entre as empresas instaladas na cidade, as que contam com o maior número de funcionários são as seguintes: Odorata, Biopele, Cosmex, Natu Belly, Suave Fragrance, Loren, Cruzeiro, Dermacap, Gofran, La Frontiere e Nutriex. A cidade também abriga um Centro de Distribuição da Água de Cheiro.  
 

 

Sul e Sudeste

 

        No Sul, as áreas que concentram a maior parcela das indústrias, em uma abordagem geral, estão nas regiões metropolitanas de Porto Alegre RS e Curitiba PR; em cidades catarinenses como Joinville, Blumenau e Brusque; e nos parques industriais das cidades de Londrina, Maringá e Ponta Grossa, no Paraná. No Rio Grande do Sul, os destaques são os municípios de Caxias do Sul, Santa Maria e Pelotas.

        O Sul é a segunda região com maior contingente de indústrias de cosméticos no país e o berço de empresas fortes e tradicionais, como O Boticário (em São José dos Pinhais PR), Racco (em Curitiba PR) e Memphis (em Porto Alegre RS). A reportagem “PR vira polo de cosméticos naturebas”, publicada no jornal Gazeta do Povo em 29 de setembro de 2013, ressalta o crescimento de empresas voltadas ao apelo de sustentabilidade no Paraná, estado que reúne o maior número de indústrias cosméticas na região Sul.

        A Feito Brasil, localizada em Mandaguaçu, na região de Maringá, está entre as marcas que despontam nesse segmento. A empresa, criada em 2004, viu seu faturamento saltar 87% no período de 2011 a 2013, chegando a R$ 3,7 milhões. Em 2012, os produtos da marca começaram a ser comercializados pelo e-commerce brasileiro da rede Sephora.

        Outro exemplo é a empresa Exsicata, criada em 2008 na cidade paranaense de Rio Negro. A Biomas do Brasil, primeira linha de tratamento facial da marca Exsicata, foi lançada em novembro de 2012 na Cosmoprof Asia, em Hong Kong. Em setembro de 2013, um dos produtos da linha foi premiado no Beauty Challenger Awards, durante a feira Beyond Beauty, em Paris, na categoria Best Skin Care.

        O portal da Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina (www.sef.sc.gov.br) informa que o estado foi apontado por um estudo do Sebrae, feito em parceria com a Abihpec, como “polo emergente”, em razão das mais de 50 empresas do setor cosmético contabilizadas até 2011. Atualmente, segundo a Abihpec, Santa Catarina conta com 84 empresas do setor.

        A região metropolitana de São Paulo e a baixada fluminense são destaques na região Sudeste, maior produtora de cosméticos do país, com cerca de 1.473 empresas. Na capital paulista estão localizadas 63% das multinacionais instaladas no Brasil e 38% das cem maiores empresas privadas do país. Diadema, situada a 19 quilômetros de São Paulo, abriga empresas de toda a cadeia produtiva do setor. Esse contexto fez que a prefeitura da cidade e os empresários criassem, em maio de 2002, o Polo de Cosméticos. Atualmente, a cidade reúne cerca de 140 empresasdo setor – entre fabricantes de cosméticos, de embalagens, empresas de envasamento e de fornecimento de matérias-primas.

        Em 2012, a peruana Belcorp, terceira maior empresa de cosméticos da América Latina, chegou ao Brasil. A companhia, que disputa espaço no mercado nacional de vendas diretas com a Avon, a Natura e a Jequiti, instalou um centro de distribuição no município paulista de Jundiaí. Até 2015, a empresa tem planos de investir US$ 200 milhões no Brasil. A Avon tem uma fábrica na cidade de São Paulo e três centros de distribuição no Brasil: nos estados de São Paulo, Ceará e Bahia. O centro de distribuição localizado em Cabreúva SP é o maior da Avon em todo o mundo, responsável por 70% da entrega de todos os pedidos feitos no país.

        A sede da Natura está localizada em Cajamar SP, em um complexo que abriga unidades de produção e de armazenagem, centro de pesquisa e área de administração. Dois dos oito centros de distribuição da empresa estão instalados em cidades paulistas: Jundiaí e Itapecerica da Serra. Líder no mercado brasileiro de cosméticos, a Natura ocupa a quinta posição no ranking mundial de vendas diretas, segundo a revista norte-americana Direct Selling News.

        Segundo informações publicadas no site do governo do Rio de Janeiro (www.rj.gov.br) em abril de 2013, as indústrias de cosméticos instaladas no estado, somadas aos estabelecimentos atacadistas e varejistas, geram mais de 20 mil empregos. A projeção de crescimento para o setor cosmético no estado é de 20% para os próximos dois anos. 

        No Rio de Janeiro está sediada a L´Oréal Brasil. A cidade abriga uma das duas fábricas da companhia no país, a central de distribuição e um centro de pesquisa e inovação da L´Oréal. O Polo Cosmético de Nova Iguaçu, na baixada fl uminense, reúne empresas como Aroma do Campo, Embelezze, Niely, Suissa, Tec Italy e Vita A.

complemento publicado na versão impressa da edição mar/abr de 2014 da revista Cosmetics & Toiletries Brasil
Sul
 
Ela concentra o segundo maior contingente de indústrias do setor cosmético no país. Nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul predominam os negócios de pequeno e médio porte.
 
        Com índices elevados de crescimento, alfabetização, emprego e renda per capita, a região Sul é a segunda com maior contingente de indústrias de cosméticos no país e o berço de empresas fortes e tradicionais, como O Boticário (em São José dos Pinhais PR), Racco (em Curitiba PR) e Memphis (em Porto Alegre RS).
        A presença da indústria cosmética nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul é caracterizada, em grande parte, por negócios de pequeno e médio porte. Fazem parte desse cenário o crescimento de empresas com apelo de sustentabilidade, como as localizadas no Paraná, e as que apostam na sinergia com as tradições locais, como as empresas gaúchas que produzem cosméticos a partir de resíduos da produção de vinhos.
        Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), a região conta com 468 indústrias do setor. Desse total, 209 estão localizadas no Paraná, 84 em Santa Catarina e 175 no Rio Grande do Sul. No período entre 2004 e 2013, o número de fabricantes cresceu 66,5% no sul do país.
 
Paraná
 
        Dentre todas as indústrias instaladas no Paraná, apenas sete são fi liais de empresas sediadas em outros estados. “As demais são inscritas e fundadas dentro do Paraná”, destaca o presidente do Sindicato da Indústria Química e Farmacêutica do Paraná (Sinqfar), Marcelo Ivan Melek. De acordo com ele, quase 100% da indústria cosmética paranaense é composta por micro e pequenas empresas, com exceção de O Boticário.
        Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, referentes a 2012, apontam que, naquele ano, as indústrias do setor correspondiam a 12,57% das empresas químicas do estado, a 0,34% da indústria paranaense como um todo e empregavam 3.474 pessoas. As indústrias do setor representavam 16,84% do emprego na área química e 0,53% na indústria paranaense.
        Como parte dos programas de fomento aos projetos de inovação tecnológica no estado, o Sinqfar promoveu, em setembro do ano passado, um evento voltado às empresas do setor cosmético, para a apresentação do Edital de Inovação 2013 do Senai PR. Ao todo, foram destinados R$ 30,5 milhões a projetos de diferentes áreas, realizados por meio de parcerias com o Senai e o Sesi, além de bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico (CNPq).
        O Paraná foi o primeiro estado brasileiro a inaugurar um Instituto Senai de Inovação (ISI), em setembro de 2013. O foco do Instituto no Paraná está em eletroquímica “e deverá fortalecer a competitividade e a produtividade nos segmentos petroquímico, mineral, metalmecânico, de cosméticos, energia e construção civil”, informa o portal da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
        Matéria da revista Átomo, publicação do Sinqfar, destaca o mapa da indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos no Paraná, de acordo com dados da Rais/2011. Os dados indicam que as indústrias do setor estão mais presentes, nessa ordem, nos municípios de: Curitiba, Pinhais, São José dos Pinhais, Londrina, Colombo, Maringá e, em número reduzido, em cidades como Foz do Iguaçu, Marechal Candido Rondon, Umuarama, Cianorte e Ponta Grossa.
 
Santa Catarina
 
        O estado, que possui o quarto maior parque industrial do país, apresentou um crescimento de 90,9% no número de indústrias do setor cosmético no período de 2004 a 2013, de acordo com a Abihpec.
        Em Santa Catarina nasceu a tradicional Minancora, na cidade de Joinville. A marca, criada em 1915 (ano do registro da fórmula da Pomada Minancora) pelo farmacêutico português Eduardo Augusto Gonçalves, hoje também produz itens para cuidados facial e corporal e desodorantes. Outros destaques catarinenses são a Lielos Cosméticos, localizada em Florianópolis, com produtos para proteção solar, cuidados facial e corporal e produtos infantis; a Ciclo Cosméticos, no município de Palhoça, que fabrica deo colônias, body splashes e produtos para cuidados facial e corporal; e a Extratos da Terra, também de Palhoça, que oferece uma ampla gama de produtos, dentre capilares, masculinos e de cuidado facial e corporal.
        A categoria que abrange sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene corresponde a cerca de 0,29% da indústria de Santa Catarina, segundodados do IBGE (referentes a 2011) fornecidos pela Federação das Industrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc).
        De acordo com a Fiesc, a maior parte das indústrias cosméticas do estado são microempresas (com no máximo 19 funcionários), seguidas pelas pequenas (20 a 99 empregados) e médias empresas (100 a 499 funcionários). A maior parte desses empreendimentos está localizada na região sul do estado.
        Com representação modesta na região, essas indústrias  buscam aprimoramento e visibilidade. Quatorze fabricantes catarinenses de cosméticos participaram da Hair Brasil no ano passado, fazendo daquela a participação mais expressiva do estado no evento – 11 das 14 empresas participaram da feira pela primeira vez, com o apoio do Sebrae-SC. A iniciativa é parte do Programa Nova  Economia@SC do governo do estado, que no ano passado criou 47 polos industriais sob a coordenação do Sebrae. As empresas que participam do programa recebem, gratuitamente, capacitação, consultoria e suporte para o acesso ao mercado.
 
Rio Grande do Sul
 
        Em 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho cresceu 5,8%, superando a taxa nacional, de 2,3%. Na comparação com o Brasil, a economia do Rio Grande do Sul apresentou taxas maiores de crescimento nos três grandes setores: agropecuária, indústria de transformação, comércio e transportes.
        Dentre os estados do Sul do país, o Rio Grande do Sul foi o que apresentou maior avanço no saldo de novas empresas do setor cosmético no período entre 2004 e 2013, com 90 novas indústrias (crescimento de 109,5%).
        Reportagem publicada pelo jornal Zero Hora em junho de 2013 ressalta a estratégia que vem sendo adotada por algumas empresas gaúchas, que apostam na utilização de uvas e frutas cítricas para a fabricação de cosméticos e perfumes. Segundo o Zero Hora, óleos essenciais extraídos da casca da bergamota verde, no Vale do Caí, estão sendo exportados para a França, onde são usados como insumos para a fabricação de produtos de beleza. A matéria aponta que, desde 2010, a Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí (Ecocitrus), localizada na cidade de Montenegro, vende em média oito toneladas de óleos anualmente para a Europa.
        Criada em 2007, a Vinotage é uma das pioneiras no aproveitamento dos resíduos da vinifi cação, especialmente as sementes. A partir desses materiais, esta e outras empresas do estado estão produzindo cosméticos voltados aos tratamentos de beleza em spas e clínicas de estética. A reportagem do Zero Hora informa que a Vinotage, localizada na cidade de Garibaldi, direciona cerca de 90% de sua produção para fora do estado. O óleo da semente da uva, extraído em um laboratório situado em Caxias do Sul, é empregado na formulação de produtos como sabonetes esfoliantes e hidratantes.
        As propriedades do vinho também são exploradas pela Essenza, fabricante de produtos capilares, de cuidado facial e corporal localizada na cidade de Marau, e pela De Sirius, que desenvolve produtos capilares e corporais para uso profi ssional, em Alvorada, município da região metropolitana de Porto Alegre.
        Já a Qod se destaca pela presença internacional. Fabricante de produtos capilares para uso profi ssional, como cremes de tratamento e alisantes, a marca (criada há cerca de dez anos) exporta para mais de 60 países. De acordo com reportagem da revista Exame, publicada em julho de 2013, apenas 20% dos produtos da Qod são comercializados no Brasil. Para crescer também no país, a marca passou a investir em linhas para o consumidor final.
 
 
 
BALANÇA COMERCIAL
POR CARLOS ALBERTO PACHECO
        Os dados referentes ao ano de 2013 mostram um saldo negativo na balança comercial da região Sul, na ordem de US$ 100,8 milhões. O estado de Santa Catarina é o responsável pelo resultado negativo
na região (saldo negativo de US$ 110,4 milhões). Rio Grande do Sul e Paraná apresentaram saldos positivos, respectivamente, de US$ 6,7 milhões e US$ 2,9 milhões.
        Entre os estados da região, o Paraná é o maior exportador, uma vez que responde por 58,6% do total exportado - Curitiba é o principal pólo, responsável por 47,4% das exportações do estado. Na sequência estão o Rio Grande do Sul, com 31,2% (o município de Montenegro responde por 58,1% das exportações do estado) e Santa Catarina, com 10,2%.
        As exportações paranaenses são fortemente ancoradas em Portugal (27,5%) e China (13,2%), tendo como principal produto exportado os óleos essenciais (24,6% do total exportado pelo estado) e maquiagens (22,1%). Os gaúchos têm como principais parceiros econômicos o Reino Unido (20,1%) e os Estados Unidos (17,1%). Há uma forte representatividade na exportação de óleos essenciais (70,5%), seguidos por produtos capilares (18,3%). O estado de Santa Catarina tem como grandes parceiros comerciais os Estados Unidos (11,85%) e a Bolívia (11,26%), e a categoria mais representativa é a de produtos de higiene bucal.
        Do ponto de vista das importações, o destaque é o estado de Santa Catarina, que responde por 82,9% do total importado na região (o município de Itajaí representa 97,1% do movimento do estado, em  virtude do porto).
        A fatia de importações do Paraná corresponde a 13,6% (São José dos Pinhais  reponde por 57,8%) e a do Rio Grande do Sul é de 3,5% (Porto Alegre é responsável por 69,0% das importações do estado).  
        Os catarinenses têm como principal parceiro nas importações a Argentina (51% do total importado pelo estado). Dos produtos importados da Argentina, 48% correspondem à categoria de produtos classifi cados como desodorantes corporais e intiperspirantes líquidos. Os paranaenses apostam na China (20,8%), sobretudo para a importação de itens de maquiagem (60,5% do total importado). 
        Já os gaúchos têm como principal parceiro os Estados Unidos (43,9% das importações), com produtos distribuídos em várias categorias.
Uma análise da balança comercial em relação aos mais importantes blocos econômicos mostra que a região apresenta sempre um saldo negativo. Exemplo: A União Europeia, que representa 24,8% das exportações (US$ 9,2 milhões) e 13,1%  das importações (US$ 18,1 milhões), deixa-nos um saldo negativo de US$ 8,9 milhões.
       O mesmo acontece com o principal parceiro individual, 
os Estados Unidos: exportações de US$ 2,5 milhões (6,9%) e importações de US$ 5,9 milhões (4,28%), com saldo negativo de US$ 3,3 milhões. O saldo negativo é maior ainda quando comparado com o Mercosul: exportações de US$ 1,4 milhões (3,7%) e importações de US$ 58,6 milhões (42,6%), um saldo negativo de US$ 57,2 milhões. Considerando os países do BRIC, praticamente apenas importamos.                                                           
 
 
complemento publicado na versão impressa da edição mai/jun de 2014 da revista Cosmetics & Toiletries Brasil
Sudeste 
 
A região, responsável por mais da metade do PIB brasileiro, é a maior produtora de cosméticos do país
 
        Apesar de registrar um avanço mais lento em relação às demais regiões brasileiras nos últimos anos, o Sudeste ainda é a locomotiva do país. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo detêm, juntos, 55,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro – fatia que é superior à soma de todas as outras regiões. A região reúne, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia  e Estatística (IBGE), 42% da população brasileira. O Sudeste é o maior produtor de cosméticos do país, com cerca de 1.473 empresas. A região metropolitana de São Paulo e a baixada fluminense são os destaques na região.
 
 
São Paulo
 
        Na capital paulista estão localizadas 63% das multinacionais instaladas no Brasil e 38% das cem maiores empresas privadas do país. Diadema, um dos pólos industriais do estado, integra a região do Grande ABC e está situada a 19 quilômetros de São Paulo. A cidade abriga empresas de toda a cadeia produtiva do setor cosmético.
        Esse contexto fez com que a prefeitura do município e os empresários criassem, em maio de 2002, o Polo de Cosméticos. Atualmente, a cidade reúne aproximadamente 150 empresas do setor – entre fabricantes de cosméticos, de embalagens, empresas de envasamento e de fornecimento de matérias-primas – que empregam cerca de 6 mil pessoas.
        Em 2012, a peruana Belcorp, terceira maior empresa de cosméticos da América Latina, chegou ao Brasil. A companhia, que disputa espaço no mercado nacional de vendas diretas com a Avon, a Natura e a Jequiti, todas instaladas no estado de São Paulo, montou um centro de distribuição no município paulista de Jundiaí. Até 2015, a empresa tem planos de investir US$ 200 milhões no Brasil.
        A Avon tem uma fábrica na cidade de São Paulo e três centros de distribuição no Brasil: nos estados de São Paulo, Ceará e Bahia. O centro de distribuição localizado em Cabreúva SP é o maior da Avon em todo o mundo, responsável por 70% da entrega de todos os pedidos feitos no país.
        A sede da Natura, líder no mercado brasileiro de cosméticos, está localizada em Cajamar SP, em um complexo que abriga unidades de produção e de armazenagem, centro de pesquisa e área de administração. Dois dos oito centros de distribuição da empresa estão instalados em cidades paulistas: Jundiaí e Itapecerica da Serra.
        A P&G Brasil terá sua sede instalada na capital paulista a partir de agosto de 2014, no bairro do Brooklin. As novas instalações abrigarão os cerca de 800 funcionários e colaboradores responsáveis pelos negócios das áreas de marketing, finanças, vendas, logística, sistemas, comunicação e jurídica. Além do escritório central em São Paulo, a P&G possui seis fábricas no Brasil: em Louveira SP, Rodovia Anchieta SP, Salvador BA, Manaus AM, Rio de Janeiro RJ e Queimados RJ.
        A capital paulista, que abriga as sedes de multinacionais como Colgate-Palmolive, Johnson & Johnson, Nivea e Unilever, receberá o conglomerado Nazih Group, dos Emirados Árabes Unidos, que abrirá uma fábrica e um centro de distribuição na cidade. Os investimentos no país devem começar ainda este ano, em parceria com a carioca Brazilian Secrets Hair e outras empresas da Europa e dos Estados Unidos.
 
Rio de Janeiro
 
        Segundo informações publicadas no site do governo do Rio de Janeiro (www.rj.gov.br) em abril de 2013, as indústrias de cosméticos instaladas no estado, somadas aos estabelecimentos atacadistas e varejistas, geram mais de 20 mil empregos. A projeção de crescimento para o setor cosmético no estado é de 20% para os próximos dois anos.
        De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a participação do setor de perfumaria e cosméticos na indústria de transformação no estado corresponde a cerca de 0,7%. O setor de perfumaria e cosméticos registrou um aumento de 6,4% no número de contratações no período de janeiro a novembro de 2013. As informações fornecidas pela federação têm como base dados do Ministério do Trabalho e Emprego (Rais e Caged 2012).
        Informações do documento Retratos Regionais, publicado pela Firjan em 2011, apontam que, no segmento industrial de “Perfumaria, Cosméticos e Higiene Pessoal”, a participação das microempresas é de 70,01% (ano base 2009). A representatividade das pequenas empresas no segmento é de 20,5%, a participação das médias é de 6,8% e, das grandes, de 2,6%.
        No Rio de Janeiro, que abriga empresas como as tradicionais Leite de Rosas e Casa Granado, está sediada a L´Oréal Brasil. Estão instalados na cidade uma das duas fábricas da companhia no país, a central de distribuição e um centro de pesquisa e inovação. Entre os 146 países onde a companhia atua, a subsidiária brasileira foi a que mais cresceu em 2013.
        Em entrevista concedida ao jornal Valor Econômico em fevereiro deste ano, o presidente da L’Oréal Brasil, Didier Tisserand, informou que a empresa pretende investir R$ 250 milhões no Brasil em 2014. Segundo o Valor Econômico, boa parte desse aporte será destinado ao aumento de capacidade de produção das duas fábricas, uma no Rio (produtos para coloração, dermocosméticos, shampoos e cremes) e outra em São Paulo (esmaltes e produtos capilares).
        O Polo Cosmético de Nova Iguaçu, na baixada fl uminense, foi inaugurado em 2004, com o objetivo de reunir pequenas, médias e grandes empresas da região, aumentar o parque fabril e, assim, contribuir para a geração de emprego e renda na cidade. O setor cosmético é responsável por 20,8% dos empregos na indústria de transformação local, segundo a Firjan. O pólo de Nova Iguaçu reúne empresas como Aroma do Campo, Embelezze, Niely, Suissa, Tec Italy e Vita A.
 
Minas Gerais e Espírito Santo 
 
        De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), cerca de 50% das indústrias de cosméticos estão localizadas na região metropolitana de Belo Horizonte. Sobre o perfi l da indústria cosmética no estado, a federação informa que “quase 90% das empresas são de micro ou pequeno porte e empregam 35% da força de trabalho do setor. Os outros 10% empregam mais de 60%”. A entidade afirma que “o setor tem baixa participação na estrutura industrial do estado. Mesmo incluindo empresas de produtos de limpeza, menos de 1% da produção industrial do estado é proveniente deste segmento”.
        Em Minas Gerais nasceram empresas como a L’aqua di Fiori, que inaugurou suas primeiras lojas em Belo Horizonte em 1980, a Maxibrasil, fabricante dos produtos Maxiline Professional, a Bio Extratus, cuja história começou em 1989, a partir da iniciativa de proprietários de um salão de beleza em Belo Horizonte, e a Nativa do Brasil, criada pela farmacêutica Fátima Andrade Nogueira, em 1995.
        A economia no Espírito Santo tem seus pontos fortes nas atividades portuárias, de exportação e importação; na indústria de celulose e de rochas ornamentais; na exploração de petróleo e gás natural; além do plantio de café.
        Em Serra, segundo maior município do Espírito Santo em número de habitantes, está sediada a Adcos, empresa criada em 1993 e que atualmente marca presença em 20 estados brasileiros, em mais de 200 pontos de venda – abrangendo as lojas da marca, farmácias de manipulação, franqueados e distribuidores, incluindo um distribuidor europeu. 
        Outro destaque no estado é a Pessini Cosméticos, empresa instalada em Vila Velha, especializada em cosméticos eróticos.
 
DADOS SOBRE DESENVOLVIMENTO HUMANO
POR CARLOS ALBERTO PACHECO
        Ao comparar os números do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) da região Sudeste com o Brasil, nota-se que os quatro estados apresentam índice acima da média do país (cujo IDHM é de 0,727). 
        Com base no Censo do IBGE, o índice leva em conta três componentes: expectativa de vida ao nascer, educação e renda per capita. Quanto mais próximo de 1 é o resultado, maior é o desenvolvimento.
        No Sudeste, os estados apresentam índices considerados altos: 0,783 em São Paulo; 0,761 no Rio de Janeiro; 0,740 no Espírito Santo; e 0,731 em Minas Gerais. Entre as quatro capitais da região, a cidade do Rio de Janeiro apresenta o menor IDHM (0,799) e Vitória o maior (0,845).
          Ao decompor o índice, observa-se que no IDHM Renda per Capita os destaques são os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que apresentam o segundo e o terceiro maiores índices do país  (o IDHM Renda do Brasil é de 0,739). O contraponto é Minas Gerais, que possui índice abaixo da média do país (0,730), fi cando fora da lista dos 10 estados com maior renda per capita. A renda per capita dos paulistas é de R$ 1.085,00, distante da renda dos brasilienses, que é de R$ 1.715,00.
        No IDHM Longevidade, todos os estados da região estão acima da média do país (que é de 0,816) com destaque para São Paulo, que apresenta o segundo maior índice da federação (0,845). 
        Os demais estados possuem praticamente o mesmo índice, na ordem de 0,836 – considerados altos.
       
Os paulistas apresentam uma expectativa de vida ao nascer de 77 anos. Nenhuma das 10 maiores cidades do país neste índice pertence à região sudeste.
        Os Estados da região apresentam média superior ao país quando o indicador é o IDHM Educação, sempre o pior dos três indicadores que compõem o IDHM Brasil (o IDHM Educação no país é de 0,637, considerado médio). Contudo, apenas o estado de São Paulo apresenta um índice classifi cado como alto (0,719, o segundo maior do país). Nos demais, embora estejam acima da média do país, os índices são classificados  como médios - apesar de os três estados ficarem entre os 10 maiores no quesito Educação. Vale destacar que oito dos municípios com maior índice de educação estão em São Paulo (dentre eles Águas de São Pedro, São Caetano do Sul e Santos).
        Este último índice ainda mostra que o estado do Rio do Janeiro apresenta o maior percentual de pessoas com 18 anos ou mais com o ensino médio fundamental completo da região e o segundo maior do país, em oposição a Minas Gerais. Por outro lado, a evasão escolar em São Paulo (a menor do país) é expressivamente menor quando comparada com a do Rio de Janeiro e a dos outros estados da região.


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