Biociência Cosmetológica

Edicao Atual - Biociência Cosmetológica

Editorial

A humanidade viveu momentos de intensa inquieração com a notícia da clonagem de uma ovelha batizada prosaicamente de Dolly.

O sucesso da experiência não foi um acaso, mas estava fadado a acontecer cedo ou tarde, como decorrência dos caminhos que a biotecnologia vem trilhando.

O grande objetivo do experimento, que atinge em cheio delicadíssimos aspectos éticos, é bem prático, com imensas aplicações na indústria farmacêutica, na fertilização humana e na saúde. Basta citar sua utilização nos bancos de sangue e de células, na correção de defeitos genéticos, na produção de substâncias de uso médico, farmacológico e até cosmético.

Após o grande estardalhaço, a notícia envelheceu, mas suas implicações ainda estão aí. Será possível clonar um ser humano? A resposta é afirmativa. É concebível uma experiência deste tipo? O próprio cientista britânico Ian Wilmut, um dos autores da pesquisa, é veementemente contra essa possibilidade, mas a porta já está irremediavelmente aberta. Que vença o bom senso!

E por falar em biotecnologia, esta edição de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português) mostra os avanços desta área na cosmetologia. Outro destaque é a matéria sobre o 2° Worksshop Qualidade e Produtividade sobre Propriedade industrial.

Boa leitura!

Penetração Cutânea - Farm. Gislaine Ricci Leonardi e Dra. Patrícia M. B. G. Maia Campos

Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto - USP, Ribeirão Preto SP, Brasil.

As autoras descrevem a constituição e o funcionamento da pele. O estrato córneo é o grande responsável pelo controle da penetração de um ativo veiculado e este veículo tem grande importância, pois pode alterar a resistência da pele. Outros fatores como dose aplicada concentração, área de superfície da pele e o tempo de contato determinam, também, a penetração cutânea. Embora os rótulos de produtos cosméticos defendam que os seus ingredientes penetrem profundamente na pele, os dados existentes sobre a penetração cutânea referem-se principalmente à drogas farmacêuticas.

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Formação de Bolhas em Células: Estudo dos Mecanismos de Danos por UV - Paolo U. Giacomoni

Laboratoires de L'Oreal-Lancôme, Chevilly-Laure, França.

Atraves de ações químicas ou físicas pode ocorrer a formação de protuberâncias na superfície de uma célula chamadas de bolhas. As bolhas podem conter a mitocôndria, os lisossomas e até fragmentos do núcleo e antecedem à morte da célula. Com a morte da célula entram em ação
os macrófagos que liberarão peróxido de hidrogêncio, de óxido nítrico ou de outras substâncias de oxigênio reativo, acelerando o processo de envelhecimento. Este mecanismo serve de instrumento para o estudo da ação de substâncias tóxicas e de substâncias que reverterão o quadro de ataque, servindo como antídoto. Como exemplo é mencionado o ataque de células por menadiona e p-benzoquinona, onde o agente redutor ditiotreitol (DTT) induziu o retorno ao estado inicial no primeiro caso e não teve ação nas células atacadas por p-benzoquinona. Células humanas epiteliais expostas a UVA e UVE mostraram padrão de bolhas diferentes,
causando danos também diferentes que justificam o aumento da proteção contra UVA em cosméticos. Fotos de microscopia de varredura eletrônica ilustram o artigo.

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Efeitos Biológicos da Limpeza Cutânea - L. Rodrigues , M. Melo, I. Jaco, R. Silva, P. Pinto, N. Catorze, L. M. Pereira

Lab. de Biologia Cutânea - UTF (Unidade de Ciência e Tecnologia Farmacêutica), Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.

Atraves de ações químicas ou físicas pode ocorrer a formação de protuberâncias na superfície de uma célula chamadas de bolhas. As bolhas podem conter a mitocôndria, os lisossomas e até fragmentos do núcleo e antecedem à morte da célula. Com a morte da célula entram em ação
os macrófagos que liberarão peróxido de hidrogêncio, de óxido nítrico ou de outras substâncias de oxigênio reativo, acelerando o processo de envelhecimento. Este mecanismo serve de instrumento para o estudo da ação de substâncias tóxicas e de substâncias que reverterão o quadro de ataque, servindo como antídoto. Como exemplo é mencionado o ataque de células por menadiona e p-benzoquinona, onde o agente redutor ditiotreitol (DTT) induziu o retorno ao estado inicial no primeiro caso e não teve ação nas células atacadas por p-benzoquinona. Células humanas epiteliais expostas a UVA e UVE mostraram padrão de bolhas diferentes,
causando danos também diferentes que justificam o aumento da proteção contra UVA em cosméticos. Fotos de microscopia de varredura eletrônica ilustram o artigo.

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Mecanismos de Regulagem e Função Estrutural da Pele - Adam B. Glick, PhD, Stuart H Yuspa, MD

Laboratory of Cellular Carcinogenesis and Tumor Promotion, National Cancer Institute, Bethesada MD, Estados Unidos.

O artigo aborda modernas técnicas para o estudo da biologia da pele. Recentes avanços obtidos nos meios de cultura celular e na biologia molecular identificaram importantes componentes estruturais na epiderme e diversas moléculas que regulam o crescimento e a diferenciação das células na epiderme. A forma com que se processa o equilíbrio estrutural na pele, assim como a maneira com que se processa a regulação da diferenciação epidérmica são apresenlados. São também descritos as fatores de crescimento de polipeptídeos que controlam a proliferação celular e que são produzidos na epiderme e na derme.

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Efeitos dos Emulsificantes sobre a Pele - Bernad Idson

College of Pharmacy, University of Texas, Austin TX, Estados Unidos.

O artigo faz avaliação das propriedades dos tensoativos com relação ao aumento da penetração na pele, ao dano causado à camada de barreira da pele e ao seu potencial de irritação. São analisados os seguintes tensoativos aniônicos: alquil-carboxilatos (sabões), alquil sulfatos, alquil-sulfatos etoxilados, ésteres sulfossuccinatos, isotionatos, sarcosinalos, sulfoacetato lauril sódio, condensados de polipeptídeo de ácido graxo, alquil-aril-sulfonatos lineares (AASL), tensoativos sulfonatados de a-oleifina e estéres de fosfato orgânico. Os tensoativos catiônicos, anfóteros e não iônicos também são avaliados isoladamente. Os tensoativos em solução atuam sobre a pele como eficazes sistemas solventes devido as suas propriedades emulsificantes ou podem extrair lipídeos da superfície e do apêndice alterando a função de barreira da epiderme.

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A vez da Qualidade por Friedrich Reuss e Maria Aparecida Cunha

Consultorias para Desburocratizar a ISO

BR Assessoria em Qualidade, São Paulo SP, Brasil.

Consultorias para Desburocratizar a ISO
por Friedrich Reuss e Maria Aparecida Cunha
BR Assessoria em Qualidade, São Paulo SP,Brasil

No nosso artigo intitulado "Por que Complicar?" [Cosmetics & Toiletries (Edição em Português) 8 (6): 18-20 1996] abordamos o tema da desburocratização excessiva da ISO que tem ocorrido em muitas empresas, a ponto de colocar em risco a sua funcionalidade, que é a finalidade principal.

O sistema de Gestão da Qualidade previsto na Norma ISO 9000 é desenhado para se adaptar a todos os requisitos dos modernos sistemas de gestão empresarial, permitindo rígido controle de todos os parâmetros importantes para o bom andamento da empresa, conferindo-lhe no entanto toda a flexibilidade necessária para que ela enfrente a crescente mutabilidade de mercado.

A ISO é feita para atender também a este requisito de rapidez e flexibilidade.

A forma como é desenhada dentro da empresa vai determinar seu grau de desburocratização.

O princípio é muito simples, pois para implantar a ISO 9000 deve-se escrever o que se faz, corrigindo eventuais incongruências, e a partir daí fazer o que se escreveu.

Porém não é bem assim que as coisas acontecem. Sempre aparece alguém para complicar a situação, seja o consultor externo ou seja um próprio elemento de dentro da empresa que acha que só as coisas complicadas funcionam bem.

O jornal "A Folha de S.Paulo", do início de junho deste ano, publicou um longo artigo comentando a existência de consultorias especializadas em desburocratizar a ISO 9000.

É muito interessante ler o artigo, pois cita diversas empresas, de renome internacional e com longa tradição em qualidade, que, depois de alguns anos de convivência com um sistema inflexível e burocratizante, decidiram tomar a iniciativa da simplificação.

Nesta época de grandes e rápidas modificações nos ambientes de negócios, épocas em que passamos a gerir os negócios através de grupos de trabalho interdisciplinares para sermos mais ágeis, não há mais lugar para a burocracia; é chegada a hora da ad-hocracia. É necessário agir na hora, porém na forma acertada (acertar da primeira vez), não há mais tempo nem folga nos custos para consertarmos os erros.

A simplificação, no entanto, exige que se seja profundo conhecedor do processo que está sendo estudado ou implantado. Ou a empresa-cliente, ou o consultor, devem dar o passo no sentido de forçar a situação para evitar que o processo a ser implantado se torne burocratizante. A tendência geral é que se vá em direção aos excessos em cuidados, nas descrições mais completas, nas frases mais bem colocadas, nos termos mais sofisticados, esquecendo muitas vezes as formas claras e diretas dos apelidos e termos utilizados pelo pessoal da operação (o melhor conhecedor de suas responsabilidades e tarefas), para utilizar terminologias que são absolutamente estranhas.

Para a implantação de um sistema de Gestão da Qualidade devemos usar da mesma sensibilidade e bom senso que foi utilizado na redação da Norma ISSO 9000. É um texto abrangente e suficientemente detalhado para ser aplicado onde é aplicável, exigindo algumas poucas formas diretas de ações.

Não há dúvidas de que não é fácil implantar uma sistemática de ISO 9000 detalhada e que também seja aceita pelos auditores. Como eles nem sempre tem a necessária vivência nas áreas que auditam, nem sempre dispõem da capacidade de entendimento correto de um sistema mais simplificado, dependendo, porém, da habilidade do auditado em demonstrar que o entendimento pelos seus pares na empresa é completo e que as coisas são efetivamente realizadas de forma controlada e como previsto no sistema.

Um fator crucial está na escolha da empresa de consultoria, como também na qualidade do consultor designado para atender aquela conta específica. Pois numa mesma consultoria sempre há diferenças de atuação entre consultores, devido à própria heterogeneidade da equipe.

O grande mérito do consultor deve ser a capacidade de entender a forma de funcionamento da empresa. Para tal é necessária elevada perspicácia e capacidade de observação, além de flexibilidade de raciocínio e de adaptação. São características não tão comuns, principalmente naqueles profissionais que ainda provém de uma era da especialização.

Quanto menos houver estas características em quem está comandando o processo de implantação, mais burocratizante e mais controlador será o sistema implantado.

Acabamos de mencionar o termo controlador. De fato, havendo par parte da direção da empresa certa necessidade de agir como "controlador ou centralizador" em que não se permite a necessária delegação de ações e poderes, seguramente o sistema implantado estará refletindo esta característica e se tornará burocrático.

Não vai ser uma consultoria de desburocratização que vai conseguir simplificar efetivamente o sistema, se não houver modificação drástica no causador básico da burocracia.

A questão importante do sistema de gestão da Qualidade, por ISO 9000 ou Qualidade Total, é que ele seja coerente com o direcionamento institucional da organização, que abranja todos os aspectos da organização, que esteja alinhado com suas crenças e valores, que esteja atendendo e antecipando-se às necessidades de todos os seus clientes, internos ou externos. 0 sistema como um todo é a soma das filosofias, crenças, valores, informações, instituições e visões existentes na organização. Todos aqueles conhecimentos adquiridos em anos de vivência prática, treinamento on the job, fazem parte do sistema de gestão, mesmo não estando descritos em detalhes nos documentos. Porém são parte do patrimônio cultural e importante diferencial competitivo da organização.

Referências:

Friedrich Reuss é bacharel licenciado em química e especialista em gestão da qualidade. É titular da BR Assessoria em Qualidade.

Maria Aparecida V. da Cunha é psicóloga, especialista em gestão de pessoas,

Correspondencia para os autores: a/c redação de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português) Rua Alvaro de Menezes 74, 04007-020 Sao Paulo SP, Brasil

Carlos Alberto Trevisan
Mercosul por Carlos Alberto Trevisan

A Oportunidade da Mudança

Consultor Independente, São Paulo, SP, Brasil.

Em um dos nossos primeiros artigos abordamos o fato de que o Mercosul poderia ser como uma ferramenta para atualização da nossa legislação sanitária, pois os critérios adotados que servem de base às resoluções foram a legislação da então denominada Comunidade Européia e a do FDA americano. E, com o passar do tempo, ficou muito claro o acerto da decisão de adotar essas legislações como base.

Recentemente, em razão de, nas reuniões do Mercosul, estarem sendo abordados temas mais específicos relativos a alteração das legislações sanitárias naquilo que se refere ao registro e classificaçao de produtos, começaram a surgir entraves que acarretam dificuldades na obtenção do tao almejado consenso.

Em muitas das ocasiões quando surgiram divergências, estas foram devidamente esclarecidas, sem que houvesse confronto com a legislação sanitária vigente em qualquer um dos países membros do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai). Entretanto, durante as últimas reuniões ocorreram divergências quanto à classificação de produtos que poderão, caso não devidamente resolvidas, provocar interrupção no andamento dos trabalhos e, consequentemente,
atraso irrecuperável para a obtenção da covalidação de registro nos países do Mercosul. A questão principal reside em qual critério deverá se basear a classificação de produtos.

Do ponto de vista de segurança de uso, o produto cosmético é pela sua própria definição, totalmente seguro. A maior prova de segurança de uso é a inexistência de registro de acidentes toxicológicos.

A classificação dos produtos deveria ser baseada na área de aplicação, forma de uso e cuidados de conservação, pois, assim, a sua caracterização estaria adequada e em concordância com as legislações mais atualizadas.

Outro fator que deveria ser considerado para a classificação dos produtos seria o estabelecimento de parâmetros mínimos de controle e testes a serem realizados para a avaliação da segurança do produto, da eficácia e da qualidade microbiológica, entre outros.

Esses apenas selecionam os produtos quanta aos apelos marcadológico e aos requisitos de elaboração.

O conceito de que o verdadeiro responsável pelo produto é quem fabrica deveria nortear todas e quaisquer atividades da vigilância sanitária referente aos produtos de higiene, cosméticos e perfumes.

A classificação emperra nos critérios que serão adotados para registro dos produtos como também nos textos da rotulagem.

Devemos também considerar que para atingir a tão sonhada covalidação de registro entre os quatro países é necessário que ocorra, de fato, a unificação desses critérios.

A não atualização periódica da legislação sanitária de alguns países membros, é justificada pela pouca importância que, na prática, dada aos produtos cosméticos, de higiene e perfumaria nesses paises. A total prioridade é dada, talvez e com toda a razão, aos medicamentos, ignorando, entretanto, os órgãos oficiais a dinamicidade do mercado de cosméticos e congêneres que cada vez mais apresenta novas formas, novos conceitos etc.

Se ressaltarmos o que foi exposto anteriormente, quanto à necessidade que seja dada a importância que efetivamente esses produtos têm ao melhorar as condições de higiene e, consequentemente, a vida das pessoas, nao mencionando sequer o caráter emocional e psicológico envolvidos, podemos afirmar que dispositivos legais anacrônicos e sem nenhuma fundamentação técnica não devem servir de entrave para que não se atinja a unanimidade quanto a uniformização dos critérios de classificação de produtos.

De modo geral e como consideração final, podemos dizer que, muitas vezes, os motivos de não se obter o consenso estão muito mais relacionados à insegurança dos setores oficiais na tomada de decisões ou em assumir posições que possam vir a ser questionadas por setores que muitas vezes nada tem a acrescentar ao processo mas que, de alguma maneira, servem de trampolim para a projeção de seus representantes, do que por razões puramente de ordem técnica e de segurança do consumidor, o grande e maior interessado na qualidade dos produtos.

Referências:

Carlos Alberto Trevisan é engenheiro químico, consultor independente na área de cosméticos e membro do SGT-3 (Sub Grupo de Trabalho) do Mercosul e membro do Conselho Fiscal da Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC).

Correspondência com o autor: a/c redação de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português),Rua Álvaro de Menezes 74, 04007-020 São Paulo SP, Brasil. Fax (011) 3887-8271.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Alopecias

Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí SP, Brasil.

O termo alopécia é usado para a queda de pêlos, podendo ser cicatricial ou não, localizada ou generalizada e relacionada as mais diversas etiologias.

A alopecia cicatricial é aquela cujo folículo e substituído por uma cicatriz sendo portanto irreversível. Pode ocorrer nas doenças genéticas como aplasia cútis congênita, epidermólise bolhosa, queratose pilar decalvante, após processos infecciosos como a foliculite por bactérias, infecções fúngicas por agentes físicos como a radioterapia e queimadura de qualquer espécie e algumas doenças sistêmicas como lúpus discóide, líquem escleroso e atrófico, necrobiose lipídica pseudo-pelada de Brocq, foliculite e amiloidose.

Alopecia não-cicatricial é aquela onde não há processo de cicatrização. Neste grupo cita-se a alopecia areata que representa a queda de cabelo localizada nao-cicatricial com origem desconhecida. A área em questão torna-se alopecica, lisa brilhante, sem descamação ou prurido. A alopecia areata compromete igualmente ambos os sexos e mais freqüentemente os indivíduos entre a terceira e a quinta décadas. Em alguns casos ela pode tornar-se universal e tem pior prognóstico quando ocorre antes da puberdade ou progride com muita rapidez. As evidências histológicas e clínicas encaminham-se em direção ao processo imunológico de base.

O eflúvio telógeno representa queda de cabelos difusa, do tipo telógeno que, neste caso, ultrapassa os 20% na contagem total quando no tricograma normal nunca representa mais que 15% dos fios. Ele esta relacionado a algumas alterações como febre alta, parto, cirurgias, uso de medicamentos e estresse intenso. A queda de cabelo costuma ocorrer três a quatro meses após estas alterações e em geral é reversível. Esta alopecia difusa também está relacionada a alterações hormonais como hipotireoidismo, hipertireoidismo e hipopituitarismo que sendo corrigidos propiciam a reversibilidade do quadro.

Os estados de desnutrição comokwashiorkor e marasmo propiciam afinamento e queda dos cabelos. Ingestão inadequada de proteínas leva a alopecia menos grave, como ocorre em alguns tipos de regime alimentar. Deficiências de ferro, zinco, má absorção e alimentação parental prolongada, podem levar a alopecia difusa prolongada.

Vitamina A, heparina, psicofármacos, citostáticos, propanolol e outras drogas, podem levar ao eflúvio telógeno e quando suspensos há reversibilidade do quadro.

A sífilis, principalmente na fase secundária, apresenta queda de cabelo em clareira, associado a sua característica sistemica.

A síndrome de imunodeficiência adquirida está associada a rarefação e afinamento dos cabelos e posterior mudança da coloração. 0 mecanismo não está explicado e não há tratamento específico.

Vale a pena lembrar o quadro de tricotilomania, onde o paciente arranca os próprios cabelos consciente ou não, está associado a graves problemas psicológicos necessitando de tratamentos específicos.

Alopecia Androgenética
(Calvicie)

A alopecia androgenética é o nome dado a calvície tanto masculina quanta feminina, significando queda de cabelos onde há predisposição genética com influência marcante dos hormônios masculinos (andrógenos). Ela é a causa mais comum de queda de cabelo em ambos os sexos, afetando um terço dos indivíduos adultos.

A exata etiopatogenia da calvície não está totalmente esclarecida embora esteja caracterizada a influência genética e hormonal.

Em relação a influência hereditária um único estudo realizado em 1916 analisou 22 famílias e concluiu tratar-se de herança autossômica dominante nos homens e recessiva nas mulheres.

É bem conhecida a influência dos hormônios sexuais secundários no crescimento dos pêlos. Na axila e região genital a pilosidade aparece na puberdade com localização específica em cada sexo. A barba é característica sexual masculina e só ocorre com liberação hormonal adequada.

Os hormônios produzidos nesta ocasião são os estrógenos (femininos) e andrógenos (masculinos).

Ambos os sexos produzem os dois tipos de hormônios, embora o homem produza mais andrógenos e a mulher mais estrógenos.

Os andrógenos são os responsáveis pelo aumento e mudança dos pêlos hormônio dependentes.

Outros pêlos, como os das sombrancelhas, cílios e lanugem não são dependentes dos hormônios androgênicos.

Os andrógenos paradoxalmente influenciam o crescimento de alguns pêlos e a diminuição de outros como na calvície. É sabido que indivíduos masculinos e castrados antes da puberdade não desenvolvem características masculinas e tampouco a calvície. Porém, estimulada com testosterona exógena a calvície manifestava-se em indivíduos geneticamente predispostos.

A resposta dos folículos aos andrógenos depende do local do corpo variando dos cílios até o crescimento da barba e diminuição de cabelo. Na barba o pêlo tipo lanugo é gradualmente transformado em pêlo terminal com início na puberdade e encerramento por volta dos 30 anos. No couro cabeludo ocorre o processo contrário pois o pêlo terminal volta a ser lanugo num processo mais lento ou rápido, dependendo da tendência genética individual.

Este processo é chamado de miniaturização do pêlo, ocorrendo por influência hormonal e culminado com a atrofia total do folículo piloso. Os folículos miniaturizados continuam com sua função normal, mantendo os ciclos regularmente até o desaparecimento completo.

O hormônio andrógeno, representado principalmente pela testosterona, penetra nas células da pele e, nestas, é convertido atraves da enzima "5-alfaredutase" em de-hidrotestosterona com potência maior que o hormônio original e que, posteriormente, liga-se ao receptor específico desencadeando sua atuação. Relaciona-se o aumento da atividade desta enzima com a ação da de-hidrotestosterona.

Além disso, a de-hidrotestosterona liga-se com maior eficácia ao receptor para-andrógenos do que a própria testosterona.

A importância relativa da testosterona e de-hidrotestosterona é melhor ilustrada nos homens com deficiência congênita de 5-alfa-redutase. Eles nascem com o pênis não completamente formado e são chamados de pseudo-hermafroditas. Na puberdade a sua musculatura desenvolve-se adequadamente, a voz engrossa e há certo aumento do pênis. No entanto, eles têm pouco aumento dos pêlos andrógenos dependente, não tem calvície e a glândula prostática é pouco desenvolvida. Nunca ocorre hiperplasia benigna prostática ou câncer de próstata.

A testosterona então transforma-se em de-hidrotestosterona pela ação da 5- alfa-redutase somente em alguns tecidos periféricos como a pele e próstata. 0 complexo formado pela de-hidrotestosterona e receptor poderia desencadear a inibição da adenil-ciclase diminuindo a síntese protéica, que é essencial para o crescimento do pêlo.

Interessante lembrar que, no caso da calvície masculina, os níveis normais de testosterona são suficientes para provocar a calvície, não havendo necessidade de níveis altos em homens predispostos geneticamente.

Na mulher a situação é diferente porque a calvície está na dependência dos níveis séricos de andrógenos. Sendo assim 48% das mulheres com alopecia androgenética tem associação com ovário policístico que provoca hiperandrogenismo.
Mulheres predispostas geneticamente só desenvolvem calvície quando a produção androgênica está aumentada ou após a menopausa, quando os níveis de estrógenos diminuem provocando ação relativa maior dos andrógenos.

Finalizando, embora não se explique ainda o mecanismo de ação que provoca a calvície pode-se chegar a algumas conclusões:

- A calvície ocorre em indivíduos predispostos geneticamente, provavelmente por herança poligênica com diferenças entre homens e mulheres.

- Os hormônios androgênicos influenciam o desenvolvimento da calvície pois homens castrados pré-puberdade não desenvolvem calvície a não ser que estimulados por testosterona. A testosterona tem níveis normais nos indivíduos masculinos calvos.

- A idade é crucial no desenvolvimento da alopecia androgenética pois se castrados após os 20 anos os indivíduos predispostos continuam desenvolvendo calvície e a maioria dos homens após 55 anos tem algum grau de calvície.

- Os mecanismos periféricos são importantes, principalmente a transformação da testosterona em de-hidrotestosterona pela "5-alfa-redutase", mais potente, e que liga-se com maior eficiência do que a testosterona. Indivíduos com deficiência congênita de "5- alfa- redutase" não apresentam calvície nem crescimento de pêlos andrógeno
dependentes.

- A calvície feminina ocorrerá mais freqüentemente após a menopausa e antes desta, depende, em geral do nível de andrógenos circulantes.

O diagnóstico da calvície masculina é essencialmente clínico. Os andrógenos estão normais nos indivíduos comprometidos.

A alopecia com colocação sugestiva e progressão natural é suficiente para o diagnóstico. Já no caso das mulheres é necessário a dosagem dos androgênios porque estes podem estar elevados. Neste caso, faz-se avaliação da testosterona livre, total, sulfato de de-hidro-epiandrosterona (SDHEA), hormônio luteinizante (LH), hormônio folículo estimulante (FSH) e prolactina. Quando houver aumento excessivo destes hormônios pode tratar-se de tumor, tanto ovariano quanta supra-renal. Quando houver aumento mediano da testosterona livre ou total pode ocorrer síndrome do ovário policístico ou hiperplasia da adrenal, o aumento isolado do SDHEA é sugestivo de hiperplasia supra-renal e relação entre LH/FSH maior que 3 é sugestiva de síndrome do ovário policístico. O aumento de prolactina pode significar tumor da hipófise.

Referências:

Dra. Denise Steiner é medica especialista em dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, doutorada pela Unicamp, professora chefe do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Jundiai e diretora da Clinica Stockli, em São Paulo SP.

Correspondência para a autora: a/c redação de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português) Rua Alvaro de Menezes 74, 04007-020 Sao Paulo SP, Brasil. Fax(011) 3887-8271.

Atualidades Técnicas por Prof. Dr Pedro Alves da Rocha Filho

Cosmética e Biotecnologia

Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-USP, Ribeirão Preto SP, Brasil

Ácido Hialurônico

O ácido hialurônico usado em produtos cosméticos, farmacêuticos e outros produtos industriais pode ser obtido por processo de digestão a partir de cristas de aves, empregando-se lipase e protease a 58-68°C, seguido do processo de separação de purificação. 0 método proposto na patente japonesa de n° 7241200 de 10 de abril de 1991, de Teresawa K. e Makiko K. recomenda o uso de cristas frescas (1 kg), que é digerida por lípase P e papaina a 60°C, durante 12 horas em água, e o líquido é purificado por filtração. A separação do ácido hialurônico a partir do filtrado emprega cloreto de cetil-pirídineo e cloreto de sódio, seguido de precipitação de fração da solução aquosa com alcool etílico, separação e secagem do precipitado para obter-se 6,1 g do sal sódico de ácido hialurônico.

Yan J, Ziiao M e Jia D(Riyong Huaxue Gongye) 1:7-9, 1994) descrevem a produção do ácido hialurônico pela cultura de Streptococcus mutant -cepa deficiente em hialuronidase. Este microrganismo é cultivado em meio contendo peptona, extrato de levedura e sal, a temperatura de 37°C durante 42 horas para produzir 4,5 g/l de acido hialurônico com peso molecular de l,9xlO-6 e 0,2% em conteudo protéico. 0 ácido hialurônico de alto peso molecular é aconselhado para uso na produção de cosméticos.

Actinomyces viscous fimbriae

No pedido de patente internacional n°529663 de 29 de abril de 1994 pela Procter & Gamble (Charbonneau DL) estão descritos as composições e métodos para inibir ou prevenir o crescimento da placa dental sobre tecidos na cavidade oral. Os produtos de aplicação tópica a esta região contém quantidade segura e eficiente de Actinomyces viscous fimbrae.
A formulação de um creme dental é sugerida:
Sorbitol 42,00%
Sacarina sódica 0,13
Corante azul FD&C (10%) 0,05
Silica precipitada 20,00
NaF 0,24
Aromatizante 0,90
Alquil sulfato de sódio 1,00
Acido fosfórico 0,40
Carbômero 940 0,25
Goma xantana 0,50
Dióxido de titânio 0,50
Actinomyces viscous fimbrae 0,50
Agua qsp 100,00

Agente Antiestatico

Nas patentes japonesas n° 8319474 e 8319475 de 25 de maio de 1995, Ooiso Y (Teikoku Kako) descreve a preparação de de agentes antiestáticos empregados na indústria de plásticos, fibras, revestimentos, embalagens e cosméticos a partir da mistura de ácido d-galacturônico, L-ramnose, eD-glucose. A sucrose é fermentada pela ação do Azobacter beijerinckii ou pelo Agrobacterium radiobacter obtendo-se o polissacarídeo. Este polímero pode ser usado em creme-rinse e spray antiestáticos com excelentes propriedades.

Carboidratos

Carboidratos e seus derivados que irão bem a adesão de microrganismos na superfície da pele são recomendados na patente alemã de n° 19503423 de 3 de fevereiro de 1995 (Buenger J, Wolf Schreiber J - Beiersdorf AG). Uma loção cosmética o/a contendo:
Parafina líquida 5,0%
Miristato de isopropila 5,0
Álcool cetílico 2,0
Cera de abelhas 2,0
Ceteareth-20 2,0
Estearato de glicerila etoxilado 1,5
Glicerina 3,0
Goma xantana 1,0
Preservante, perfume qs
Água qs 100,0

Diminui o número de microrganismos aderidos à pele, mucosas, cavidades corporais, ferimento ou nos olhos e consequentemente a incidência de doenças, como por exemplo dermatofitosis, causadas por estes microrganismos.

Colágeno

Rainer C [Parfuem Kosmet 77(1):32-34,1996] apresenta resultados de pesquisa sobre a ação do agente ASC III (Am( Amplifier of Synthesis of Collagen) na síntese do colágeno III em fibroblastos. Quando o ASC III é introduzido nos queratinócitos, as células produzem citoquinas que estimulam a produção de colágeno III. Estudos in vivo do ASC III mostram aumento na elasticidade da pele em seis voluntárias (idade média 50 anos) após a aplicação de creme contendo 5,0% de ASC III durante 27 dias. Biópsias da pele de voluntários (homens) demonstram aumento na formação do pré-colágeno III e diminuição da espessura da pele.

Crocetin

O crocetin é usado como substância promotora de formação do colágeno e na patente japonesa n° 7285846 de 18 de abril 1994 (Susuki Y, Katagiri T, Matsugami M- Pola Kasei) descreve-se a formulação de cosméticos com atividade condicionante da pele contendo esta matéria-prima. Solução acetônica contendo 0,05% (em peso) foi aplicada no dorso de ratos a razao de 50 ml/dia durante 8 semanas demonstrando a formação de colágeno no local de aplicação.

Cromogranina A

Na patente alemã de n° 19514647 de 20 de outubro de 1995 (Schulz T) sugere a utilização de preparação cosmética destinada a recuperação da calvície contendo uma proteína de origem de células neuroendócrinas/proteína da célula de Merkel, denominada cromogranina A, ou então um produto de seu metabolismo obtido por modificação enzimática.

DNA

A formulação na forma de gel é sugerida na patente japonesa de n° 7258061 de 16 e março de 1994 (Susuki K):
DNA (derivado sódico) 3,0%
DNA (derivado potássico) 3,0
Hialuronato sódico (solução) 4,0
Quitina (extrato) 3,0
Polímerocarboxivinílico 1,0
KOH 0,4
NaOH 0,4
Vitamina B6 0,0008
Benzoato (ester) 0,2
Este produto é recomendado para evitar formação de rugas e da flacidez da pele.

Emulsificantes

Um bioemulsificante denominado Alansan ou E-KA 53 é produzido a partir do Acinetobacter radioresistens cepa KA 53. Segundo Rosemberg E e Ron EZ (patente internacional n° 9620611 de 5 de Janeiro 1995) em sua forma pura tem o peso molecular 100.000-2.000.000 Daltons, a atividade emulsificante aumenta com pré-aquecimento em temperaturas entre 60-90°C e variável em função do valor de pH e da presença de íons magnésio resistentes a ação de alcális, viscosidade dependente da temperatura.

Enzimas

Pó efervescente anidro destinado a limpeza de dentaduras é descrito na patente norte americana n° 5476607 de 1 de dezembro de 1993 (Eoga AB, Moran RG- Warner-Lambert Co). A formulação contém perborato anidro, perborato mono-hidratado, um lubrificante e auxiliar de compressão, um monopersulfato, uma ou mais enzimas proteolíticas, agente sequestrante e excipientes, espessantes, corantes, aromatizantes e tensoativos. 0 pó apresenta formação muito reduzida de hipoclorito, eliminando a possibilidade de inativação alcalina de enzimas proteolíticas. Exemplos de formulação são citados no pedido de patente .

Inibidores da formação de melanina extraídos de culturas de basidiomicetos, como Morchella esculenta, fazem parte da patente japonesa de n° 73160 35 de 31 de março de 1994 (Saegusa T - Usuki Seiyaku). Um exemplo da formulação de uma loção é dada:

Óleo de rícino etoxilado 8,00%
Etanol 15,00
Inibidor da formação
de melanina 12,00
Etilparabeno 0,10
Ácido cítrico 0,10
Citrato de sódio 0,30
1,3-Butileno glicol 4,00
EDTA sódico 0,01
Agua purificada qsp 100,00

As preparações demonstram atividades estimulante celular e umectação da pele.

Produtos cosméticos contendo uma enzima (lipase) e precursores de hidroxi-ácidos (ésteres de C2-25) são reivindicadas na patente francesa n° 2725898 de 24 de abril de 1994 (Maurin E, SeraD, Guth G -LOreal). O precursor e a lipase entram em contato somente no momento de aplicação na pele, portanto as emulsões A e B são mantidas em recipientes separados ate o momento de uso.

Na patente francesa de n° 2719215 (Holtzinger G - Yves Rocher) de 27 de abril de 1994, encontra-se a utilização de composições cosméticas para os cabelos contendo lipase e indicadas contra a fluidificação do material sebáceo. Hidrolisados de proteína de origem vegetal com atividade
inibidora da lipase (0,5-5,0), vitaminas (0,1-2,0), solvente orgânico (10,0-50,0), oleos essenciais (0,1-1,0), solubilizante orgânico (0,2-1,0) e água qsp 100,0%. Uma loção capilar pode conter hidrolisado de proteínas do trigo 2,0; nicotinamida 0,5; piridoxina (HCI) 0,2; álcool etílico 25,0, óleo de eucalipto 0,3; óleo de rícino etoxilado 0,3 e água qsp 100,0%.

Produtos cosméticos destinados a promover o clareamento da pele empregam enzimas obtidas do arroz. Sawaki S, Yamada K, Ashida M, Maruyama K (patente japonesa n° 7304 648 de 9 de maio de 1994 - Kyoei Chemical) empregam tripsina, papaina, peptidase e/ou bromeleina numa base:

Álcool polivinílico 15,0%
Hidróxi-metil-celulose 5,0
Propileno glicol 5,0
Etanol 10,0
Metil parabeno 0,1
Enzimas 10,0
Perfumes e água
destilada qsp 100,0

Esta composição inibe a formação de melanina e a pigmentação induzida por radiação UV.

A Novo Nordish A/S, reivindica, no pedido de patente nº 9531533 de 11 de maio de 1994, o emprego de enzimas fúngicas ou de leveduras com atividade endo -1,3(4)beta-glutanase e o uso das mesmas na degradação do b-glucano. 0 método para produção da enzima é descrito e a enzima é indicada para a degradação de glucano de diferentes origens.

Enzimas denominadas como Krill e extraídas de Euphausia superba apresenta atividade contra a formação de placa dentaria em testes in vitro e in vivo como demonstrado por Hellgren K, Hellgren L, Mohr V, Vincent J (patente internacional n° 9533470 de 7 de junho de 1994). São ainda empregadas para ação profilática em particular para diminuir a adesividade da placa bacteriana.

Enzimas com atividade semelhante a tripsina e quimiotripsina são empregadas como indicadores da atividade de desmossomas na pele. A Shiseido (Koyama J, Sato J, Suzuki Y e Nomura J) na patente japonesa de n° 868791 de 31 de agosto de 1993 aplica metodologia para verificar a atividade destas enzimas sobre a aspereza da pele. A habilidade da glicerina, EPC-K (umectante cosmético), trealose, ácido láctico, trimetil-glicina e EDT A foi avaliada em relação a degradação dos desmossomas (degradação protéica).

A lipase associada à esteres com C2-25 é empregada em produtos cosméticos pela LOreal (De Salvert A, Sera D, Guth G, Fodor P e Mautin E) na patente européia n° 710478 de 24 de outubro de 1994. Formulada em base contendo Hostacerin CG (6,0) vaselina (2,0), óleo mineral (4,0), dimeticone (3,0), ciclometicone (3,0), dimeticone copoliol (1,0), triclosan (0,1) e palmitato de ascorbila (1,0) como fase oleosa e propileno glicol (2,0), PEG-20 (1,0), lipolase 100 L (1,0), fenóxietanol (0,4) e água (qsp 100,0%), o produto é indicado para despigmentação da pele.

Tsujino Y (Fragance J 23(10):70-4, 1995) apresenta uma revisão com 8 referências sobre o desenvolvimento, utilizaçãoo e aplicação prática de produtos corantes para cabelos empregando a uricase. O mesmo autor (Bunseki Kagaku 45( 12): 1107-1110, 1996) sugere uma nova metodologia para determinar a atividade da uricase em produtos corantes capilares. A uricase catalisa a reação: ácido úrico + 02 + 2H2O p alantoina + CO2+H2O.

O método proposto baseia-se na medida da velocidade de consumo de oxigênio. A constante da velocidade (k) é determinada pela análise do 02 versus tempo. Esta reação pode ser explicada pela equação de Michaelis-Menten. Conseqüentemente, k versus a dose de uricase origina uma reta na faixa de 0,045-1,59 unidades ml1. Os valores de k não demonstram influência da adição de p-fenilediamina como precursor da oxidação do corante. O método proposto é aplicado com bons resultados para avaliação da atividade da uricase em produtos corantes de cabelos.

Produtos cosméticos com ação antiobesidade contendo enzimas proteolítico e extratos vegetais são descritos na patente francesa de n° 2729856 de 30 de janeiro de 1995 (Courtin °-Clarins). Como enzima proteolítica é empregada a queratolina e o produto pode conter inibidores da lipogenese como extratos da semente de Garcinia cambodia que são ricos em hidroxicitratos.

A LOreal (Breton L e Lacharriere 0) na patente européia n° 738510 de 20 de abril de 1995 recomenda o uso de inibidores da enzima HMG-CoA como agentes antienvelhecimento. As composições que os contém são indicadas como agentes branqueadores e anti-rugas, a formulação de um gel pode conter: fluvastatina (0,005), hidróxi-propil celulose (l,0), antioxidante (0,05), isopropanol (40,0), preservante (0,3) e água qsp 100,0%.

Extensina

A Provital SA na publicação Cosmet News 18(103):252-3, 1995 (Benaiges A) introduz a extensina, uma proteína vegetal indicada para cosméticos de tratamento, na tentativa de substituição de proteínas animais. É semelhante ao colágeno com conteúdo de prolina semelhante. O tratamento da pele áspera tem demonstrado grande eficácia desta proteína.

Fibroblastos

Fatores de crescimento de fibroblastos podem atuar como inibidores da síntese de melanina. Sai M, Fujiwara K e Ponjo T (patente japonesa n° 7304686 de 21 de novembro de 1994) indicam o uso de fatores de crescimento de caráter ácido ou básico para uso na síntese de melanina. Estes fatores apresentam capacidade de redução in vitro da formação de melanina.

Fosfatidilcolina

Produtos tópicos de ação umectante e contendo membranas lipídicas bimoleculares estão descritos na patente japonesa n° 7285827 de 15 de abril de 1994 (Yamamura Te Noguchi C -Noevir Kk).

Um creme contendo membranas lipídicas bimoleculares (5%) a base de fosfatidilcolina (conteúdo de prolina 10%) demonstra excelente efeito condicionante.

Hidrolisados Protéicos

Material protéico de origem animal é hidrolisado em solução aquosa com NaOH a 60-90°C durante 1-5 horas, o pH ajustado para 7,0-9,5 com H2S04 e a solução peptídica clara e concentrada para 30-70% em massa seca. No processo utilizado por Marczak E e Walisiewicz - Niedbalska (patente polonesa de n° 162208 de 5 de fevereiro de 1990), adiciona-se sulfato de amônio a 5-35% em peso a 90°C, adiciona-se metanol e, após a cristalização, o hidrolisado é isolado, seco e moído.

Tinturas capilares contendo hidrolisados protéicos e aminoácidos com bom efeito corante e sem prejudicar os cabelos são descritas por Yasuda M, Arai Y e Ishikawa H - Shiseido, na patente japonesa de n° 7330559 de 31 de maio de 1994. Cabelos coloridos com uma mistura 1:1 de um corante contendo hidrolisado de queratina (0,01), pirrolidona carboxilato sódica (0,01), p-fenilendiamina (1,0), tioglicolato de amônio (l,0) com conteúdo de 15% de H202 (30%) retém maciez e umidade capilares.

Os mesmos autores, na patente japonesa de n° 7330560, descrevem o emprego de produtos descolorantes capilares contendo hidrolisado de queratina (0,01), pirrolidona carboxilato (0,01)associados a outros componentes de tinturas.

Lipacide

Um interessante ingrediente ativo de origem vegetal (trigo) tem sido indicado para produtos cosméticos devido a sua ação antienvelhecimento cutâneo e para cremes para cuidado de peles sensíveis. Segundo Michel N; Stoltz C (DCI 159(3):36, 1996), Lipacide PVB atua em vários níveis:
- Estimula as células vitais da pele protegendo-as contra várias agressões devido à sua ação protetora.
- Tem efeito reestruturador e reparador sobre as fibras do colágeno.
- Mantém a umectação da pele.

Como apelo de mercado, tem sido indicado como biovetor vegetal, bioprotetor e bioregulador da maciez cutânea.

Melanina

A melanina pode ser decomposta e descolorida pela aplicação de uma espécie de basidiomiceto (patente australiana n° 667338 de 9 de fevereiro de 1993 - Kashino Y, Nishida T e Takahara Y).

Este fungo apresenta potencial de decomposição da melanina que pode ser aplicado a produtos branqueadores da pele e tratamento de cloasma.

Produtos cosméticos branqueadores da pele contendo inibidores da formação de melaninas são sugeridos na patente japonesa de n° 7258022 de 17 de março de 1994 (Iwahara M e Okayama Y - Kansai Kk).

Os produtos empregam na formulação inibidores da tirosinase obtidos de cultura de Morchella (M. Esculata), a formulação de uma loção é sugerida:
Inibidor de formação de tirosina 0,2
Óleo de rícino etoxilado 1,0
Etanol 15,0
1,3-Butileno glicol 4,0
Arbutin 0,2
Agua purificada 79,6 partes

O extrato pode ser incorporado em preparações para o banho e outros produtos.

Os mesmos autores na patente japonesa n° 7258062 de 17 de março de 1997, empregam inibidores da formação de melanina obtido a partir de cultura de P.cornucopiae associados a enzimas e outros componentes à formulação básica. Neste caso a formulação de loção sugerida é:
Inibidor da formação de melanina 10,0
Lisósima (cloreto) 0,1
Óleo de rícino etoxilado 1,0
Etanol 15,0
1,3-Butileno glicol 4,0
Arbutin 0,2
Agua purificada 69,9 partes

A formulação sugerida pode ser empregada de maneira semelhante a anterior.

Pectina

Tanner U e Braun M (Parfuem Kosmet 76(6):364-5, 1995) apresentam uma revisão com seis referencias descrevendo o uso de pectina como agente gelificante de preparações cosméticas como shampoos, emulsões O/A e preparações para a pele.

Superóxido Dismutase (SOD)

Lu Y, Zou J, Zhao J, Wang L, Xu W e Cao R (Riyong Huaxue Gongye 3:8-10, 1995) descrevem a formulação de um produto cosmético contendo superóxido dismutase (SOD) associado ao ácido hialurônico. Para a preparação não há necessidade de aquecimento da SOD que apresenta 80% de sua atividade após a estocagem à temperatura ambiente por um período de 13 meses. Apresenta como propriedades, o seu uso como agente antielhecimento, evita a formação de rugas antipigmentante.

A tecnologia de emulsões e a compatibilidade de células artificiais contendo superóxido dismutase (AC-SOD) em cosméticos foi estudada por Zhao X e Qian H (Riyong Huaxue Gongye 5:6-8, 1995). A atividade de cosméticos contendo AC-SOD diminui a 16,2% após a emulsificação e produtos cosméticos contendo SOD diminuem cerca de 49,0%. O tempo de estocagem seguro para o produto contendo AC-SOD é de 2,4 anos contra três meses para produtos contendo apenas SOD.

Trealose

A trealose é empregada em produtos alimentícios, farmacêuticos e cosmèticos. Segundo Ikegami S, Kubota M, Sugimoto T e Miyake T (patente européia n° 688866 de 25 de junho de 1994 - Kabushiki) a trealose pode ser obtida a partir de enzimas obtidas de culturas de microrganismos como Sulfolobus acido-caldarius e S. solfataricus. A enzima é capaz de hidrolisar a temperaturas acima de 55°C, a ligação entre uma metade de trealose e o grupo glicosílico restante, com caráter não-redutor, contém ainda uma estrutura de trealose.

Referências:

O Prof. Dr. Pedro Alves da Roeha Filho é farmacêutico bioquimico industrial, professor de Tecnologia em Cosmeticos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto - USP, Ribeirão Preto SP.

Correspondência para o autor: a/c redação de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português), Rua Alvaro de Menezes 74, 04007-020 São Paulo SP. Fax (011) 3887-8271

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