Responsabilidade Social Empresarial

Edicao Atual - Responsabilidade Social Empresarial

Editorial

 O apagão de idéias

 Acabamos de sofrer o primeiro grande apagão tecnológico.

Por mais de um dia, o Estado de São Paulo amargou as conseqüências de falhas na malha de conexão da internet e, devido a isso, serviços essenciais como polícia, bombeiros, bancos, hospitais e escolas, sem falar em milhares de empresas e milhões de usuários individuais, ficaram "off line", como se não existissem para o mundo virtual.

Incrível como, em pouco mais de dez anos, desde quando nosso país ingressou definitivamente na sociedade da informação, criamos tanta dependência dessas novas tecnologias.

Pela internet temos acesso instantâneo ao que está ocorrendo em qualquer parte do mundo. Podemos passar o dia todo fazendo contato e tomando decisões através de simples toques no teclado do computador. A rede da internet nos permite tirar dúvidas, comprar, vender, receber, pagar, transferir dinheiro, enfim, tudo o que demandaria horas ou mesmo dias se realizados pelos meios tradicionais.

A dependência das atividades informatizadas tende a crescer cada vez mais, e numa velocidade que não se podia imaginar até a bem pouco tempo. E, se não formos previdentes em criar sistemas alternativos, estaremos mais e mais vulneráveis a esses apagões, com conseqüências cada vez mais graves, com o risco até de nos sentirmos impotentes para esboçar qualquer reação frente a circunstâncias semelhantes às vividas recentemente.

Esta Cosmetics & Toiletries Brasil, primeira do 2.º semestre de 2008, traz muitas novidades. A matéria de capa aborda a responsabilidade social das empresas brasileiras do setor cosmético. Os antioxidantes são avaliados em três artigos: na inibição de eritema por UV, no uso de extratos de maracujá e no desenvolvimento de formulações tópicas. Os cabelos estão presentes em dois artigos, um que descreve a caracterização do crescimento e outro que avalia a perda protéica pelo método Kjeldahl.

Há muitos outros assuntos de seu interesse.


Boa leitura!
Hamilton dos Santos
Editor

Antioxidante inibe eritema por UV, in vivo, em humanos - Hongbo Zhai e Howard I. Maibach (University of California School of Medicine, San Francisco, CA, Estados Unidos)

Os autores descrevem um modelo in vivo para determinar a capacidade antioxidante de uma emulsão tópica versus o veículo da emulsão sobre a pele humana exposta à radiação UV. Os resultados sugerem que a emulsão de teste e seu veículo de controle inibiram a indução de eritema e reduziram a inflamação causada pela exposição à UV.

Los autores describen un modelo in vivo para determinar la capacidad antioxidante de una emulsión tópica versus el vehículo de la emulsión sobre la piel humana exporta a la radiación UV. Los resultados sugieren que la emulsión de prueba y su vehículo de control inhibirán la inducción de eritema y reducirán la inflamación causada por la exposición a la UV.

The authors describe here an in vivo model to determine anti-oxidative capacity of a topical skin care emulsion versus the emulsion´s vehicle on human skin that was exposed to UVR. Results suggest the test emulsion and its vehicle control inhibited the induction of erythema and reduced inflammation caused by the UV exposure.

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Enfoques e Caracterização do Crescimento dos Cabelos - Gillian E. Westgate, PhD (Westgate Consultancy Ltd., Bedford, Reino Unido) Don Harper, K. Ramaprasad, PhD; e Peter D. Kaplan, PhD (TRI/Princeton, Princeton, NJ, Estados Unidos)

Ainda há muito para aprender sobre o controle do crescimento dos cabelos e os mecanismos que influem neste processo sobre o folículo piloso. A translação daquilo que já conhecemos em tratamentos efetivos não está correspondendo. Esta análise mostra um pouco da biologia do ciclo capilar e comenta as diferenças que existem entre tipos e tratamentos de cabelos.

Aún hay mucho que aprender sobre el control del crecimiento del cabello y los mecanismos que actúan sobre el folículo piloso. La translación de lo que ya conocemos sobre tratamientos efectivos no esta correspondiendo. Este análisis muestra un poco de la biología del ciclo capilar, y comenta las diferencias que existen entre tipos y tratamientos de cabello.

There is still more to learn about hair growth control and the mechanisms that influence the follicle. The translation of what has been learned into effective treatments is not keeping pace. This review offers some biology of the hair cycle and comments on differences between kinds of hair and hair treatments.

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Atividade antioxidante de extratos de Passiflora sp (maracujá) por ORAC - Diogo P Rivelli, Cristina D Ropke, Rebeca L de Almeida, Vanessa V da Silva, Tânia Cristina H Sawada, André Wasicky, Edna TM Kato, Elfriede M Bachi e Silvia BM Barros (Fac. Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo)

ORAC é método de escolha na quantificação da capacidade antioxidante de amostras por fornecer uma fonte controlada de radicais peroxila que mimetizam as reações de antioxidantes com os lípídios em alimentos, cosméticos e sistemas fisiológicos. Antioxidantes de origem vegetal estão associados à diminuição na incidência do fotoenvelhecimento mediado por espécies reativas de oxigênio. Neste contexto, foi analisada a atividade antioxidante de extratos de espécies de Passiflora, empregando o moderno método ORAC.

ORAC es el método seleccionado para cuantificar la capacidad antioxidante de muestras para suministrar una fuente controlada de radicales peroxilo que mimetizan las reacciones de antioxidantes con los lípidos en los alimentos, cosméticos y sistemas fisiológicos. Los antioxidantes de origen botánico están asociados a una disminución en la incidencia del fotoenvejecimiento que es mediado por especies reactivas de oxígeno. En este contexto, fue analizada la actividad antioxidante de extractos de especies de Passiflora, utilizando el método innovador ORAC.

ORAC is currently the assay of choice for quantifying the peroxyl radical scavenging capacity of a sample by provide controllable source of peroxyl radicals that model reactions of antioxidants with lipids in food, cosmetics and physiological systems. Botanical antioxidants have been shown to be associated with reduced incidence of ROS mediated photoaging. In this context the antioxidant activity of Passiflora sp extracts employing the modern ORAC method was evaluated.

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Avaliação de Perda Protéica em Cabelos Étnicos pelo Método Kjeldahl - Ana Lúcia Vazquez Villa, Janayna Albuquerque dos Santos, Sonia Maria Nakamura Pereira e Elisabete Pereira dos Santos (Laboratório de Desenvolvimento Galênico – LADEG Faculdade de Farmácia da UFRJ, Rio de Janeiro RJ, Brasil)

Grande parte dos alisantes capilares conhecidos são aqueles que contêm em suas formulações ácido tioglicólico, hidróxido de sódio ou hidróxido de guanidina. Neste trabalho, o efeito destes produtos sobre a proteína do cabelo foi avaliado pelo método de Kjeldahl, medindo-se o conteúdo protéico antes e após o uso desses produtos. O método Kjeldahl foi implantado de forma pioneira neste trabalho, pois não há registro na literatura sobre a sua utilização neste tipo de avaliação.

Una gran cantidad de alisantes para el cabello que son conocidos, son los que contienen en su fórmula ácido tioglicólico, hidróxido de sodio o hidróxido de guanidina. En este trabajo, el efecto de esos productos sobre la proteína del cabello fue evaluado mediante el método de Kjeldahl, comparándose el resultado del contenido proteico antes y después del uso de los referidos productos. El método Kjedahl fue utilizado de una manera pionera en este trabajo, ya que no hay ningún registro en la literatura respecto a su utilización en este tipo de evaluación.

Most of the known hair relaxers are those containing thioglycolic acid or sodium hydroxide or guanidine hydroxide in their formulas. The effect of these products on hair’s protein was evaluate by measuring the protein content before and after the products was used. The methods used to evaluate the proteins loss was Kjeldahl method. Kjeldahl method was used as a pioneer method in this work. There are no reports in the literature considering this method for this kind of evaluation.

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Desenvolvimento de formulações tópicas antioxidantes - Franciane Marquele-Oliveira, Yris M. Fonseca, Maria José V. Fonseca (Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-FCFRP, Universidade de São Paulo-USP, Ribeirão Preto SP, Brasil)

Os autores fazem uma revisão do uso de substâncias antioxidantes como estratégia de grande interesse para minimizar danos que a radiação UV causa na homeostasia celular da pele. Desta forma, é discutido desde a formação de radicais livres e os efeitos da superexposição da pele à radiação UV até o desenvolvimento de formulações antioxidantes.

Los autores hacen una revisión del uso de substancias antioxidantes como estrategia de gran interés para reducir al mínimo los daños que la radiación UV causa en la homeostasia celular de la piel. De tal manera, se discute desde la formación de radicales libres y el efecto del superexposición de la piel a la radiación UV, hasta el desarrollo de formulaciones antioxidantes.

The authors make a review related to the use of antioxidant compounds as very interesting strategy on diminishing the damages caused by UV radiation in the skin celular homeostase. Thus, it is discussed from free radical generation in skin, the effects of skin UV overexposition, and up to the development of topical antioxidant formulations.

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Assuntos Regulatórios por Luiz Brandão

Exigências e indeferimentos

Por se tratar de assunto de máxima importância para os profissionais que preparam as informações para notificação e registro de produtos cosméticos, aqui vamos mais uma vez abordar causas que têm sido motivo de exigências e indeferimentos de processos.

Com base no balanço apresentado em Seminário realizado na sede da Anvisa, em Brasília, em abril, podemos apresentar aquilo que poderíamos denominar de visão atual dos critérios da Agência sobre o assunto.

Volume de processos

- Registros e alteração de registros: em 2.689 processos protocolados, 512 (19%) sofreram algum tipo de exigência.

- Registros novos: em 1.107 pedidos, 272 (25%) foram indeferidos.

- Alteração em registros: de 759 pedidos, 158 (20%) foram indeferidos.

Como o número de indeferimentos e exigências é ainda muito alto, a Anvisa apresentou uma tabulação com principais motivos, que determinaram maior incidência, no período.

Registros

Nos processos de registro de produto, os principais motivos de exigências foram:

- Ausência de informação do pH de produto com AHA

- Divergência na informação do teor de ativo declarado na fórmula com o que foi informado nos dados físico-químicos

- Ausência dos testes requeridos nos pareceres

- Concentrações fora dos limites estabelecidos nos pareceres

- Testes de eficácia ou segurança: ausência de identificação clara do produto testado; ausência da formulação testada (produtos identificados apenas por códigos)e testes incompletos

- Ausência de comprovação de UVA, quando na rotulagem é reivindicada esta proteção

- Presença de substâncias no nome e/ou marca do produto sem constar na fórmula peticionada

- Denominações comerciais não-discriminadas nos dados constantes do processo

- Artes-finais: ilegíveis e diferentes para um mesmo produto

- Ausência de comprovação de “claims” constantes na embalagem original dos produtos importados e não inseridos na etiqueta de adequação. Exemplo: hipoalergênico; dermatologicamente testado

- Ausência de justificativas técnicas para comprovação de similaridade

- Nome do produto no Formulário de Petição divergente daquele descrito na arte-final

- Fórmula do produto não-condizente com a categoria

Indeferimentos

Os motivos mais freqüentes no indeferimento de processos de registro foram:

- Inclusão de substâncias constantes da lista restritiva (RDC 215/05) ou lista proibida (RDC 48/06)

- Ausência de informações de ingredientes requeridas pela lista restritiva

- Concentrações acima do limite

- Presença de substâncias com função diferente do previsto nas listas de ingredientes permitidos

- Utilização de substâncias de lista provisória

- Inclusão de corantes não-constantes na lista da RDC 79/00 (anexo III)

- Inclusão de filtros UV não-previstos ou em concentração diferente estabelecida na RDC 47/06

- Inclusão de conservantes não-previstos na RDC 162/01

- Mistura de conservantes/complexos ou substâncias em Solução

- Uso incorreto da nomenclatura Inci (RDC 211/05)

- Falta de apresentação de testes estabilidade do produto (RDC 211/05)

- Ausência de limites de dados microbiológicos (RDC 481/99)

- Ausência de Certificado de Venda Livre ou documentação divergente (apresentado/original)

Além desses, outros motivos deram ensejo aos indeferimentos:

- Ausência de testes estabelecidos na legislação (DC 237/02 e RDC 38/01)

- Ausência de arte-final (RDC 211/05)

- Ausência de documentos e ou falta assinatura (RDC 211/05)

- Produtos apresentando ação terapêutica (RDC 211/05)

- Exigências não-cumpridas ou cumpridas parcialmente (RDC 204/05)

Mais informações podem ser obtidas em: http:// www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2008/250108_2.htm

Essas foram nossas dicas e recomendações para você evitar o indeferimento de seus processos.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Comunicação complexa e a Qualidade

Como já afirmamos em coluna anterior, existem muitas barreiras para que a comunicação seja eficaz na divulgação da Qualidade, seja para colaboradores individuais, seja para grupos de colaboradores.

Um dos principais fatores para a tornar a comunicação eficiente é respeitar o conceito de que comunicação são informações e direções claras e de que a eficácia da comunicação está na sua compreensão pelo transmissor e receptor.

Dessa forma, se a mensagem não for entendida de maneira clara ou fácil pode se transformar num problema enorme.

Na maioria das vezes, na comunicação, a mensagem tem que ser transmitida para outra pessoa (o receptor), após a sua seleção pelo (transmissor), e de modo apropriado. Não se deve esquecer que o receptor interpreta a mensagem e pode acrescentar seus próprios sentimentos no todo ou em parte.

A única forma de descobrir se a informação foi recebida e compreendida sem alterações é através do feedback.

Neste processo de transmissão estão envolvidos a palavra falada, os gestos não-verbais, as informações escritas e outros meios que se façam necessários.

Podemos mencionar, a título de exemplo, algumas dificuldades comuns na comunicação:

- Termos longos - quando quem prepara e/ou executa a transmissão tenta impressionar os receptores com palavras longas. Quando isto acontece, os receptores não perguntam o seu significado, por inibição ou para não demonstrar, perante os demais, o seu desconhecimento sobre o assunto.

- Termos recentes - neste caso, se o significado não for explicitado, o efeito será o do item anterior.

- Jargões – são expressões que devem, sempre que possível, ser evitadas, salvo quando importantes para a comunicação, e seu significado deve ser sempre explicitado. Muitas vezes, o comunicador utiliza determinada expressão (jargão) com muita freqüência sem que se dê conta da sua importância, podendo surgir dúvidas e inibição no receptor, impedindo- o de questionar o significado.

- Significados diferentes para as mesmas expressões - prática que, cada vez mais, dificulta a comunicação. Uma das suas causa é a facilidade com que são criados os novos significados, amparada pela popularização da comunicação via internet.

- Comunicação não-verbal x comunicação verbal - esta é, talvez, a mais crítica de todas as formas de comunicações, ou seja, é a materialização do dito popular “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

- Recursos de comunicação - é a inexistência dos recursos necessários para a execução da comunicação que acarreta desinteresse por parte do receptor (condições reais de atuação).

- Comunicação cansativa – também se enquadra entre as dificuldades encontradas para a transmissão de informações. Uma das alternativas, caso a informação não possa ser transmitida de maneira agradável para os receptores, é torná-la a mais objetiva e breve possíveis.

- Conhecimento prévio - muitos comunicadores se inclinam por considerar que os receptores possuem conhecimento prévio dos temas e/ou tópicos da comunicação a ser recebida. Esta atitude acarreta, por conseqüência, a ausência de determinados conceitos básicos, resultando em comunicação parcial ou ausente.

- Forma da comunicação - o modo como as informações são transmitidas pode influenciar o significado e, portanto, a sua compreensão. A melhor comunicação é aquela que alterna sons e imagens de modo a manter a atenção dos receptores pelo maior tempo possível.

Podemos assim resumir os efeitos indesejados da comunicação falha, em:

- Treinamento ineficiente

- Má compreensão

- Relacionamentos conflitantes entre os colaboradores

- Não cumprimento das metas de comunicação

- Frustração de comunicador e receptor

- Deficiência da empresa

Por tudo isso, vale a pena se aprimorar na comunicação.

Cristiane M Santos
Direito do Consumidor por Cristiane M Santos

Iogurte enganoso?

No último dia 27 de junho, a Anvisa (Agência Nacional-de Vigilância Sanitária) determinou a suspensão nacional das propagandas do iogurte Activia, da empresa Danone.

Segundo a entidade, a medida foi adotada para coibir as propagandas que sugeriam que o produto fosse uma forma de tratamento para o funcionamento intestinal regular, o que poderia induzir o consumidor ao erro, já que apenas contribui com o equilíbrio da flora intestinal, devendo ser consumido em associação a uma alimentação saudável e à prática de atividades físicas.

De acordo com o § 1º, do artigo 37, Código de Defesa do Consumidor (CDC), “é enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços”.

Neste caso, a maior preocupação constatada foi a possibilidade do consumidor retardar a procura por um profissional de saúde e diagnosticar doenças potencialmente mais graves, que apresentam como sintoma a constipação.

A penalidade aplicada aos veículos de comunicação que reproduzissem a propaganda seria de multas que variavam entre R$ 2.000,00 a R$ 1,5 milhão (Lei nº 6.437/77).

Além deste fato apresentado pela Anvisa, o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) publicou em sua revista, na edição de maio de 2008, que o rótulo do Activia, sabor nozes – inclusive com imagem de nozes -, não deixa claro que não há nozes em sua composição, mas sim, “castanha de caju sabor nozes”, induzindo mais uma vez o consumidor ao erro.

Esse “erro”, que muitas vezes parece inofensivo, pode afetar a saúde e a segurança de um consumidor que é alérgico a um componente que não aparece no rótulo, por exemplo.

Além da publicidade enganosa, o CDC também coibi a abusiva: “a publicidade discriminatória de qualquer natureza, que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeito a valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança” (artigo 37, II, CDC).

Vale lembrar que “a oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidade, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores”.

Sabemos que a publicidade exerce função cada vez mais importante no processo de comercialização, pois é por meio dela que as empresas divulgam seus produtos/serviços, destacando suas características, e também possibilitando que o consumidor tome conhecimento das opções existentes no mercado, espertando desejo e necessidade.

Entretanto, não podemos esquecer que, antes de ser convincente e atingir plenamente sua função, em primeiro lugar a publicidade deve respeitar o consumidor e zelar por sua segurança.

“São direitos básicos do consumidor: a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços (...)” (artigo, 6º, II, CDC).

Antonio Celso da Silva
Embalagens por Antonio Celso da Silva

Cartuchos: proteção e beleza ao alcance de todos

Diferente de um frasco ou de um pote, onde a exclusividade depende do molde, o cartucho permite que seus criadores dêem asas à imaginação, viajando pelo universo das cores, brilhos e formatos, sem a preocupação com preço e tempo para a confecção do ferramental. O que o consumidor chama “caixinha”, nós, técnicos, chamamos cartucho. O cartucho é a embalagem secundária que protege o frasco de colônia, o pote de creme, o estojo de batom, a bisnaga de tintura para cabelos, todos descritos como embalagens primárias.

Normalmente feito em papel-cartão, também pode ser em plástico transparente ou translúcido (PET, PVC, PP etc). A criação de um cartucho começa pela imaginação do marketing das empresas em conjunto com a área de desenvolvimento de embalagens, mas finaliza-se na área de criação das boas gráficas.

Para empresas cosméticas de menor porte ou sem um departamento próprio, a criação de cartuchos é transferida para a gráfica, que trabalha em parceria com a empresa. As gráficas dispõem de recursos que permitem visualizar as embalagens em poucos minutos, transformando as idéias em mock ups.

Com tamanha facilidade e preços convidativos, o resultado está na diversidade e beleza das “caixinhas” encontradas nos pontos-de-venda, não diferenciando empresas de pequeno ou grande porte.

Tudo parece muito simples, no entanto, é preciso atenção para uma série de pré-requisitos, principalmente com relação ao preço, geralmente cobrado por milheiro.

- Quantidade de compra: quanto maior a quantidade encomendada, menor será o preço do milheiro, porque a produção em alta escala reduz muito o custo, considerando a velocidade de produção das impressoras e também o fato de que quanto mais se faz, menor é a perda de cartão, em percentuais, para regulagem da máquina, perda essa também conhecida por “mala” entre os gráficos. O melhor aproveitamento do cartão, no que diz respeito à quantidade de cartuchos por folha, é importante na redução do preço.

- Gramatura: é o peso por metro quadrado (g/m²) do cartão e quanto mais pesado ele for, mais caro será o preço do cartucho. O peso mais indicado para cartuchos cosméticos está entre 300 e 350 g/m².

Convém citar que o teste de gramatura é um dos mais importantes a ser feito pelo Controle de Qualidade no recebimento de um lote.

Muitas vezes o comprador “briga” com a gráfica e consegue centavos de desconto no milheiro de um cartucho especificado como 350 g/m², porém a gráfica acaba entregando o produto numa gramatura menor e, no final, de nada adiantou a “briga” para a redução de preço, pois a qualidade foi comprometida, o que acontece quando a gráfica não é de confiança e o teste de gramatura não é feito no recebimento.

Ainda falando em qualidade, é importante que a direção de fibra do cartão seja perpendicular aos vincos, o que confere uma montagem perfeita do cartucho.

- Faca: é a ferramenta que faz o corte-e-vinco do cartão, e vai conferir forma ao cartucho depois de colado e montado.

- Cores: muitas cores estão disponíveis para dar vida e beleza ao cartucho sem o aumento representativo do custo, inclusive cores especiais.

- Verniz: é a camada de acabamento que serve para proteger a cor e dar brilho na parte externa do cartucho. Pode ser à base d’agua, calandra ou UV, sendo este último o mais caro, porém o que dá maior brilho e proteção. É possível aplicar o verniz em apenas algumas partes do cartucho, conferindo este beleza e sofisticação à embalagem.

- Hot stamping: é o recurso utilizado pelas gráficas para dar maior brilho, destaque e beleza ao cartucho. São tipos de fitas coloridas que, sob a ação do calor, transferem pigmento ao cartucho, formando letras, desenhos, faixas etc, mas que encarece muito o produto.

Também não podemos esquecer das opções por abas tipos “asas de avião” ou reversas e dos fundos, que podem ser simples ou apresentar os famosos “fundos automáticos” que tanto auxiliam na montagem dos cartuchos na linha de produção. Um outro dado importante é o número de excelentes gráficas disponíveis no Brasil, capazes de fazer cartuchos de qualidade que não ficam nem um pouco atrás dos fabricados por famosas gráficas do resto do mundo.

Por fim, podemos afirmar que todas dificuldades e falta de criatividade que percebemos nas embalagens brasileiras para cosméticos, principalmente, quando se fala em estojos para maquiagem, com certeza não se aplicam aos cartuchos.

Fragrâncias por Carmita Magalhães

Interpretações na Perfumaria

Na última edição, abordamos o tema Genealogia, para explicar, entender e interpretar o mercado da Perfumaria.

Interpretar é dar um sentido às coisas, com alguma liberdade de pensamentos. A interpretação depende da intuição de cada um, mas será sempre uma aposta, que você terá que defender...

Um exemplo ligado à Perfumaria é a interpretação da palavra “colônia”. Quem ainda não ouviu falar em colônia, água-de-colônia, cologne, eau de cologne?

Para amplo entendimento do assunto, serão abordados vários tópicos, que iniciaremos nesta edição, com seqüência na seguinte.

Definição

Não há definição da palavra “cologne/colônia” no dicionário Larousse Français e, no Aurélio, solicita ver “água-decolônia” (em francês: eau de cologne).

Pelo Larousse Français: Eau de cologne: solução alcoólica de óleos essenciais (bergamota, limão...) usada como complemento da toilette diária.

Já no Aurélio: Água-de-colônia: solução alcoólica de essências de bergamota, de limão e de lavanda, usada como perfume. Também se diz colônia.

Água-de-colônia através dos tempos: suas origens e evolução

Giovanni Maria Farina, de origem italiana, nasceu em 1685, em Piemont, Itália, e morreu em 1766, em Colônia, Alemanha.

Foi ele quem lançou no mercado a água-de-colônia, inicialmente desenvolvida por seu tio, Jean-Paul Feminis. Assim criou, em 1709, “Cologne” de Farina Gegenüber, a mais antiga Casa de Perfumes, que existe até hoje.

Giovanni deu o nome de Eau de Cologne à sua criação em homenagem a sua nova cidade residencial, Colônia ou Cologne, em francês. Hoje, essa Eau de Cologne é produzida pela oitava geração de descendentes de Giovanni.

No século XVIII, a Eau de Cologne foi amplamente utilizada por reis e suas respectivas cortes.

Muitos tentaram copiar a fragrância e o nome Eau de Cologne, mas como naquela época não existia proteção de marcas, “água-de-colônia” converteu-se no nome de um tipo de perfume.

Geralmente, águas-de-colônias tem de 2 a 5% de essência, ressaltando-se que a Eau de Cologne de Giovanni Maria Farina contém mais do 5% de fragrância. Então, tecnicamente, não deveria ser uma água de colônia, certo?

A segunda água-de-colônia mais conhecida é a Eau de Cologne Original 4711; porém, como vimos anteriormente, esta não foi a primeira.

A origem data de outubro de 1792, quando o filho de um banqueiro da família Mühlens, de Colônia, celebrou seu casamento e recebeu de um monge Chartreux a fórmula de uma “Aqua Mirabilis”. Consciente do valor daquele presente, Mühlens construiu uma fábrica para a sua produção, que recebeu o nome de “4711”, em referência ao período de ocupação da cidade pelas tropas francesas de Napoleão, que renumeraram todas as casas da cidade, e a fábrica ocupou o número 4711.

As águas-de-colônia eram bastante inovadoras, pois se tratavam de fragrâncias mais frescas, em contraposição aos aromas mais fortes que se usavam naquela época. Foi graças a isso que Colônia foi reconhecida, nos séculos XVIII e XIX, como a Cidade dos Perfumes.

A água-de-colônia tinha um público cada vez maior, a ponto de se tornar, no século XIX, o perfume preferido da burguesia. Sua ação estimulante e refrescante é, de fato, incontestável.

Napoleão era um grande adepto da fragrância, tanto para perfumar-se como para ingeri-la... E, em 1810, promulgou um decreto para que fossem divulgados oficialmente os segredos da fórmula de medicamentos. Os fabricantes da água-decolônia não gostaram muito da idéia e decidiram dar ao produto
uma nova imagem, e a qualificaram de “Eau de Toilette (água-de-toilette) para uso externo”.

E, assim, com o tempo, vieram outras águas, como, por exemplo: l’Eau de Cologne Impériale de Guerlain, l’Eau de Cologne Extra-Vieille de Roger&Gallet e l’Eau de Cologne English Lavender de Yardley.

Uma coisa é certa: a água-de-colônia atravessou épocas e fronteiras. O que era uma inovação naquela época, hoje é vista como um clássico da Perfumaria!

E, agora, que você já sabe a origem água-de-colônia, aguarde as próximas edições quando serão abordadas a sua evolução no Brasil e a interpretação de uma Casa de Perfumaria sobre este tema no mundo.

Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Consumo em movimento

Consumo: palavra proibida em alguns círculos da sociedade e palavra de ordem em outras esferas.

Polêmicas à parte, o importante é saber que no meio do processo de consumo está o consumidor. E quem é ele?É urgente encontrarmos uma resposta para esta pergunta, pois, afinal, já são 185 milhões de habitantes no quinto maior país do planeta. Uma quantidade tão grande de pessoas se movimentando no sentido de aumentar o consumo, sem dúvida vai mexer com a estrutura de muitos negócios.

O país, em transformação, vive uma transição demográfica que deixou de ser uma tendência e passa a ser uma realidade. Dos cerca de 147 milhões de habitantes, em 1990, para uma estimativa de 198 milhões em 2010 representa aumento de quase 35% em 20 anos. Além do número, o interessante é que, em 2010, seremos uma população com 17% acima dos 60 anos (terceira idade) contra os 5% já existentes, com expectativa de vida passando de 72,8 para 76,1 anos, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). As mudanças vão além do tamanho da população e das faixas etárias, e atingem hábitos e costumes.

A cada ano concretiza-se a predominância da população feminina: hoje são mais de 2,7 milhões e, em 2010, deverão ser 3,8 em relação à masculina. Aliado a isto, a taxa de crescimento da população feminina economicamente ativa vem crescendo mais do que a masculina e a tendência é continuar. E mais: a taxa de crescimento da renda per capita feminina também foi e será maior. Neste sentido, o aumento do consumo de produtos cosméticos como protetores solares, produtos infantis e tinturas devem aumentar, bem como sopas prontas, eletrodomésticos e produtos típicos do universo feminino.

Cada vez mais, casais escolhem não ter filhos ou deixam para tê-los mais tarde e a atual média de filhos por mulher diminui de 2,2 para 2,0. Este fato representa mais mudanças, pois os gastos de uma população jovem com a manutenção de uma criança são direcionados para bens de consumo como móveis e decoração, refeições prontas (na cidade de São Paulo o potencial de consumo é de 14% do país), aumento do crédito da pessoa física e avanço de uma modalidade de compra ainda incipiente: o comércio eletrônico, conforme publicado em matéria da revista Exame (23/4/2008).

A pirâmide social deve engordar a fatia da classe C em detrimento das classes D e E. Em 2007, pela primeira vez, a classe C constituiu a maior parte da população (46%). Se considerarmos que a maioria dos produtores/vendedores pertence às classes A e B, o movimento de renda nesta faixa irá aumentar o consumo de produtos de alto valor agregado. Para os que não acreditam nisto, basta olhar o caos aéreo (parte por falta de infra-estrutura, parte pelo aumento da demanda) que indica que viagens aéreas deixaram de ser artigo de luxo e o binômio “redução de custo/aumento de renda” faz com que mais pessoas optem por este meio de transporte. Ainda não está convencido? Veja o trânsito caótico da cidade
de São Paulo: representando 12% do potencial de consumo do país, com 6% da população nacional (10,9 milhões), a cidade tem uma frota de cerca de 6,1 milhões ou, se preferir, 950 veículos por dia ingressam nas ruas da cidade, conforme a revista Veja (2/7/2008).

Com uma população idosa, com poder de consumo interessante em fase de crescimento, áreas como lazer e turismo devem aumentar os seus ganhos, o que já é uma realidade. Hoje, 43% do topo da pirâmide social, com ganhos acima de 10 salários mínimos, são pessoas com mais de 50 anos de idade. O perfil deste segmento também indica que são pessoas mais empreendedoras; portanto, mais ávidas pelo novo. O mercado cosmético, como a empresa Natura, já tem em seus planos o lançamento de cremes específicos para mulheres de 80 anos e o mercado de cosméticos masculinos se agita no sentindo de acompanhar os refinados gostos de homens de meia-idade que apreciam vinhos, charutos e não dispensam a manutenção da boa forma.

Mas nem tudo são flores neste mar de esperança consumista. Há riscos neste caminho!! O IPC - Índice de Potencial de Consumo de 2008 (Atlas do Mercado Brasileiro da Gazeta Mercantil) vem sinalizando algumas aberrações no consumo que podem nos levar a um futuro não tão brilhante: o estudo indica que os gastos com contas de celulares no país são 7,2% maiores que os gastos com educação fundamental de 1º e 2º ciclos. Os gastos com fumo se igualam aos gastos com frutas e são duas vezes maiores do que com livros. Sim, há perigos na esquina.

De qualquer maneira, entender este novo padrão de consumo, que vai se desenhando, será cada vez mais preponderante para aqueles que não quiserem ser engolidos pelas ondas da mudança.

Notícias da Abihpec por João Carlos Basilio da Silva

Com resistência às mudanças, não há evolução

Li recentemente um artigo publicado na revista TAM nas Nuvens intitulado “Idéias naturais”, de autoria de Edoar do Rivetti. Usando como exemplo a eletricidade e as novas tecnologias que incluem lâmpadas compactas fluorescentes e emissores de luz, ele aborda a resistência da humanidade em relação às mudanças e afirma que, ao falarmos de qualquer alteração de conduta que demande algum tipo de esforço, por maior benefício este que traga, o suposto confronto da situação fala mais alto. Segundo Rivetti, “chega a ser constrangedor, mas é um traço ‘selvagem’ que nunca deixará a humanidade”.

Seguindo esse raciocínio, se ficarmos presos aos velhos costumes e orientações, será impossível evoluir. Percebo a necessidade iminente de promover mudanças significativas em nosso setor, tanto na área tributária quanto na regulatória.

Precisamos discutir a fundo e com maturidade os temas fundamentais à indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, pois só assim, estaremos aptos a elaborar um plano de ação e construir um caminho que nos mantenha na liderança da América Latina, para que possamos representá-la cada vez melhor no contexto internacional.

Desde 2006, o Brasil é o terceiro maior mercado de cosméticos do mundo, tendo alcançado crescimento de 22,6% no ano passado, o que reafirmou sua posição. Em nosso país, cuidados pessoais não significam luxo, e sim necessidade, independentemente da classe social. A mulher brasileira comprova essa afirmação em seu comportamento de compras.

Convido todas as empresas que ainda não sejam associadas à Abihpec para que se filiem à nossa entidade e reúnam seus esforços a um núcleo que conta com mais de 300 indústrias atualmente. Afinal, somente juntos poderemos avançar em nossas conquistas.

Nosso endereço eletrônico é www.abihpec.org.br.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Antioxidantes em cosméticos

Os radicais livres são moléculas altamente instáveis, com elevada insolubilidade devido ao fato de seus átomos possuírem número ímpar de elétrons. Para atingir a estabilidade, estas moléculas captam elétrons de outras moléculas químicas e também de componentes vitais, como, por exemplo, DNA, elementos citoesqueléticos, membranas e proteínas celulares. A peroxidação lipídica, uma das seqüelas geradas pela ação dos radicais livres, causa danos às membranas celulares e leva ao envelhecimento da pele, aterosclerose e outros sinais de danos à pele. Além do envelhecimento cutâneo, as espécies reativas de oxigênio estão implicadas nos processos de fotoenvelhecimento, carcinogênese e inflamação. Os radicais livres são formados de modo natural pelo metabolismo humano, mas fatores como a poluição do ar, tabagismo, exposição à radiação, exercícios físicos, álcool, processos inflamatórios e ingestão de determinadas drogas ou materiais pesados podem também ser fontes de espécies reativas como os superóxidos, ânion hidroxila, peróxido de hidrogênio e unidade simples de oxigênio.

O mecanismo de defesa antioxidante do organismo tem como principal função inibir ou reduzir os danos causados às células pelas espécies reativas de oxigênio. Existe grande variedade de substâncias antioxidantes que podem ser classificadas como extracelulares. O mecanismo de ação dos antioxidantes permite, ainda, classificá-los como antioxidantes de prevenção, que impedem a formação de radicais livres; varredores, que impedem o ataque de radicais livres às células, e de reparo, que favorecem a remoção de danos à molécula de DNA e a reconstituição das membranas celulares danificadas.

Os antioxidantes tópicos devem ser absorvidos pela pele e liberados para o tecido-alvo na forma ativa. Entretanto, muitos produtos se oxidam e se tornam inativos antes mesmo de alcançarem o alvo. A absorção é um processo muito importante e depende de vários outros fatores, como, por exemplo, a forma molecular do composto ativo, suas propriedades físico- químicas, se sua solubilidade em água ou em lipídeos, seu pH e o veículo que contém o produto.

Princípios ativos antioxidantes

Os antioxidantes solúveis em gordura são encontrados na porção lipofílica da membrana celular e incluem a vitamina E e a CoQ10.

A vitamina E pertence a uma família denominada tocoferóis, incluindo o tocoferol , , e . O - tocoferol é a forma mais ativa e é aquela em que a dose diária recomendada (DDR) se baseia. As formas de vitamina E tipicamente utilizadas em cosméticos são o acetato de -tocoferila. Esses compostos apresentam menor probabilidade de desencadear dermatites de contato e são mais estáveis na temperatura ambiente.

O principal antioxidante solúvel em água e também em lipídeos é o ácido lipóico (AAL). Diferentemente de outros antioxidantes, este pode ser usado como um peeling químico superficial para remodelar a pele, de modo semelhante ao do ácido glicólico. O ácido dihidrolipólico (ADHL), formado pela redução do AAL, é muito instável, e pode ser oxidado em questão de minutos após aplicação na pele. O ácido lipóico é absorvido na forma estável e, depois que penetra nas células, é convertido emADHL.

As quatro principais propriedades do AAL são: capacidade de quelar metais, de eliminar espécies reativas de oxigênio, de regenerar antioxidantes endógenos e de reparar o dano oxidante.

Entre os antioxidantes solúveis apenas em água, destacase a vitamina C. Atualmente, a vitamina C, também conhecida como ácido ascórbico, está sendo extensamente estudada em relação à sua atividade antioxidante. Quando as preparações de vitamina C são expostas aos raios ultravioletas ou ao ar, a molécula rapidamente se oxida e se torna inativa, inutilizando a preparação. A vitamina C se tornou um aditivo popular de muitos produtos após-sol, pois interfere com a geração de espécies de oxigênio reativo, induzidas pelos raios UV pela reação com o ânion superóxido ou radical hidroxila. A vitamina C, por si só um forte antioxidante , também reduz (e, portanto, recicla) a vitamina E (óxida) de volta à sua forma ativa, de modo que a capacidade antioxidante da vitamina E é ampliada.

As preparações tópicas de ácido ascórbico podem ser formuladas em base aquosa ou lipídica. O palmitato de ascorbila tópico, uma forma lipídica, não causa irritação e é comprovadamente fotoprotetor e antiinflamatório. O maior problema, entretanto, das formulações com ácido ascórbico, é sua instabilidade frente à exposição ao ar e à radiação UV, o que as torna inativas horas após a abertura do frasco.

Dermeval de Carvalho
Toxicologia por Dermeval de Carvalho

Métodos alternativos e ingredientes cosméticos

A avaliação da toxicidade, envolvendo o uso de substâncias químicas, não importa para qual utilidade, tem crescido de maneira avassaladora, notadamente nos países desenvolvidos. Esta realidade tem motivado desdobramento da clássica Toxicologia em áreas do saber, que lhes são pertinentes, resguardado princípios e fundamentos, gerando centros de excelência junto à academia, órgãos regulatórios e setor regulado. Acrescente-se a este desenvolvimento, a integração multiprofissional e disciplinar que agrega robustos conhecimentos de patologia, epidemiologia, genética, bioquímica molecular e avaliação do risco, necessários à avaliação de toxicidade.

No Brasil, embora de maneira ainda muito tênue, algo já está sendo colocado em prática. O desenvolvimento da Toxicologia no Brasil, quali-quantitativo, tem crescido de maneira razoável, graças às atividades dos cursos de pósgraduação. Entretanto, o conservadorismo tem inibido o seu crescimento, contrariamente ao que acontece nos países desenvolvidos. Desde que meios não obstruam propostas de interesse, poderemos contar com grande parceiro - o Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit), órgão do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br). O Decit veicula no boletim Oficina de Prioridades: “Saúde define prioridades de pesquisas para 2008, enfatizando a criação de centros de Toxicologia para a realização de ensaios pré-clínicos”. Uma boa notícia.

Qual a urgência destes testes?

“REACh and the consequences for Natural Ingredients” artigo publicado por Ritzman (International Journal for Applied Science 134(4): 24-31, 2008, discute a necessidade e aplicabilidade desta legislação implantada pela Comunidade Européia em junho de 2007, para fins de avaliação de toxicidade de substâncias químicas de uso diário, produtos naturais (leia-se ingredientes cosméticos), entre outros. Pergunta- se: qual a relação desta legislação com os métodos alternativos? A resposta é simples: a segurança dos usuários, passíveis à exposição de tantas substâncias químicas, está acima de qualquer grandeza. Os métodos alternativos já validados, ainda em validação e em desenvolvimento são atalhos valiosos.

Métodos alternativos: parcerias necessárias. Como viabilizá- las?

Criado em 1992, sediado em Ispra (Itália), o Ecvam (www.ecvam.org) trabalha na validação de métodos alternativos, mantém e controla base de dados, promove o diálogo entre órgãos reguladores, indústrias, comunidade científica, organização de consumidores e sociedades protetoras dos animais, contando com inúmeros laboratórios e órgãos dos estados-membros da Comunidade Européia.

Criado em 2005, na Suécia, o projeto “ACuteTox” pode servir de modelo e estímulo à implantação de núcleos interativos na busca de estratégias simples e robustas necessárias à avaliação de toxicidade sistêmica.

Nele participam 35 pesquisadores, 13 países da Comunidade Européia, academia e indústria (Atla 35:33- 38, 2007). Em razão da dimensão continental do Brasil, este modelo, atende às nossas necessidades, merecendo especial desvelo.

Perspectiva brasileira

A integração empresa/ escola, já praticada em países desenvolvidos e/ou em desenvolvimento, tem-se mostrado benéficas às partes, pois se para o primeiro parceiro a segurança e qualidade são palavras de ordem, ao segundo fica facilitada a capacitação do docente e formação de neoprofissionais aptos para enfrentar o difícil mercado de trabalho. Se pensado de outra forma, o nanismo científico permanecerá entre nós.

Deixar somente por conta de um “patrão” é pedir muito

Precisamos do apoio financeiro institucional, cultivado ao longo dos anos através de pesquisas acadêmicas, dos programas implantados pelo Ministério de Ciência e Tecnologia/ Finep, BNDES (apoio à inovação), Agência USP de Inovação Tecnológica e órgãos de regulamentação. Precisamos, também, que universidades privadas sejam despertadas, pois contam com grande fatia do ensino superior, que disponibilizem recursos financeiros e, se agreguem à pesquisa, à semelhança do que já vem sendo feito, em parte, pelo setor produtivo.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Assassino da feminilidade – novas perspectivas

Durante muitos séculos, algumas mulheres ficaram esquecidas e escondidas da sociedade, sendo ridicularizadas em circos como atração bizarra e muitas vezes como aberrações. Eram as chamadas mulheres barbadas.

Com a evolução da medicina, um grupo de médicos se dedicou a estudar novos e efetivos tratamentos para a resolução deste inestetismo: os pêlos indesejados localizados em áreas masculinas (como mento, buço e tórax) num corpo feminino.

Esta patologia é chamada hirsutismo, e sua incidência é bastante alta, estimando-se que mais de 10% da população de mulheres adultas removam pêlos faciais pelo menos uma vez por semana. Alguns autores consideram que o acometimento dessa desordem está acima de 8% nas mulheres em todo o mundo.

Mas por que esta patologia é tão desconhecida? Por que estas mulheres se calam e sofrem em silêncio por desconhecer os tratamentos mais recentes?

Esta afecção, que representa uma ameaça à feminilidade, tem provocado profundos distúrbios psicológicos e emocionais, causando maior ansiedade, insegurança, baixa auto-estima e, inclusive, aumento na incidência de disfunções sexuais.

Os fatores hormonais são os grandes causadores desse mal, e podem estar associados a doenças da modernidade, como o estresse, a obesidade e a Síndrome Metabólica.

O que ocorre é um desequilíbrio entre a proporção de hormônios masculinos e femininos, havendo um predomínio da ação hormonal masculina que acarreta a transformação destes pêlos, nas áreas hormônio-dependentes.

No entanto, em 90% dos casos desconhece-se qualquer alteração nos exames laboratoriais, e imputa-se como “idiopática” (sem etiologia definida), sendo que a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é a causa mais comum, e podendo estar acompanhada de outros sintomas como: irregularidade menstrual, acne, cabelos oleosos, queda de cabelos, obesidade, dislipidemia, resistência insulínica, hipertensão arterial, infertilidade e doenças cardiovasculares.

É importante a conscientização dessas mulheres para a necessidade de um diagnóstico e tratamento médico adequados, visando a correção de distúrbios hormonais muitas vezes graves, como, por exemplo, tumores da adrenal ou dos ovários.

Os tratamentos convencionais são basicamente de dois tipos:

- Medicamentosos: para a correção hormonal, como as pílulas anticoncepcionais

- Métodos de remoção mecânica: os laseres, ceras depilatórias e aparelhos de barbear

Há poucos anos, a FDA aprovou nos Estados Unidos o uso de uma substância tópica chamada eflornitina (Vaniqa) que, quando aplicada sobre a área com pêlos, altera o crescimento diminuindo o seu número. Até então não tínhamos um produto similar nacional e a importação do Vaniqa encareceria excessivamente o produto, tornando-o a última opção terapêutica.

Outro tratamento que vem sendo testado é a flutamida, um bloqueador de receptor de andrógenos, em técnica de infiltração pontuada local (intradermoterapia) com resultados iniciais muito promissores.

Finalmente, testes clínicos feitos com um produto fitoterápico, extraído do capim barbatimão, têm tido resultados clínicos bastante promissores. Derivado de uma planta tipicamente brasileira, promete acabar com os métodos depilatórios mais agressivos.

O capim barbatimão (Stryphnodendron adstringens M.) é bastante usado na medicina popular tanto para tratamento de diarréias e doenças ginecológicas como para distúrbios gástricos.

As seguintes características biológicas também são conhecidas: adstringente, anti-séptico e antiinflamatório e hemostático. Seu perfil fitoquímico identifica taninos (mais de 20% no extrato virgem), alcalóides e esteróides.

Estudo duplo-cego, randomizado, placebo-controle foi realizado com creme contendo 6% p/p do extrato do ativo.

O interesse dos técnicos e especialistas, na missão de descobrir novas fronteiras da ciência e utilizar recursos terapêuticos da nossa flora para aumento do bem- estar da população brasileira é sempre louvável e deve ser não só bem recebido como também estimulado.






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