A parte de cada um

Edicao Atual -  A parte de cada um

Editorial

Salvar o planeta. O assunto está na ordem do dia, nos modelos de gestão de negócios, nas escolas, em ações e campanhas de conscientização. A última notícia é que a crise pela qual passa o clima do mundo ainda tem solução e preço: cerca de 2% do PIB mundial, segundo dados do painel do clima das Nações Unidas.

Nesse contexto, de busca por novas tecnologias para diminuir os danos ao clima, o Brasil reforça seu papel de destaque, graças aos biocombustíveis. De acordo com o mesmo painel, todos os biocombustíveis somados, sobretudo o etanol oriundo da cana, poderão ocupar de 3% a 10% da matriz do setor de transportes em 2030, o que equivale à redução de até 1,5 bilhão de toneladas anuais de gás carbônico.

Tais informações podem parecer distantes do cotidiano de empresas e do cidadão comum. No entanto, fazem parte de uma teia que envolve desde a opção pelo consumo consciente aos projetos de cunho social e ambiental, cada vez mais presentes e necessários às indústrias.
Bancos públicos e privados já oferecem linhas de financiamento tanto para quem já faz uso de uma estratégia “verde”, quanto para as empresas que vão começar a investir na melhoria de seus processos produtivos. Para os empreendimentos com projetos ligados às áreas de meio ambiente ou à modernização de linhas de produção, o BNDES pode prover até 100% das necessidades de capital.

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil também mostra a preocupação com o meio ambiente. Em entrevista ao Embale Certo, Alfredo Sette, presidente da Abipet, revela que o PET é 100% reciclável. Ponto para a indústria de cosméticos que está adotando cada vez mais esse tipo de embalagem. O assunto de capa são os depilatórios e epilatórios, tão utilizados pelas mulheres, mas que também já estão ganhando adeptos entre o público masculino. A edição aborda ainda as novas metodologias de teste para proteção UV-A, divulgadas por Emiro Khury e Adelino Nakano em nome da Associação Brasileira de Cosmetologia. Para completar, os substanciosos abstracts e o programa completo do 21o Congresso Brasileiro de Cosmetologia.

Boa leitura!
Hamilton dos Santos
Editor

Formulando Emulsões para Ativos Relaxantes - Patrick Obukowho Advantage Research Lab. LLC, Woodbridge, NJ, Estados Unidos

Emulsões relaxantes têm exigências únicas de pH, equilíbrio lipofílico-hidrófilico e potencial para minimizar a irritação. Este artigo sugere uma base de emulsão ideal para ativos relaxantes capilares.

Emulsiones relajantes tienen exigencias únicas de pH, equilíbrio lipofilico-hidrofilico y potencial para minimizar la irritación. Este artículo sugiere una base de emulsión ideal para activos relajantes de cabello.

Relaxer emulsions have unique requirements of pH, hydrophilic-lipophilic balance and minimizing irritation potential. This article suggests an ideal emulsion base for hair relaxer actives.

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Novo Método para Avaliar Protetores Solares UV-A - Emiro Khury, Adelino Nakano Associação Brasileira de Cosmetologia, São Paulo SP, Brasil

Nesse artigo os autores descrevem os métodos in vivo e in vitro existentes para a determinação da proteção UV-A de produtos cosméticos, com destaque para nova metodologia da Colipa para esses testes in vitro.

En esto articulo los autores describen los métodos in vivo e in vitro utilizados para la determinación de la protección UV-A de productos cosméticos, con destaque para la nueva metodologia de Colipa para esas pruebas in vitro.

In this articles the in vivo and in vitro methods utilized for determining the UV-A protectition in the cosmetics are described. An emphasis is presented to the new Colipa guidelines for these in vitro tests.

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Análise da Textura para Justificar Publicidade de Produtos para Cabelos - Janusz Jachowics ISP, Wayne, NJ, Estados Unidos Jô Smewing Stable Micro Systems Ltd., Godalming, Surrey, Reino Unido

A análise de textura de cabelos tratados com condicionadores e fixadores de penteado pode contribuir para substanciar a publicidade sobre a efetividade desses produtos de tratamento.

El analisis de textura del cabello tratado con acondicionares y fijadores de peinado puede contribuir para comprobar la publicidad sobre la efectividad de estos productos de tratamiento.

The texture analysis to hair treated with conditioners and styling fixatives can help substantiate claims made about the effectiveness of these hair care products.

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Avaliação de Eficácia de Emulsão de Silicone em Rugas Periorbitais e Nasolabiais - Gislaine R Leonardi, Renata F Andrigo, Maria Luiza O Polacow, Carlos Fornasari, Maria Silvia M Pires-de-Campos, Maria Imaculada Montebelo, Cássia A D Picirili Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba – UNIM

O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia, em pele humana, de uma formulação preparada com diferentes silicones, na melhora da aparência da pele.

El objectivo de esto estudio fue evaluar la eficacia, en piel humana, de una formulación preparada con diferentes siliconas, para la mejora de la aparencia de la piel.

The objective of this paper was to evaluate the effectiveness of a formulation prepared with different kind of silicones, in improving the appearance of the human skin.

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A vez da Qualidade por Friedrich Reuss e Maria Lia A. V. Cunha

Resíduos – Custos e responsabilidade legal

Os resíduos se encontram em quaisquer uma de nossas atividades. Nem sempre nos lembramos que os resíduos, em algum momento foram comprados, foram produzidos, estocados, transportados, analisados, contados em inventários e foram submetidos a processos de produção, de embalagens e de diversos manuseios. Chega um momento que se tornam inservíveis e recebem um tratamento diferenciado daqueles produtos que representam o valor da empresa e que se destinarão ao processo de venda.

Segundo a sua origem, os resíduos podem vir de devoluções, estoques vencidos, avarias diversas, restos que ficaram nas embalagens, amostras de retenção que já cumpriram o seu prazo, resíduos de laboratório, restos da limpeza de misturadores, de filtros, de linhas e outros equipamentos industriais. Outros resíduos são as embalagens vazias, contaminadas ou não, matérias-primas e produtos encalhados, enfim, uma infinidade de origens.

O fato mais importante é que os resíduos custaram dinheiro e trabalho, assim como o produto que vai ser vendido. Os valores representados pelos resíduos são significativos e aumentam ainda mais se considerarmos o custo de seu gerenciamento, estocagem e destinação final.

Para o gerenciamento dos resíduos deve-se classificá-los segundo suas origens e propriedades sabendo se são resíduos perigosos, inertes, se podem ser reciclados, criando tabelas de seu gerenciamento: origem, quantidades, responsáveis, estocagens intermediarias e finais, e a destinação intermediaria e final.

Uma das destinações mais seguras de resíduos perigosos continua sendo a incineração, seja em forno de incineração ou em co-processamento em forno de cimento. Neste caso o resíduo deixa de existir e cessa a responsabilidade de quem originou o resíduo, o que não ocorre no caso do resíduo ser destinado a aterros.

Lembramos também que o transporte de resíduos perigosos está sujeito ao uso de transportadoras devidamente credenciadas e à destinação intermediária e final acompanhada das devidas autorizações legais de transporte. As empresas de destinação também têm de demonstrar suas autorizações, licenças e registros válidos.

Outra medida conveniente é a descaracterização de embalagens e de produtos classificados como resíduos.

Todo o processo de gerenciamento dos resíduos deve ser fechado por meio de um balanço de massa para a efetiva demonstração de que toda a quantidade gerada está em estoque ou que tenha sido devidamente destinada.

O fechamento final é dado pelo certificado de destinação final, emitido pela empresa de destinação. Considerando quão crítico é o manuseio de resíduos e os riscos de sua destinação, recomenda-se realizar auditorias ou visitas e acompanhamentos do transporte, e da destinação, assegurando o conhecimento e a comprovação da execução contratada.

Antes do surgimento da legislação ambiental os resíduos em geral e também os perigosos eram tratados de forma muito simples, como qualquer outro lixo.

Na atual situação de restrição cada vez maior dos custos e dos riscos legais, há necessidade urgente e efetiva do gerenciamento adequado destes materiais. Entram aí as substituições de embalagens por containeres, a revisão da diversidade de matérias-primas e de materiais, a eficiência operacional nos processos de carga, descarga, limpeza, troca de produção, eficácia dos processos de set up, controle dos estoques quanto ao vencimento dos prazos de validade e uma infinidade de outras características.

Lembrando sempre que o custo da destinação final de resíduos perigosos pode ser muito mais alto que o custo da própria matéria-prima. Sabe-se que muitos processos químicos tiveram suas rotas modificadas exatamente para evitar a formação de resíduos cuja disposição final nas atuais condições de mercado e de legislação é mais restritiva ou mais custosa.

Uma contrapartida para os maiores custos da destinação dos resíduos perigosos pode ser encontrada no gerenciamento adequado dos materiais suscetíveis aos processos de reciclagem, sempre pensando no seguinte princípio: materiais recicláveis misturados são lixo, ao passo que devidamente separados e ordenados são preciosas matérias-primas.

Assuntos Regulatórios por Luiz Brandão

Depilatórios e epilatórios – Regulamentação brasileira

Homens e mulheres tentam eliminar cabelos e pêlos do corpo há séculos. Encontramos relatos de 1.500 a.C. sobre um produto para depilar a base de trissulfeto de antimônio e outro composto de soda cáustica. Cleópatra (sempre ela) usava um “produto” a base de cera quente embebida em tecidos finos (método muito utilizado atualmente).

Segundo o dicionário Aurélio, os termos depilatório e epilatório são sinônimos:

- Diz-se daquilo que depila.

- Preparado para arrancar ou fazer cair o cabelo ou o pêlo. O International Cosmetic Ingredient Dictionary and Handbook (CTFA), classifica em dois grupos os agentes para depilação/ epilação:

- Depilating agents – remoção dos pêlos por meio químico.

- Epilating agents – remoção dos pêlos por meio mecânico. Segundo a Anvisa, essa diferença existe somente quanto ao grau de risco do produto.

Grau de risco 1: Depilatório/Epilatório Mecânico (cera, creme, líquido)

Grau De Risco 2: Depilatório/Epilatório Químico (Cera, Creme, Líquido)

O Decreto Nº 79.094, de 5 de janeiro de 1977 define essa categoria de produtos da seguinte forma: “Depilatórios ou epilatórios - destinados a eliminar os pêlos do corpo, quando aplicados sobre a pele, em tempo não superior ao declarado na embalagem, inócuos durante o tempo de aplicação e sem causar ação irritante à pele, apresentados em forma e veículos apropriados, hermeticamente fechados.”

E diz também sobre as advertências obrigatórias a serem indicadas na rotulagem: “Art. 111. Dos rótulos, bulas e demais impressos dos depilatórios ou epilatórios serão obrigatórias as advertências: ‘Não deve ser aplicado sobre mucosas ou em regiões a ela circunvizinhas, sobre a pele ferida, inflamada ou irritada’; ‘Imediatamente antes ou após sua aplicação não use desodorantes, perfumes ou outras soluções alcoólicas’; ‘Não faça mais do que uma aplicação semanal na mesma região’.”

Porém, a RDC Nº. 211, de 14 de julho de 2005 apenas cita as seguintes advertências obrigatórias:

e) Depilatórios e Epilatórios:

1 - Não aplicar em áreas irritadas ou lesionadas;

2 - Não deixar aplicado por tempo superior ao indicado nas instruções de uso;

3 - Não usar com a finalidade de se barbear;

4 - Em caso de contato com os olhos, lavar com água em abundância;

5 - Manter fora do alcance das crianças.

A RDC Nº. 215, de 25 de julho de 2005 traz ainda as restrições para o uso de ingredientes nesse tipo de produtos, conforme mostra a tabela.

Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Integração ISSO e GMP

Como é do conhecimento geral existem, em estágio bastante avançado, estudos no exterior para compatibilizar a Norma ISO 9000 e as Boas Práticas de Fabricação e Controle.

Uma abordagem que tal integração possa ser realizada é a comparação entre os quesitos de ambas as normas no que concerne aos conceitos, em especial, aos relativos à gestão dos sistemas de qualidade.

Embora, em princípio, as BPF e C sejam bastante semelhantes tanto nos Estados Unidos quanto na União Européia alguns pontos são divergentes quanto à aplicabilidade. Poderíamos considerar que a integração das BPF e C e a Norma ISO 9000 abordaria, num primeiro estágio:

- Administração e Sistema da Qualidade

- Prevenção

- Efetiva aplicação do Planejamento da Qualidade

- Análise crítica das nãoconformidades Para tal poderíamos considerar como importante o seguinte ponto:

- Como compatibilizar a garantia de qualidade de produto com o processo de gestão do processo da qualidade?

Esta questão ganha importância quando é conhecida a opinião de que a Norma ISO é generalista, ao passo que as BPF e C são específicas e detalhistas quanto à descrição e avaliação dos resultados.

Muitos infelizmente afirmam que a implantação das BPF e C é uma imposição da Vigilância Sanitária.

Aqueles que efetivamente implantaram o processo de Boas Práticas de Fabricação e Controle apontam as seguintes melhorias:

- Redução de desperdícios

- Redução de custos

- Motivação dos colaboradores

- Atendimento das necessidades do consumidor

Outra observação feita por vários entrevistados é de que a Norma ISO complementa as BPF e C quanto à gestão voltada para a prevenção.

Quanto aos resultados esperados pela implantação das duas normas as expectativas são:

- Efetiva implantação do processo de Melhoria Contínua

- Aumento da eficácia da comunicação entre os diversos setores da empresa

- Melhoria no entendimento do objetivo e necessidade de observação correta dos procedimentos

Após os considerandos acima expostos, apenas com o objetivo de complicar àqueles que consideram a implantação das BPF e C e da Norma ISO simples, reafirmamos que muitas das nossas atividades são úteis e não deixamos de realizá-las um só dia. Quando essas atividades se transformam em hábitos são extremamente tranqüilizadoras. Para que as implantações estejam subentendidas e as mudanças possam surtir efeito deve ser vencida a inércia administrativa. Para tal existe a necessidade de que o compromisso com a mudança seja amplamente divulgado.

É preciso que efetivamente seja dado o primeiro passo, o mais rápido possível, lançando- se de uma vez e sem permitir retrocessos, para no final exercer um enorme esforço positivo buscando novo comportamento, sem que o processo sofra solução de continuidade, para que os antigos hábitos sejam efetivamente banidos.

Devemos considerar também que as empresas vêm, há séculos, desenvolvendo e aperfeiçoando paradigmas administrativos, que por conseqüência apresentam resistência às mudanças. Muitos criticam os horrores da burocracia, muitas vezes em termos de chacota pelos seus absurdos, mas nós mesmos continuamos a solucionar as coisas pelos mesmos meios burocráticos.

Para mais uma reflexão considere que:

- Os executivos simplesmente não pertencem ao universo dos colaboradores da linha, mas só eles é que podem implementar a mudança. Estes, por sua vez, não vêem muita perspectiva além do seu universo.

- Muitos podem estar se perguntando: O que tem isso a ver com a compatibilização das normas? A resposta é: não adianta compatibilizar se nenhum dos princípios em que as mesmas se baseiam não estiver devida e completamente compreendido pela organização.

Direito do Consumidor por Cristiane Martins Santos

Consumo e meio ambiente

Talvez apenas agora estamos começando a tomar consciência dos sinais de “socorro” que o meio ambiente vem nos mandando...

O último relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) gerou uma imensa preocupação em todo o mundo e chamou a atenção para o fato de que devemos agir imediatamente para tentar preservar o meio ambiente às futuras gerações.

O artigo 225, da Constituição Federal, prevê o seguinte: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações”.

Neste mesmo sentido, o Código de Defesa do Consumidor preza por um meio ambiente saudável e coibi qualquer prática que possa ofendê-lo.

Os recursos naturais são bens inestimáveis e finitos e a defesa destes, como bens coletivos, é necessária para a sobrevivência humana.

Devemos buscar o equilíbrioentre a preservação ambiental, garantia da qualidade de vida e o desenvolvimento econômico.

Para conquistar esse equilíbrio, devemos iniciar com a salvação ambiental. Para isso há diversas estratégias e ações que podem ser apontadas.

Esse desafio pressupõe esforços para mudanças de comportamento por parte de consumidores, fornecedores e do poder público.

“Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente é dever do Poder Público” (art. 225, § 1º, VI, CF).

Será que nossos cidadãos são ou estão educados ambientalmente?

Recentemente, a Fundação Procon de São Paulo realizou uma pesquisa sobre os “hábitos de consumo e o meio ambiente”. O objetivo deste trabalho foi identificar o comportamento do consumidor diante de situações do seu cotidiano, que refletissem seu nível de percepção de consumo consciente.

Assim, alguns temas foram tratados, dos quais destacam- se os seguintes: destinação do lixo doméstico, reciclagem, utilização racional de água e responsabilidade social.

Segundo a análise dos resultados dessa pesquisa: “quando o assunto é reciclagem, os resultados não são muito animadores. A maioria dos entrevistados não demonstra preocupação com a reutilização ou reprocessamento dos itens descartados. Apenas 18,88% declararam que, na compra de um produto, sempre procuram saber se a embalagem é reciclável; 51,53% declararam que nunca procuram saber”.

Quando se trata de consumo de água os resultados são melhores, demonstrando maior percepção para o consumo racional: 68,88% dos consumidores informaram que nunca deixam a torneira aberta enquanto escovam os dentes. Por outro lado, 42,09% admitem que às vezes o banho passa de 10 minutos e 39,29% admitem que o tempo do banho é sempre superior a 10 minutos.

Outro dado apontado pela pesquisa se refere à responsabilidade social na decisão de consumo: 43,88% dos consumidores nunca se interessam em saber se a empresa tem preocupação ambiental e social; apenas 21,94% demonstraram sempre ter interesse.

De acordo com os dados apresentados, verifica-se que a educação ambiental é bastante carente e que este tema precisa ser amplamente discutido entre todos os setores da sociedade: empresas, consumidores, governo etc.

É fundamental criar consciência sobre os impactos da produção e do pós-consumo de produtos e serviços para que cada um possa cumprir com a sua responsabilidade social e, assim, contribuir para a conquista de equilíbrio...

Antonio Celso da Silva
Embalagens por Antonio Celso da Silva

Plásticos, ninguém vive sem eles

Em tempos de aquecimento global, efeito estufa e descontrole da natureza por conta do descaso humano, o plástico tornou-se um dos vilões da poluição do universo.

Quem mora em São Paulo ou pelo menos já passou nas chamadas marginais Pinheiros e Tietê pode comprovar esse fato, graças às toneladas e toneladas de garrafas, potes, frascos e outros materiais que bóiam nas águas fétidas de um rio que teimosamente insiste em sobreviver a ponto de, não raras vezes, ter a companhia de garças brancas que equivocadamente pousam às suas margens.

Mal necessário, o plástico é talvez o material mais utilizado nas embalagens da indústria cosmética. Os órgãos governamentais têm tentado conscientizar os fabricantes da sua responsabilidade com relação à embalagem, mesmo após o uso do produto pelo consumidor. Projetos pilotos estão em andamento e em breve alguns deles vão poder embasar o governo para compor leis que tenham a consciência ecológica e a reciclagem como foco principal.

Abordando o lado útil e bom do plástico, podemos citar uma infinidade de embalagens com fins diferenciados, necessárias ao glamouroso mundo dos cosméticos. Potes, frascos, bisnagas, estojos, tampas, batoques, rótulos, cartuchos (caixinhas), válvulas, bombas, dentre outros, são embalagens nas quais o plástico é o principal material da composição.

Falar em plásticos genericamente não define qual é a sua composição e nem para qual tipo de embalagem pode ser mais útil, visto que cada uma dessas embalagens possui diferentes finalidades. Sendo assim, o plástico precisa ser usado adequadamente, de acordo com a sua composição.

Por existirem diversas e diferentes composições, o plástico se divide em famílias.

Dentre as informações contidas, normalmente em alto relevo no fundo de um pote ou frasco plástico, encontramos o seu material de composição, representado de forma abreviada, acompanhado de um triângulo. Dentro dele encontra- se um número, que é linguagem internacional de identificação da composição do plástico, conforme descrito a seguir.

1 - PET - Polietileno tereftalato. É o chamado plástico nobre, muito usado em frascos e potes nos quais a transparência é fator importante. É também muito usado em frascos de perfumes, imitando o tradicional vidro. Alta resistência à quebra.

2 - PEAD - Polietileno de alta densidade. Também bastante usado em frascos e potes. Normalmente são translúcidos, leitosos (brancos) ou totalmente “fechados” (coloridos) resultado da adição de pigmentos. Por ser de alta densidade tem um aspecto rígido, porém não quebradiço.

3 - PVC - Cloreto de polivinila. Também usado em frascos nos quais precisa-se de transparência. Não tem as mesmas boas características de transparência, flexilibilidade e resistência (é quebrável) do PET.

4 - PEBD - Polietileno de baixa densidade. De características semelhantes ao PEAD, é menos rígido e mais flexível.

5 - PP - Polipropileno. Usado em frascos, bisnagas, tampas etc. É um dos plásticos mais usados, assim como o PET. Normalmente de aparência leitosa/fechada, não sendo usado em produtos nos quais se requer transparência.

6 - PS – Poliestireno. Presença quase que obrigatória nos estojos de maquilagem. O PS é um material rígido, normalmente chama a atenção pelo brilho e cores, resultado da adição de pigmentos durante o processo de fabricação.

7 - Outros. Nesta família se encontram os demais tipos de plásticos não classificados nas famílias citadas acima. Para a fabricação de uma embalagem plástica, dois processos se destacam. O primeiro é a injeção, processo no qual o material é injetado contra um molde e, ao preencher o espaço vazio desse molde, toma a forma desse espaço, dando origem à embalagem. Estojos e tampas, dentre outros, são resultados desse processo.

O outro processo é o sopro, no qual o material entra dentro do molde sob a forma de uma “mangueira” que, com auxílio de ar comprimido, é soprado contra as paredes do molde, tomando sua forma. Em ambos os processos o controle de tempo e temperatura é vital para a qualidade da embalagem final.

Em função da disponibilidade de espaço desta coluna, sintetizamos o assunto, procurando passar aqui informações básicas para mostrar a necessidade e importância do plástico na indústria cosmética

Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Vamos tirar os pêlos?

Pêlos, tão essenciais à estética humana - que os digam os homens imberbes e carecas! Porém, no lugar erra do e em quantidade excessiva se tornam inadequados e indesejáveis para alguns como, por exemplo, para as mulheres que sofrem de hirsutismo (excesso de pêlos em regiões anatômicas típicas do sexo masculino).

No entanto, muito de todo o desconforto não passa de uma questão de convenção. Dependendo da cultura local não há problemas em as mulheres se apresentarem pernas não depiladas, idéia esta insuportável aos olhos dos homens ocidentais ou homens de tórax nus.

Apêndice exclusivo dos mamíferos, os pêlos espalhados pelo corpo assumem formas e funções diferentes apesar de todos serem constituídos basicamente de queratina. Na sua grande maioria os pêlos têm como função a manutenção da temperatura da região onde se localizam. Sua espessura varia de acordo com a região e a etnia. A etnia negra em geral tem pêlos mais espessos do que as etnias amarelas e brancas, esta última em geral apresenta pêlos muito finos.

Na extenuante busca pelo corpo perfeito e na tentativa de se enquadrarem dentro de padrões pré- estabelecidos de beleza, muitos, em algum momento da vida, acabam sentido a dor e a satisfação de fazerem uma depilação. Digo alguns, porque o universo de produtos de depilação, antes voltado exclusivamente para o público feminino, agora encontra um nicho para o novo estilo de vida masculino, denominado metrossexual. O público masculino hedonista, excessivamente preocupado com a aparência física, começa ir além do velho hábito de aparar os pêlos nasais, bigode e orelhas. Quando identificam que o seu público-alvo prefere tórax ou costas menos peludas, não medem esforços em dividir a dor de uma depilação pela conquista de um objetivo.

E no vácuo destes novos hábitos a indústria cosmética não deixa parado o sub-segmento denominado Depilatórios. Um mercado estimado para o ano de 2007 em 154 milhões de reais e taxa de crescimento esperada de 2,7% a.a. entre 2003 e 2008 (Euromonitor) tem sido o foco de companhias de peso no mercado cosmético, como a líder Gilette do Brasil, que detém cerca de 73% do mercado, seguidas pela BIC e Warner-Lambert.

O sub-segmento ainda não é muito bem mapeado mas, via de regra, é segmentado em pré-depilatórios (produtos que preparam e tratam a superfície a ser depilada), lâminas e aparelhos elétricos e por último removedores de pêlos e ceras. Existem outros métodos para cumprir com o fim de depilar, porém de natureza mais cirúrgica, pois são voltados para a eliminação definitiva dos pêlos, como laser e eletrólise, portanto, tratamentos fora do segmento cosmético.

A líder Gilette tem persistido na produção de produtos voltados ao público feminino com a marca Prestobarba para mulheres, em detrimento da antiga marca Gilette Daisy Plus. Perceberam que o público feminino associa a marca Prestobarba à eficiência de corte – e tudo o que se quer numa depilação é o máximo de eliminação dos pêlos.

A BIC expandiu sua fábrica em Manaus e vem desenvolvendo uma forte relação com a rede de distribuidores (Gazeta Mercantil).

Já a Reckitt Benkiser´s investiu pesado em propaganda da linha Veet nas grandes regiões do país. A estratégia assertiva da Ricardo Samú e Cia., detentora da marca Depilsam, preferiu investir em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e na diversificação da linha.

A promessa fica com a Avon (website da empresa), a mais nova empresa internacional a entrar no mercado local de depilatórios, com a sua linha Skin-So-Soft que inclui creme prédepilatório e gel pós-depilatório.

Os produtos depilatórios também são alvos da agência regulamentadora Anvisa. Há advertências específicas quanto à concentração de determinadas substâncias nas formulações de depilatórios (p.ex.: ácido tio-glicólico) e mensagens nos rótulos para evitar contato com os olhos para os produtos que utilizam álcalis fortes, conforme descrito na RDC nº 215 de 25/7/2005. O órgão também exige a menção nos rótulos advertindo para não aplicar o produto em áreas irritadas ou lesionadas, não usar com a finalidade de se barbear, não deixar aplicado por tempo superior ao indicado nas instruções de uso, além do tradicional “manter fora do alcance das crianças”. Há legislações específicas para os depilatórios mecânicos (risco 1) e químicos (risco 2) de acordo com a Resolução nº 211 de 14/7/2005.

Diante de tudo isto, “tirar o pêlo” assume outro contexto e é assunto para gente grande.

Notícias da Abihpec por João Carlos Basílio da Silva

Brasil tem 6,7% do mercado mundial conquistado

Leio que o Congresso se encontra em frangalhos após inúmeros escândalos que deram em nada. Leio que o Poder Judiciário está se desmilingüindo com inúmeros casos de corrupção vindo à tona. Isso sem citar o quanto o crime organizado avança no país: é bom não esquecer que em 2006 o PCC paralisou São Paulo, a maior cidade da América Latina.

Leio também sobre a adulteração de combustíveis, que prejudica o patrimônio de milhões de brasileiros. Em muitos casos, sabemos que o automóvel é o patrimônio mais caro dessas pessoas, mas o que vemos são contrafeitores debochando da situação, sem uma ação pró-ativa vinda das autoridades competente.

Ouço diariamente sobre o aquecimento global, sobre a devastação da Amazônia e suas conseqüências... Uns dizem que estamos melhorando e diminuindo o ritmo do desmatamento, mas a maioria, imprensa e ONGs, diz que se a situação não mudar, teremos uma grande área devastada em poucas décadas.

Diante desse cenário, temos estabelecido com nossas autoridades, em todas as esferas, um diálogo franco, aberto e totalmente transparente com relação aos pontos fracos do nosso setor, sem deixar de lado, é claro, suas inúmeras virtudes.

Somos um setor que caminha bem. Aliás, muito bem! E é aí que mora o perigo. Estamos sofrendo ataques de todos os lados, seja de municípios, de Estados e até mesmo da União.

São ações, por exemplo, de abuso de poder por parte de autoridades que se vangloriam de lacrar fábricas, quando, com pequenas orientações, poderiam ajudar a empresa a cumprir as exigências sanitárias necessárias sem criar “verdadeiros dramas” de sobrevivência.

Foi para minimizar essa angústia e tentar acabar com a informalidade sanitária do setor, na qual ainda estão centenas de indústrias, que a Abihpec firmou um convênio com a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e com o Sebrae Nacional.

Outro exemplo de abuso é a definição de tributos feita praticamente sem critério. No país, 94% dos lares de qualquer classe social têm, no mínimo, entre quatro e cinco produtos do nosso setor para uso diário (sabonete, escova e creme dental, desodorante, papel hi¬giênico, absorvente e fralda descartável).

No Estado de São Paulo, por exemplo, os impostos diretos sobre um sabonete chegam a um percentual acumulado de 51%.

Assembléias Legislativas, Câmaras de Vereadores e até o Congresso Na¬cio¬¬nal insistem em discutir Projetos de Lei que, de alguma maneira, passam a exigir de nossas indústrias mais obrigações, quase todas absolutamente inúteis, sendo que as que acabam nos vencendo vão, na verdade, onerar o bolso do consumidor, com pouco ou nenhum benefício. Todo esse conjunto de procedimentos estimula a informalidade, trazendo como conseqüência para as pequenas e médias empresas um baixo desenvolvimento tecnológico.

Contra tudo e contra quase todos podemos anunciar que o Brasil é o terceiro maior consumidor de produtos de HPPC, com um market share de 6,7% do mercado mundial. Que outro setor pode apresentar números tão expressivos?

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Mitos e verdades sobre depilação definitiva

O pêlo é considerado um anexo da pele, não apresentando funções vitais para o organismo. Está relacionado, porém, com aspectos da auto-estima, aparência, atrativo sexual e muitos outros.

Sua eliminação tem levado as pessoas à procura de diferentes métodos, nem sempre adequados, criando mitos e verdades sobre a depilação definitiva.

É importante salientar que o cabelo ou pêlo é uma estrutura localizada na parte mais profunda da pele (derme) extremamente ativo, permanecendo em crescimento e em divisão celular por períodos prolongados. Como curiosidade, sabemos que o folículo pilo sebáceo se situa em segundo pelas células sanguíneas.

Há dois tipos de pêlos no organismo: o pêlo terminal, que é grosso, escuro e tem potencial de crescimento, e o velus (penugem), que é fino, claro e permanece sempre curto.

Nos pêlos do corpo, como os da perna, virilha e axila, embora apresentem um tipo de ciclo semelhante ao do cabelo, o tempo de renovação é mais curto, ocorrendo a troca com maior rapidez. Esse fato leva as mulheres a fazerem uso da depilação.

A chegada do laser

Como se sabe, os métodos de depilação existentes na atualidade são muitos e têm alguns inconvenientes. As lâminas de barbear, por exemplo, deixam o pêlo mais vigoroso, seu crescimento é muito rápido e a pele pode tornar-se irritada. A depilação com cera apresenta grande tendência para o encravamento e infecção.

Já a eletrólise ou eletrodepilação é bastante delicada, pois atinge os pêlos individualmente, mas deixa a pele machucada e manchada.

Com a chegada dos lasers consegue-se uma metodologia mais adequada para acabar com os pêlos indesejáveis. Para se ter uma idéia de sua eficácia, a ação do laser no pêlo está relacionada com a sua afinidade pela cor escura do mesmo, que é bastante forte na raiz.

Em razão deste fato, o laser não atinge pêlos brancos ou pêlos muito claros, tornando impossível, com a tecnologia disponível, atingir os pêlos que não tenham pigmentação escura.

A falta de técnica apurada pode levar a efeitos colaterais indesejáveis.

Antes ou após a aplicação do laser para depilação não é necessário o uso de medicações sistêmicas. No entanto, pode-se preparar a pele com cremes clareadores especiais ao longo de três semanas antes da intervenção.

O tempo de duração da sessão está relacionado com a área a ser trabalhada. A pele pode ficar avermelhada e ligeiramente inchada e nos dias subseqüentes é importante o cuidado com o sol.

A depilação dos pêlos a partir do laser atinge um patamar muito mais adequado, sendo um alento para o tratamento de hirsutismo (aumento de pêlos) e também pêlos encravados.


Princípios de Depilação a Laser

O laser atua pelo processo denominado “fotodermólise seletiva”, pois age somente se o pêlo e o folículo que contenham melanina. O pêlo e o folículo piloso captam a energia do laser e a conduzem até a matriz pilosa que é destruída pelo calor, sem danificar as estruturas delicadas da pele. Isso ocorre em folículos no estado anageno.

Os que estão no estado de involução (telógeno ou catágeno) não estão aptos a captar a energia do laser, razão pela qual deve se esperar que cheguem à etapa adulta para o tratamento. A efetividade do laser depende de fatores como: fase do ciclo folicular (característica de cada pessoa), espessura, cor e profundidade do pêlo, densidade folicular, zona a ser tratada, estado hormonal e número de seções realizadas.

Dermeval de Carvalho
Toxicologia por Dermeval de Carvalho

Metodologias: “a arte de dirigir o espírito na investigação científica

Toda vez que se pensa no emprego da expressão “me todologias de testes” - a partir de agora metodologia - por mais simples que pareça a sua aplicação, de pronto vem à mente a possível conclusão a uma pergunta, objeto de uma proposta de trabalho, cujo resultado deve ser analisado do ponto de vista quantitativo.

O envolvimento da premissa acima apresenta-se como tremendamente importante, pois se coloca na pauta da avaliação toxicológica à presença de substâncias químicas que poderão resultar futuras preparações, cujo uso seguro por parte dos usuários deve, obrigatoriamente, ser considerada condição sine qua non.

Lembrem-se: a expressão de um resultado de análise perde toda a sua representatividade se avaliado através de metodologias dúbias.

Assim pensando, como avaliar a toxicidade de uma substância a ser empregada em preparações cosméticas? Certamente à custa dos clássicos métodos, válidos ou em validação, preconizados por organismos regulatórios. Hoje, estes métodos se somam a outros, a exemplo daqueles representados pela sigla 3R (reduction- refinement-replacement).

Por outro lado, sociedade civil e comunidade científica têm se preocupado bastante com o uso de animais de experimentação, destacando o manuseio capaz de assegurar-lhes qualidade de vida e os quantitativos envolvidos, matéria esta que já foi objeto de apreciação por parte da Commission of the European Commnities (2005)

Estes e outros fatos têm procurado motivar a abertura de espaços para a utilização dos ensaios in vitro e/ou alternativos. Não se trata de retórica, essa mudança tem alimentado a busca da investigação científica, porém, de maneira bastante tênue. Um parêntese se faz necessário: órgãos brasileiros de fomento à pesquisa devem discutir com a comunidade científica a importância do assunto, assegurando, o quanto antes, o desenvolvimento de tecnologias desenvolvidas.

Entre os segmentos que estão envolvidos na discussão relativa à metodologia, a Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, OECD-Organization for Economic Co-operation and Development, FDA – Food and Drug Admistration, SCCNFP – Scientific Commission on Cosmetic and non Food Products e o ECVAM – European Centre for the Validation of Alternatives Methods são os de relevância, além de publicações acadêmicas, de instituições vinculadas ao setor, entre outros.

Novas metodologias têm sido publicadas e inúmeras páginas absorvidas em periódicos de elevado conceito, agregando contextos e com isso tornando mais visível a integração científica de caráter multiprofissional e disciplinar. A avaliação da toxicidade, onde exigida, deve ser considerada prioritária, pois confere ao projeto uma visão de futuro.

Quanto ao crescimento de novas metodologias capazes de permitir maior agilidade na avaliação da toxicidade de substâncias químicas tem-se plena certeza de que este crescimento será muito mais explorado com a adoção do REACH por parte da Comunidade Européia, conforme atestam recentes publicações.

Entre estas novas tecnologias estão sendo bastante discutidas aquelas batizadas como “omics” que podem ser empregadas, em curto prazo, na avaliação do risco e perigo. (Toxicology 224, 156-162, 2006) e (Trends in Biotechnology 24(8)2006 e 23(6)2005).


Ao lado dos cuidados observados na padronização e validação de metodologias é importante que o responsável pela avaliação de segurança fique atento aos parâmetros rotineiramente utilizados, especialmente quanto aos objetivos da validação, do método proposto e da importância assumida durante o tratamento estatístico, evitando-se o emprego de recursos inconsistentes. A falta de critério e delineamento, após longa caminhada de investigação acadêmica ou mesmo de desenvolvimento, podem levar o tão esperado resultado a interpretações errôneas, cujos danos podem ser imprevisíveis. (Rozet E. e cols. J Chromatography 2007 – in press).

Finalizando, reporto-me a Aurélio Buarque de Holanda Ferreira que, de forma sutil, deixou escrito em sua obra que a metodologia representa “a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade”.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Depilatórios e epilatórios

Para começar, as definições. Estas abaixo extraídas da Anvisa: Decreto Nº 79.094, de 5/1/77, DOU 7/1/77, Título I, Disposições Preliminares - Art.3º Para os efeitos deste Regulamento são adotadas as seguintes definições:

IX - Cosmético: o de uso externo, destinado à proteção ou ao embelezamento das diferentes partes do corpo, tais como pós faciais, talcos, cremes de beleza, cremes para as mãos e similares, máscaras faciais, loções de beleza, soluções leitosas, cremosas e adstringentes, loções para as mãos, bases de maquilagem e óleos cosméticos, “rouges”, “blushes”, batons, lápis labiais, preparados anti-solares, bronzeadores e simulatórios, rímeis, sombras, delineadores, tinturas capilares, agentes clareadores de cabelos, fixadores, laquês, brilhantinas e similares, tônicos capilares, depilatórios ou epilatórios, preparados para unhas e outros.

No Título V, Art. 49, item III, subitem “s”: Depilatórios ou epilatórios: destinados a eliminar os pêlos do corpo, quando aplicados sobre a pele, em tempo não superior ao declarado na embalagem, inócuos durante o tempo de aplicação e sem causar ação irritante à pele, apresentados em formas e veículos apropriados, hermeticamente fechados.

Pêlos corporais

A maior parte dos pêlos corporais pode ser classificada como velus ou terminal. Os pêlos velus são finos e não-pigmentados. Os pêlos terminais são mais grossos e escuros e podem ser dependentes de hormônios sexuais, como os pêlos da região torácica e abdominal dos homens, ou não, como os cílios e sobrancelhas.

Os androgênios promovem a conversão dos pêlos velus em terminais, na maioria das regiões dependentes de hormônios sexuais.

Uma exceção é a região do couro cabeludo, onde, por ação de androgênios, ocorre a involução do folículo piloso. A hipertricose é a transformação de pêlos velus, de textura fina e distribuídos em todo o corpo, em pêlos terminais. Não é causada por um aumento na produção de androgênios, podendo ser congênita ou adquirida. A hipertricose adquirida pode ser ocasionada por ingestão de medicamentos, algumas doenças metabólicas, como hipotireoidismo e porfirias, ou doenças nutricionais, como anorexia, desnutrição ou síndromes de má absorção.

O hirsutismo é definido como a presença de pêlos terminais na mulher, em áreas anatômicas características de distribuição masculina. Pode manifestar-se como queixa isolada, ou como parte de um quadro clínico mais amplo, acompanhado de outros sinais de hiperandrogenismo, virilização, distúrbios menstruais e/ou infertilidade.

Podemos denotar do descrito que, ao depararmos com uma pessoa com excesso de pêlos, precisamos, antes de qualquer coisa, de um diagnóstico preciso para a condução ideal do caso. Afastadas todas as possibilidades de um quadro mais grave podemos optar pela indicação de um método de eliminação dos mesmos.

Hoje temos métodos bem avançados como o uso de laser ou luz intensa pulsada, na qual uma onda eletromagnética destrói as células dos fios, levando à depilação “definitiva”. As aspas se justificam na medida que hoje temos a informação que, se não forem destruídas as células da área do bulge, um novo pêlo voltará a surgir, e que, mesmo os melhores aparelhos só conseguem atingir estas células em aproximadamente 20% dos pêlos tratados, o que faz com que sejam necessárias cinco a seis sessões de laser para se obter o resultado definitivo.

A maior queixa relacionada a produtos cosméticos depilatórios é com relação à agressão causada à pele adjacente aos pêlos, particularmente a dermatite de contato, aos eczemas e à foliculite.

Na tentativa de se destruir os pêlos definitivamente muitos produtos estão sendo utilizados, desde aqueles que destroem a queratina (como derivados de tioglicolatos) até outros que impedem a ação de uma enzima (ornitina descaboxilase– ODC, responsável pelo crescimento do pêlo) como o cloridrato de eflornitina. Este último nem pode ser considerado um depilatório, pois tem de ser usado constantemente para impedir a ação enzimática.

No Brasil, a novidade é o extrato de capim barbatimão, que, quando aplicado em forma de creme, tem conseguido reverter a situação de mulheres com quadro de hipertricose idiopática ou de hirsutismo sem correlação laboratorial. Este trabalho foi desenvolvido no ambulatório de cabelos da Sociedade Brasileira para Estudos do Cabelo (SBEC) em associação com a SBME-SP (Sociedade Brasileira de Medicina Estética), e apresentado no último Congresso Mundial de Medicina Estética, em abril de 2006, na cidade de Buenos Aires.






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