Skin Care

Edicao Atual - Skin Care

Editorial

Um ano decisivo

2018 traz eleições presidenciais, Copa do Mundo e a expectativade fortalecimento do processo de recuperação da economia. Não será um ano ordinário. Teremos, certamente, momentos de tensão e fortes emoções.

No cenário econômico, há boas perspectivas para os próximos meses, com sinais claros de que a recessão ficou para trás. Alguns deles são a inflação baixa – que deverá crescer um pouco, mas permanecer estável –, os juros em patamares mínimos históricos, a tendência de avanço no consumo das famílias e os indícios de recuperação da indústria com consequente aumento de postos de trabalho. No acumulado de janeiro a dezembro de 2017, a produção industrial cresceu 2,5%, após as quedas de 2014 (-3%), 2015 (-8,3%) e 2016 (-6,4%).

Por ora, é grande a imprevisibilidade em relação ao resultado das eleições e aos seus potenciais impactos na retomada do crescimento econômico.

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil aborda, na seção Enfoque, os cosméticos para pacientes oncológicos. Produtos para cuidado pessoal e artigos de maquiagem que ajudam a atenuar alguns dos problemas estéticos relacionados a essa fase, contribuindo para a elevação da autoestima dessas pessoas. Como tradicionalmente fazemos no início do ano, esta primeira edição traz o Balanço Econômico, com uma análise retrospectiva de 2017 e as perspectivas para 2018. Em Persona, apresentamos a trajetória de Vera Isaac.

Quanto aos artigos técnicos, um aborda novidades em máscaras faciais, outro o uso de caratenoides em produtos skin care, e um terceiro reporta os efeitos das radiações UV no envelhecimento do folículo piloso capilar. Nesta edição iniciamos uma série, em 6 capítulos, de procedimentos em P&D de cosméticos, na seção Aos Formuladores.

Hamilton dos Santos
Publisher

Novidades em Máscaras Faciais - Luigi Rigano, PhD (Rigano Laboratories, S.R.L, Milão, Itália)

Máscaras faciais em películas proporcionam vários benefícios, como liberar materiais ativos na pele, deixando-a com a sensação de estar hidratada. As inovações em máscaras faciais estão em alta, e os formuladores estão pesquisando novos materiais mais seguros e que, ao mesmo tempo, sejam vantajosos para a pele e para o meio ambiente, deixando uma sensação agradável.

Las máscaras faciales en láminas tienen numerosos beneficios, como la entrega de materiales activos a la piel y la sensación en hidratación en la cara. Las innovaciones en máscaras en láminas están en aumento y los formuladores están buscando nuevos materiales que sean más seguros, más amigables para la piel y el medio ambiente, y sensorialmente agradables.

Facial sheet masks have numerous benefits, such as delivering active materials to the skin and leaving the face feeling moisturized. Innovations in sheet masks are on the rise and formulators are searching for new materials that are safer, friendlier for the skin and environment, and sensorially pleasing.

Comprar

Carotenoides para a Defesa da Pele - Joanna Igielska-Kalwat (Adam Mickiewicz University – Poznan, Polônia)

Vem crescendo o interesse nos processos de oxidação relacionados com o envelhecimento, especialmente porque sua intensidade aumenta com a idade. Assim, renovou-se o interesse nos carotenoides, alguns dos antioxidantes naturais mais conhecidos. Este artigo analisa seus benefícios.

Viene creciendo el interés en los procesos de oxidación relacionados con el envejecimiento, especialmente porque su intensidad aumenta con la edad. Así, se renovó el interés en los carotenoides, algunos de los antioxidantes naturales más conocidos. Este artículo analiza sus beneficios.

Interest has grown in oxidation processes related the aging, especially since their intensity increases with age. As such, interest in carotenoids, some the best-known antioxidants, has been renewed. This article reviews their benefits.

Comprar

Envelhecimento do Folículo Capilar Avaliado pela COL17A1 - MS da Silva, PhD, G Facchini, PhD, AL Tabarini Alves Pinheiro, MD, A da Silva Pinheiro, BS, S Eberlin, PhD (Grupo Kosmoscience Ciência e Tecnologia Cosmética Ltda., Campinas SP, Brasil); S Eberlin, MD (Instituto Santé D’Or, Sumaré SP, Brasil)

Neste estudo é analisado o efeito da radiação UV no envelhecimento do folículo capilar, em fragmentos de escalpo, por meio da semiquantificação de COL17A1. Os resultados demonstraram a aceleração da proteólise de COL17A1 devido à radiação, resultando na miniaturização desse miniórgão, a qual compromete o desenvolvimento e o crescimento capilar.

En este estudio fue analizado el efecto de la radiación UV en el envejecimiento del folículo capilar, en fragmentos de escalpelo por medio de la semi-cuantificación de COL17A1. Los resultados demostraron la aceleración de la proteolisis de COL17A1 debido a la radiación, resultando en la miniaturización de este mini-órgano la que compromete el desarrollo y el crecimiento capilar.

In this study the effect of UV radiation on hair follicle aging in scalp fragments through the semi-quantification of COL17A1 is evaluated. The results demonstrated the acceleration of COL17A1 proteolysis due to radiation, resulting in miniaturization of this mini-organ which compromises hair development and growth.

Comprar

Microagulhamento no Tratamento do Melasma - AA Cocolete, B Ferreira de Souza, L Oliveira Cruz, M Merida Carrillo Negrão (Curso de Estética da Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo SP, Brasil)

O melasma é um tipo de hipercromia adquirida. Na maioria dos casos, atinge mulheres, é de causa desconhecida e de difícil tratamento. Atualmente já são propostos vários procedimentos químicos e mecânicos para o tratamento do melasma. O objetivo deste estudo foi identifi car os possíveis benefícios da técnica microagulhamento no tratamento do melasma.

El melasma es un tipo de hipercromia adquirida. En la mayoría de los casos, afecta a las mujeres, es de causa desconocida y de difícil tratamiento. Actualmente se proponen varios procedimientos químicos y mecánicos para el tratamiento del melasma. El objetivo de este estudio fue identifi car los posibles beneficios de la técnica microagulación en el tratamiento del melasma

Melasma is a type of acquired hyperchromia. Most of the cases it reaches women, it is of unknown cause and it is difficult to be treated. Currently several procedures, chemical or mechanical, are proposed for the treatment of the melasma. The objective of this study was to identify the possible benefits of the microneedle technique in the treatment of meslasma.

Comprar
Francine Leal Franco
Sustentabilidade por Francine Leal Franco

Aspectos regulatórios: ativos da biodiversidade

A Lei 13.123/2015, conhecida como Lei da Biodiversidade Brasileira, entrou em vigor em 17 de novembro de 2015. Entretanto, algumas das obrigações e responsabilidades trazidas pelo Novo Marco Legal da Biodiversidade só passariam a valer após a disponibilização de um sistema eletrônico pelo Ministério do Meio Ambiente. O SisGen – Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado entrou no ar no dia 6 de novembro de 2017.

O que muda com isso? Em primeiro lugar, com o sistema eletrônico funcionando, as atividades reguladas pela Lei da Biodiversidade devem ser cadastradas nesta plataforma a fim de garantir a rastreabilidade do uso dos ativos naturais do Brasil em uma única plataforma. Além disso, todos os produtos, incluindo os do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC), deverão ser notificados no sistema. Em alguns casos, esses produtos podem desencadear uma repartição de benefícios, ou seja, um retorno financeiro ou projetos com as comunidades provedoras de insumo, por exemplo. Micro e pequenas empresas estão isentas da repartição de benefícios, mas não das obrigações anteriores. Além disso, as matérias-primas que não desempenhem função ou não agregam valor mercadológico ao produto poderão isentar-se da repartição de benefícios.

A data de entrada em funcionamento do sistema é de grande importância para o início da contagem do prazo de 1 ano para a regularização. Há 18 anos, todos os produtos que utilizam a biodiversidade na sua formulação deveriam obter uma autorização do órgão responsável, o CGen – Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, o que desencadeava a repartição de benefícios. Considerando que muitas empresas estão irregulares, a nova lei previu a possibilidade de regularização sem que as empresas sejam punidas. Para isso, a empresa, tanto na cadeia intermediária quanto a fabricante do produto acabado, deverá assinar um Termo de Compromisso junto ao Ministério do Meio Ambiente e, conforme o caso, repartir os benefícios apenas dos últimos cinco anos. O importante é que as empresas assinem o Termo de Compromisso até o dia 6 de novembro de 2018 e façam os seus cadastros no sistema.

O SisGen é mantido e operacionalizado pela Secretaria-Executiva do CGen e possibilita que o usuário cumpra suas obrigações perante a lei, entre elas:

- Cadastrar acesso ao patrimônio genético ou ao conhecimento tradicional associado;
- Cadastrar envio de amostra que contenha patrimônio genético para prestação de serviços no exterior;
- Cadastrar remessa de amostra de patrimônio genético;
- Notificar produto acabado (sabonetes, shampoos, cremes hidratantes, maquiagens, etc.);
- Obter comprovantes de cadastros de acesso, cadastros de remessa e de notificações, certidões e atestados de regularidade de acesso.

Para a realização dos cadastros, é necessário que a pessoa responsável pela inclusão das informações faça o seu registro pessoal e, somente depois, poderá
abilitar a instituição (empresa).

Após o registro pessoal e institucional é que as pesquisas poderão ser incluídas e os produtos notificados. É importante lembrar que os produtos já em comercialização, que necessitam ser regularizados, só poderão ser inseridos no sistema após a assinatura do Termo de Compromisso com o MMA.

O sistema é bastante simples e fácil de navegar. A parte mais difícil de todo o processo não está no sistema em si. Está na rastreabilidade das informações. Para que um produto acabado seja devidamente notificado, precisamos puxar as informações da matéria-prima utilizada no seu desenvolvimento. Portanto, é necessário que a empresa intermediária tenha realizado o cadastro anteriormente.

Vale sempre lembrar que não se trata de uma lei existente unicamente no Brasil. Nossa lei atende a duas normas internacionais: a Convenção sobre Diversidade Biológica e o Protocolo de Nagoya, instrumentos que regulam a utilização de recursos genéticos e conhecimentos tradicionais em todo o mundo. Por outro lado, o Brasil é o único país a ter um processo simplificado por meio de uma plataforma eletrônica bem como regras claras sobre a repartição de benefícios, que, em outros países, pode ultrapassar a casa dos 10% do lucro obtido com a venda do produto.

O objetivo dessas normas é conservar e incentivar o uso sustentável dos recursos naturais, valorizar os conhecimentos tradicionais associados e garantir uma repartição justa e equitativa dos benefícios quando esses recursos forem utilizados no desenvolvimento de produtos, garantindo também a soberania nacional sobre os nossos recursos.

O SisGen passa a ser um grande avanço internacional no processo de rastreabilidade de insumos naturais e um mecanismo moderno de registro de informações. Em suma, o Brasil só tem a ganhar com o desenvolvimento de produtos cada vez mais sustentáveis baseados na nossa riqueza natural.

Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Distribuição de renda

Tem-se falado muito nestes últimos dois meses sobre a pobreza. Longe de ser um problema local, ela vem se fazendo presente em várias partes do mundo e assumindo diversas facetas. Resumindo: o fato é que este quadro vem apresentando uma piora generalizada ao longo dos anos e principalmente nos anos mais recentes. Por outro lado, escuta-se também falar em crescimentos econômicos positivos em algumas regiões ou mesmo em países isolados, mesmo que na grande maioria tímidos. O Banco Mundial, por exemplo, declara um percentual de crescimento econômico mundial de 2,4% em 2016, uma estimativa de 3% para o fechamento de 2017, e uma projeção de 3,1% para 2018. Segmentando o mesmo índice apenas para as economias emergentes, nas quais nos incluímos, os dados são promissores e mais robustos: 3,7%, 4,3% e 4,5%, respectivamente.

Diante disso, à mente a pergunta: se há um crescimento econômico, por que não há uma diminuição da pobreza? A princípio, isso parece um paradoxo. No entanto, não se trata de uma contradição, apenas de uma defi nição de conceitos. A questão levantada trata de uma entre as quatro questões fundamentais que a ciência da economia se ocupa desde o princípio do mundo e pode ser traduzida pelo conceito de distribuição de renda.

Faz-se necessário explicar que geração de riqueza não é a mesma coisa que distribuição de renda. A distribuição de renda diz respeito a como a riqueza gerada por um país é distribuída pelos geradores desta riqueza – a população. Esta parte importante da economia tem sido uma preocupação constante dos governantes independentemente da orientação econômica dos seus respectivos países, seja ela orientada pelo liberalismo econômico (capitalista), que afirma que as forças do mercado, a iniciativa individual e o aumento de produtividade possibilitariam no longo prazo uma melhora efetiva da renda dos menos favorecidos, seja ela orientada pelo conservadorismo (socialista), que, por sua vez, afirma que somente as lutas sociais poderiam trazer uma distribuição de renda de fato justa.

A realidade tem mostrado que nem um sistema nem outro tem sido eficaz nesta questão específica da distribuição de renda. Como evidência, menciono o estudo realizado por Thomas Picketty, que informa que, em 2016, 23,4% da riqueza mundial se concentrava nas mãos de 1% da população; 53,9%, nas mãos de 10%; e apenas 14,6%, nas mãos de 50% da população. No Brasil, a desigualdade na distribuição é a maior do mundo: 27,8% da riqueza nacional está nas mãos de 1% da população, ficando à frente até mesmo das monarquias árabes.

Mas por que tamanha desigualdade? Não se pode generalizar a causa, uma vez que o fenômeno é gerado por diferentes fatores nas diversas regiões do mundo. Numa pesquisa feita pelo instituto Oxfam (Nós e as desigualdades, 12/2017) em conjunto com o Datafolha, os entrevistados indicam como fontes da desigualdade nacional a corrupção do poder político, o falido sistema educacional e a falta de oportunidades de emprego e/ou desemprego.

Em linha com a declaração acima, neste mês o Fórum Econômico Mundial se reuniu em Davos para discutir as problemáticas mundiais, e o relatório indica que, entre os riscos globais prováveis nos próximos cinco anos, está o desemprego e/ou subemprego dos jovens (entre 19 e 24 anos). Numa escala de 1 a 5, este risco tem 3,4% de probabilidade de ocorrer e, na mesma escala, há 3,3% de chances de um impacto na economia mundial. De acordo com o relatório, a atual taxa de desemprego mundial é de 12,5% e, na América Latina, de 17,5% (com tendência de alta considerando os últimos 3 anos).

O impacto qualitativo deste risco implica no envelhecimento da população mundial (menos filhos por casal, geração de filhos mais tarde, menor taxa de mortalidade na terceira idade, maior expectativa de vida) e no aumento dos impostos para sustentar o maior número de pessoas que chegam ao topo da pirâmide demográfica. As consequências deste risco podem ser traduzidas no profundo aumento da instabilidade social (insurreições, greves etc.) e no agravamento das consequências negativas dos avanços tecnológicos que a 4ª revolução industrial tem inevitavelmente ocasionado.

A pobreza, que acaba sendo uma das formas práticas de se medir a qualidade da distribuição de renda, tem nos mostrado a piora deste aspecto ao longo dos anos, a despeito do crescimento econômico de algumas regiões ou mesmo de alguns países individualmente. O relatório Oxfam indica que apenas oito homens no mundo reúnem um patrimônio igual ao patrimônio de 50% da população mundial. Os números são alarmantes. Mais se teria para falar aqui, mas o espaço é pequeno para tamanho desafio.

Se não houver uma política de Estado que permita eliminar os efeitos nocivos da corrupção política na economia local e um real plano de investimento educacional, as tendências e consequências apontadas aqui pelos estudiosos mencionados tenderão a se confirmar em um futuro próximo. Um problema atual que coloca em risco as futuras gerações!

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Tricologia e quimioterapia

A quimioterapia é o tratamento que se faz em pacientes com câncer. O nome é genérico, uma vez que, para cada caso teremos um tipo de medicamento
diferente e uma frequência também distinta das aplicações.

O importante é frisar que o que se busca com este tipo de intervenção é parar a divisão celular anormal que ocorre com as células neoplásicas (tumorais). A maioria das drogas utilizadas neste processo tem como objetivo destruir células com alta atividade proliferativa, características dessas células malignas.

Mas, infelizmente, as células do cabelo também têm essas mesmas características. Devemos lembrar que os cabelos crescem em torno de 1 cm por mês durante seis a sete anos, antes de cair. Para que isso ocorra, é necessário que haja uma intensa e contínua divisão celular na raiz do fio capilar.

O quimioterápico que é introduzido na circulação do paciente com câncer, com o intuito de destruir as células malignas, acaba também destruindo as células proliferativas dos cabelos, levando a uma perda aguda dos fios.

Nem todos os quimioterápicos fazem os cabelos cair. As opções que mais têm esse efeito maléfico são as denominadas antracíclicas e os taxanos. Os cânceres de mama e os linfomas são os que mais utilizam estes tipos de drogas, mas com posologias variadas. Então, podem ou não fazer os cabelos caírem com mais ou menos intensidade. Só depois de ser estabelecido o esquema de tratamento é que vamos saber se a alopecia será ou não um efeito colateral.

O que observamos na prática clínica é que, depois de passado o susto do diagnóstico inicial da doença, o que mais incomoda os pacientes, em especial as mulheres, é a queda dos cabelos.

Várias pacientes referem que não estão preocupadas em ter câncer, mas que a falta dos cabelos é muito difícil de controlar. O cabelo começa a cair, normalmente, no início do segundo ciclo, ou seja, depois de 14 a 21 dias de tratamento. A paciente percebe essa queda durante o banho, ao acordar e também quando se penteia. Até por conta da ansiedade que isso causa, os médicos, em geral, sugerem que as pacientes raspem o couro cabeludo nesta fase. Outra alternativa é, antes de começar a quimio, cortar os cabelos e mandar fazer uma prótese, que poderá ser usada depois. Como sabemos que a autoestima tem um peso grande no processo de cura dessas pacientes, é de se acreditar que algo precisa ser feito para evitar que isso ocorra.

Há muito se especula que, se encontrássemos uma maneira de evitar que o quimioterápico chegasse com carga total aos folículos capilares, poderíamos ter algum resultado positivo na preservação dos fios. Hoje temos no Brasil uma tecnologia, aprovada pela Anvisa, que faz uso do frio para evitar a perda total dos cabelos.

Uma touca gelada, com temperatura ao redor de 4 °C, é colocada na cabeça da paciente uma hora antes da aplicação do quimioterápico. Ela aí deve permanecer durante toda a aplicação e por mais uma hora após o término. Com isso, a circulação da droga fica muito diminuída no local, devido à vasoconstrição causada pelo frio. Com menor circulação, temos menor efeito do medicamento nas células do cabelo e, portanto, maior permanência dos fios. Segundo estudos do fabricante, temos entre 60% e 100% de sucesso, com pequenos efeitos colaterais como dor de cabeça e mal estar por causa da sensação de aperto que a touca causa.

O procedimento, no entanto, é contraindicado em doentes com neoplasias hematológicas – como leucemias, linfomas e outras variações do que também se chama “câncer líquido”.

Esses tumores podem dar metástases para o couro cabeludo e, por isso, nesses casos não é recomendado o uso da touca.

A quimioterapia altera as células germinativas do couro de forma que elas acabam morrendo. Quando os fios voltam a crescer, eles crescem em ciclos diferentes, primeiro mais grossos, depois mais finos, o que deixa o cabelo desigual. Além disso, também ocorre uma redução da espessura da fibra capilar. Por isso, é normal o cabelo ficar mais ondulado e um pouco mais frágil no início. Também é bastante comum nascerem alguns fios grisalhos. Os cabelos vão voltar a ser o que eram antes, porém, durante o período em que você notar que o cabelo ainda não é da mesma forma que era antes, é importante tomar certos cuidados.

É necessário evitar os tratamentos químicos (como tinturas, escovas progressivas, permanentes, luzes ou relaxamento) por um período de três meses e aplicar shampoos suaves e em dias alternados.

Eventualmente durante a quimio e, essencialmente depois do tratamento, o uso de suplementos pode ajudar a fazer mais cabelos. Os fios começam a aparecer por volta dos 40 dias após o término do tratamento e podem crescer de maneira não homogênea. Técnicas cosméticas como o uso de tonalizantes podem ser utilizadas.

Uma dieta equilibrada e rica em proteínas pode auxiliar o processo de retomada dos fios. A orientação especializada nesta fase é essencial, bem como o acolhimento e a dedicação aos pacientes nesta situação.

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

Interfaces do P&D

Como parte de uma organização, seja do porte que for, boa parte do trabalho do P&D acontece nas interfaces com outros setores. A forma como isto é feito repercute na qualidade do trabalho e no resultado da empresa, tanto positiva quanto negativamente. Talvez o maior desafio seja harmonizar as diferentes lógicas e os diferentes interesses envolvidos no processo, porque vai exigir certo grau de empatia funcional e habilidade para interagir com outras pessoas. Debates e interlocuções são eventos rotineiros.

Quando o pessoal do marketing concebe um produto, uma campanha ou um texto, eles podem fazer com tanto entusiasmo, que o conteúdo pode não ter respaldo científico ou cabimento regulatório. Todos os benefícios anunciados devem ser suportados pelos produtos, e quem tem que cuidar disto é o P&D. Não se pode mais correr o risco de inventar uma história deslumbrante e entregar um produto que não corresponda à expectativa criada. Seja do ponto de vista regulatório ou de negócio, em um mercado maduro, isto é um verdadeiro “tiro no pé”. Sem falar em valor ético, que, atualmente, é um componente importante do valor das empresas.

O P&D tem que interagir com o marketing para que a argumentação usada na divulgação seja impactante, mas verdadeira e tecnicamente viável. Que as imagens sejam apropriadas e não sugiram, por exemplo, o uso inadequado do produto, porque isso poderia comprometer a segurança do consumidor. Se neste processo entra o pessoal de vendas, pode haver mais um grande desafi o: “ter o melhor produto do mercado com o menor preço possível”, o que, cá entre nós, não é um bom princípio.

E não cabe ao P&D, em conjunção com Assuntos
Regulatórios, ficar só dizendo “isto pode” ou “isto não pode”, porque vai criar a imagem negativa. A perda de prestígio e importância em trabalhos futuros será inevitável. Há de se ter, do lado do P&D, o compromisso de fazer jus à sigla que o identifica, ou seja, pesquisar e desenvolver tecnologia para obter um produto com o máximo de desempenho, e ter fundamentação para argumentar com clareza sobre o que é efetivamente possível e legalmente permitido, sem que isto reduza o entusiasmo e as perspectivas do novo projeto.

Para um olhar despreparado, o P&D pode parecer um setor que só consome recursos. Em uma atividade de base tecnológica, como é o caso da fabricação de cosméticos, este é um equívoco grosseiro, que, por incrível que pareça, ainda ocorre com frequência em empresas que têm ao seu dispor o quarto maior mercado do planeta. Se o P&D fizer um bom trabalho – e for acompanhado pela Produção e Qualidade -, o que o consumidor receberá, lá no fim da linha, será um produto que corresponderá às suas expectativas. A empresa possivelmente ganhará um consumidor fiel e propaganda gratuita, que poderão garantir bons resultados financeiros e crescimento sustentável. Negar recursos ou disponibilizar recursos insuficientes ao P&D é outro “tiro no pé”.

No que se refere a custos, deve ser estabelecida uma planilha que resulte ao desenvolvimento de formulações e embalagens os valores que poderão ser usados para a realização de um projeto. O P&D, principalmente no que se refere ao custo da formulação, precisa compreender que a máxima que diz que “técnico bom é aquele que faz mais barato” é um despropósito. Mesmo sabendo que o desempenho de uma formulação não é obrigatoriamente proporcional à concentração de ativos, o uso de toda a margem de custo deve ser uma diretriz, seja na concentração, seja na escolha de ingredientes de qualidade superior, porque aumenta a possibilidade de entregar ao consumidor um produto melhor.

A interface com fornecedores pode ser muito proveitosa porque existe uma convergência de interesses. Seus representantes devem ser tratados com muita consideração. Eles podem ter informações sobre tendências, sugestões de formulação e resultados de trabalhos científi cos que irão facilitar tremendamente o trabalho do P&D, que, por sua vez, tem que compreender que não basta “copiar e colar”, porque há o risco de se obter um produto sem personalidade, já que as informações não serão exclusivas. Mas isto, nem de longe, diminui a importância deste parceiro. Do lado do fornecedor, espera-se a disponibilização de informações técnicas completas (composição, alérgenos, especificações, etc.) na entrega das amostras, porque é uma exigência científica natural.

Fornecer informações somente na aprovação do material é um desrespeito ao trabalho do P&D.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Terceirizar sem esquecer o CQ das embalagens

Lá se foi 2017 levando consigo toda desesperança. Ficou para o novo ano toda a responsabilidade de um recomeço de esperança, de recuperação e de volta por cima desse nosso país.

Por mais que a classe política nos puxe para baixo, o empresariado é essencialmente brasileiro, não desiste nunca.

Fazendo um breve balanço do que aconteceu no nosso setor, podemos dizer que houve lampejos de recuperação, porém, ainda sem empolgação, para entrarmos de cabeça em altos e novos investimentos. Tudo requer muita cautela.

Se houve um setor do mercado cosmético que pôde comemorar alguma coisa, esse setor foi a terceirização na fabricação, ou seja, aquelas competentes empresas especializadas em produzir várias marcas.

Percebe-se um movimento com tendência de aumento da migração de marcas que possuem fábrica para empresas de terceirização.

Grandes fabricantes estão fechando suas plantas e se livrando de custos fixos, baixa produtividade, manutenção e investimento do parque industrial, processos trabalhistas, fiscalizações indevidas, licenças problemáticas, enfim, tudo o que tira o sono do empresário. Estas indústrias estão focando e investindo na própria marca.

Por outro lado, vemos dia após dia, o nascimento de novas fábricas com foco em terceirização, porém, cada vez mais agregando novos valores nesse trabalho. O que essas empresas têm feito é exatamente tentar atender no detalhe tudo que as marcas tinham quando mantinham suas fábricas.

Por mais que a nova realidade traga benefícios, traz também os dissabores de ter que entrar na fila da programação dos terceiristas, o que não acontecia quando se era proprietário de uma fábrica somente para sua própria marca. Daí a importância da escolha certa do terceirista.

Sempre quando me pedem para indicar um bom terceirista, eu respondo que essa pergunta não vale e precisa de complementos, ou seja: para quais produtos, qual a quantidade, qual o prazo, tem fórmula desenvolvida ou precisa desenvolver etc.

Quero dizer com isso que a escolha do terceirista passa necessariamente primeiro por uma autoavaliação de quem você é e do que precisa, para coincidir com o perfil de quem vai ser o seu fiel parceiro.

Fiz esse preâmbulo para abordar um assunto que é de fundamental importância quando se entrega a produção da sua marca para um terceirista, e mais ainda, quando fecha a sua fábrica.

Estamos falando do assunto qualidade, que, mesmo na pior das hipóteses, tem que ser mantida, sob pena de acabar em pouco tempo o que se levou anos para construir, que é a credibilidade da marca. Qualidade é, antes de tudo, a conformidade com as especificações e os padrões, o que quer dizer que não adianta cobrar qualidade do terceirista se você não sabe o que quer, ou melhor, se não tem isso por escrito, especificado.

Na terceirização, o foco da qualidade é normalmente no produto: pH, viscosidade, densidade, microbiologia; características e parâmetros que são mensuráveis, diferentemente das embalagens que passam por avaliações por atributos, ou seja, aquilo que não se consegue mensurar.

O grande problema, portanto, é quando falamos de qualidade das embalagens. Existem as especificações por escrito?

Os padrões exemplificados em amostras estão necessariamente em duplicata para fornecedor e cliente? Foi definido quem fará o controle de qualidade das embalagens que irão direto do fornecedor para o terceirista? O terceirista tem conhecimento dos padrões exigidos pelo seu cliente e tem autonomia para reprovar um lote não conforme? Ou a aprovação/reprovação vai depender da necessidade e urgência do pedido?

Tudo isso são capítulos que, na maioria das vezes, ainda não foram escritos nessa nova relação terceirista x cliente.

E tudo isso passa, necessariamente, primeiro por um treinamento dos técnicos do terceirista, treinamento esse que deve ser ministrado pelos técnicos do cliente aos técnicos do terceirista.

Quero dizer com isso que comete um grave erro quem fecha sua fábrica para terceirizar a produção, dispensando de imediato todo o pessoal de fábrica, inclusive o controle de qualidade.

Pelo menos no período inicial, é mandatório (como diria o meu amigo Gradim) que se mantenham os técnicos de embalagem, mesmo que eles passem a ser prestadores de serviço da marca.

O assunto controle de qualidade de embalagens é sempre muito polêmico, pela falta de normas ou portarias oficiais e a consequente torre de babel quando se fala das especificações e principalmente dos NQAs (nível de qualidade aceitável) adotados.

Considerando que ele varia de empresa para empresa, de fornecedor para fornecedor, nos indefinidos defeitos críticos, maiores e menores. A falta de unificação de linguagem na definição desses defeitos é a grande causadora de polêmicas e até brigas técnico-comerciais entre cliente e fornecedor. Imagine adicionando um terceirista nesse meio.

O recado que fica desta vez é: não se esquecer da importância da qualidade das embalagens e da readequação do processo quando a marca fecha sua fábrica e terceiriza sua produção.

Novos Produtos