Produtos Étnicos

Edicao Atual - Produtos Étnicos

Editorial

Para o fortalecimento do Plano Real, com índices baixos de inflação, entre outras medidas, são fundamentais as facilidades para importar e manter a oferta de produtos; e as altas taxas de juros para inibir o consumo.

Entretanto, são bastante conhecidos os reflexos dessa política, sendo os mais conhecidos a diminuição de atividades, principalmente na indústria, com redução de postos de trabalho e, consequentemente, aumento nas taxas de desemprego.

É a fórmula clássica de estabilização econômica adotada pelo Chile e Argentina, entre outros, que como Brasil, também conviveram com altas taxas de inflação.

Os noticiários dos jornais e da televisão diariamente nos põem a par do custo dessas medidas duras para a população, expressado por manifestações de desempregados, de inadimplentes, de sem-terra, e de série de outros cidadãos excluídos dos benefícios propostos pelo Plano Real.O remédio é amargo. Espera-se que os governantes estejam atentos aos riscos que esses desequilíbrios sociais podem provocar, e nunca esquecendo o ditado: "há que se controlar a dose para não intoxicar o doente."

Esta Cosmetics & Toiletries (Edição em Português) fala de produtos étnicos. Um mercado atraente e competitivo nos Estados Unidos, e bastante promissor no Brasil. Os formuladores estudam a fundo as propriedades e características peculiares da pele de indivíduos das diferentes raças, para poder desenvolver produtos que melhor atendam às necessidades desse segmento especial de consumidores.

Boa leitura!

Cosméticos Étnicos: Aspectos Fisiológicos da Pele - Prof. Dr. Pedro Alves da Rocha Filho

Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-USP, Ribeirão Preto SP, Brasil.

Por muitos anos, mulheres de diferentes tonalidades de pele, como as de cor preta, amarela ou avermelhada, tiveram que utilizar produtos cosméticos criados para a população prevalentemente branca.

Em seguida, surgiram produtos destinados aos consumidores
de raça negra, os quais tinham apenas a cor alterada, com a adição de pigmentos mais de acordo com o tom de pele.

Entretanto, só mais recentemente os formuladores de produtos cosméticos passaram a considerar os aspectos fisiológicos da pele de diversas raças para a formulação desses produtos.

Neste artigo o autor faz ampla análise desses aspectos da fisiologia cutânea que diferencia os consumidores de raça negra e branca.

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Biopolímeros Marinhos em Produtos Étnicos - C. R. Barreto, Daniel W. Barreto e Vanderlina M. de Oliveira

Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento do Grupo Embeleza Rio de Janeiro RJ, Brasil.

Os extratos complexos de algas marinhas contendo biopolímeros polieletrolíticos são agentes eficazes para a proteção da pele contra a irritação causada por produtos utilizados no tratamento de cabelos étnicos.

A substantividade destes ativos é responsável por um número
de vantagens nunca observadas em produtos para modificação de cabelos crespos.

Após trabalhos de pesquisa e testes em voluntários, os autores afirmam que além de tomar as formulações menos agressivas, os extratos complexos de algas marinhas conferem brilho, maciez e balanço, além de uma inigualável aparência natural aos cabelos étnicos modificados e aos cabelos submetidos a ondulação permanente.

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Alisantes para Cabelos: Avaliação da Função, da Química e da Fabricação - Patrick Obukowho e Michael Birman

Croda Inc, Parsippany NJ, Estados Unidos.

Para suprir as necessidades mercadológicas de produtos indicados para cuidados de cabelos étnicos é preciso entender a natureza peculiar do cabelo preto encaracolado, típico dos indivíduos de origem africana. Os alisantes
capilares estão entre os produtos para tratamento de cabelo mais populares entre esses consumidores, pois esticam as ondas acentuadas, permitindo aos usuários variar o estilo de penteado.

Os alisantes são formados por três componentes principais: um agente alcalino, uma fase oleosa e uma fase aquosa. 0 encaminhamento desses três componentes controla a eficiência e a eficácia do produto.

O conceito de que os três componentes do alisante de cabelo
podem servir como três veículos distintos oferece enfoque para a formulação de emulsões alisantes como associadas a seus aspectos de tratamento.

Desta forma, os formuladores concebem alisantes de cabelo
que proporcionam a máxima ação alisante com efeitos condicionadores ótimos, danificando ao mínimo os fios e excluindo a possibilidade de irritação do couro cabeludo.

Este artigo explica a ciência dos cabelos que fundamenta o
funcionamento dos alisantes e a formulação dos produtos que
apresentam este efeito sem prejudicar os fios nem irritar o couro cabeludo.

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Silicones para o Cuidado de Cabelos Étnicos - R. Jackie Gant

Dow Corning, Midland NJ, Estados Unidos.

Embora a tecnologia de produtos para cuidados com os cabelos tenha avançado rapidamente nos últimos anos, a maior parte das pesquisas trata do cabelo caucasiano e não se aplica às características peculiares do cabelo negro.

Alem deste tipo de cabelo apresentar diferenças de textura e umidade, os consumidores negros costumam dar muita atenção a moda, aderindo rapidamente a novas tendências e submetendo seus cabelos a muitos tratamentos. Muitas vezes essas mudanças sucessivas e rápidas de estilo fazem com que o cabelo fique excessivamente seco, frágil ou prejudicado sob outros aspectos – uma combinação de condições que os químicos cosméticos precisam observar ao formular novos produtos.

Os consumidores e os cabeleireiros profissionais tem à sua
escolha amplo leque de produtos para tratar esses problemas, mas continua existindo a necessidade de criação de formulações altamente específicas e quimicamente sofisticadas, fáceis de usar, esteticamente agradáveis e,
principalmente, voltadas para as necessidades dos consumidores negros.

Os silicones podem desempenhar papel ativo na formulação
de produtos para cabelos étnicos, pois possuem baixa toxicidade e são essencialmente não irritantes e não sensibilizadores da pele. Com formulações adequadas, estas propriedades ajudam a resolver alguns dos mais complexos problemas relacionados aos cabelos étnicos.

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Cabelo Afro-Americano Vs. Caucasiano: Propriedades Físicas - ¹Ali N. Syed, ¹Anna Kuhajda, ¹Hassan Ayoub, ¹Kaleem Ahmad e 2Eugene M. Frank

¹Avlon Industries Inc., Chicago IL, Estados Unidos
²Raani Corp., Chicago IL, Estados Unidos.

As inovações científicas nos tratamentos químicos que alteram a textura do cabelo afro-americano, além da enorme quantidade de tendências de penteado, incentivaram extraordinário crescimento, ao longo das três últimas décadas, do segmento de mercado para cuidados com o cabelo. O nível de pesquisa e desenvolvimento dos fabricantes da área de formulação de produtos tem aumentado continuamente; no entanto, ainda resta muito a aprender sobre as propriedades físicas peculiares ao cabelo afro-americano. Se comparado com o vasto conjunto de pesquisas realizadas sobre o cabelo caucasiano, o estudo do cabelo afro-americano é, no mínimo, limitado.

Os resultados desta pesquisa tem relevância particular para químicos e especialistas em desenvolvimento de novos produtos para esse mercado.

Está claro que o cabelo afro-americano difere do caucasiano
sob muitos aspectos importantes, sugerindo que os produtos formulados e comercializados para o cabelo caucasiano podem não atender devidamente às necessidades especiais do consumidor afro-americano. É bem possível que alguns dos produtos e práticas usados atualmente no mercado étnico sejam inadequados e ineficazes, já que o cabelo afro-americano tende a ser relativamente frágil e difícil de pentear, considerando sua alta carga estática e baixo teor de umidade.

Este trabalho, juntamente com outros estudos realizados sobre o assunto, tornam flagrante que há muito mais questões a serem respondidas para se conhecer adequadamente esse tipo de cabelo.

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Formulação de Produtos Étnicos para Maquilagem - Mitchell L. Schlossman

West Orange Nj, Estados Unidos.

As mulheres negras, hispânicas e asiáticas tem necessidades
próprias que refletem na escolha de cores e produtos cosméticos. A população étnica aumentou drasticamente, em especial nos Estados Unidos. Em consequência disso, cresceu tambem a procura por produtos étnicos, bem como o poder aquisitivo desses grupos.

Para suprir essa demanda, os formuladores tem diante de si o desafio de encontrar cosméticos novos e inovadores que possam satisfazer as necessidades específicas desses importantes grupos de consumidores.

Este artigo aborda, de maneira clara e objetiva, as características de cada tipo étnico de pele e suas carências relacionadas aos produtos para maquiagem, com exemplos, sugestõs e advertências de formulações indicadas para a maquiagem de peles de origem negra, hispânica e asiática.

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A vez da Qualidade por Friedrich Reuss e Maria Aparecida Cunha

Os Tipos Trapaceiros

BR Assessoria em Qualidade, São Paulo SP, Brasil.

Numa de minhas andanças por livrarias, ao folhear um destes livretes que reúnem frases, deparei-me com um ditado de cunho extremamente significativo, que dizia mais ou menos o seguinte: "numa empresa moderna não se deveria ter receio do trapaceiro, mas sim daquele funcionário dedicado e honesto que, porém, não sabe identificar as consequencias daquilo que realiza". Trata-se de uma frase de conteúdo muito simples, porém muito acertado, representando uma verdade vivenciada em muitas empresas.

Aquelas de características familiar, nas quais para preservar a honestidade e garantir a confiabilidade, colocam parentes próximos e contratam profissionais indicados por amigos de grande intimidade, incorrem no erro da falta de avaliação profissional destas pessoas. Em nenhum destes casos é dada a devida importância aos aspectos que reúnem competência, habilidade técnica (formação acadêmica e comprovação de experiência anterior), habilidade humana (características pessoais e vocação) e visão estratégica de negócio. Dificilmente é realizado, com ferramentas adequadas, a avaliação de sua capacidade por profissionais especializados e conforme a necessidade específica de cada empresa.

O ocupante do cargo, não dispondo das condições requeridas, poderá apresentar diversos desvios de atuação, quer postergando as decisões importantes até que estas se tornem obsoleta, quer tomando-as com todos os riscos e prejuízos
envolvidos. Se a decisão for de caráter reversível, menos mal. Porém, nem sempre isto acontece e para eximir-se da responsabilidade assumida de maneira incorreta, procurará subterfúgios, desculpas ou então outros responsáveis pelo
seu insucesso.

Existem pessoas com tamanha habilidade em dissimular seus erros (talvez até nem os percebam como tal, assumindo tratar-se de "puro azar") que conseguem manter-se por uma eternidade no mesmo cargo. A empresa só perceberá a
má qualidade de colaborador que possuía, quando substituí-lo por alguém competente. Não é raro que o elemento permaneça na empresa até que esta esteja fora do mercado. Neste momenta é que seus proprietários serão informados das qualidades sofríveis dos seus antigos colaboradores.

Conforme mencionado em nossos artigos anteriores, é das pessoas que uma organização depende: clientes fiéis e colaboradores competentes e comprometidos. Competentes no desempenho, ativos para concretizar as realizações necessárias no momento certo, e competentes na qualidade de reais competidores para o ambiente externo, equipados de todas as qualidades necessárias para atender, com sucesso, aos requisitos do cargo. Na era atual, em virtude da elevada velocidade com que as coisas acontecem, os colaboradores devem, além disso, ser multifuncionais, desenvolvendo como nunca a capacidade de reaprender para perceber com agilidade e precisão e saber agir rapidamente sob novas óticas e novos paradigmas, atendendo
assim, aos desafios do mundo contemporâneo. 0 conhecimento técnico adquirido na escola é um atributo que apresenta cada vez menos importância, em virtude da rápida evolução da tecnologia, enquanto que as outras competências (pessoais, interpessoais e de desempenho) se tornam cada vez mais importantes, principalmente quando os cargos ocupados são de nível mais abrangente e de posição elevada.

Em um de nossos artigos anteriores, já havíamos mencionado, também, o método usado pelo Marechal Montgomery, o militar que denotou o não menos famoso Marechal Rommel na campanha da África na 2ª Guerra Mundial. Para disponibilizar seus soldados Montgomery os dividia em 4 classes:
- "Competentes ativos" que eram mandados ao front por apresentarem performance de competência para identificar, com velocidade e precisão, as medidas a serem tomadas e por coloca-lás em prática no momento mais adequado;
- "Competentes menos ativos" eram direcionados para áreas exigentes de grande capacidade de raciocínio, conhecimento e competência, pois costumavam deixar a ação para outros. Eram utilizados na retaguarda, nas áreas logísticas de reposição, de transporte, áreas de análise e de desenvolvimento alternativo de estratégias e de táticas de guerra, enfim áreas de grande importância; -
- "Incompetentes inativos" eram colocados em cargos burocráticos como limpeza e cozinha, onde a falta de competência para as necessidades da guerra não era essencial e onde os fatos podiam percorrer seu processo normal sem maiores consequências;
- "Incompetentes ativos," no entanto, quando os identificava, imediatamente os despedia, remetendo-os de volta para casa.

Já naquela época, Montgomery reconheceu a importância de identificar os incompetentes ativos com a maior antecedência possivel, a fim de evitar o acúmulo de danos irreparáveis causados por gente honesta que, porém, não conhecia as conseqüencias de suas desastradas decisões.

As empresas necessitam, cada vez mais, de profissionais competentes em seus quadros, capacitados a trabalharem em equipe e a se revezarem no comando, a medida que os projetos tratados passam por assuntos de seu melhor
domínio, como num conjunto de jazz onde, numa seqüência casuística, cada um lidera o conjunto por determinado tempo, sendo acompanhado e respeitado por todos os seus companheiros, na execução da peça musical básica adaptada às variações exigidas pelas "novas necessidades de mercado". Tente imaginar um músico incompetente ativo num conjunto dejazz. lmpossível,nao e? Exatamente porque neste pequeno mundo de poucos elementos, seria imediatamente detectado. Na empresa porém, com o excesso de pessoas, existe a possibilidade de não ser descoberto a tempo, e porisso a necessidade de identificá-lo rapidamente. Nem sempre trata-se de um caso extremo: poderá ser alguém a quem falte apenas o necessário, como apoio e desenvolvimento. Neste caso, seria uma perda não aproveitá-lo, atualizando-o através de adequado processo de desenvolvimento.

Existem varias formas para avaliar e aproveitar, de maneira ampla, o potencial dos participantes de uma empresa, ajustando e adequando o profissional para as necessidades presentes e futuras da organização. A utilização de ferramentas deste tipo são de extrema utilidade para identificar os pontos passíveis de reforço nos diversos elementos, não só dos níveis decisórios da empresa, como também daqueles que atuam em posições estratégicas, tratando um plano de educação e desenvolvimento orientado
e harmonizado com a missão, a visão de futuro e os valores da empresa, de forma a abranger todos os aspectos importantes para a vida do profissional, bem como a viabilização dos objetivos e sonhos pessoais.

Os planos de desenvolvimento assim preparados não ficam "soltos", porém apresentam finalidade lógica e abrangente, direcionados no sentido maior dos rumos da organização e dos interesses dos profissionais.

Friedrich Reuss e bacharel e licenciado em química, e especialista em gestão da qualidade. E o titular da BR Assessoria em Qualidade.
Maria Aparecida V. da Cunha é psicóloga especialista em gestão de pessoas.
Endereço para correspondência com os autores: a/c redação de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português), Rua Alvaro de Menezes 74, 04007-020 São Paulo




Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

As Influências Raciais e a Pele

Faculdade de Medicina de Jundiaí SP, Brasil.

A classificacão do ser humano em raças é um assunto controvertido não só pela grande misciscigenação como também porque, apesar de diferenças significativas, a origem de todos os indivíduos parece ser de um único ancestral.

Alguns autores arriscam conceituar a raça e talvez a melhor citação seja a de Boyd, que diz: "Raça é uma população que difere significativamente de outra população em relação à freqüência de um ou mais genes que as mesmas possuem".

Atualmente são considerados três grandes grupos raciais.

• Caucasóides. Há alguns grupos de caucasóides que originaram-se da Europa, Mediterrâneo e Norte da África.
Todos apresentam cabelos ondulados e pêlos em abundância distribuídos pelo corpo e face. A pele é clara ou ligeiramente morena, o nariz é estreito.

• Mongolóides. Os mongolóides vivem em regiões extremas de temperatura, como esquimós e equatorianos, incluindo os chineses. O pêlo do corpo é ralo e possuem cabelo liso, escuro e grosso. A pele é mais clara e os olhos puxados.

• Negróides. Originários da África, sua característica marcante é a pele escura, cabelo encaracolado, nariz largo e geralmente achatado.

Estrutura da Pele e Raça

Várias raças têm a cor de pele diferente, sendo os caucasóides e mongolóides mais claros e negróides mais escuros. Esta talvez seja a característica mais marcante que diferencia brancos e negros, o que acaba proporcionando combustível para inúmeros e inesgotáveis distúrbios raciais.

Paradoxalmente, o número de melanócitos (célula responsável pela cor) não é substancialmente diferente de raça para raça. O responsável pelo diferencial são os melanossomas, grânulos localizados dentro da célula e formados
essencialmente de melanina (pigmento responsável pela cor). as melanossomas dos indivíduos de pele branca (ou caucasóides) são menores, agrupados entre si em número de três, e quebrados por enzimas para atingirem o estrato
córneo. Nos negros os melanossomas são grandes, distribuídos isoladamente nos queratinócitos e persistem desta forma até o estrato córneio.

Os melanossomas são formados no melanócito, pois armazenam a melanina e passam por quatro estágios: I, II, III, VI até a melanização completa.

Portanto, enfatizamos que a intensidade da cor da pele e como conseqüência as diferenças raciais, não ocorrem em função do número de melanócitos existentes mas sim, em função do tamanho e morfologia, distribuição e grau de melanização dos melanossomas. Também é irrelevante a atividade individual dos melanocitos e o grau de eficácia e
transporte dos melanossomas para o interior do queratinocito.

Nos indivíduos de raça caucasóide, com pele clara e olhos azuis, os melanócitos contém melanossomas em estágio I - II e ocasionalmente, se observam melanossomas na periferia do queratinócitos.

Na pele clara mais pigmentada, os melanossomas em estagio I - II – III são numerosos no interior dos melanócitos e aparecem em estagio IV no interior do queratinócito. Nos indivíduos negros, os melanócitos e queratinócitos tem maior quantidade de melanossoma IV. Estas diferenças raciais são genéticas e parece haver um grupo especial de genes adicionais responsáveis pela maior atividade dos melanócitos.

Os indivíduos mongolóides tem comportamento em relação aos melanossomas semelhantes aos negróides. Considerando-se que a melanina funciona como um pigmento que absorve a radiação ultra-violeta (filtro solar natural), os indivíduos mongolóides e principalmente os negróides, estão muito mais protegidos em relação aos danos causados pela radiação solar.

Os negróides tem menores chances de desenvolverem câncer de pele (não melanoma) e menor fotoenvelhecimento. A dose eritematosa mínima, após a exposição solar, e aproximadamente 33 vezes maior que a do caucasóide. A desvantagem da pele pigmentada é que ela absorve mais calor; embora compense com sudorese mais eficiente e intensa, sintetiza menor quantidade de vitamina B.

Em relação aos outros parâmetros relacionados a epiderme, o negro tem maior número de camadas na epiderme, maior resistência a descamação, maior resistência elétrica e maior quantidade de lípídeos. A adesão das células do estrato córneo e maior nesta raça. Todos estes fatores também auxiliam a pele escura a bloquear a transmissão da radiação ultravioleta, transmitindo somente 74% da radiação ultravioleta B, comparado a 29,4% de transmissão nos caucasóides.

Em relação à resposta vascular ao frio, os esquimós (mongolóides) mantém fluxo maior nas mãos, comparando com os caucasóides em condições idênticas. Em temperaturas abaixo de -120 C, a temperatura nos dedos dos negros abaixa
mais rapidamente que nos brancos.

A sudorese dos negróides é mais substancial que dos caucasóides porque estes têm número maior de glândulas sudoríparas. As glândulas sebáceas não apresentam diferença significativa. A pele mais escura parece ter menor irritação a produtos de forma geral.

Cabelo

As variações do tipo de cabelo dependem da herança genética e são transmitidas de modo diferente daquele que ocorre com a cor da pele. A forma do cabelo depende da sua estrutura tridimensional, havendo basicamente quatro tipos de fios: cabelo liso reto, ondulado, em forma de hélice e espiral. 0 cabelo em hélice enrola-se com diâmetro constante e o espiral diminui o diâmetro ao enrolar-se.

O cabelo elíptico, quando visto em corte transversal, é enrolado, enquanto o arredondado no corte transversal é liso a olho nu.

Os mongolóides tem cabelos lisos, arredondados no corte transversal e possuem o maior diâmetro da raça humana. Os negróides possuem cabelo enrolado em forma helicoidal ou espiral, apresentando corte transversal elíptico e achatado. 0 diâmetro é intermediário entre o caucasóide e mongolóide.

Os negros tem cabelo mais seco e quebradiços devido às suas propriedades intrínsecas.

Nos caucasóides, o cabelo pode ser liso, ondulado, e ter forma arredondada ou elíptica ao corte transversal. Possuem o menor diâmetro da raça humana.

Dermatoses

Os caucasóides e negróides apresentam a mesma proporção de incidência de acne, porém, ela é mais grave nos indivíduos da raça branca. Os mongolóides apresentam a menor ocorrência.

O quelóide ocorre em todas as raças, porém é mais freqüente e intenso nos negróides. Os mongolóides também têm maior proporção de quelóides quando comparado aos caucasóides.

Os negros desenvolvem dermatite de contato menos vezes que os caucasóides. Neste caso, pode haver relação com a maior resistência oferecida pela pele negra.

O câncer de pele, do tipo carcinoma basocelular e espinocelular, é menos encontrado nos negróides devido a maior proteção oferecida pela cor. 0 melanoma também é mais freqüente nos brancos.

O vitiligo é freqüente em todas as raças, mas causa maiores problemas estéticos naqueles de pele escura devido ao contraste da cor.

Os negróides são mais protegidos em relação as fotodermatoses. No entanto, mesmo a pele negra pode ter queimaduras ou fotossensibilidade.

Os mongolóides apresentam fotodermatose específica chamada prurigo actínico que apresenta-se como eritema, eczematização, querlite, conjuntivite, comprometendo principalmente os homens jovens.

Os caucasóides tem maior número de nevos melanocíticos (cistos) do que outras raças. As crianças brancas têm em média dezessete nevos comparado aos dois presentes em outras raças, na mesma idade.

Os negros apresentam a dermatose papulosa nigra caracterizada por pápulas achatadas suaves, acastanhadas, de aproximadamente um a três milímetros, localizados principalmente na face, pescoço e colo.

Os negros apresentam também maior propensão à pigmentação em áreas de dobras (axilas e virilha), áreas de trauma ou após alguma inflamação ou queimadura.

É contra indicado a realização de peelings em pacientes mongolóides e negróides, pois pode ocorrer pigmentação residual.

Certas dermatoses, como liquens plano, cistos e certos eczemas, apresentam tonalidade negra azulada no paciente de cor. A mucosa e as unhas dos negros também são mais vulneráveis a apresentar pigmentação azulada ou acastanhada. A pele dos negróides também pode apresentar hipopigmentação em determinados casos como ptiríase alba, psoríase, e dermatite seborréica, e os pêlos tendem a foliculites, pois, devido a sua característica enrodilhada, podem encravar com maior facilidade. Os negros tem maior freqüência à foliculite queloidiana da nuca, onde ocorrem pápulos e nódulos inflamatórios que evoluem para quelóide. Os negróides são menos calvos que os caucasóides porém, apresentam alopécia de tração causada por penteados específicos (como tranças) onde os fios são puxados e
permanecem tensionados.

As diferenças anatômicas e fisiológicas da pele e cabelo das diferentes raças deve ser valorizada na ocasião de instituir o tratamento.

Referências

Dra Denise Steiner é médica especialsta em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, doutorada pela UNICAMP, professora chefe do departamento de dermatologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí e diretora da Clínica Stockli, em Sao Paulo SP.

Carlos Alberto Trevisan
Mercosul por Carlos Alberto Trevisan

Integração dos Cosméticos

Consultor Independente, São Paulo SP, Brasil

As atividades do Mercosul tiveram ínício oficialmente 1989, quando presidentes dos países signatários criaram o Conselho do Mercado Comum com a finalidade discutir e aprovar de fato as propostas apresentadas pelo Grupo do Mercado Comum, constituído por embaixadores, ministros da economia, indústria e comércio.

O Grupo avalia as questões apresentadas pelos assessores oficiais: privados e seus representantes que realizam o trabalho de assessoria propriamente dito, compondo os sub-grupos de trabalho (SGT) que representam as áreas de interesse econômico. Os SGT são formados por assessores oficiais, privados e representantes oficiais.

Os produtos de higiene, cosméticos e perfumes são discutidos num sub-grupo de trabalho criado em 1991 para estudar os produtos para a saúde, 0 SGT-3, que iniciou suas atividades em 1992.

O SGT-3 trabalha para harmonizar as legislações referentes à habilitação de empresas e aprovação de produtos, e demais assuntos de empresas e aprovação aonde produtos, e demais assuntos afetos à legislação sanitária relativa a esse segmento industrial em cada Estado Parte.

Em 1993 iniciaram as reuniões da comissao ad-hoc (de peritos), composta por representantes da iniciativa privada e do governo, com a função de assessorar os membros do SGT-3. Naquele ano foram realizadas quatro reuniões e no ano seguinte, a comissão ad-hoc realizou mais quatro.

As primeiras propostas "consensuais" foram enviadas ao Grupo do Mercado Comum referentes a guia de inspeção, listas positivas, restritivas, negativas, provisórias, critérios, penalidades, covalidação de registros etc, que posteriormente serviram de base para as Portarias 31 e 108. É bom lembrar que no âmbito do Mercosul, todas as decisões são por unanimidade ou por consenso e não por maioria, por isso são referidas como "consensuais".

Os Primeiros Resultados

Se, por um lado, existem entraves políticos causados pela nao aprovação ainda pelo Congresso Nacional brasileiro das deliberações já acordadas e referendadas pelo Grupo Mercado Comum, por outro lado, muitas dessas decisões já foram implementadas em nosso país e acreditamos que o resultado final será bastante positivo.

Entre as decisões do Mercado Comum já publicadas devemos mencionar a Portaria 31 (26/4/95) que altera definição de produto cosmético (modificando portanto a definição estabelecida pela lei 6360 regulamentada pelo decreto 79094).

No seu artigo 1°, a Portaria 31, adota a seguinte definição para produtos de higiene pessoal, cosméticos, e perfumes: são "aqueles preparados constituídos por substâncias naturais ou sintéticas, ou suas misturas de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas e mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e/ou corrigir odores corporais e/ou protegê-los ou mantê-los em bom estado."

A Portaria 31 apresenta ainda dois anexos.

O anexo I é o próprio Certificado de Livre Comercialização, e o anexo II trata da classificação, critérios de avaliação e sanções para itens da Guia de Inspeção para as indústrias de produtos de higiene, cosméticos e perfumes.

Existe um roteiro de quesitos que vão da avaliação das condições e rotinas de almoxarifado de matérias-primas e de produtos acabados,passando pelo sistema de tratamento de água, produção, envase, rotulagem, controle e atas de inspeção.

Outra alteração da legislação sanitária decorrente de ações do SGT-3 e a Portaria 108/94 [publicada na Integra em Cosmetics & Toiletries (Edição em Português), jan/fev 1995].

Essa Portaria tem 16 anexos que englobam as exigências para autorizar uma indústria a fabricar produtos cosméticos, de higiene e perfumes, para concessão do registro desses produtos, além disso, os anexos estabelecem a classificação desses produtos e apresentam a lista dos ingredientes permitidos, e restringidos para a fabricação desses produtos.

Consequencias para a Indústria Brasileira

Devemos considerar a princípio que muito ainda deve ser feito para que, tanto a médio quanto a longo prazo, os quatros países membros do Mercosul possam estabelecer a malha de suporte de um mercado comum no verdadeiro significado da expressão.

Somente para efeito de referência devemos citar o grande interesse que outros países tem manifestado de fazer parte desse bloco econômico, constituindo-se numa avaliação positiva do potencial do Mercosul.

As grandes dificuldades que se apresentam referem-se aos diferentes critérios que as autoridades de cada Estado Parte utilizam para a efetivação dos procedimentos afetos às suas próprias legislações.

Devemos considerar também que a aproximação com a União Europeia, um dos blocos interessados no Mercosul, viria a obrigar que se proponham estudos que viabilizem a harmonização das respectivas normas, pois a maior dificuldade e adequá-las à legislação de cada país. 0 que não ocorre na União Européia, pois as normas estão acima das legislações do países integrantes da União.

A dinâmica atualmente implementada no Brasil pela Secretaria de Vigilância Sanitária, visando a aplicação das decisões Mercosul nos procedimentos cotidianos já surtiram efeitos positivos, sendo uma delas a redução do tempo para a tramitacão dos processos de aprovação de produtos.

Entretanto, o grande impecilho reside ainda em que muitas vezes o que foi acordado "no papel" pelos quatro membros, não tem, na prática, a mesma contrapartida das autoridades sanitárias em todos os Estados Parte.

MERCOSUL

É um processo de integração entre quatro países da America do Sul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) com objetivos amplos, inclusive de estabelecer a implementação da zona de Livre Comercio. É a criação do mercado comum sem barreiras alfandegárias entre eles, permitindo desta forma a circulação de bens e serviços livremente, o que implica necessariamente no equacionamento e respectivas resoluções dos problemas definidos como "obstáculo tecno1ógico", composto em princípio por normas (conjunto de condições,características, especificações para um produto ou processo) e regulamentos (exigência legal para um produto ou processo) de caráter técnico. Esta união será fruto de um processo de amadurecimento, ao mesmo tempo, uma experiência em que apesar das grandes diferenças culturais, políticas, sócio-econômicas será o pleno
exercício de relações democrátiticas.


Referências:

Endereço para correspondencia com o autor: a/c redação de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português Rua Alvaro de Menezes 74, 04007-020 Sao Paulo SP, Brasil.-























Atualidades Técnicas por Prof. Pedro Alves da Rocha Filho

Produtos Étnicos

Faculdade de Ciêncas Farmacêuticas de Ribeirão Preto- USP Ribeirão Preto - SP Ribeirão Preto SP Brasil

Branqueamento e Escurecimento

Segundo Azuma S, Yada Y, Imokawa G, Shibuya J, Nishizawa Y (Kao), na patente japonesa n° 733634 de 21 de julho de 1993, a associação de ácido ascórbico ou seus derivados, e/ou extratos de placenta e extrato de Matricaria chamomilla, é capaz de evitar a precipitação da melanina na pele. Um creme poderá conter 3,0% de fosfato de Lascorbila e 0,0005% de extrato de camomila.

O escurecimento da pele poderá ser seguido com o uso da diidróxiacetona. Takada S e Ito K (Shisheido) na patente internacional n° 9508980 de 30 de setembro de 1993, veiculam a DHA em ge1 formado por um conteúdo menor que
10% e com tensoativo da categoria do polioxietileno-prolioxipropileno, álcool, espessante a base de celulose e/ou goma xantana e um agente quelante. 0 produto é fácil de utilizar e não mancha a pele.

A associação de indometacina com derivados do ácido ascórbico, empregada como produto para branqueamento da pele, é reivindicada na patente japonesa de n° 733638 de 19 de julho de 1993 e de autoria de Togya H e Yokota T (Kanebo). A formulação a seguir é estável e tem ação
antiinflamatória:

Óleo de oliva 15,0%
Miristato de isopropila 5,0
Nonil-fenil-eter polioxietilenado 0,5
2-Fosfato sódico de L-ascorbila 0,05
Indometacina 0,001
Glicerina 5,0
Metil parabeno 0,1
Ácido citrico 0,1
Citrato de sódio 0,05
Alcool etilico 7,0
Agua destilada qsp 100%

A formulação a seguir é reivindicada pela Kosei na patente japonesa n° 6336418 de 28 de maio de 1993 e de autoria de Ryu A, Kimura K, Ariga T e Yuasa K

Esqualano 5,0%
Vaselina 2,0
Cera de abelha 0,5
Sesquioleato de sorbitano 0,8
Éter oleilico polioxietilenado 1,3
1,3 Butileno glicol 5,0
Óleo de uva 0,2
Cisteina 1,0
Alcool etílico 5,0
Anti-septico 0,2
Perfume 0,1
Solução aquosa de polímero
Carboxivinílico 20,0
Hidróxido de potássio 0,1
Agua destilada qsp 100,00%

A esta preparação poderão ser adicionados
pró-antocianina e inibidores da tirosinase que atuam como clareadores da pele.

Decorativo
A patente alemã nº 4327364 de 14 de agosto de 1993 de autoria de Mueller L (Bergmann) trata de cabelos artificiais (como por exemplo, poliésteres ou misturas de poliéster-polietileno) preparados por impregnação sob pressão, seguido por tratamento por um grande redutor, para conter pigmento em seu interior, mas não na superfície. A seguir, as fibras de poliéster são tratadas com um corante disperso na presença de Leomim OR (agente dispersante, 3 g/l) pH 5-6, 130°C e 4 atm por 150 minutos. As fibras são tratadas com 30% de NaOH contendo 3 g de NaHSO/Leonin OR (3
g/l) a 75-80°C por 30 minutos. As fibras apresentam superfície livre de pigmentos e não acusam reações após a implantação.

Referências:

Endereço para correspondência com o autor: a/c redação de Cosmetics & Toiletries (Edição em Português) Rua Álvaro de
Menezes 74, 04007-020 São Paulo SP. Fax (011) 3887-8271.

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