Hair Care

Edicao Atual - Hair Care

Editorial

Compasso de espera

Um contingente de mil empresas brasileiras fez pedidos de falência de credores no período de janeiro a junho de 2016. O número representa um aumento de 26,5% ante o primeiro semestre do ano passado, segundo dados da Boa Vista SCPC. Apenas no mês de junho, houve um aumento de 20,2% no número de empresas que quebraram em relação a maio.

O crescimento dos pedidos de falência no primeiro semestre de 2016 é assustador e supera signifi cativamente o percentual observado no primeiro semestre de 2015, quando os pedidos acumulavam alta de 9,2%.

A fraca atividade econômica e os custos elevados penalizaram os caixas das empresas em 2015. A situação se repete neste ano, ante a ausência de mudanças expressivas no cenário macroeconômico e com indicadores alarmantes como este, que dão a dimensão do tamanho do problema.

Por outro lado, índices como os divulgados pela Fundação Getúlio Vargas demonstram uma tímida retomada do otimismo em alguns setores da economia – mais relacionado às expectativas para o futuro do que à situação atual. Antes da votação defi nitiva a respeito do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, esperada para agosto, medidas de estímulo à economia e o ânimo para investimentos continuam em compasso de espera – em meio a notícias negativas, estagnação e algumas faíscas de otimismo ante ao que virá.

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil aborda, na seção Enfoque, a relação entre indústria e academia no Brasil. A reportagem traz um panorama das parcerias entre empresas e universidades, abrangendo os avanços, as barreiras, a legislação, as ferramentas de fomento à inovação e as iniciativas de aproximação empreendidas por ambos os lados. A seção Persona apresenta a trajetória de Jean Luc Morineau.

Na seção tecnologia, um artigo técnico aborda a penetração de ativos nos cabelos, questionando se de fato isso ocorre; outro artigo faz uma revisão da regulação dos nanos. O assunto água para cosméticos volta ao foco nesta edição. Na seção ABC News, nesta edição iniciamos a publicação dos pôsteres apresentados ao 29º. Congresso Brasileiro de Cosmetologia.

Boa leitura!

Hamilton dos Santos
Publisher

Modificando a Estrutura dos Cabelos de Dentro para Fora - Trefor A. Evans, PhD (TRI-Princeton, Princeton NJ, Estados Unidos)

Alterar as propriedades dos cabelos é a função primordial dos tratamentos diários. Mas quais outros métodos podem ser usados? Alterar a estrutura interna dos cabelos pode ser o próximo passo para que essas mudanças sejam conseguidas.

Cambio de las propiedades del cabello es una función regular de tratamientos de uso diario. Pero ¿qué otros métodos se pueden utilizar? La alteración de las estructuras internas del cabello puede ser la siguiente manera de lograr estos cambios.

Changing hair properties is a regular function of daily-use treatments. But what other methods can be used? Altering the hair´s internal structures may be the next way to achieve these changes.

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O uso de Água em Cosméticos - Sebastião D. Gonçalves (ProServ Química Ltda./Bio Center, São Paulo SP, Brasil)

Neste artigo o autor descreve as características da água e suas formas de tratamento para uso na indústria de cosméticos. Destaques são dados à formação de biofilme e a adequação da água à RDC 48/13.

En este artículo, se describe las características del agua y las formas de tratamiento para su uso en la industria cosméticos. Son destacados aspectos sobre la formación de biopelículas y la adecuación del sistema de tratamiento de água a la regulación brasileña RDC 48/13.

In this article the author describes the characteristics of water and how to treat the water for use in the cosmetics industry. Highlights are given to the formation of biofi lms and how adequacte the water treatment to the Brazilian regulation DRC 48/13.

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Nanotecnologia: Um Grande Desafio em Pequena Embalagem - Robert Ross-Fichtner e Claire Robichaud (Focal Point Research Inc., Mississauga, Ontário, Canadá)

As perspectivas de uso de produtos de nanotecnologia ainda não foram completamente avaliadas. Por apresentarem propriedades diferentes das dos ingredientes em dimensões maiores, os nanomateriais representam grande desafio para a indústria e para as agências reguladoras. Neste artigo, os autores fazem uma revisão das recentes atualizações na regulação do uso de nanomateriais em produtos cosméticos nos principais mercados.

Las perspectivas de uso de productos de la nanotecnología no se han evaluado completamente. Debido a que tienen diferentes propiedades de los ingredientes de más grandes, los nanomateriales representan un desafío para la industria y para los organismos reguladores. En este artículo, los autores revisan los recientes cambios en la regulación del uso de nanomateriales en los productos cosméticos en los principales mercados.

The use perspectives of nanotechnology products have not been fully evaluated. Because they have different properties of the ingredients in larger nanomaterials represent a challenge to industry and regulatory agencies. In this article, the authors review the recent changes in the regulation of the use of nanomaterials in cosmetic products in key markets.

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Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Mulher e mercado de trabalho: uma visão da desigualdade

"A inserção das mulheres no mundo do trabalho constitui-se em tema de grande interesse quando se trata de discutir a igualdade de gênero na sociedade brasileira.” Assim começa o texto de um estudo elaborado pelo IPEA, lançado em março deste ano, com base nas PNADs (Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios, do IBGE), intitulado Mulheres e trabalho: breve análise do período 2004-2014.

O título é sugestivo em um momento de crise, que também atinge o até então intocável mercado cosmético. Uma vez que é inegável a participação da mulher neste segmento da economia nacional, vale a pena fazer essa radiografia.

As mulheres brasileiras conquistaram espaço no mercado de trabalho. Em especial a partir da década de 1970, entraram nele com bastante força. Dados dos censos demográficos apontam que, em 1970, apenas 18,5% das mulheres eram economicamente ativas contra os quase 50% alcançados em 2010. Vale lembrar que a população economicamente ativa serve como base para o indicador de taxa de atividade, que aponta a quantidade de pessoas de uma determinada faixa etária que está disponível para o mercado de trabalho (ocupada ou procurando uma ocupação) em relação a toda a população da mesma faixa etária. Portanto, quanto maior o valor nominal do indicador, maior a participação daquele extrato na economia ativa do país. A mulher é mais bem qualificada, gasta mais tempo que os homens estudando e ainda dá conta dos trabalhos no lar, mas, apesar disso, ela ganha em média 30% menos que o homem. Essa realidade, que já foi pior - há uma década, a mulher tinha um desfalque de 37% nos seus rendimentos -, assusta e preocupa.

A publicação dá destaque à posição das mulheres negras e pobres, que ocupam uma posição desfavorável no mercado de trabalho brasileiro. Elas não chegam a ganhar 40% do valor do contracheque de um homem branco. Em 2014, o homem branco – no topo da pirâmide – contava com um rendimento médio de R$ 2.393; a mulher branca, de R$ 1.831; e a negra, de apenas R$ 946. O estudo mostra um movimento de aproximação dos rendimentos entre as classes, porém atesta que ele ocorre em velocidades lentas e que geralmente é desigual entre os grupos. É mais rápido entre o homem branco/mulher branca do que entre o homem branco/mulher.

As mulheres negras têm a maior taxa de desocupação. Estão submetidas às situações mais precárias de trabalho, com baixos salários e sem carteira assinada. No Brasil, a maior parte do contingente de domésticas é negra. Mas há muito mais trabalhadoras domésticas brancas com carteira assinada.

“O mundo do trabalho é a dimensão mais importante da vida social, tanto do ponto de vista da produção de bens e serviços para as coletividades, como também do ponto de vista da autonomia econômica e de realização individual”, destaca o IPEA.

Os atuais sinais de reversão de um ciclo de crescimento do emprego formal são, portanto, preocupantes, na medida em que esse extrato da sociedade está mais propenso a sentir primeiro os efeitos de uma conjuntura desfavorável, cujos contornos ainda não estão muito bem definidos.

Há muito a se dizer sobre as desigualdades entre homens e mulheres neste espaço tão valorizado nas sociedades capitalistas contemporâneas. E, em especial, há muito a se dizer sobre as desigualdades existentes entre as próprias mulheres. Mesmo que exista um marcador comum que as coloque em piores condições no espaço do trabalho, existem muitos outros marcadores que as separam e as hierarquizam. Atacar essas diferenças de gênero tem que ser objeto de política de Estado.

*Para os interessados no assunto, o estudo completo está no link
http://www.mtps.gov.br/images/Documentos/Noticias/Mulher_e_trabalho_marco_2016.pdf

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

Valores negativos na indústria de cosméticos

Na edição de julho/agosto de 2015 da Cosmetics & Toiletries Brasil, tratei do tema “Geração de valor em P&D”, com o objetivo principal de elucidar a enorme parcela de responsabilidade que o setor de Pesquisa e Desenvolvimento tem nos resultados da empresa. Apesar de parecer uma óbvia e incontestável expressão da verdade, na prática, não fica claro que isto seja tratado desta forma nas empresas. A impressão que se tem é de que o assunto não diz respeito ao P&D, e isto é um enorme equívoco.

Cabe aos gestores e aos técnicos do desenvolvimento consolidar esta responsabilidade. Para isto, os técnicos precisam não só participar da análise objetiva de dados de resultado, mas também colaborar ativa e efetivamente na montagem de estratégias, com informações sobre comportamento de produtos - que devem ser sistematicamente buscadas - e avaliações sobre tecnologias recentes. A ausência da ótica do especialista do desenvolvimento na análise de resultados ou na elaboração de estratégias pode representar uma perda da capacidade de gerar valor.

Quando se pergunta “O que é gerar valor?”, se pensa sempre em valor positivo, e as respostas mais comuns são (não obrigatoriamente nesta ordem): “vender mais”, “reduzir custo”, “comprar matéria-prima mais barata” e “baratear formulações”. Será que estas respostas estão certas? Vamos analisar.

Resposta 1: Vender mais!
Nem sempre vender mais significa gerar valor positivo. A venda de produtos com problemas de estabilidade, segurança ou eficácia pode ter efeito contrário. Produtos desenvolvidos sem considerar bem a demanda do consumidor alvo também podem encalhar. Produtos fabricados sem o respeito aos critérios de BPF ou mesmo sem um bom planejamento também podem gerar prejuízos.

Resposta 2: Reduzir custo!
Pode gerar valor se for um processo bem planejado e bem executado. Reduzir custo simplesmente cortando etapas, pessoal ou procedimentos tem muito mais chance de gerar problemas do que resultado.

Resposta 3: Comprar matéria-prima mais barata!
Somente vai gerar valor se as especificações forem respeitadas - e não somente no papel. Deve-se ter comprovação feita em laboratório. Quantidades adquiridas devem estar adequadas à capacidade de pagamento e de estocagem segura também.

Resposta 4: Baratear formulações!
Normalmente, significa redução de percentuais de ativos. Pode funcionar, desde que não comprometa os atributos básicos do produto (estabilidade, segurança e eficácia). Talvez o custo da verificação e regularização da nova formulação frente ao risco de não funcionar indique que esta não é uma boa estratégia.

A partir da análise das respostas, nota-se claramente o papel da área técnica, com destaque para aquele que pode ser atribuído ao P&D. Assim, ao se tratar de geração de valores, deve-se tomar cuidado para não gerar valores negativos. Há outros eventos bem comuns que podem gerar valor negativo. Podemos citar:

• Acúmulo de funções na área técnica
• Baixa integração dos departamentos
• Baixo investimento no desenvolvimento
• Desenvolvimento só com estudo de estabilidade
• Profissional com perfil inadequado ou incompatível com a função
• Desenvolvimento de cópias ou réplicas de produtos
• Equipamentos, soluções e recursos inadequados ou ultrapassados
• Produtos inadequados ao mercado alvo
• Dificuldade ou receio de inovar
• Desconhecer ou desconsiderar obrigações regulatórias
• Ignorar custos invisíveis
• Organograma e POPs “pra inglês ver”
• Decisões sem conhecimento de causa

Especificamente nas grandes indústrias, pode-se acrescentar à lista de geração de valores negativos:

• O grande fracionamento dos projetos. Quem está no meio do processo pode não ter a noção do todo
• O distanciamento entre técnicos. O fato da bancada estar muito distante da produção pode ser um problema ou difi culdade
• A rigidez dos procedimentos e a consequente difi culdade para mudá-los podem causar acomodação do pessoal e também inibir a inovação
• Incompatibilidade de procedimentos e normas internas de setores diferentes
• Previsão orçamentária inadequada
• Disputa por prestígio de pessoal
• Preenchimento de cargos importantes feitos por conveniência e não por mérito
• Postura rígida de gestores que, ao apresentar um número elevado de pré-requisitos e exigências, acabam inviabilizando novos projetos e ideias
• A ideia de que produtos, processos, procedimentos, padrões, soluções e lógicas atuais são suficientes para garantir no futuro o porte alcançado no presente

Assuntos Regulatórios por Artur João Gradim

Um olho no peixe e outro no gato

O aumento crescente do tempo necessário para a análise técnica de novos registros (210 dias), suas alterações ou inclusões (270 dias) e suas revalidações (300 dias), segundo avaliação do status de entrada dos peticionamentos disponível no site da Anvisa em 24/6/16, é incompreensível. Esse aumento do prazo se dá na mesma progressão que cresce o valor das taxas impostas pelo órgão ao setor regulado. Considere-se que, desde 31 de agosto passado, os serviços prestados pela agência tiveram suas taxas majoradas em aproximadamente 190%, aumentos muito superiores à realidade dos índices econômicos oficiais. A justificativa para esse aumento é a autonomia administrativa financeira da agência, que, respaldada pela lei que criou essa e outras autarquias especiais, permite liberdade na remuneração pelos trabalhos oferecidos.

Segundo está disposto no Artigo 5º, da Constituição brasileira, “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário sobre lesão ou ameaça ao direito, devendo ser respeitada a constitucionalidade dos atos praticados”. Apesar de ser um conceito clássico dos livros de Direto, esse artigo não faz referência às agências reguladoras. Contudo, isso não tem impedido o êxito do setor regulado, mesmo que por meio de decisões liminares, como no caso dos preços públicos praticados pela agência e da prioridade analítica exigida pelo setor regulado, no que se refere ao registro de produtos.

Lamentavelmente, a grande maioria dos produtores nacionais não alcançou esses benefícios e hoje estes estão pagando valores absurdos pelos serviços da agência. O fato é que ações impetradas pela Abihpec não tiveram número expressivo de adesões por conta da inobservância dos gestores de pequenas e médias empresas, ou por falta de recursos humanos ou financeiros, ou diante das diversas “dinamites detonadas” simultaneamente na época.

Até metade da segunda década após a criação das agências reguladoras, foram raros os casos que impactaram as empresas do setor e motivaram demandas judiciais no âmbito da vigilância sanitária. A exceção é o caso, ainda não encerrado referente à ação civil pública do Ministério Público quanto à obrigatoriedade da descrição dos dados de composição na rotulagem dos produtos igualmente em língua portuguesa, sem a eliminação da descrição dos ingredientes na nomenclatura INCI. Sabemos que o texto de rotulagem segue regulamentação oriunda do Mercosul incorporada à regulamentação brasileira, portanto, impossível de não ser praticada. Além disso, sabidamente, o texto do rótulo em português em nada representa ganho para o consumidor. Essa ação está suspensa, temporariamente, graças a um recurso obtido pela Abihpec.

Diante disso, vale a pena citar uma frase singular que diz “como qualquer hábito, o senso de urgência funciona melhor quando entra na rotina”.

Finalizando, relembro uma vez mais que em outubro próximo termina o prazo para a execução das validações compulsórias de Sistemas e Processos previstos no “caput” da RDC nº 48/13 – Boas Práticas de Fabricação para Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes. Sobre o assunto, em junho passado, a Abihpec solicitou aos seus membros associados que se posicionassem quanto ao status de adequação aos novos requisitos estabelecidos por essa RDC e/ou que apresentassem, se necessário, justificativas que contribuam para a elaboração de pedido de postergação do prazo estabelecido para atender a essas exigências. Razões cabíveis para postergar o prazo não faltarão, tenho certeza, mesmo porque tal exigência não é prevista no regulamento técnico, salvo se for identificada como imprescindível pelo fabricante.

Como consequência da grave crise econômica que assola o país desde o final de 2014, se for mantida a data de adequação à RDC nº 48/13, haverá grande incidência de desconformidades nesse requisito.

Vamos à luta!

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Uma grande oportunidade

Vencerá, em outubro próximo, o prazo para atender as exigências da RDC nº 48/13. Esse fato tem me levado a algumas constatações pelo seguinte motivo: muitas empresas iniciaram os trabalhos de validação, entretanto, os resultados ainda não foram alcançados. A razão para isso? Muitas vezes não se sabe, e em alguns casos, essa falta de presteza nunca ficará claro.

As causas do insucesso de um projeto são variadas e têm diferentes naturezas. Entre elas, estão os componentes de ordem material, financeira, organizacional e humana.

A experiência tem mostrado que o componente humano é um dos fatores mais importantes para se alcançar quaisquer objetivos. Se os colaboradores não estiverem motivados, serão mínimas as chances de se chegar aos resultados almejados.

Isso me inspirou a relembrar alguns conceitos empregados pelas técnicas motivacionais. A propósito, a palavra “motivação” tem origem na palavra latina movere, ou seja, mover.

Vamos recordar o que disseram os principais expoentes da administração moderna sobre a motivação de pessoas.

“Motivação é vista como uma força propulsora cujas origens se encontram na maior parte do tempo ocultas no interior do indivíduo”, disse Patrick James “Pat” Riley, o atual presidente do Miami Heat e que está na lista dos 10 melhores técnicos da história da NBA dos Estados Unidos.

“A motivação é uma chama interior. Se outra pessoa tentar acender essa chama, é provável que ela arda por um período muito breve”, definiu Stephen Richards Covey, escritor norte-americano, autor do best-seller administrativo “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes”, classificado por alguns como um livro de autoajuda.

“Aprendi que, sempre que algo é realizado isso é feito por alguém obcecado por uma missão” e “a tarefa do gestor é tornar as pessoas capazes de desempenhar atividades em conjunto, tornar suas forças eficazes e suas fraquezas irrelevantes”, são os conceitos citados por Peter Drucker, escritor, professor e consultor administrativo de origem austríaca, considerado o pai da administração moderna e o mais reconhecido pensador do fenômeno dos efeitos da globalização na economia em geral e, em particular, nas organizações.

“Ainda não encontrei alguém, por mais elevado que seja o cargo, que não tenha feito um trabalho melhor ou se esforçado mais sob um espírito de aprovação do que sob um espírito de crítica” disse Peter Drucker, empresário e investidor norte-americano.

“A motivação é a arte de conseguir que as pessoas façam o que você quer porque elas desejam fazê-lo”, definiu Dwight D. Eisenhower, ex-presidente dos Estados Unidos.

“Para motivar as pessoas, é necessário envolver suas mentes e seus corações. Um bom negócio é fazer com que um funcionário se sinta parte de todo o esforço. É por meio do meu exemplo, acredito, que motivo as pessoas”, revelou Rupert Murdoch, empresário áustralo-americano, acionista majoritário da News Corporation, um dos maiores grupos midiáticos do mundo.

“Os funcionários são a força motriz por traz da Macintosh. Meu trabalho é criar um espaço para eles e remover os obstáculos do restante da empresa”, disse Steve Jobs, o enigmático inventor, empresário e magnata norte-americano do setor da informática, que se notabilizou como cofundador, presidente e diretor executivo da Apple Inc.

“As estratégias mais inteligentes e as tecnologias mais avançadas não são nada efi cazes sem grandes pessoas para colocá-las em ação” disse Jack Welch, executivo norte-americano e autor de vários livros.

“Gestão nada mais é do que motivar outras pessoas”, definiu Lee Iacocca, executivo norte-americano célebre por ter lançado o Mustang e o malfadado Ford Pinto, e por ter sido demitido da Ford (em 1978) e ter reerguido a Chrysler Corporation nos anos 1980. Iacocca também é um conhecido autor de best-sellers de negócios, liderança e governança corporativa.

Com base em todos esses pensamentos, devemos considerar a importância da motivação na implantação de qualquer processo e da responsabilidade dos gestores em sensibilizar e motivar seus colaboradores, o que é de suma importância para que os objetivos sejam alcançados.

O treinamento é necessário para a realização de todas as tarefas, mesmo as rotineiras e deve ser integrado aos novos processos e procedimentos, podendo auxiliar na motivação das pessoas.

Ainda dá tempo de você rever seus conceitos no sentido de motivar seu pessoal e de ficar em dia com os requisitos da RDC nº 48/13, se você ainda não o fez.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

A academia deveria ir até a indústria ou vice-versa?

Antes de discorrer sobre esse tema tão estimulante, quero registrar que, nos meus pouco mais de 60 anos de vida, sempre transitei muito bem nestes dois ambientes, muitas vezes tão distantes – o que considero um privilégio. Depois da minha graduação em medicina, na Universidade de São Paulo, pude fazer meu mestrado e, depois, meu doutorado em medicina, na Universidade de Campinas. Não obstante, continuei meus estudos num curso de pós-doutorado, nos Estados Unidos.

Durante todos esses anos, mantive um estreito relacionamento com a indústria, sempre na forma de assessoria técnica pontual. Pude, também neste tempo todo, perceber o grande afastamento que existia entre esses dois mundos, cada um deles com seus argumentos “irrefutáveis”.

Uma das abordagens que podemos ter para tentar entender esse fenomeno está nas definições dos termos que permeiam ambos os mundos.

A palavra “investigação” tem um significado bem diferente para cada um deles, e há divergências até mesmo dentro deles. Buscando definições, encontrei um trabalho postado por Luis Sarmento no blog Academia e Indústria. Para a academia, é trabalho de investigação ampliar as fronteiras do conhecimento, produzindo novas teorias, pondo-as em prática, percebendo suas falhas e corrigindo-as quando necessário. O objetivo é a pesquisa em si, não havendo, como falam os cientistas norte-americanos, “ciência inútil”, pois todos os trabalhos científicos, em algum momento, servirão para o aumento do conhecimento humano. Pode-se aguardar o tempo que for necessário para que esta informação torne-se útil e relevante.

Para tanto, o que se mede é a produção científica que determinada instituição produz, onde ela consegue publicar seus feitos e quantos são os professores doutores envolvidos na pesquisa.

Até bem recentemente, pelo menos aqui no Brasil, não era objetivo da academia produzir patentes que revertessem lucros para a instituição, e isso era visto até como antiético!

A investigação para a indústria é a parte que envolve a resolução de problemas que aparecem e atrapalham a evolução dos negócios, não importando quem trouxe a solução.

O que é relevante é que a investigação na indústria permite incorporar conhecimento novo na organização, o que pode acontecer por um simples estudo de material já existente, pela sua evolução por meio da adaptação aos desafios concretos que se vivem na indústria em causa.

O objetivo da investigação na indústria não passa necessariamente pela expansão do conhecimento da humanidade: apenas pretende expandir o conhecimento da organização de forma a acelerar a sua progressão e ganhar vantagens competitivas. Ou seja, ao contrário do que acontece na academia, a investigação na indústria não tem um caráter universal.

Por um lado, é muito frequente que, perante a limitação de recursos para o efeito na maior parte da indústria, grande parte daquilo que se chama de “investigação” se concentre apenas na importação e aplicação quase direta e o mais rápida possível de conhecimento. Na verdade, este tipo de atividade está mais próximo da engenharia do que da ciência. Por outro lado, é precisamente em indústrias mais poderosas, que se fazem também algumas das investigações científicas de fundo mais avançadas.

A medição do sucesso da investigação na indústria está essencialmente indexada ao seu potencial econômico – em curto ou longo prazo. Como se procura uma vantagem competitiva, muito raramente se publicam os últimos resultados. Aliás, mesmo que haja um avanço do conhecimento universal da humanidade, esse conhecimento fica restrito ao interior da empresa que o alcançou, para sua conversão econômica.

Em resumo, a investigação na indústria tem um carácter essencialmente local, em que se procura uma vantagem competitiva, sem que isso torne obrigatória a expansão do conhecimento universal da humanidade.

Em algumas instituições acadêmicas brasileiras, encontramos, há tempos, embriões de empresas onde os alunos mimetizam o que vão encontrar em seu futuro profissional. Já nas instituições públicas, isso só começou a acontecer mais recentemente, com a criação de empresas de informática, como as chamadas startups, cuja função é reunir interessados em projetos econômicos e, por meio dessa parceria, tentar arrecadar o montante de dinheiro necessário para a execução desse projeto.

Nas grandes universidade públicas, este modelo ainda é muito incipiente, havendo pouco estímulo para a criação de patentes e sua utilização comercial.

Falta ainda uma massa crítica suficientemente grande para impactar os dirigentes e gestores das universidades, de modo que eles entendam e aceitem a ideia de que a associação entre a indústria e a academia pode ser muito produtiva para ambos os lados, escolhendo modelos que já existem - especialmente nas universidades norte-americanas - ou, eventualmente, criando modelos próprios que se adaptem melhor à realidade nacional.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Embalagens para cosméticos: carência de legislação

Já abordei esse assunto outras vezes, mas percebo que cada vez mais ele precisa ser discutido para alinhar a linguagem, principalmente no que diz respeito ao controle de qualidade das embalagens.

Não se pode admitir que a principal ferramenta de venda de um cosmético, a parte do produto que muitas vezes custa muito mais caro que o próprio produto (bulk) e que ocupa o maior espaço na fábrica não tenha uma legislação que todos possam seguir e trabalhar, tendo como parâmetro o que o mercado – dos fornecedores aos clientes - pratica.

Quando vamos avaliar e qualificar um fornecedor, a principal pergunta a ser feita deve ser “qual plano de amostragem e NQAs (nível de qualidade aceitável) você pratica?”. Isso deveria ser uma regra, que deveria ser conhecida por todos da cadeia. Sem contar que as divergências entre uma empresa e outra são de toda ordem, a começar pelo uso de NQAs diferentes para diferentes famílias de embalagens. É comum que haja, em uma mesma categoria de defeitos, a prática de certo NQA para a família de plásticos, por exemplo, e de outro NQA para vidros. O que quero dizer com isso é que se usa, por exemplo, NQA 1,5 para plásticos e 2,0 para vidros e, com isso, teoricamente admite-se uma abertura e uma aceitação maior em termos de defeitos na embalagem para a família de vidros.

O que mais dificulta a implantação de um sistema de controle de qualidade em uma empresa, além dos problemas na classificação de um defeito e a falta de técnicos especializados, é essa falta de alinhamento.

Quem mais sofre com a falta de uma legislação específica são as empresas que fabricam para terceiros. Em um contrato full service, é o terceirista quem compra todos os insumos, inclusive as embalagens. Esse contrato contempla também a análise dos insumos no recebimento pelo terceirista. Imagine a confusão na cabeça do inspetor de qualidade se, para cada cliente, houver a exigência de um plano de amostragem e NQA completamente diferente para os diversos tipos de defeito.

O lado bom é que, para amenizar o problema, existe no mercado uma prática (não oficial) na qual o plano de amostragem utilizado normalmente é o Militay Standard 105 D, também conhecido como NBR 5426. Para os NQAs, o que normalmente se usa é 1,5 para defeitos críticos, 0,25 para defeitos maiores ou graves e 4,0 para defeitos mínimos ou menores.

É fundamental para uma empresa, principalmente a de produto acabado, ter bem definidos esses números de NQA, pois são eles que determinam o nível de qualidade que a empresa quer ter nas suas embalagens.

Comparo o NQA com uma rede colocada em um rio de lado a lado. Por ser pescador, embora não use rede, disso eu entendo bem! Se não houver essa rede, passará todo tipo de detritos trazidos pela correnteza. Por outro lado, essa rede vai limitar a passagem desses detritos, e o tamanho do detrito que passará será exatamente o mesmo da malha da rede. Isso quer dizer que quanto maior for a malha da rede, maior será o detrito que irá passar. Comparando então com o NQA, quanto maior é o NQA, maiores são os defeitos que a empresa admite como aprovados.

Em resumo, realmente o NQA define o nível de qualidade da empresa e a “cara” que ela quer ter no mercado.

Uma notícia boa é que esse assunto está sendo tratado por um grupo de especialistas em embalagem - do qual eu faço parte -, que acabou de ser formado. Vamos identificar no grupo quais profissionais têm mais conhecimento sobre esse assunto e convidar os órgãos pertinentes para, então, começarmos a discutir a harmonização e a regularização tão necessárias.

Outro dado importante é que, quando abordei esse assunto no grupo, as respostas foram imediatas, e todas convergiram para essa carência de legislação e a necessidade da criação de um grupo de trabalho para discutir e propor normas que atendessem a essa ansiedade do mercado.

Tratamos aqui do assunto legislação/controle de qualidade, mas, obviamente, junto dele vêm outras carências no que diz respeito a embalagens para cosméticos. Só para começar a discussão, diversos tipos de resinas plásticas são usados em embalagens para shampoo, por exemplo. Mas qual é a mais indicada? Qual é a ecologicamente mais correta? Qual é a mais compatível? E qual deveria ser exigida pelos órgãos legais? Da mesma forma, o questionamento da foscação por ataque de ácido nos frascos de vidro.

Fica aqui uma amostragem do que precisa ser discutido e alinhado para evitar a “torre de babel” que existe hoje em termos de legislação referente a embalagens para cosméticos.

Luis Antonio Paludetti
Manipulação Cosmética por Luis Antonio Paludetti

Xô, xuá, cada macaco no seu galho

Alguém sabe como surgiu o dito que dá título à coluna desta edição?
Quem respondeu ”é um samba de Riachão” acertou. Riachão – sambista de velha guarda – escreveu esta canção há mais de 70 anos. E é com ela que pretendo fazê-lo refletir sobre prescrição farmacêutica.

Todo mundo sabe que o mundo contemporâneo é um mundo de reinvenção. Assim, como todas as coisas, as profissões também precisam se reinventar.

Pense na reinvenção sofrida pela nutrição (até uns 15 anos atrás, ser nutricionista era sinônimo de trabalhar em restaurante ou empresas de catering), por exemplo. Biólogos eram fatalmente destinados ao magistério e hoje podem trabalhar com sequenciamento genético e gerenciamento ambiental). E os educadores físicos ampliaram seu leque para os cuidados pessoais e a integração em equipes multidisciplinares de saúde.

E aí você me pergunta: e o farmacêutico? Bem, também estamos nos reinventando.

Bill Gates, em seu livro A Estrada para o Futuro, ensina que a melhor forma de prever o futuro é inventá-lo. Nesse sentido, a prescrição farmacêutica seria um dos passos a ser dado – pelo menos em parte – para reinventar a profissão farmacêutica.

Mas seria isso totalmente verdade? Seria a prescrição farmacêutica (que, resumidamente, consiste em o farmacêutico prescrever medicamentos isentos de prescrição médica ou alguns medicamentos de atenção primária à saúde, conforme protocolos claramente definidos) uma reinvenção para a profissão ou ela nos traria mais prejuízos que benefícios? Vejamos:

O principal fundamento da prescrição farmacêutica é que existem inúmeras pessoas afetadas por doenças ou problemas crônicos de saúde (asma, enxaqueca, hipertensão, hipercolesteremia, acne, alergias, micoses etc.) que não estão sendo tratadas.

Devido a um comportamento secular e pelas dificuldades de acesso à saúde, nós sabemos que, no Brasil, os primeiros estabelecimentos de saúde a ser lembrados e procurados pela população são as farmácias e drogarias. Também sabemos que é um hábito (não muito recomendável) o brasileiro se automedicar e o quão comum é a dispensação de medicamentos tarjados sem a devida prescrição e, muitas vezes, sem o aconselhamento profissional do farmacêutico. Por estes motivos, é muito comum (para não dizer intuitivo) que as pessoas procurem as farmácias para obter medicamentos, sejam eles de prescrição ou não. No Brasil, a indicação de medicamentos em farmácias é um fato que, infelizmente, na maioria das vezes, acontece sem o aconselhamento de um profissional farmacêutico.

Como, então, equacionar as necessidades de atendimento à saúde primária da população e, ao mesmo tempo, eliminar a automedicação e estimular o uso racional de medicamentos?

A resposta está na prescrição farmacêutica. É muito melhor que um farmacêutico, baseado em protocolos adequados, possa prescrever um medicamento de venda livre para asma que deixar eventuais pacientes à mercê de serviços de saúde inacessíveis e que muito provavelmente farão uso do mesmo recurso terapêutico que o farmacêutico teria prescrito.

Mas existe um problema nisso tudo: a linha que separa o que pode ser prescrito por um farmacêutico e o que deve ser prescrito exclusivamente por um médico é muito tênue e não muito nítida. Várias doenças exigem um diagnóstico diferencial difícil de resolver, e determinadas classes de fármacos podem obscurecer uma doença mais grave ou ser perigosas para certos grupos de pacientes com múltiplas enfermidades.

Durante muito tempo, a prática indiscriminada da indicação de medicamentos por parte das farmácias foi uma realidade. Sabiamente, a regulamentação da prescrição farmacêutica pelo Conselho Federal de Farmácia tornou clara e nítida a linha que separa o que pode ser prescrito por farmacêuticos e o que não pode. Foram estabelecidos protocolos e normas para o atendimento e a prescrição e, se isto for respeitado, tudo será melhor para a saúde no Brasil.

Nós, farmacêuticos, devemos ter uma profunda consciência profissional e estar plenamente cientes dos nossos limites. Infelizmente, alguns profissionais veem na prescrição apenas uma forma de sobressair e acabam ultrapassando limites, oferecendo serviços que invadem a competência legal de outros profissionais.

Nossa competência exclusiva é, sempre foi e sempre será o medicamento. Desde o século XV, medicina e farmácia andam separadas como profissões, mas unidas pela terapêutica medicamentosa. Uma não pode existir sem a outra. A medicina clínica é uma arte, tal qual o preparo de medicamentos. Ambas são indispensáveis, mas cada qual em seu âmbito. Ultrapassar limites e pular para o galho vizinho pode trazer muitos problemas.

Ah, e afinal: você sabia que “cada macaco no seu galho” foi eternizado pelo Riachão?

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