Clareamento de Pele

Edicao Atual - Clareamento de Pele

Editorial

Voltamos a crescer

Após dois anos seguidos de queda – de 6% em 2015 e 9% em 2016 –, o setor cosmético voltou a registrar crescimento em 2017. A receita, descontados impostos e inflação, cresceu 2,77%, segundo informações da Abihpec. No entanto, a entidade destaca que, apesar de uma pequena recuperação nas vendas, o resultado está mais relacionado ao otimismo do consumidor do que a uma retomada consistente das empresas do setor.

Em entrevista à Cosmetics & Toiletries Brasil em dezembro do ano passado, João Carlos Basílio, presidente-executivo da Abihpec, ressaltou que o histórico do setor – com exceção das retrações de 2015 e 2016 – é registrar um desempenho superior ao PIB do país. Para este ano, a entidade projeta um crescimento real para o setor, fora a inflação, de 5%. Ele também destacou que a grande preocupação – e que pode estagnar a tendência de recuperação – continua sendo a carga tributária e a possibilidade de elevação de tributos.

Outra boa notícia para o setor neste início de ano foi o superávit comercial de US$ 9,6 milhões nos primeiros dois meses do ano. Segundo a associação, em janeiro e fevereiro, a indústria brasileira do setor exportou US$ 109,9 milhões, um crescimento de 16,5% ante o mesmo período do ano anterior. Já as importações alcançaram US$ 100,3 milhões, uma queda de 0,8% na mesma base de comparação. O último superávit do setor havia sido registrado em maio de 2017, de US$ 3,9 milhões.

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil traz, na seção Enfoque, os cosméticos antipoluição. Na forma de séruns, loções, máscaras ou protetores solares, esses produtos têm a missão de prevenir ou minimizar os efeitos dos agentes poluentes na pele. Em Persona, apresentamos a trajetória de Tânia Cristina de Sá Dias.

Os artigos técnicos destacam as preocupações com a proteção solar mais segura; a recuperação da barreira epidérmica e o clareamento da pele com um extrato de grãos de café verde; e a importância da avaliação do comportamento de ingredientes utilizados para a proteção térmica dos cabelos; entre outros assuntos.

Hamilton dos Santos
Publisher

Proteção Solar mais Segura – Parte 1 - John Stakek (CoValence Laboratories, Inc. Chandler, AZ, EUA); Shyam Gupta, PhD (Bioderm Research, Scottsdale, AZ, EUA)

Tem havido cada vez mais preocupação com a segurança dos tradicionais protetores solares em relação à pele humana e ao meio ambiente. Este artigo analisa essas preocupações. O conhecimento dessas dúvidas levanta novos conceitos e abordagens em relação aos protetores solares. A Parte II irá destacar essas ideias.

Se han expresado preocupaciones sobre la seguridad de los protectores solares tradicionales para la piel humana y el medio ambiente. Estos son revisados aquí. Comprender estas preocupaciones proporciona una idea de los nuevos conceptos y
enfoques para los protectores solares. La Parte II resaltará estas ideas.

Concerns have been raised over the safety of traditional sunscreens to human skin and the environment. These are reviewed here. Understanding these concerns provides insight on new concepts and approaches for sunscreens. Part II will highlight these ideas.

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Recuperação e Clareamento da Pele - C Zappelli, F Cicotti (Vitalab srl, Nápoles, Itália); A Tito, A Carola, A De Lucia, L Sena, A Tortora, M Bimonte (Arterra Bioscience, Nápoles, Itália); M Cucchiara (Intercos SpA, Agrate Brianza, Milão, Itália); F Apone, G Colucci, (Vitalab srl e Arterra Bioscience srl, Nápoles, Itália)

A recuperação da barreira epidérmica e a descamação de corneócitos mortos revigoram a pele envelhecida. A hiperpigmentação também se acumula à medida que a pele envelhece. Um extrato de grãos de café verde foi testado e indicado para resolver esses problemas.

La recuperación de la barrera epidérmica y la descamación de los corneocitos muertos revigorizan la piel envejecida. La hiperpigmentación también se acumula a medida que la piel envejece. Se probó y se encontró un extracto de grano de café verde para abordar estos problemas.

Epidermal barrier recovery and desquamation of dead corneocytes reinvigorate aged skin. Hyperpigmentation also accumulates as skin ages. A green coffee bean extract was tested and found to address these issues.

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Proteção Térmica Capilar - C Rosana Ribeiro de Castro Lima, T Batello Freire, A Rolim Baby, MV Robles Velasco, J do Rosário Matos (Universidade de São Paulo – USP, São Paulo SP, Brasil)

Este trabalho demonstra a importância do estudo de pré-formulações de protetores térmicos empregados em cabelos. Ingredientes isolados e incorporados a diferentes veículos foram caracterizados por termogravimetria e espectroscopia na região do infravermelho. Foi constatada a importância da avaliação do comportamento térmico de ingredientes direcionados para a proteção térmica dos cabelos.

Este artículo muestra la importancia del estudio de las preformulaciones de protectores térmicos para el cabello. Los ingredientes aislados e incorporados en diferentes vehículos se caracterizaron por termogravimetría y espectroscopía infrarroja. Se verificó la importancia de la evaluación del comportamiento térmico de los ingredientes dirigidos a la protección térmica del cabello.

This paper shows the importance of the preformulations study of thermal protectors for hair. Isolated and incorporated ingredients into different vehicles were characterized by thermogravimetry and infrared spectroscopy. It was verifi ed the importance of the evaluation of the thermal behavior of ingredients directed to the thermal protection of hair.

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Folato Natural na Pele Humana - Steven W. Bailey e June E. Ayling (University of South Alabama, Mobile, AL, EUA)

O folato natural predominante na pele, o 5-MTHF, é intrinsecamente estável sob UV, mas pode degradar se os fotosensibilizadores estiverem presentes. O 5-MTHF submicromolar protege o DNA contra a oxidação, e os níveis de ascorbato presentes na pele ajudam a manter o folato nela. Níveis de folato diminuídos infl uenciam a taxa de dano do DNA. Este artigo explora como o reforço de folatos antes da exposição à UV pode proteger a pele contra danos ao DNA.

El folato natural predominante en la piel, 5-MTHF, es intrínsecamente estable bajo la radiación ultravioleta, pero puede degradarse si los fotosensibilizadores están presentes. El 5-MTHF submicromolar protege el ADN contra la oxidación y los niveles de ascorbato en la piel ayudan a mantener este ácido fólico. La disminución de los niveles de folato afecta la tasa de daño en el ADN, por lo que este artículo explora cómo reforzar los folatos, antes de la exposición a los rayos UV, podría proteger la piel contra el daño del ADN.

The predominant natural folate in skin, 5-MTHF, is intrinsically stable under UV but can degrade if photosensitizers are present. Sub-micromolar 5-MTHF protects DNA against oxidation, and ascorbate levels in skin help maintain this folate. Diminished folate levels impact the rate of DNA damage, thus this article explores how reinforcing skin folates prior to UV exposure could protect against DNA damage.

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John Jimenez
Tendências por John Jimenez

The new luxury

No mês de março, tivemos em Bogotá o evento Luxury Beauty Day, que foi um dia dedicado a apresentações, conceitos e novidades no segmento de luxo. Como convidada principal, esteve conosco Karen Young, do The Young Group, de Nova York, que fez uma interessante apresentação sobre o futuro do luxo.

A percepção do luxo tem mudado nos últimos 20 anos e, no entanto, sua definição também está em um processo de transformação. Antes, o luxo estava envolvido num conceito de exclusividade, rendimento superior, prazer, suntuosidade, indulgência, sofisticação, desenho estético, finos detalhes e mão de obra... Agora, o novo luxo está relacionado também com experiências, alta sensorialidade, transparência, bem-estar, benefícios holísticos e qualidade de vida. É precisamente nestes últimos parâmetros que as marcas de luxo estão concentrando os esforços para ter novos focos que possam cumprir os desejos dos novos consumidores.

On-line luxury: O segmento do luxo nos cosméticos é muito interessante porque está crescendo desde 2016. De fato, diversas novas marcas dedicadas ao luxo estão crescendo muito e ganhando participação no mercado, acima de tudo porque o consumidor tem uma alta oferta de produtos que podem ser adquiridos on-line.

Baby brands: As marcas tradicionais estão perdendo participação no mercado, já que as novas marcas de luxo – baby brands e indie brands – estão atingindo um crescimento anual de dois dígitos.

Millenial luxury: Os millenials estão revolucionando o conceito de luxo, já que exigem um consumo mais ético. Antes, em alguns casos, o luxo não levava em conta os assuntos ambientais e, agora, os valores são outros e as marcas precisam se adaptar.

Prosumerism: Está relacionado com a consciência das pessoas de fazer as coisas por si mesmas e cuidar do meio ambiente ao mesmo tempo. Esta tendência está relacionada com tudo que se pode fazer à mão, no que as redes sociais têm um papel importante, já que ensinam, por meio de tutoriais, e geram conexões com outras pessoas com os mesmos interesses. Finalizações únicas e exclusivas como se observam nas tendências nail care, também produtos como shampoos que podem ser feitos em casa com ingredientes únicos e raros que fornecem um toque exclusivo e diferente versus outros produtos do mercado.

Ecofashion: Os consumidores querem valor agregado em produtos como sabonetes feitos à mão, com fragrâncias e extratos únicos misturados com arte, já que os desenhos têm a tendência de ser vanguardistas e comunicam personalização, muitas horas de trabalho, criação e um toque individual.

Package free: Produtos que conceitualmente são mais luxuosos, não têm embalagem - um enfoque alinhado a tendências veganas e orgânicas.

Provocation: Durante o simpósio, Alejandra Ortega apresentou uma interessante conferência, que tinha como título “O luxo na era da provocação”. Foi muito criativa porque ela evidenciou como as marcas do luxo se esforçam para criar conceitos que provoquem o consumidor e apresentou os mandamentos do luxo no século XXI: exclusividade; precisão nos detalhes; alta qualidade; enriquecer a inovação; apostar na criatividade; e comunicar sobre a provocação.

Bifurcation: Essa é uma tendência muito interessante. Um recente estudo feito nos Estados Unidos mostrou que, durante os últimos cinco anos, as marcas low-price e as marcas luxury têm tido um alto crescimento, enquanto as marcas de preço médio se estagnaram. Esse comportamento também está relacionado com um recente estagnação da classe média em alguns países. As marcas estão fazendo grandes esforços para se ajustar aos segmentos de hard-discount e ultra-luxury. Na América Latina, é comum ver que as lojas low-price se encontram ao lado das lojas de produtos luxuosos. Esses dois segmentos estão ganhando bastante participação no mercado nas lojas de preços tradicionais.

Luxury for rent: Para quê comprar o luxo se podemos alugar? Esta é uma tendência emergente, e as razões não são somente econômicas.

Luxury genderless: Na perfumaria, estamos vendo como os conceitos genderless estão em fervor no lançamento de fine fragrances. A não distinção de gêneros é a nova norma. “His” e “Her” começam a desaparecer nos conceitos. Essa tendência também começa a estar presente em skin care e color cosmetics.

O luxo é um conceito social que muda com o tempo. É errado considerá-lo estático. Ele se adapta às correntes sociais e às tendências. Os millenials têm sobrevivido à democratização do luxo. Por isso, muitas marcas estão se adaptando para oferecer mais experiências e bem-estar. Esse é o novo luxo. De fato, esse ano a associação espanhola dos empresários das marcas de luxo, Fortuny, pediu à Real Academia Espanhola que modificasse a aceitação do vocábulo, aproximando-o mais ao emocional e ao acessível que ao material e ao excesso.

A cosmética na América Latina tem uma grande oportunidade para inovar no mercado do luxo.

Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

A radiografia da cor

Não faltam evidências de que o brasileiro se relaciona mal com nossas verdades incômodas, e o racismo é uma delas. Em uma nação de pouco mais de 500 anos de idade, quase 400 foram marcados pela escravidão. Há indícios de que aqui chegaram a partir de 1531, com a vinda de Martim Afonso de Souza, somando-se a 3,6 milhões quando foram libertos em 1888 com a Lei Áurea. Fomos a última nação americana a acabar com a escravidão. No entanto, o objetivo da lei deveria ter sido pôr fi m à herança escravocrata e não apenas à liberdade desestruturada que fez os mesmos se amotinarem em quilombos permanecendo à margem da sociedade até hoje.

Para qualquer indicador que olhemos, veremos que os negros ficaram onde estavam em 1888, ou seja, na base da pirâmide. É assustador o abismo entre brancos e negros, seja em qualidade de vida ou perspectiva futura. De acordo com o IBGE, em 2015, a renda média do trabalhador branco era 1,8% maior que a do negro. O estrato dos 10% mais ricos é composto por 70% de brancos, enquanto os 10% mais pobres é formado por 74% de negros.

Não se pode dizer que a massa de pobres do Brasil atinge brancos e negros igualmente. Dois indicadores revelam isto: a taxa de mortalidade infantil de filhos de mães negras é 30% maior do que a de mães brancas. Entre os estratos mais desfavorecidos, enquanto 8% dos privados de acesso a saneamento básico são brancos, 22% dos negros sofrem da mesma privação. Do ponto de vista educacional, a taxa de anos de estudo da população branca é 20% superior quando comparada com a dos negros (7,5 anos para os brancos x 6,2 para os negros), e o analfabetismo dos negros é 34% maior. O sistema de cotas universitárias melhorou a situação, porém mesmo assim o número de negros matriculados é apenas 27% do total. A representação da população carcerária indica que 2/3 são formados por negros, e apenas 4,7% dos altos executivos são constituídos por negros. Nem na esfera pública esta realidade é diferente. Cerca de 20% do Congresso Nacional é composto por negros e somente 15% do Judiciário Federal e Estadual contam com negros em suas cadeiras.

De acordo com um estudo feito pelo Instituto Ethos, após uma síntese de vários indicadores matematicamente martelados, a caminhar na velocidade em que vamos, serão necessários 150 anos para atingirmos uma igualdade racial. Por que tamanha dificuldade na obtenção do equilíbrio? Estudiosos do assunto apontam a negação do racismo como um elemento que freia a velocidade da mudança. Diferentemente da nação norte-americana, que se intitula admitidamente racista e, por consequência, luta abertamente contra tal, a nação brasileira nega o fato, o que não só o minimiza como impede que o mesmo ganhe corpo.

Diferentemente dos Estados Unidos, onde a miscigenação foi menor e os conflitos são mais acirrados, nosso racismo é mais brando e de natureza mais discursiva do que prática. Por mais curioso que pareça, a miscigenação, que deveria ser uma das armas mais fortes contra o racismo, é pouco eficaz naquilo que o nosso próprio Código Penal imputa como crime. De acordo com Fernando Henrique Cardoso – ex-presidente – “o melhor seria combater a indiferença ao invés do preconceito”, pois não se elimina aquilo que não se aceita. Somos um país racista onde ninguém se assume como tal.

Como as empresas do segmento cosmético podem contribuir para aumentar a velocidade da mudança? Talvez começando a olhar primeiro para dentro de casa. Avaliar indicadores de empregabilidade, equidade salarial, os incentivos à educação continuada e outras políticas que não dependem em nada do poder público.

Desta forma, estariam mudando o microuniverso para influenciarem o macro. Do ponto de vista externo, poderiam ajudar muito por incentivar a mudança cultural pelas campanhas publicitárias, por meio de seus institutos, além de associar uma marca forte a uma causa estruturada, pois mais que uma campanha de marketing, o objetivo seria uma causa humanitária.

Sem dúvida, entre as grandes causas a serem defendidas no futuro próximo está a da igualdade racial, que anda de mãos dadas com a igualdade de gênero. Assim como a bandeira da sustentabilidade ambiental alavancou a imagem de muitas empresas e marcas nas décadas passadas, com certeza estas duas novas cumprirão o mesmo papel, arregimentando novos consumidores que se identifi carem com elas.

O estímulo ao diálogo de que expor essa questão não é um problema, mas a possibilidade de uma solução - fator chave nesta mudança sociocultural.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Inteligência artificial e qualidade

As tecnologias de inteligência artificial estão para nossos dias como as redes sociais se apresentavam no ano 2000. O futuro indica que todas as empresas terão que utilizá-las se quiserem permanecer no mercado.

O prezado leitor deve, com certeza, já ter ouvido falar na indústria 4.0, que tem por embasamento a inteligência artificial.

Quando iniciei minhas pesquisas sobre os conceitos da indústria 4.0, verifi quei que todos os processos envolvidos nesta estavam fortemente relacionados à existência de um processo de qualidade total na empresa.

E qual é a razão para tal fato?

A indústria 4.0 aplica os mais variados processos e sistemas interligados. O propósito disso é agilizar e atuar de modo seguro no atendimento dos objetivos, em alguns casos, conectando clientes e fornecedores da empresa. Nessa conexão, as informações estão baseadas na existência de dados confiáveis sem que ocorra a necessidade de retrabalhos ou ajustes, provenientes de não conformidades.

Como em qualquer processo da qualidade, a participação do elemento humano tem papel fundamental, especialmente quanto ao comprometimento com esse processo.

Uma das questões que me tem sido apresentada é se os seres humanos serão substituídos por máquinas.

A resposta é que, obviamente, algumas atividades serão extintas ou substituídas, mas o tempo que se passará para que isso ocorra vai depender da solução de problemas atualmente existentes, relativos ao desenvolvimento dos processos de interação de sistemas. Por exemplo: adequar o planejamento e a programação da produção com base nas informações provenientes das vendas, em tempo real. Já dá para imaginar a economia que será gerada com isso no processo, com a redução de falhas, a redução de perdas, a eliminação de produtos obsoletos etc.

Feitas essas breves considerações, o prezado leitor ainda pode estar curioso quanto ao impacto da qualidade nesse processo de transformação.

Repito que, para que esse processo funcione, na empresa não deve existir desvio de informações nem registros operacionais que não espelhem a realidade, ou seja, não devem existir os conhecidos quebra–galhos.

O conceito de qualidade tem que estar implantado efetivamente e incorporado por todos os setores da organização, em todos os níveis, e ser praticado por todos os colaboradores. Caso contrário, esforços e investimentos serão perdidos.

Devemos lembrar cada vez mais do conceito de machine learning, ou seja, que as máquinas aprendem com a reprodutibilidade dos processos, os quais serão executados milhares de vezes, sem a possibilidade de falhas, como ocorre atualmente com as operações controladas por humanos.

Outra consideração a ser feita é que, a partir de agora, a alta direção não terá alternativa, a não ser optar por fazer essa transformação. Se ela não o fizer, com certeza vai constatar que ficou anos-luz atrás de seus principais concorrentes.

O medo de que a informática é somente para iniciados, vai gradualmente sendo superado.

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

Interação dos setores técnicos

Continuando a falar sobre as interfaces do P&D, assunto que começamos a tratar na edição anterior, abordando o relacionamento com os setores de marketing, financeiro e com fornecedores, é importante relembrar sua relevância. Como um produto é resultado do trabalho de várias pessoas e diferentes departamentos, o encaminhamento do assunto nas diversas intercessões é de grande importância.

No Brasil, na maioria dos casos, o setor de Assuntos Regulatórios ainda atua depois do P&D e tem, culturalmente, um procedimento mais operacional do que estratégico, o que é uma perda considerável. É claro que um entrosamento maior seria muito proveitoso. Se o pessoal de Assuntos Regulatórios operasse desde o início do projeto, os excessos que podem acontecer por causa da empolgação com um novo produto seriam resolvidos antes que qualquer esforço ou trabalho fosse realizado. Neste formato, o relacionamento com o P&D poderia ser similar ao que acontece entre a produção e a qualidade. O acompanhamento do trabalho do laboratório de desenvolvimento, a supervisão na formação e atualização do cadastro técnico para mantê-lo em conformidade com a legislação sanitária e as diretrizes tecnológicas, a participação efetiva nas análises de resultados e, ainda, o acompanhamento da criação das peças que irão compor a embalagem podem representar um ganho expressivo.

Como o P&D gera a tecnologia que será aplicada na produção, o relacionamento entre estes dois setores deve ser estreito e constante. No desenvolvimento de uma formulação, os recursos da planta de produção devem ser considerados basicamente por dois motivos. Primeiro, para saber se existem condições adequadas para fabricar o novo produto em todas as suas etapas, incluindo envase e estocagem final. Depois, para verificar se o produto preparado pela produção terá o perfil de eficácia, segurança e estabilidade igual ou similar àquele preparado no laboratório. Por exemplo, emulsões com agentes reológicos podem ter viscosidades na faixa especifi cada e variar muito na distribuição e no tamanho das micelas, o que pode determinar um comportamento funcional diferente. O caminho inverso também deve ser considerado. A aquisição de novos equipamentos de produção deve ter a participação do P&D.

O papel da Qualidade na implantação de um novo produto ou processo deve ir além de receber e até, eventualmente, criticar as suas especificações. É preciso que o P&D opere junto da Qualidade para avaliar se os métodos analíticos usados no desenvolvimento e na verifi cação da qualidade de lotes são eficazes e adequados. Tem ainda que elaborar, juntamente com a produção, o protocolo de validação de processo.

Quem acha que o trabalho do desenvolvimento acaba quando se entrega o novo produto para a produção está enganado. Saber como o produto se comporta no mundo real - que pode ser bem diferente do comportamento em laboratório - é decisivo, porque ele foi desenvolvido e fabricado para o consumidor.

É preciso desenvolver metodologias para reduzir esta diferença, e quem deve fazer isto é o P&D. Os relatos de cosmetovigilância, junto com as pesquisas de satisfação, são as melhores fontes de consulta.

O mais importante é saber que o trabalho de interface deve ser realizado com intenção e disposição colaborativas. Debates e discussões são esperados e até saudáveis. O que deve ser evitado são os enfrentamentos e as disputas, com o objetivo de fazer prevalecer pontos de vista puramente pessoais, porque isso não faz parte do roteiro do sucesso.

Pelo contrário, enfrentamentos deste tipo são vetores do custo invisível, causam perda de competitividade e uma inevitável redução do nível de satisfação profissional, o que pode comprometer o desempenho das pessoas e até da empresa.

Uma boa maneira de promover a interação e melhorar a eficiência dos diversos setores que compõem a área técnica é compilar indicadores específicos em um demonstrativo, que deve ser avaliado periódica e formalmente pelos responsáveis de cada área envolvida e também pelos gestores. Uma indústria em uma atividade de base tecnológica não pode se limitar a se avaliar somente por demonstrativos financeiros, porque estes só representam parte do negócio. As conclusões e as decisões baseadas somente nestes relatórios podem ter um alto grau de risco ou ineficiência, porque são estabelecidas a partir de uma análise incompleta.

Assuntos Regulatórios por Artur João Gradim

Eles ainda estão por aí... previna-se!

Nos últimos dias de março, o Ministério da Saúde voltou às manchetes, dessa feita da decisão de ampliar a vacinação contra a febre amarela para o todo país, independentemente de a origem do foco ser urbana, provocada pela conhecida fêmea do Aedes aegypti, responsável pela dengue, ou silvestre, causada pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes.

Segundo as últimas informações dos noticiários, em 2018, alguns estados ainda farão a aplicação da dose fracionada da vacina e, a partir de 2019, a imunização será com a dose regular.

Até o presente momento, no Brasil, foram verificados 900 casos comprovados de febre amarela, com 300 mortes, fato que justifica a ação de imunização geral, considerando que esses casos ocorreram em áreas diversas.

A baixa ênfase inicial dos governos, federal e estaduais, no chamamento para a vacinação nas áreas onde foram verificados macacos mortos pela doença e ocorrências de casos isolados desse mal, bem como as dúvidas trazidas pela imprensa quanto à eficácia da vacina fracionada e, aos possíveis efeitos colaterais da vacina e a restrição inicial da aplicação da vacina em idosos, pacientes com baixa imunidade e crianças menores que 9 meses, contrapõem-se à nova ordem, que prevê uma ação ampla de vacinação da população, de norte a sul do país, fato que sinaliza a preocupação das autoridades quanto ao alastramento do surto de febre amarela.

Como é sabido, a febre amarela é uma velha conhecida da comunidade, de sanitaristas e de governantes no Brasil. Ao longo de 5 séculos essa doença está presente no país, sendo que sua primeira manifestação urbana foi registrada em 1685, no Grande Recife, Pernambuco, onde permaneceu por 10 anos.

Uma nova atividade da doença foi verificada no início do século XX, sendo erradicada em 1942. Sua forma silvestre foi identificada em 1932, e sua última ocorrência foi no início da década de 1940.

Até então, o combate da doença era feito unicamente nos ambientes internos das casas, nas galerias de águas e nos bueiros e esgotos a céu aberto. Para esse combate, eram utilizadas substâncias hoje consideradas tóxicas, que eram rejeitadas pela própria população, temerosa de seus efeitos, assim como dos efeitos da própria vacina.

O mosquito cosmopolita Aedes aegypti retornou ao Brasil no final da década de 1970. Apesar de intensos reforços do governo para conscientizar a população, não foi possível erradicar o mosquito e essa espécie trouxe consigo o vírus da dengue, da zica e da chicungunha.

Hoje, não nos protegemos dessas doenças somente com a vacina, os domissanitários específicos e o fumacê para a fumigação das áreas urbanas. Passamos a ter a importante disponibilidade dos repelentes de uso direto e seguro sobre a pele. Esses repelentes, fabricados pelo nosso setor industrial, são reconhecidos como eficazes, fazem parte dos programas do Ministério da Saúde e gozam de prioridade analítica pela Anvisa. Os repelentes se tornaram importante ferramenta na prevenção de doenças carreadas por esses vetores voadores, inconvenientes e perigosos.

Muitos repelentes com atividade comprovada contra o inseto causador da dengue, da zica e da chicungunha são igualmente eficazes contra os vetores da febre amarela. Entretanto, os fabricantes desses repelentes somente poderão promover essa propriedade na rotulagem de seus produtos após a comprovação da eficácia da proteção dos produtos contra essas doenças, por meio de testes que seguem protocolo atualizado e específico para esse fim. Os laudos resultantes desses testes devem ser encaminhados à Anvisa, para análise e deferimento da nova propriedade, seguindo as demais formalidades.

Para a população, da mesma forma que é preciso constatar a eficácia desses produtos e o tempo de duração de repelência dos vetores por eles, é necessário aumentar a redução da carga tributária sobre esses produtos, que, segundo a Abihpec, já ocorreu em parte com impostos federais (IPI 0%) e estaduais, a exemplo da ICMS-ST. Entretanto, uma nova ação ainda se faz necessária para a eliminação dos demais tributos incidentes nos repelentes.

Os ingredientes ativos da composição dos repelentes são importados e representam a maior parcela do custo (60%) total desse tipo de produto.

Vamos agir rápido para sensibilizar as autoridades constituídas da área de saúde, bem como as responsáveis pela TEC (tarifa externa comum) quanto à necessidade de reduzir a alíquota de impostos incidentes na importação desses ingredientes, tratando o caso como exceção, mesmo que temporariamente, devido à singularidade do momento.

Trata-se de uma desoneração da qual o beneficiário será, verdadeiramente, o consumidor final.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Melasma: o que é importante saber?

O melasma é uma mancha acastanhada que aparece principalmente em mulheres adultas de pele miscigenada. É uma doença crônica não contagiosa e também sem gravidade, porém afeta a autoestima de maneira contundente.

Hoje sabemos que muitas células estão envolvidas com o aparecimento do melasma. O melanócito (que é a célula principal envolvida com o melasma) produz a melanina; o queratinócito (que é a célula da superfície cutânea) informa o melanócito sobre os estímulos externos; e o fibroblasto e o mastócito (que são células da parte mais profunda da pele) também comunicam e provocam o melanócito com mais estímulos internos. Portanto, muitos fatores desencadeiam e pioram o melasma, tais como: sol, calor, estresse, alterações hormonais, traumas locais e medicações.

A gravidez é um período em que o melasma pode aparecer ou piorar por causa do hormônio melanócito estimulante, que aumenta muito. A pílula anticoncepcional e o DIU Mirena também podem contribuir para a piora do melasma. Produtos ácidos, como o ácido retinoico, podem irritar a pele e piorar o melasma. A hidroquinona (que é um ótimo clareador) pode causar alergia quando usada por bastante tempo e pode causar efeitos colaterais como ocronose e leucadermia (manchas brancas). Fazer depilação com cera pode irritar a pele e piorar o melasma.

O uso constante e frequente do filtro solar é fundamental. Ele precisa ser um filtro físico ou físico/químico com ampla proteção, ou seja, com FPS superior a 50 e PPD maior que 10. FPS é a proteção em relação à radiação UVB, e PPD é o nome da proteção em relação ao UVA.

O filtro pode ter antioxidante e precisa ter alta cobertura e cor. A cor (base) é fundamental para proteger e evitar o melasma. A cor do filtro protege da radiação visível que está presente nas lâmpadas e nos computadores e mancha a pele. Também usamos clareadores com ácido kógico, arbutin, vitamina C e ácido glicólico, entre outros. A pele precisa de hidratação constante, pois, caso contrário, pode descamar, avermelhar e piorar o melasma.

O laser de NDyag o Qswiched é o laser padrão ouro para o tratamento do melasma, pois libera energia baixa e tem o pulso muito rápido e, dessa forma, não provoca queimadura ou irritação. São necessárias várias sessões (de 10 a 15) para conseguir a melhora desejada. O tratamento deve ser feito entre os meses de abril e outubro, para evitar o excesso de sol. O microagulhamento e a microinfusão de medicamentos também são interessantes para tratar o melasma e podem ser feitos em combinação com o laser.

Hoje utilizamos também o ácido tranexâmico para o tratamento do melasma. Trata-se de uma substância que consegue inibir os inúmeros estímulos que provocam o aumento da produção de melanina. É uma medicação usada para outros fins e que está sendo estudada para ser aprovada como tratamento do melasma. Esse medicamento precisa ser receitado pelo médico dermatologista, pois há necessidade de exames prévios e avaliações das possíveis contraindicações.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Cabelos e poluição

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que aproximadamente 90% da população mundial vive em cidades onde a qualidade do ar é considerada má ou péssima.

Esta medida parte do princípio das quantidades de poluentes encontrados no ar. Esta medição é feita através de aparelhos sofi sticados localizados em estações epaciais que captam amostras de ar a cada 5 segundos e fazem 17 mil leituras por dia.

Medidores automáticos têm um feixe de luz que atravessa a amostra de ar. Essa luz realça as partículas em suspensão e permite a identificação de tudo que está contido no ar. A amostra é então comparada a gases puros e certificados pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, a EPA. A análise é então processada e dá um resultado numérico de partículas encontradas por metro cúbico de ar.

Além da poluição gasosa, o material particulado fino é mais prejudicial à pele e aos cabelos, causando um dano oxidativo no bulbo capilar e levando à possibilidade de queda dos fios.

Ainda em relação à pele do couro cabeludo, podemos ter, por conta das partículas encontradas no ar, agressões do tipo dermatite de contato por sensibilização ou por irritante primário, deixando-o mais sensível e menos saudável.

Como o folículo piloso é uma via de fácil acesso à corrente sanguínea adjacente, podemos ter também a influência de gases tóxicos no ar, como os do fumo (nicotina) ou outros elementos nocivos à saúde.

Cientistas da University of London acreditam que as toxinas encontradas no ar poluído e na fumaça do cigarro podem fazer com que o cabelo pare de crescer ao bloquear as proteínas que produzem os fios.

Os pesquisadores confi rmaram que a calvície é hereditária, mas que fatores ambientais podem exacerbá-la.

Para confirmar sua tese, eles retiraram folículos capilares de amostras de cabelo de homens com calvície e os analisaram em laboratório.

Estes cientistas identificaram deficiências no processo de crescimento dos fios, causadas por estresse oxidativo - que resulta no acúmulo de radicais livres, danificando as células.

O estresse oxidativo é agravado pelos efeitos da fumaça do cigarro e da poluição do ar, acrescentaram os especialistas.

Qualquer poluente que entre na corrente sanguínea, na pele ou no folículo capilar pode causar algum tipo de estresse e interferir na capacidade do cabelo de construir a fibra capilar.

Conclui-se que, além da base hereditária para a perda de cabelo, existem fatores ambientais que também devem ser considerados.

Com esses resultados do estudo, aumentam a esperança de novos tratamentos para a calvície, que podem incluir o desenvolvimento de cremes para atuar localmente no combate aos efeitos dos poluentes.

Além desses dados que podem afetar internamente os fios, temos os efeitos externos da poluição, pois as partículas em suspensão no ar têm uma capacidade muito grande de aderência e entram em contato direto com as cutículas dos fios, alterando o brilho e a penteabilidade.

Como sabemos, brilho é reflexo de luz, e uma cutícula não íntegra não reflete a luz. Outro agravante é o excesso de oleosidade que acaba aparecendo pelo estímulo de alguns gases poluentes. Isso leva a uma maior sujidade e à diminuição do brilho, além de uma aparência de menor volume.

Como resolver este problema? Como mudar de cidade e viver no campo não parece ser uma opção, temos que enfrentar a poluição da melhor maneira possível, através da prevenção e da correção dos danos, para que eles não sejam cumulativos e levem a uma situação sem volta.

Pode parecer simples, mas o segredo é manter os cabelos sempre limpos, através de uma lavagem adequada, com produtos indicados para cada tipo de cabelos (shampoos, condicionadores, finalizadores), com técnica correta e, eventualmente, a ajuda de produtos especialmente desenvolvidos para isso com a intenção não apenas de limpar os fios mas eliminar todos os vestígios da poluição.

Alguns truques simples: antes de lavar, deve-se escovar bem os cabelos, pois esta atitude vai fazer com que eliminemos grande parte das partículas e de sujidades ambientais maiores.

Depois, deve-se molhar os cabelos e o couro cabeludo com água a uma temperatura entre 22 e 24°C e aplicar o shampoo, fora da ação da água, massageando a área com as polpas digitais, com movimentos circulares, por cerca de três minutos.

Após esta etapa, deve-se proceder o enxague com água corrente, de cima para baixo, de forma abundante, sem esfregar os fios ou o couro cabeludo, diminuindo-se a temperatura até a ambiente, para melhorar a penteabilidade e o brilho.

Pentear os fios com pentes que não provoquem eletricidade estática (madeira ou osso) pode ajudar a finalização.

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