Especial: Como Será 1999?

Edicao Atual - Especial: Como Será 1999?

Editorial

Formação e Estabilidade Física das Emulsões, Abstracts do XX Congresso da Federação Internacional das Sociedades de Químicos Cosméticos (IFSCC)

Formação e Estabilidade Física das Emulsões - José de Jesus R. G. de Pinto, Faculdade de Farmácia e Bioquímica, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora MG, Brasil - Silvia Storpirtis Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, SP

Os sistemas emulsionados tem sido amplamente utilizados em preparações cosméticas (cremes, loções),destinados à aplicação tópica, bem como em preparações farmacêuticas a serem administradas, por exemplo, pelas vias intravasculares (nutrição parenteral), sub-cutânea (vacinas) e oral (complexos vitamínicos, agentes de diagnóstico, laxantes, entre outros).

Considerando o potencial de aplicação e as dificuldades técnicas normalmente encontradas na formulação desses sistemas, pretendeu-se, no presente trabalho, discorrer sobre aspectos relevantes no que se refere à sua estabilidade física, discutindo e ressaltando fatores ligados às teorias da emulsificação.

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Carlos Alberto Trevisan
Mercosul por Carlos Alberto Trevisan

A Grande Novela

O Boticário, São José dos Pinhais SP, Brasil

Mais uma vez voltamos a abordar o tema das reuniões improdutivas de MERCOSUL as quais já se estendem por quase um ano sem que avanços significativos tenham sido conseguidos.

A principal razão para que tal ocorra é, no presente momento, a limitação legal para a aceitação pela delegação brasileira da proposta da delegação argentina quanto a colocação de prazo de validade e composição do produto.

A proposta argentina está baseada na União Européia, que exige a colocação de prazo de validade para os produtos do nosso segmento apenas para aqueles com tempo de vida inferior a 36 meses.

Quanto a composição a proposta argentina consiste na indicação na terminologia INCI - International Nomenclature for Cosmetics Ingredients aceita na União Européia e também parcialmente citada como referência nas publicações da CTFA - The Cosmetic, Toiletry and Fragrance Association, dos Estados Unidos.

A limitação legal anteriormente citada e a existência no Brasil do Código de Defesa do Consumidor-CDC- estabelecido pela lei 8078 de 11/9/90, que torna obrigatória a colocação do prazo de validade em todos os produtos do nosso segmento e a descrição da composição em português.

Adicionalmente as dificuldades mencionadas devemos considerar, pelo menos como limitante, a necessidade da delegação brasileira conseguir expressar a classificação de produto cosmético com características diversas do conceito de "risco", e a delegação argentina consiga retirar do seu cotidiano a impossibilidade de colocação do termo "anti".

Além disso, na última reunião realizada em Brasília, no início de novembro, surgiram algumas propostas que deverão ser analisadas pelas delegações participantes:

• Dizeres de rotulagem: a delegação argentina propôs que para efeitos de rotulagem somente fossem considerados os tópicos denominados "fatores de determinação de compra" para colocação na chamada embalagem externa e as demais informações colocadas na embalagem de uso. As delegações do Paraguai e Uruguai, a princípio, concordaram e a delegação brasileira ficou de avaliar e externar sua opinião na próxima reunião.

• Indicação do FPS: a proposta da delegação argentina quanto a não obrigatoriedade de inscrição do FPS na rotulagem quando este fosse inferior a 12, somente seria obrigatória para indicação de FPS com valor superior, entretanto, não foi aceita pela demais delegações.Entre os demais assuntos discutidos devemos ressaltar:
- Mecanismos de periodicidade para atualização das listas de substâncias para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes.
- Estabelecer os critérios para uso e aprovação, pelos estados-parte, das novas matérias-primas que cada vez mais estão surgindo no nosso segmento, válida pelo período transcorrido entre a proposição da matéria-prima e a decisão a ser tomada pelo colegiado no Mercosul.

Quanto a capacitação de inspetores, que inclui o treinamento conjunto em Boas Práticas de Fabricação e Controle dos inspetores dos quatro estados-parte, visando o estabelecimento da uniformidade de juízo quando das inspeções conjuntas, foi esclarecido que Brasil e Argentina já realizaram os treinamentos de capacitação de inspetores (0 autor desta coluna teve a honra de ser convidado para ministrar cursos de treinamento em Boas Práticas de Fabricação e Controle, para inspetores em Belém, Recife e Belo Horizonte).

Devemos ressaltar que este pré-requisito é fundamental para que a almejada covalidação de registro seja obtida no futuro.

Devemos também considerar que a reunião ocorreu em clima bastante tenso, pois a morosidade dos trabalhos, devido a exiguidade de tempo para sua conclusão, acarreta confrontos de opinião que em nada contribuem para a efetiva integração.

A próxima reunião será provavelmente realizada na cidade do Rio de Janeiro, em meados de dezembro.

Carlos Alberto Trevisan é engenheiro químico, gerente de Suporte Legal do O Boticário, representante da Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC) no SGT- 11 (sub Grupo de Trabalho) do Mercosul.

A vez da Qualidade por Riedrich Reuss e Maria Lia A. V. Cunha

A Realidade da ISO 9000

BR Assessoria em Qualidade, São Paulo SP, Brasil

Quanto mais se vive um tema maior fica a nossa compreensão para com o mesmo. É exatamente este o efeito que verificamos naquelas empresas que utilizam a ISO 9000 como a ferramenta de gestão para envolver e direcionar toda a sua população. Os procedimentos devem atender, onde aplicável tanto a ISO como também ao USO da empresa. 0 sistema mais funcional é aquele, que sem burocracia desnecessária consegue ser implementado de forma completa e que passa a agregar todas as atividades da empresa. Quando bem instalado e bem explicado e entendido pela sua população, a sistematização dos procedimentos só traz benefícios.

É claro, que nem sempre a consultoria consegue entender muito bem o sistema de funcionamento da empresa e também a sua população não está suficientemente madura para compreender todas as suas características e vantagens, porém com o uso contínuo, com treinamentos adicionais, a leitura de textos esclarecedores, a discussão entre superiores e seus subordinados,inicia na empresa uma disseminação de conhecimentos adicionais e mais profundos com a consequênncia de que o sistema começa a ser vivido por todos. A norma ISO é tão ampla e de aplicação tão completa que todas as atividades de uma empresa podem ser por ela geridas.

O controle de documentos serve para racionalizar e normatizar todos os processos e formulários em uso. Se na preparação dos procedimentos e instruções utilizarmos grupos de trabalho, estaremos utilizando todos os conhecimentos existentes dentro da empresa (learning organization) para padronizar determinadas formas de trabalho pela mais efetiva que esteja disponível. A padronização permite que não se perca tempo procurando por novos caminhos. Caso alguém tenha uma sugestão melhor, há a ferramenta da ação preventiva para que a proposta seja analisada, aprovada, implementada e finalmente tenha a sua efetividade validada na prática e o que é melhor, seja suportada por todos que participaram do processo.

As auditorias internas permitem que os processos praticados sejam verificados de tempos em tempos por pessoal da própria empresa, quanto à sua adequação ao sistema bem como aos preceitos da norma. Sendo executado por elementos de outras áreas permite e provoca o conhecimento das necessidades de outras áreas pelos auditados. Aumentará a consciência sobre todos os processos existentes e as pessoas passam a ter a visão do "todo" na organização. Quando algum problema ocorre com produto, com o processo de produção, ou em qualquer área, seja na entrega, na armazenagem, na venda, no marketing, ou no desenvolvimento por exemplo, a ISO 9000 oferece a ferramenta da "Não conformidade". Chama-se de "não conformidade" tudo aquilo que não está conforme com o que estava previsto. Para tratar deste assunto deve ser definida uma autoridade para dar a devida solução ou disposição ao assunto. Em se tratando de produtos, os mesmos são segregados para que não sejam utilizados de forma indevida, até que seja dada uma disposição ao mesmo. A rigor podem ocorrer 4 situações distintas: ou deixa-se como está, ou faz-se um retrabalho para trazer o produto à condição desejada, ou reclassifica-se para o modelo de menor valor ou então o produto é descartado. Todas as ações devem ser registradas, valorizadas e também avaliadas quanta a sua frequência com que ocorrem.Caso a não conformidade mereça um estudo mais profundo abre-se uma ação corretiva, para que verificando com cuidado as causas do ocorrido, sejam tomadas providências definitivas para que a mesma ocorrência não se repita. São por exemplo modificados os processo que deram origem aquela não conformidade. Esta é uma poderosa ferramenta pois evita os "achismos" e o que é mais importante, envolve toda a equipe no processo de descobrimento das causas e encontrar a solução mais adequada. Esta forma de trabalhar fica extremamente transparente e evita que se inicie uma procura por culpados ou uma caça às bruxas.

O controle de documentos faz com que todos os documentos atuais e necessários estejam nas áreas devidas. 0 controle de registros assegura que sejam guardados os registros dignos de preservação. 0 acompanhamento constante dos indicadores demonstra que a política da qualidade está sendo cumprida. A análise crítica de contrato tanto na aquisição como na venda asseguram que o entendimento entre as partes esteja completo. Os servidores associados representam a forma de atender às necessidades de pré e de pós venda. Assim, com poucas normas e regras a empresa passa a funcionar muito melhor pois haverá autoridades designadas para tratar de cada assunto de forma controlada. Esta é a ISO adequada ao USO.

Friedrich Reuss é bacharel licenciado em química e especialista em gestão da qualidade. É titular da BR Assessoria em Qualidade

Maria Lia A. V. Cunha é psicóloga, especialista em gestão de pessoas.

Marketing por Dr. Sergio J. Cides

O Consumidor é um ser Emocional

Consultor de Empresas, São Paulo SP, Brasil

Tecnicamente, os cosméticos, especialmente os cremes e as loções, tem evoluído em escala geométrica. Novas técnicas de emulsificar, revolucionários ingredientes ativos, controles biológicos mais rígidos, etc. Tudo visando obter um diferencial em relação aos concorrentes.

Mas, o que é que a consumidora busca quando compra um creme ou uma loção? Será que ela está buscando um novo AHA? Ou uma emulsão perfeita e estável? ou um número menor de bactérias?

Aposto que ela nem sabe do que estamos falando. Afinal, quem entende essa terminologia é um número muito reduzido de consumidoras. Para a consumidora típica, tais produtos são um meio de ficar mais bela ou mais jovem. 0 que também é um meio de afirmar-se diante de outras mulheres ou de algum homem.

Portanto, nossa consumidora - desculpem- na os muito técnicos - não está ligando a mínima para o que o produto é. O que ela quer saber, de verdade, é o que o produto pode fazer por ela.

Ela nada tem de técnico. Tem tudo de emocional.

Digamos que a área técnica tenha desenvolvido uma inovação incrível, que vai fazer com que o shelf life do produto passe dos atuais 36 para 360 meses. 0 especialista de marketing recebe a grande inovação com uma frieza que beira o desdém e ofende a turma de P&D. Embora tal inovação possa vir a ser uma proeza técnica digna de um Premio Nobel, do ponto de vista mercadológico ela vale exatamente nada. Que vantagem leva a consumidora nesse caso? 0 que ela busca num cosmetico, nós já vimos: é elevar seu ego diante das “rivais" e conquistar a admiração do sexo oposto. Essa inovação técnica não responde a esses anseios.

Mas digamos que o pessoal de pesquisa desenvolveu um ingrediente ativo que é quase milagroso para tirar manchas da pele. Funciona, mesmo.

Bom, aí já temos algo de altíssimo interesse mercadológico. 0 sonho do marketeiro. Agora o problema está com o marketeiro. Como anunciar tal produto? Por exemplo, há consumidoras que comem jiló porque faz bem para o fígado, e há consumidoras que comem jiló porque acham essa fruta muito saborosa. Qual a melhor maneira de anunciar um jiló? Como remédio ou como guloseima? Epa! Você leu o que acabei de escrever? Chamei o jiló de fruta. Pois é exatamente o que ele é. De acordo com todas as normas de botânica, jiló e fruta. Mas nenhum dos dois tipos de consumidora sequer pensou nisso ao comprar seus jilós. Ela não está nem um pouco interessada no que é um jiló, e sim no benefício que o jiló pode fazer por ela.

Mas temos uma pista. Você percebeu que falei em dois tipos de consumidora? Uma que atende a um apelo medicinal, e outra que atende a um apelo sensorial.E é com esses dois apelos, mais um terceiro, que mistura ambos, que os produtos cosmeticos tem sido vendidos através dos tempos.

A nova loção, que tira manchas como num passe de mágica, pode ser vendida como um remédio, que cura o "mal das manchas", ou como um ingrediente secreto de causar inveja às amigas e atração sobre os homens ou, ainda, um misto das duas coisas. Esta terceira via usa o apelo terapêutico como base racional para apoiar uma ação cujos resultados são sensoriais.

De qualquer maneira, o homem de marketing vem procurando, sempre, dizer quais as vantagens que a consumidora levará ao usar um cosmético. Certamente o bom nome do fabricante, esse sim, pode estar associado ao campo tecnológico, mais como um aval de que o produto é respaldado por uma empresa séria. Mas a promessa pode tranquilamente abrir mão de detalhes técnicos.

O apelo sensorial gratuito, sem nenhum respaldo tecnológico, e largamente usado por "griffes" que vendem, apenas e tão somente, status. E vendem muito. E vendem caro.

O apelo medicinal puro é dos produtos vendidos sob prescrição médica. Que também vendem muito. Que também vendem caro.

Portanto, caro marketeiro que me lê e que, provavelmente, não está interessado em vender suas loções e cremes via receituário médico mas que, também, não tem em mãos uma "griffe" internacional, acho que restou para você enveredar pela "terceira via", isto é, vender um produto com apelo sensorial, que dê a consumidora o aval de um respaldo terapêutico.

Em resume: seu produto a deixa mais bela e desejável porque contem o ingrediente xyz, que age de tal e qual forma. Concorda?

Sergio J. Cides e administrador de empresas formado pela PUC-SP, Consultor de Empresas e autor do livro "Introdução ao Marketing para Micro e Pequenas Empresas".


Atualidades Técnicas por Prof. Dr. Pedro Alves da Rocha Filho

Cremes e Loções

Faculdades de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto SP, Brasil

Promotores de formação do ácido hialurônico (pesomolecular3 5000) obtidos de Fonteanimal (bovinos) são empregados na formulação de loções para a pele.1

Etanol 5,0g
Glicerina 5,00
Óleo de rícino etoxilado 0,50
Metil parabeno 0,02
Perfumes 0,05
Promotores de formação
do ácido hialurônico 0,50
Água destilada qsp 100,0 g

A loção de limpeza estável durante o período de estocagem, pode separar-se ao tocar a pele a fim de liberar a fase oleosa do produto responsável pela ação, não apresentando irritação cutânea.2

Extratos vegetais podem estar associados na formulação de loções cosméticas, a elementos complexos como por exemplo3

PEG-7 gliceril-cocoato 5,25
Cocoamidopropil betaína 3,50
Glicerina 3,50
Butileno glicol 2,75
Preservantes 0,60
Extrato vegetal 5,00
Metais complexos (Ca 500,
Mg 500, Zn 3,5, Mn 2,5 mg/l) 0,50
PEG-20 metil glucose 1,50
Água destilada 100,0%

Novas formulações cosméticas ou dermatológicas, podendo conter dois princípios ativos podem atuar na atividade da elastase.4 0 produto é formulado em quatro fases: a primeira contém: mistura de ésteres oleosos 34,9, tensoativo não iônico 1,0, ácido esteárico 3,1, gorizanol 10,10, óleo de silicone 0,8, ésteres de vitamina E 1,2, antioxidantes 0,01 %. A segunda fase contém: glicol 2,5, tensoativo aniônico 0,15, carbômero 0,6, água 38,06%, trietanolamina 2,6 e ácido láctico 0,55%. A terceira fase consiste de: hialuronato de sódio 0, 125, extratos vegetais 1,0, extrato de Equisetum 0,6 e água destilada 10,0%. A quarta fase contém: proteínas purificada de soja 1,0, palmitato de vitamina A 0,15, perfume 0,5 e preservantes 0,65%. A formulação demonstra atividade sobre o envelhecimento e elasticidade cutâneos.

A vitamina A e seus derivados aplicados topicamente agem na proteção contra os efeitos prejudiciais da radiação ultravioleta na pele.5 Uma solução aquosa pode conter acetato de retinila, 2,2- diidroxibenzofenona, ácido esteárico - monoglicerídeo e aplicada em voluntários, previne contra os efeitos da radiação solar.

Loções com alta capacidade de limpeza podem conter umectantes (exemplo, polialcoois) 30-80, óleos 1-50, e água destilada 0,01-10,0%.6 Um exemplo de formulação segue abaixo:

Glicerina 30,0
1,3-Butileno glicol 20,0
Propileno glicol 20,0
Polietileno glicol 14,0
Óleo de ricino polioxietilenado 5,0
Esqualeno 2,0
Parafina líquida 3,0
Água destilada qsp 100,0%

A formulação não apresenta efeitos irritantes a pele.6

As associações de extratos de placenta com betainas7 e de ureia com betaina8 são indicadas no tratamento de pele ressecada e áspera e veiculadas na forma de cremes e loções, como nos exemplos abaixo:

Da referência 7

Álcool etílico 15,0
Dipropileno glicol 2,0
Eter oleico POE 0,8
Metil parabeno 0,10
Extrato de placenta 0,30
Trimetil glicina 5,00
Água destilada qsp 100,0%

Da referência 8

Álcool etílico 15,0
Dipropileno glicol 2,0
Eter cetílico POE 0,8
Metil parabeno 0,10
Extrato de placenta 0,30
Uréia 5,00
Água destilada qsp 100,0%

Formulações semelhantes às anteriores, empregam a associação de protetores solares a betainas especialmente trimetilglicina e у-butirobetaina.9 A formulação de loção é dada:

Álcool etílico 8,00
Propileno glicol 2,00
Metil celulose 1,00
POE monoestearato de glicerila 0,50
Trimetil glicina 2,00
Acido p-metoxicinamico 0,05
4-Ter-butil metoxi benzoil metano 2,00
Preservantes 0,10
Perfumes 0,001
Água purificada qsp 100,0%

Os produtos também são indicados para o tratamento da pele áspera e desidratada.

Produtos cosméticos com excelentes propriedades funcionais, contém a associação do óleo de borrage e d-tocoferol, ésteres do ácido ascórbico e/ou lecitina em adição a outros componentes10 .A formulação de creme é:

Cetanol 5,0
Esqualeno 20,0
Oleo de borrage e d-tocoferol 10,0
Cera de abelha 6,0
Monoestearato de glicerila 2,0
POE monoestearato de sorbitano 2,0
Preservantes 0,1
Propileno glicol 5,0
Água purificada qsp 100,0%

Cremes 11 preparados pelo aquecimento das misturas de: (1) um ou mais do que um dos componentes selecionados entre ceramidas, glicosilceramidas e galactosilceramidas; (2) colesterol,(3) ácidos graxos e (4) agentes lipofílicos, numa temperatura superior a de transição de fases da mistura de ceramidas e ácidos graxos. Adiciona-se, com agitação, os alcoóis poliídricos hidrossolúveis que devem ser aquecidos à temperatura superior a de transição de
fases da mistura oleosa; resfriando posteriormente à temperatura ambiente. As emulsões mostram-se estáveis por longo período de tempo mesmo na ausência de tensoativos, devido a presença de ceramidas e colesterol que distribuem-se no estado líquido cristalino ao redor das gotículas de óleo. Como exemplo desta formulação, podem ser empregados a vaselina líquida, álcool cetílico, ceramidas, ácido esteárico e colesterol, sendo aquecidos a 80°C, misturados com glicerina e propilenoglicol e posteriormente ao p-HOC6H4C02Me edetato e água, aquecidos a mesma temperatura . Resfria-se a 30°C para obtenção de creme que apresenta a fase líquida cristalina e excelente capacidade hidratante
da pele .

Produtos cosméticos macios, de fácil aplicação apresentando efeitos hidratantes de longa duração podem conter a associação de di-ésteres graxos com alcoóis poliídricos 12 0 produto final pode ser obtido a partir da formulação: sesquioleato de sorbitano 0,15; monooleato de sorbitano polioxietilenado 20 OE 0,5; cetanol 1,0; vaselina 2,0; esqualeno 5,0; butil parabeno 0,1; α,α-trealose 6,6 - dimiristato 0,9; glicerina 10,0; dipropileno glicol 8,0; metilparabeno 0,1; gomaxantana 0,2; cetil sulfato de sódio 0,3 e água destilada 71,75 %.

Bibliografia

1. Kamio M, Sakai S, Sayo T, Inoe S, Matsui T. Hyaluronic acid production promoters from bovine serum and compositions containing the promoters. Patente japonesa nº 8239404, 2 de março de 1995.
2. Ha RBK, Fowler TJ, Deckener GE. Cleasing oil-in- water emulsions. Patente internacional nº 963209212 de abril de 1995.
3. Bottiglieri P. Cosmetic compositions containing vegetable extract and trace elements complexes. Patente suíça nº 687126, 24 de novembro de 1993.
4. Heusele C, Le Blay J. Novel cosmetic or dermatological compositions. Patente internacional nº 9628008, 19 de março de 1996.
5. Murayama A, Tanaka S. Topical preparations containing vitamin A or its derivatives for skin protection against UV damage. Patente japonesa nº 8245362, 8 de março de 1995.
6. Tominaga N, Hosokawa K, Ishii K. Skin cleasing compositions containing moisturizers. Patente japonesa nº 948706, 3 de agosto de 1995.
7. Shimada T. Rough skin, preventing preparations containing placental extracts and betaines. Patente japonesa nº 948719,3 de agosto de 1995.
8. Shimada T. Rough skin, preventing preparations containing urea and betaines. Patente japonesa nº 948720, 3 de agosto de 1995.
9. Sekine T, Ita K. Rough skin, controlling cosmetics. Patente japonesa nº 995430, 30 de setembro de 1995.
10. Nishimoto Y, Fukushima N. Cosmetics containing borage oil. Patente japonesa nº 977633, 14 de setembro de 1995.
11. Sumita Y, Okugi S. Liquid-crystal emulsions containing ceramides, cholesteroland fatty acids for quasi-drugs and cosmetics and the manufacture. Patente japonesa nº 9124432, 26 de outubro de 1995.
12. Aoki M, Sumita Y. Skin cosmetics containing trehalose fatty acid diesters and polyhydric alcohols. Patente japonesa nº 9104614,5 de outubro de 1995.

Prof Dr. Pedro Alves da Rocha Filho é farmacêutico bioquímico industrial, professor de Tecnologia em Cosméticos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Alergia

Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí SP, Brasil

O termo alergia é muito usado e na maioria das vezes indevidamente. Muitas das alterações de pele chamadas de alergia são causadas por problemas infecciosos ou inflamatórios. Na verdade, a alergia tem relação com nosso sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo.

As alergias podem acontecer por contato, por uso de remédios, alimentação, entre outros. Manifestam-se de formas muito variadas: urticária, exantema, eczemas, bolhas, placas etc.

Os remédios que mais causam alergia são os analgésicos e os antipiréticos (contra a febre). No caso dos produtos químicos, são os perfumes e os corantes os responsáaveis por reações alérgicas.

Dificilmente alguma substância provoca alergia quando é usada pela primeira vez, pois o organismo precisa promover um conhecimento previo sobre tal substância, para só depois informar as células que, em seguida, terão a memória permanente da rejeição.

Não nascemos alérgicos, porém, uma vez alérgico, sempre alérgico. A alergia pode ocorrer indiscriminadamente a qualquer produto e não tem nada a ver com sua qualidade. A alergia também é uma resposta individual relacionada à carga genética. Há famílias mais predispostas a alergias, mas a transmissão de pai para filho não é obrigatória.

As pessoas podem tornar-se alérgicas (sensíveis) a produtos que tenham usado por muitos anos ou por aqueles que estão usando pela segunda vez. Alergia não é transmissível e pode ser mais ou menos perigosa dependendo da intensidade do quadro.

Citaremos alguns casos mais freqüentes causados por alergias:

- Urticária. São placas avermelhadas, elevadas, e caroços que podem aparecer abruptamente em todo o corpo causando muita coceira.

Com a urticária, os lábios e os órgãos internos respiratórios podem inchar muito, levando também a dificuldades respiratórias. Esta alergia se apresenta como um quadro grave que precisa de socorro rápido, principalmente pelo problema respiratório.

A urticária pode ser provocada por remédios, alimentos (principalmente conservantes e corantes), cheiros muito fortes, produtos aplicados a pele etc. Muitas vezes é difícil estabelecer a causa da alergia, mas este esclarecimento é fundamental porque a reexposição provoca um quadro de reações semelhantes e até mais graves. 0 tratamento da urticária é feito com cortisona e anti-histamínicos, ocorrendo resposta quase instantânea.

- Eczema. Nome genérico dado a uma alteração de pele que promove vermelhidão, vesículas, coceira, engrossamento e descamação da pele. 0 eczema pode ocorrer em qualquer parte do corpo e é gerado por alergia, principalmente a dermatite de contato.

Esta alergia é comumente causada por metais usados nas orelhas e pulsos, como relógio, bijuterias etc. Pode ocorrer também por cosméticos, produtos químicos de limpeza, tinturas de cabelo, roupas de fios sintéticos, corantes e conservantes.

Neste caso, as pessoas tem contato com substâncias e ficam alérgicas depois de algum tempo. A lesão provoca muita coceira e é sempre mais importante onde houve o contato direto com o agente causador.

Muitas vezes, para se descobrir o agente é necessário fazer um teste de contato: aplica-se uma bateria padrão de cinqüenta substâncias nas costas da pessoa e, após 48 horas, retira-se o material observando a reação da pele. 0 teste é considerado positivo quando o local se torna vermelho, com bolinhas, e coça muito.

As mãos são as mais afetadas pelo contato com substâncias químicas. Detergentes, sabões e toda a gama de produtos desta linha podem causar alergias. Remédios de uso local, principalmente com penicilina e sulfa, também podem causar sensibilização e alergia de contato.

O tratamento nestes casos é afastar o produto ou produtos suspeitos e usar cremes ou pomadas de corticóide ou, se houver comprovação pelo teste de contato, afastar definitivamente aquela substância do alcance do alérgico. É comum a ocorrência de quadros de avermelhamento e descamação somente por irritação primária da pele. Neste caso não há sensibilização do organismo, mas somente desgaste da pele por mudança de pH e afinamento. As donas de casa sofrem com isso por manipular constantemente produtos de limpeza. Quando há somente irritação e não sensibilização, o teste de contato é negativo e basta afastar o uso dos produtos mais fortes, como detergentes, sabões, alvejantes.

Há muita confusão entre dermatite de contato e dermatite por irritante primário, pois a manifestação clínica pode ser a mesma. 0 teste de contato resolve de uma vez essa dúvida: positivo, se o caso for alérgico, e negativo, se for apenas alergia por irritação.

Dra. Denise Steiner é dermatologista, doutorada pela Unicamp, professora do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí e diretora da Clínica Stockli, em São Paulo SP.

Boas Práticas por Tereza Rebello

Cremes e Loções: Riscos de Contaminação Microbiana

Consultora Técnica, Florianópolis SC, Brasil

Na edição anterior, ao tratarmos de embalagens como ítem importante a ser considerado durante o processo de desenvolvimento de um produto cosmético, nos referimos a outros testes importantes durante essa fase e que naturalmente, precedem a fabricação de um produto. Um desses testes é o de desafio. E o que vem a ser esse teste? É exatamente o que propõe o próprio nome, isto é, desafiar o produto, inoculando-o com um número determinado de vários microrganismo e avaliar, durante intervalos de tempo pré-estabelecidos, a eficiência do(s) preservante(s) existente(s) na formulação. Essa eficiência é medida através da constatação de redução do número dos microrganismos inoculados. Sabemos que este teste é trabalhoso, requerendo um microbiologista experiente para executá-lo e tempo (geralmente 30 dias), para concluí-lo.

Então surge a pergunta do fabricante: Há necessidade de conduzir esse teste a todos os produtos cosméticos? A nossa resposta é: não! Existem produtos que, pela própria formulação (cremes anidros ou aqueles dirigidos a ação anti-septica), não proporcionam condições favoráveis ao crescimento de microrganismos. Sabemos que os microrganismos, para seu desenvolvimento necessitam de água, as vezes, em quantidades mínimas como é o caso dos fungos. Vemos então que os cremes e loções, cujo sistema se traduz geralmente, por emulsões 0/A, são passíveis de contaminação por uma variedade de microrganismos, conforme demonstram alguns trabalhos realizados. É o caso, por exemplo, da investigação de 72 produtos cosméticos, fabricados por algumas indústrias brasileiras, que resultou na reprovação de 26%. Desses 72 produtos, 37 se referiam a cremes e os resultados das avaliações microbiológicas conduzidas nessa amostragem, mostraram que 32% (12 amostras) dos cremes estavam contaminados.

Esses produtos foram reprovados por apresentarem contagens de microrganismos superiores a 104 UFC/g ou ml de produto. Nesse trabalho (Incidência de Contaminação em Cosméticos: Um Fato Preocupante. E Nunan, L Herreira de Campos e Karla Constancio, Aerosol & Cosmeticos 93 Jan/Fev-Mar/Abr, pg.55, 1995), é apontado, com maior índice de reprovação, os cremes.

Para produtos como estes recomenda-se um sistema de combinação de preservantes, pois assim, amplia-se o espectro de atuação, permitindo também a utilização de concentrações mais baixas. Assim, pode-se selecionar um preservante principal de grande espectro de atividade, compatível com a formulação e com alta solubilidade em água. Em seguida, seleciona-se um ou mais preservantes para complementar o principal. É muito importante conhecer a compatibilidade dos preservantes com os ingredientes da formulação. Por exemplo, a etoxilação de certos tensoativos, inibe a ação dos parabenos, devido a complexação da hidroxila fenólica pelo EtO. Também os preservantes cuja ação se deve a função aldeídica são inibidos por compostos que apresentam a função amina, por exemplo, material protéico, aminoácidos. 0 pH da formulação é outro ponto importante a ser considerado quando se seleciona um preservante. 0 grau de toxicidez desses preservantes também deve ser levado em consideração. Vemos assim, que não é fácil escolher o preservante ideal e a confirmação de sua eficácia no produto, deve ser confirmada pelo teste de desafio.

Até aqui, abordamos os cuidados que os cremes e loções merecem, quanto a qualidade microbiológica, durante o desenvolvimento, os quais fazem parte do fundamento mais importante das Boas Práticas de Fabricação que são os procedimentos preventivos. Mas, ainda fazendo parte desse controle, temos que considerar outros procedimentos importantes, como por exemplo o treinamento do pessoal que conduzirá as operações de pesagem, fabricação e envase. É imprescindível que saibam que cremes e loções encontram-se enquadrados na "Categoria Alta Suscetibilidade a Contaminação Microbiana", segundo classificação emitida pelo CTFA- 1993. Portanto, um rigor maior nos cuidados de higiene, não só pessoal, como também no que se refere à limpeza e sanitização de equipamentos devem ser tomados.

Outros procedimentos recomendados durante a fabricação de cremes é o cuidado que se deve ter durante a agitação desses produtos. Devido à alta viscosidade que apresentam, os cremes podem incorporar ar, trazendo como consequência, problemas de peso durante o envase em virtude de sua densidade mais baixa. Além disso, podemos ter alterações de cor e mesmo separação de fases. Por fim, chega-se ao produto acabado (envasado e embalado) e então temos a avaliação final. Mais uma vez devemos enfatizar que não é a análise final do produto que lhe confere a qualidade. Esta avaliação final, que pertence ao segundo fundamento das BPF e C, apenas confirma se o primeiro fundamento - Procedimentos Preventivos - foram adequadamente conduzidos.

Tereza FS Rebello é farmacêutica bioquímica e consultora técnica na área de garantia de qualidade e assessora da Methodus Eventos e Consultoria, Florianópolis SC.

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