Cores do Verão

Edicao Atual - Cores do Verão

Editorial

A vitória de Fernando Henrique Cardoso no primeiro turno não surpreendeu os analistas políticos. Mas falando de forma direta. Sóbria e objetiva. Ele não demonstrou a alegria que seria natural na celebração e no reconhecimento da vitória indiscutível conquistada nas urnas. Pelo Contrário, estava sisudo, mais parecendo um mestre ao iniciar um ano letivo.

 

Em seu primeiro pronunciamento após as eleições, o presidente anunciou sacrifícios, mas acentuou que o peso maior dos ajuste fiscal se fará sobre os privilegiados.

 

Ao fazer o ajuste fiscal e as reformas políticas, o presidente disporá dos instrumentos de que precisa para vencer a grave crise econômica com a qual seu governo se defronta.

 

Legitimidade para propor e executar as iniciativas anunciadas o presidente tem. E, para dar a medida da gravidade do que vem por aí, basta uma observação simples: em praticamente todos os pronunciamentos, entrevistas e comentários, jamais FHC deixou de utilizar o humor como ferramenta de trabalho. Desta vez, nenhum sorriso, nenhuma tirada humorística... nada. Sinal dos novos tempos.

 

Neste Numero de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português) estamos abordando as cores do verão e bronzeadores. No artigo sobre interação entre filtros solares, as professoras Maria Valéria e Maria Elizette, da Universidade de São Paulo, descrevem a sinergia de filtros solares. Estamos abordando também a influencia  de emolientes, emulsificantes e formadores de filmes na obtenção de efeitos sinérgicos, que garantem o atendimento das necessidades dos consumidores de fotoprotetores. E no caderno ABC News não deixe de ler as novidades da Secretaria de Vigilância Sanitária.

 

Boa Leitura!

 

Interação Entre Filtros Solares - Profa. Dra. Maria Valéria R. Velasco de Paola e Profa. Dra. Maria Elizette Ribeiro - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo-USP, São Paulo, Brasil

Neste artigo os autores descrevem a ação do espectro
solar sobre a pele humana. Em seguida apresentam uma série de filtros solares químicos, comparando a ação desses filtros quando combinados com o Parsol 1789. Ao final apresentam as melhores combinações.

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Poliésteres como Sistema de Liberação Tópico - Diana Smith, Andrew O'Connor e Robert Siegfried Inolex Chemical Company, Philadelphia PA, Estados Unidos

Um dos metodos mais eficazes de orientar os ingredientes ativos para o estrato córneo é através do uso sistemas poliméricos tópicos. Os autores determinaram por meio de stripping, medições citológicas da pele humana in vivo, os aspectos estruturais específicos dos poliésteres, para otimizar a deposição de filtros solares ativos e de ácido láctico dentro do estrato córneo.

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A Melanina Pode Melhorar os Filtros Solares - Miles R. Chedekel - MeL-CO, Orland CA, Estados Unidos

Melanina é bioquimicamente um radical livre sem reação. Neutraliza e separa radicais livres na pele e é finalmente desprendido com o estrato córneo. Também apresenta sinergia com outros antioxidantes como o tocoferol. Com um tratamento de superfície para TiO2 reduz a alvura, aumenta a discoersão do pó e protege contra os raios solares produzindo radicais livres de Ti02 de cor azulada.

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Efeitos Sinérgicos em Sistemas de Fotoproteção - Mark Leonard, Henkel Organics Ltd. Belvedere, Kent, Reino Unido ; Bettina Jackwerth e Rolf Kawa, Henkel KgaA, Düsseldorf, Alemanha - Marco Carmini - Henkel SA, São Paulo SP, Brasil

Produtos fotoprotetores modernos são sistemas cada vez mais complexos, devido a necessidade de atender crescentes demandas dos consumidores e das agências de regulamentação nacionais. Os fabricantes podem atender tais exigências através da combinação de ingredientes multifuncionais, que maximizem à eficácia dos filtros e garantam a estabilidade dos produtos. 0 presente artigo apresenta a influência de emolientes, emulsificantes, estrutura da emulsão, e formadores de filmes na obtenção de efeitos sinérgicos que garantam o atendimento das necessidades dos consumidores.

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Carlos Alberto Trevisan
Mercosul por Carlos Alberto Trevisan

Pendências Metrológicas

O Boticário, São José dos Pinhais SP, Brasil

No presente artigo focalizaremos um tema que acreditamos irá impactar negativamente as atividades operacionais e comerciais das empresas de nosso setor, no que se refere as indicações quantitativas e a indicação da unidade metrológica nos produtos que se apresentem nas forma semi-sólida ou semi-líquida.

Somente a título de esclarecimento, mencionamos que, no presente comentário, deixamos de abordar como tradicionalmente temos feito, aspectos da legislação sanitária no âmbito Mercosul pela ausência de novos fatos significativos.

A necessidade indicar as unidades metrológicas nos produtos que se apresentem sob a forma semi-líquida ou semi-sólida foi apresentada na penúltima reunião de Mercosul visando a necessidade que algumas empresas exportadoras tem de indicar os valores em unidades de massa para alguns países e em unidades de volume para outros países.

As atuais disposições da legislação metrológica brasileira atendem às necessidades locais de informação ao público consumidor e portanto dentro do território nacional não existem problemas quanto aos indicativos.

A alteração das indicações existentes na legislação metrológica brasileira mencionadas poderão acarretar alguns inconvenientes do tipo:

-A empresa poderá optar por indicar o valor quantitativo numérico maior, o que acarretará vantagem competitiva que em nada beneficiará o consumidor.

- A indicação simultânea poderá provocar no consumidor avaliação errônea quando da comparação entre produtos.

-A indicação simultânea de ambas as unidades de massa e volume e em alguns casos de unidades do sistema inglês-oz (ounce) para sólidos e Fl oz (fluid ounce) para pastosos e líquido -provocará uma enorme poluição visual no layout das embalagens.

A proposta dos representantes a delegação privada brasileira presente à reunião de Porto Alegre de 1 a 4 de setembro passado foi a de que os shampoos e loçoess levem a indicação em unidade de volume (ml) e os cremes e géis levem a indicação em (g) indicados de forma única na face principal e que se a empresa tiver que fazer outro tipo de indicação quantitativa para atender a legislação de outro país, a indicação deverá ser feita de modo a não comprometer a indicação nacional.

Outro ponto a ser discutido é a obrigatoriedade de indicar o quantitativo independentemente da grandeza (atualmente no Brasil os quantitativos inferiores a 20 g ou 20 ml não são de indicação obrigatória).

A resolução 91/94 do Grupo Mercosul estabelece a verificação estatística dos quantitativos iguais ou superiores a 5 g ou 5 ml.

A prática tem mostrado que a aplicação da verificação estatística para os valores inferiores a 20 g ou 20 ml mostra variações muito superiores às estabelecidas pela Resolução 91/94, devido a diversos fatores que vão a diversidade de embalagens até às diferentes densidades que as formulações de maquilagem apresentam pela presença de corantes de diferentes pesos específicos.

A proposta da delegação privada brasileira é omitir indicações quantitativas inferiores a 20g ou 20ml para os produtos em embalagens de vidro e os produtos de maquilagem (batons, sombras etc).

As propostas foram apresentadas e serão estudadas pelos demais estados- parte ficando a decisão final para a próxima reunião.

Carlos Alberto Trevisan é engenheiro químico, gerente de Suporte Legal do O Boticário, membro do SGT-3 (sub Grupo de Trabalho) do Mercosul, e membro do Conselho Fiscal da Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC).

A vez da Qualidade por Friedrich Reuss e Maria Lia A. V. Cunha

A Qualidade Intrínsica

BR Assessoria em Qualidade, São Paulo SP, Brasil

A qualidade tem sido tratada apenas como a implantação de sistemas da Qualidade Total, ISO 9000 ou outros, que tratam muito mais de processos formalizados do que da qualidade em si. Na maioria dos casos são sistemas artificiais, impostos por meio de cobranças, auditorias e outros processos sem o devido respeito pelas pessoas. Mesmo assim, é gratificante verificar como os funcionários das empresas ficam orgulhosos em estar participando do processo da evolução de suas empresas, dando sugestões, aprendendo novas terminologias e novas técnicas.

Estes fatos demonstram que através de um pouco de atenção pessoal, educação e treinamento prestados aos funcionários de nível mais baixo na escala da hierarquia, há grande retorno em termos de motivação e de resultados.

Se a empresa, no entanto, for mais longe em sua preocupação conseguindo mobilizar todas as suas pessoas através de uma bem estabelecida convivência em torno da missão fundamental
da organização, será possível atingir níveis muito mais elevados de produtividade. Cada um estará preocupado em melhorar os resultados, seja em que área da empresa for, cooperando para o resultado total.

A postura correta da direção da empresa e uma definição clara e acertada de direcionamento institucional são a base de qualquer processo evolutivo deste tipo. Porém, será necessário também, instrumentalizar os seus gerentes e supervisores com habilidades humanas, para que consigam gerenciar de forma produtiva e cooperativa. Em primeiro lugar, é imprescindível que aprendam a se comunicar de modo efetivo com todos os seus parceiros, mesmo com aqueles que parecem ser "chatos" e detalhistas, aqueles que se mostram extremamente controladores ou ainda aqueles que aparentam ser apenas superficiais. Estas são características tópicas
de cada tipo de pessoa, que devem ser respeitadas e para tal é necessário que se entenda o porque de reagirem desta ou daquela forma.

A seguir é necessário aprender a se tornar um líder tanto para a gestão do presente como para enfrentar as mudanças, tão freqüentes em nossa vida atual. Aprender a trabalhar as 36 práticas de liderança é uma condição essencial para que consigam com que seu grupo de liderados os acompanhem e os suportem nas decisões do momento e na preparação para enfrentar os desafios do futuro. Para entender como obter um processo de mudança citamos oito estágios necessários:

-Estabelecer um senso de urgência: Examinando o mercado e as realidades competitivas; identificando e discutindo crises, potenciais crises ou principais oportunidades.
- Criar a coalizão direcional: Juntando um grupo com poder suficiente para liderar a mudança; colocando o grupo para trabalhar junto, como um time.
- Desenvolver uma visão e estratégia: Criando uma visão para ajudar a direcionar os esforços de mudança, isto é, desenvolvendo estratégias para atingir esta visão.
- Comunicar a visão de mudança: Usando todos os veículos possíveis para, constantemente, comunicar a nova visão e estratégias tendo a coalizão direcional por modelo de regra para o comportamento esperado dos funcionários.
- Energizar ações de largo alcance: Livrando-se dos obstáculos, mudando sistemas ou estruturas que solapam a visão de mudança; encorajando a correr riscos e adotar idéias, atividades e ações criativas.
- Gerar "vitórias" de curto prazo: Planejando para visíveis melhorias na performance, ou "vitórias"; arquitetando as "vitórias"; visivelmente reconhecendo e recompensando as pessoas que fizerem possíveis as "vitórias".
- Consolidar ganhos e produzir mais mudanças: Usando incrementos de credibilidade para mudar todos os sistemas, estruturas e políticas que não caminhem juntas e não levem a visão de transformação, empregando, promovendo e desenvolvendo pessoas que possam implementar a visão de mudança; revigorando o processo com novos projetos, temas e agentes de mudança.
-Ancorar novas abordagens na cultura: Criando melhores desempenhos através de comportamentos produtivos orientados para o cliente, mais e melhores lideranças e gerenciamentos mais efetivos; articulando a conecção entre novos comportamentos e o sucesso organizacional, desenvolvendo meios de assegurar o desenvolvimento e a sucessão das lideranças.

Para que estas práticas ocorram e para que tragam os efeitos desejados é necessário que estas formas de atuação estejam interiorizadas por cada elemento.

Friedrich Reuss é bacharel licenciado em química e especialista em gestão da qualidade. É titular da BR Assessoria em Qualidade.

Maria Lia A. V. Cunha é psicóloga, especialista em gestão de pessoas.

Marketing por Sergio J. Cides

Lidando com a Sazonalidade

Consultor de Empresas, São Paulo SP, Brasil

O consumo de bronzeadores está mais para sorvete do que para ovo de Páscoa.

Produtos com sazonalidade tão pronunciada são sempre um problema cheio de armadilhas para o pessoal de marketing.

Nao sei quais são os números de sua empresa, mas eu ouso dizer que mais de 50% do consumo dos bronzeadores (ou dos filtros solares, como os técnicos preferem chamar) ocorre em 3 meses do ano. Mais ou menos como o consumo de sorvetes.

Nos outros 9 meses do ano, nossos bronzeadores ficam "pegando poeira" nas prateleiras das farmácias, perfumarias e supermercados.

Dá para reverter a situação? Infelizmente, não. Mas, se não dá para reverter, devemos usar de todas as técnicas e ferramentas que o marketing nos proporciona, para tirar o maior proveito de um fato irreversível.

Um marketeiro empírico, num primeiro impulso, ousaria dizer: "Por que anunciar no verão, se no verão o produto vende quase sem propaganda? Não seria mais inteligente anunciar na época em que as vendas estão baixas?"

Eu responderia ao colega empírico com outra pergunta:
Você anunciaria ovos de Páscoa na passagem do ano? ou no carnaval?

É simples: anuncia-se e promove-se um produto sazonal na época de pico do consumo, por uma simples razão matemática, Digamos que sua propaganda eleve em 30% o consumo do produto. É mais vantagem aumentar os 30% na época do alto consumo do que aumentar 30% na época do baixo consumo. 0 resultado em unidades vendidas é bem maior no primeiro caso, com o mesmo gasto de propaganda. Claro? Anunciar - um pouquinho - na época do baixo consumo é coisa para quem tem muita verba (alguns refrigerantes, algumas cervejas, por exemplo) e é uma atividade feita apenas para marcar a imagem e o nome do produto na mente do consumidor. 0 objetivo desses anunciantes não é reverter tendências, mas apenas ir somando imagem de marca, para que o consumidor prefira seu produto no momento do pico de consumo.

Então, o que fazer, se não temos toda aquela verba?

Em primeiro lugar, é concentrar a verba na época do consumo e no local onde os consumidores irão retirar nosso produto (ou o do concorrente) da prateleira.

Quase todos os produtos de consumo de massa são sazonais.

Em segundo lugar, distribuir o produto para os pontos de venda de maior interesse. E essa é uma tarefa que precisa ser feita com boa antecedência. Nosso comerciante, salvo exceções, é semi-amador. Ele também compra por impulso. Na hora em que nosso vendedor aparecer num estabelecimento oferecendo o produto, se o comerciante já fez compra de bronzeador do concorrente, o vendedor voltará sem o almejado pedido. Na cabeça do comerciante, ele já está estocado de bronzeadores para todo o verão.

Lembre-se de que seu produto concorre, não só na cabeça do consumidor, mas também no bolso do comerciante. Portanto, planeje com antecedência. Desenvolva a campanha de propaganda e de promoção a tempo de poder ter material impresso para o seu corpo de vendas chegar "armado" diante dos compradores, já em meados de setembro. Faça programações de entregas. Isso fará com que o comerciante não se assuste em ter que fazer um pedido muito grande. Sugira que ele faça três ou quatro pedidos, para entregas em novembro, dezembro, janeiro ... Serão pedidos menores, que não irão assustar o comerciante e, no final, o total poderá ser até maior do que o de um único pedido.

Em segundo lugar, cumpra as promessas feitas ao comerciante. Isto é, se você prometeu um determinado tipo de propaganda e de merchandising, cumpra. Lembre-se de que no ano que vem haverá outro verão e que nosso vendedor estará visitando os mesmos comerciantes.

Finalmente, como a distribuição é a chave do sucesso (é claro que seu produto tem qualidade técnica, boa embalagem, etc.), dê um bom treinamento aos vendedores e representantes. Não basta municiá-los com material. É preciso que eles sejam os primeiros a "comprar" o produto, as bases de preço, entendam os argumentos e saibam que essa antecipação de vendas é parte de um planejamento e de uma estratégia de sucesso, para bloquear não apenas os raios solares, mas, principalmente, os concorrentes.

Voltando ao início: quase todos os produtos de consumo de massa são sazonais. Uns mais - como o seu bronzeador - outros menos - como o seu sabonete. Sazonalidade é irreversível, portanto ... relaxe e aproveite.

Sergio J. Cides é Administrador de Empresas formado pela PUC-SP, Consultor de Empresas e Autor do Livro "Introdução ao Marketing para Micro e Pequenas Empresas".

Atualidades Técnicas por Prof. Dr. Pedro Alves da Rocha filho

Bronzeadores

Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto SP, Brasil

A melanina contida em formulações de bronzeadores oferece maior proteção contra a peroxidação de lipídeos, devido à radiação UV, comparando-a com filtros solares convencionais contidos em formulações ou em produto comercial contendo filtros solares UVA.

Na formulação de bronzeadores contendo filtros solares UVA para a proteção dos cabelos e da pele, poderá ser indicado a presença de agente quelante (inibidor de ferro).

Metil estearato de glicose 3,00%
Ácido esteárico 0,70
Vaselina líquida 5,00
Isoestearato de isoestearila 5,00
Ciclometicone 5,00
Glicerina 2,00
Hexileno glicol 4,00
Agente quelante (ácido
amino-trimetil-enofosfônico) 2,00
Ácido tereftalilideno
dicanfossulfônico 2,50
Trietanolamina 0,50
Água destilada qsp 100,00

Testes preliminares destinados a determinar a proteção de filtros solares contra radiação UV crônica na pele de ratos sem pêlo, foram realizados empregando diferentes fontes de emissão de radiação UVB ou UVA. Pelo fato do homem estar exposto ao amplo espectro da radiação solar, foram testados três diferentes filtros solares indicados contra radiação crônica solar, apresentando o espectro de absorção aumentando na faixa de radiação UVA. Três grupos de ratos foram expostos à radiação solar crônica recebendo doses de 10 a 16 vezes superior à dose mínima de fotoenvelhecimento, num período de 18 e 30 semanas. Os filtros solares testados foram metoxicinamato de octila (FPS 7), oxibenzona (FPS 16), avobenzona (FPS 18). Nestas condições foi possível avaliar os efeitos da associação de UVA e UVB. Apesar de não ter sido observado eritema, houve danos consideráveis na matriz dérmica com o grupo que recebeu a aplicação do FPS 7. Com a aplicação do FPS 16, os mesmos danos foram observados porém em menor intensidade, sendo que o FPS 18, com o maior espectro de absorção houve maior proteção. Os resultados evidenciam a necessidade de aplicação destes filtros solares para a proteção de danos causados pela exposição crônica a luz solar.

A exposição da pele ao sol por longos perfídos de tempo induz a diferentes graus de eritema e câncer da pele não protegida. Filtros solares sintéticos podem provocar alguns efeitos colaterais
como reações alérgicas e inflamatórias, o que pode ser resolvido com a utilização de produtos naturais. Os valores de proteção solar de várias espécies de Hypericum foram determinados pelo método de Kumler.

Produtos cosméticos contendo partículas finas de óxidos de Ti, Fe e Si (conteúdo em ferro: 0,05-10,0% como Fe2, conteúdo em Si: 1-20,0% como Si02) e/ou partículas finas revestidas com misturas de óxidos são destinados a proteção da pele contra radiação UV. 0 creme contendo 8,0% de mistura de partículas de óxidos (Ti02:Fe2:Si02 ou 85,4:0,6: 14,0) com tamanho médio igual a 0,5 mm demonstra absorbância a 320-400 nm. 0 produto não causa irritação à pele.

A interação entre dois tipos de mica - derivado sódico (Na-TSM) ou a mica branca natural - muscovita com o etil-éster do ácido 4-aminobenzóico (EAB), foi avaliada em relação à absorção UV. 0 espaçamento da inter camada (d) do Na-TSM obtido por análise de difração de raios X, aumenta de 1,2 para 1,8 após o aquecimento da mistura de EAB e Na-TSM. Descobriu-se que esta intercalação pode ser feita através do calor e sem uso de solventes. 0 produto resultante demonstra absorção acentuada na região UV (250-350 nm). Com a muscovita não obteve-se resultado semelhante.

Produtos cosméticos que promovem alta proteção aos raios ultravioleta, contém 5,0% de micropartículas de óxido de zinco tratadas com dimetil-polissiloxano [diâmetro médio 1,6 µ] e 5,0% de micropartículas de titânio tratadas com dimetil-polissiloxano [diâmetro médio 1,2 µ] na proporção de 20:80, associadas à outros componentes da formulação. As formulações de cremes e loções apresentam boa estabilidade frente a estocagem.

Formulações estáveis mesmo em temperaturas >50°C e apresentando alta compatibilidade com a pele, contendo filtros solares, emulsificantes e uma fase oleosa compreendendo (a) mistura de di/triglicerídeo de óleos vegetais refinados e saturados obtida por transesterificação com glicerina e metil estéres de ácidos graxos C6-10,(b) alcoóis Guerbet compreendendo ácidos graxos de C6-12 ou seus ésteres com ácidos graxos de C6-22. Os emulsificantes indicados são alquil e/ou alquenil oligoglicosídeos. Uma emulsão O/A poderá conter:

Mistura de cetearil
glicosídeo/álcool
cetearílico (50:50) 4,0
Mistura de di/triglicerídeo 10,0
Benzofenona-3 2,0
Metoxicinamato de octila 7,5
Glicerina 5,0
Agua destilada qsp 100,0%

A combinação de filtros solares com repelentes de insetos que não contém filtros solares químicos pode ser empregada na formulação de produtos destinados a aplicação tópica na forma de loção ou creme. A composição contém substâncias inorgânicas micronizadas e DEET, sendo compatível com a presença de filtros solares inorgânicos.

A amostra de produtos obtidos da interação de metil cinamato/montimorilonita, preparada pela adição do primeiro sobre o segundo, foi estudada por difrção com raio-X, análise térmica diferencial, análise termogravimétrica e espectroscopia infra vermelho (Fourier). A formação de uma intercamada, conduzindo a um aumento de 4,15 ou 3,42 A no espaçamento basal da argila. A formação de tal complexo provoca o deslocamento da água dos espaços intercelulares, como constatado pelas análises térmicas. Nenhuma mudança foi observada na molécula de metil cinamato, o que foi demonstrado pela espectroscopia de IV. Esta interação melhora as propriedades da argila e do filtro, principalmente na absorção de radiação ultravioleta da regiao C (290-190 nm).

A dispersão de um pigmento inorgânico como por exemplo o óxido de zinco, o dióxido de titânio e o óxido de ferro apresentando tamanho de partículas em torno de 30 mµ é preparada, pulverizando o óxido na presença de líquido constituído por um componente que tenha íons hidrogênio/ oxigênio disponíveis. 0 líquido é selecionado a partir de um ester hidrogenado ou por polímero contendo grupos hidrogênio ou hidroxila. A dispersão estável não apresenta agregação e nem aglomeração de partículas sendo indicada para uso em preparações tópicas (produtos para higiene
pessoal, produtos terapêuticos ou para o cuidado dos cabelos), revestimentos e na indústria de plásticos. Efeitos de elevada proteção contra radiação UV, são detectados em produtos cosméticos (maquilagem, óleos e cremes protetores solares e batons) contendo:

(A) micropartículas de titânio – tamanho médio entre 0,01-0,10 mm e 0,003-0,03 mm de espessura, (B) micropartículas esféricas de titânio - tamanho médio 0,01-0,02 mm, (C) micropartículas esirais de titânio com tamanho entre 0,005-0,02 mm e espessura de 0,01-0,10.

A formulação seguinte apresentando boa estabilidade e compatibilidade com a pele, é indicada para produtos cosméticos e farmacêuticos:

Lecitina hidrogenada 6,00
Esqualeno 15,00
Ésteres do acido
p-hidroxibenzóico 0,20
3-Metil-1,2-butanediol
emulsificado com TiO2
(sol. aquosa 10,0%) 10,00
Água destilada 58,00%

A formulação de pó facial apresentando elevados efeitos de proteção a radiação, poderá conter:

Talco 10,00
Sericita 53,00
Material argiloso 20,0
Oxido vermelho de ferro 0,70
Oxido amarelo de ferro 3,00
Oxido preto de ferro 0,30
Esqualeno 13,0%

Bibliografia

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2. Simon P, Gagnebien D (LOreal). Skin and hair sunscreens containing na iron chelator. Patente canadense nº 2181731, 20 janeiro 1995.
3. Kligman LH, Agin PP, Sayre RM. Broad - spectrum sunscreens with UVA I and UVA II absorbers provide increased protection against solar - simulating radiation - induced dermal damage in hairless mice. J Soc Cosmet Chem
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5. Myazaki T, Tanaka H, Nakao. A. UV –shielding cosmetics containing powdered mixed oxides. Patente Japonesa nº 930933,19 de julho de 1995.
6. Watanabe Y, Murata Y, Kimura C, Tai Y, Koisumi K, KanzakiY, Matsumoto M.lntercalation compound of ultraviolet absorber (4-aminobenzoic acid ethyl ester) and mica (inorganic layered compound). Nipponkoshohin Kagakkaishi, 21(1):12-17,1997.
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8. Kawa R, Rolf. AA. Stable emulsion for sunscreen
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10. Del Hoyo CM, Rives V, Vicente MA. Application of methyl cinnamate/montmorillonite as ultraviolet radiation shelters. Drug Devlnd Pharm 22(11):1089-1095,1996.
11. Ellis DG, Bos MA. UV - absorbing compositions based on stable dispersions of inorganic oxides. Patente Alemã nº 29717 406,28 de maio de 1996.
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13. Kira K. O/w emulsions containing lecithins and titania fine particles for cosmetics and pharmaceuticals. Patente Japonesa nº 09164327, 15 de dezembro de 1995.
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Prof Dr.Pedro Alves da Rocha Filho é farmacêutico bioquímico industrial, professor de Tecnologia em Cosméticos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP






Temas Dermatológicos por Dra. Denise Steiner

Rosácea

Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí SP, Brasil

Durante muito tempo a rosácea foi considerada uma variante da acne sendo chamada de acne rosácea. Atualmente, o conhecimento mais objetivo da etiopatogênia desta alteração separa totalmente estas duas entidades.

A rosácea é conceituada como um quadro crônico com eritema persistente, pápulas e pústulas comprometendo basicamente mulheres brancas na terceira ou quarta décadas de vida. A fisiopatologia desta dermatose ainda não está esclarecida, porém trata-se de uma alteração vascular e não relacionada ao folículo pilo-sebáceo como a acne.

As pessoas com rosácea tem tendência ao flushing ou blushing que é a ruborização repentina da pele desencadeada por fatores predisponentes (radiação ultravioleta, álcool, alimentos apimentados, estresse, irritantes tópicos, calor e frio).

O quadro inicial da rosácea caracteriza-se por episódios de avermelhamento piorados ou desencadeados por vários fatores já relacionados.

Com o passar do tempo, o eritema torna-se mais persistente surgindo as pápulas e pústulas principalmente na região central da face. Em seguida ocorre um edema persistente e evoluem para infiltração e hiperplasia caracterizada pelos fimas (hiperplasia) que podem localizar-se em qualquer área como nariz, olhos e boca.

O aparecimento desta dermatose relaciona-se a vasodilatação, prejuízo da drenagem linfática, alteração inflamatória crônica, destruição das fibras e hiperplasia com formação dos fimas.

Alguns agentes como o Demodex foliculorum foram implicados na etiopatogenia da rosácea porém ainda sem comprovação. Este fato pode caracterizar-se como alteração secundária
e não causal.

Existem variantes da rosácea, sendo a mais importante a rosácea oftalmológica cuja prevalência é cerca de 40%. As alterações neste caso podem ocorrer somente nos olhos causando a conjuntivite, blefarite, queratite, entre outros. Frequentemente as lesões oculares precedem durante anos a rosácea da face. A alteração mais frequente é o avermelhamento e infiltração da região inferior dos olhos. Dor e fotofobia podem estar presente.

Todos os pacientes com rosácea de face devem fazer exame oftalmológico de retina para surpreender lesõe vasculares.

Outras variantes também ocorrem como rosácea com edema persistente, rosácea por microorganismos gram-negativos, rosácea fulminante e rosácea agravada por corticóides.

Os fimas também são freqüentes ocorrendo principalmente no nariz, havendo casos desfigurantes.

O diagnóstico diferencial pode ser feito com a acne, dermatite seborréica, dermatite peri-oral, fotodermatites e lúpus eritematoso sistêmico.

O exame histopatológico não é específico, havendo infiltrado inflamatório linfocitário ao redor dos vasos. Ocasionalmente pode haver formação de granulomas epitelióides sem necrose.

O tratamento ainda é relativamente empírico iniciando com bom aconselhamento para evitar fatores desencadeantes, e também enfatizando o usa do filtro solar.

O tratamento depende do grau clínico de cada caso. Nas fases iniciais podem ser utilizadas somente substâncias tópicas. A medicação de escolha para uso local é o metronidazol 1-2%, seguido pelo uso de antibióticos tópicos
como: eritromicina (2-4%), clindamicina (1-2%). São relatados também o uso de sulfacetamida sódica, cetoconazol 2%, entre outros.

Em casos mais avançados utilizam-se antibióticos como: tetraciclina, minociclina, doxiclina, sulfatomatoxazol + trimetropin e diaminodifenil sulfona.

A tetraciclina é o antibiótico mais utilizado na dose de 500 mg, duas vezes ao dia, durante 45 dias.

O tiabendazol também é utilizado na dose de 250 mg, duas vezes ao dia, por período de 30 dias.

Esquemas terapêuticos como a isotretinoína em doses baixas de 5-10 mg por dia têm sido úteis.

O corticóide deve ser evitado, tanto tópico quanto sistemicamente. A única indicação para este medicamento é a rosácea fulminante que é muito grave e extensa.

A rosácea é crônica de causa ainda desconhecida sendo portanto importante o bom entendimento do paciente desta condição e sua aderência aos cuidados preventivos evitando situações de piora.

Dra. Denise Steiner é dermatologista, doutorada pela Unicamp, professora do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí e diretora da Clínica Stockli, em São Paulo SP.

Boas Práticas por Tereza Rebello

Segurança e Eficácia

Consultora Técnica, Florianópolis SC, Brasil

Embora tenhamos, em outra oportunidade, conceituado BPF, nao é demais repetir tal conceituação como sendo "um conjunto de ações, cujo objetivo maior é a qualidade do produto e, portanto, a satisfação do consumidor. Aliás esta relação pode ser equacionada da seguinte forma:
QP = Serviço Prestado/Expectativa do Consumidor

Sendo o denominador uma função do tempo, isto é, com o avanço de tecnologias, o consumidor, cada vez mais, aumenta suas expectativas com relação aos atributos dos produtos e então, é necessário o melhoramento contínuo do serviço prestado. Como "serviço prestado," entendemos todas as etapas que conduzem a introdução de um produto no mercado. Isto significa que vai desde o seu desenvolvimento, passando pela fabricação propriamente dita, e culminando com sua distribuição e atendimento ao consumidor. E é importante dizer que todas essas etapas dizem respeito as BPFs. Por que? Simbolicamente podemos traduzir a Qualidade de Produto (QP) como um triângulo, cuja base está representada pelo sistema que conduz a Qualidade e que são os controles preventivos, ou seja, aqueles que irão reduzir ou mesmo eliminar os potenciais de erro. Assim, se tivermos a base solidamente estruturada, os lados desse triângulo, representando os processos operacionais, convergem para o ápice (vértice), ou seja, para os controles de avaliação final, resultando em um produto dentro dos requisitos, confirmando assim sua qualidade.

Fazendo parte dos controles preventivos temos: testes de estabilidade, compatibilidade, desafio a contaminação microbiana, segurança e eficácia (estes testes devem ser executados durante a etapa de desenvolvimento do produto); treinamento e integração do pessoal dentro das BPFs; adequação das várias áreas e instalações de produção, controle do ar ambiente relativo a partículas totais e principalmente à partículas viáveis; controle físico-químico e microbiológico da água e outras matérias-primas etc.

Nesta oportunidade queremos abordar os controles que devem ser executados durante o desenvolvimento:

-Testes de Estabilidade. Objetivam comprovar a ausência de alterações de um produto quando é submetido a variações de temperatura e à luz solar. Esta avaliação é muito importante em produtos como protetores solares e bronzeadores devido a frequente exposição a temperaturas elevadas.
- Teste de Compatibilidade. Objetivam comprovar a ausência de interação entre os ingredientes da formulação e a embalagem. Em formulações ricas em óleos (por exemplo bronzeadores), dependendo do material da embalagem, pode-se verificar migração desses óleos através das paredes da embalagem, tornando-a pegajosa.

- Testes de segurança. Consideramos como testes de segurança aqueles que irão garantir ao consumidor, dentro de margem ampla, que o produto em uso não apresentará efeitos indesejáveis. Protetores solares e bronzeadores que, em geral são aplicados em grande extensão da superfície do corpo, e aí permanecem por longas horas e, ainda mais, exposto a temperaturas elevadas e a radiação solar, requerem tipo diferente de avaliação da segurança de seu uso.

Assim, são vários os testes cujos resultados o fabricante de matérias-primas deverá fornecer: toxicidade aguda, absorção através da pele, irritação primária da pele, irritação das mucosas, irritação ocular, mutagenicidade, fototoxicidade/fotoirritação.

- Testes de Eficácia. Enquanto os testes que garantem a segurança do produto são considerados como requisitos mínimos para o consumidor e, portanto, não servem de apelo ou diferencial mercadológico, os testes de eficácia são aqueles onde os fabricantes de produtos cosméticos podem melhor alardear tecnologias específicas e a criatividade de seus pesquisadores.

Testes que comprovam que o produto provê hidratação "profunda", e antienvelhecimento, anticelulite etc, podem ser realizados com o auxílio de equipamentos diversos desde os mais simples até os mais sofisticados. Assim, na equação mostrada acima, e a compravação da eficácia dos produtos que trarão maior peso no serviço prestado e, portanto, acompanhando o aumento da expectativa do consumidor.

Tereza Rebello é farmacêutica bioquímica e consultora técnica na área de garantia de qualidade e assessora da Methodus Eventos e Consultoria, Florianópolis SC.

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