Skin Care

Edicao Atual - Skin Care

Editorial

Modo de fazer

Não existem decisões fáceis ou receitas prontas para o governo debelar a crise que vivemos. Os anseios por reformas que reestruturem a economia nacional partem de várias frentes: da população descontente com as difi culdades no dia a dia (aumento de preços e desemprego); dos empresários que são obrigados a suportar ingerências que impactam em suas atividades (aumento da carga tributária e da burocracia); de entidades, economistas e formadores de opinião que não veem com bons olhos as decisões do governo na área econômica.

Para os analistas de mercado, o ano que nasce não dá sinais de que será diferente do anterior. No entanto, 2016 traz consigo a concordância de grande parte da sociedade sobre como chegamos a esse atoleiro e o que precisa ser feito para que comecemos a tirar os pés dele.

O Estado gasta mais do que arrecada há muito tempo, e gasta de forma inefi ciente. Todos os clamores levam, portanto, à direção do ajuste fiscal, mas o governo só pensa no aumento da carga tributária.

Na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a economia só voltará a crescer quando o país adotar uma agenda baseada em três eixos: medidas de estabilidade macroeconômica, ajuste fiscal de longo prazo e melhoria do ambiente de negócios e da segurança jurídica. Resta aguardar e continuar trabalhando (muito) em meio às turbulências do caminho.

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil traz, na seção Enfoque, os principais aspectos envolvidos no processo de exportação. A reportagem aborda o trabalho das instituições que oferecem apoio e orientação às empresas, as ações voltadas ao setor cosmético e as perspectivas que indicam um cenário positivo para as operações no exterior. O Balanço Econômico, já tradicional na inicio de cada ano, faz uma análise retrospectiva de 2015 e a projeção do cenário para este ano. Em Persona, conheça a trajetória de Fátima Maranhão.

Os artigos técnicos abordam estudos sobre a hidratação biomimética, sobre uso de polímeros em cosméticos e sobre a estabilidade de fragrâncias em desodorante. Nesta edição é publicado o primeiro artigo, de uma série de seis, na seção Bioengenharia Cutânea, com uma resenha sobre a pesquisa clínica de cosméticos.

Boa leitura!

 

Hamilton dos Santos
Publisher

Os Polímeros e sua Importância Fundamental para os Cosméticos Modernos - Álvaro Luiz Gomes (Dow Corning do Brasil, Hortolândia SP, Brasil)

Desde há muito tempo polímeros são utilizados em cosméticos e a cada dia são desenvolvidas novas aplicações. Neste artigo, o autor descreve os principais polímeros utilizados em cosméticos, destacando as características e propriedades de cada um.

Desde hace mucho tiempo los polímeros san utilizados en productos cosméticos y cada día se desarrollan nuevas aplicaciones. En este artículo, el autor describe los principales polímeros utilizados en cosméticos, destacando las características y propiedades de cada uno.

Since a long time the polymers are used in cosmetics and each day new applications are developed. In this article, the author describes the major polymers used in cosmetics, pointing out the characteristics and properties of each one.

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Hidratação Biomimética versus Tradicional - Petya Todorova, Peter Grant-Ross, Slobodanka Tamburic (London College of Fashion, University of the Arts London, Reino Unido); Ritva Kurimo (Laurea University of Applied Science, Vantaa, Finlândia)

Para aliviar o ressecamento da pele tradicionalmente são usados umectantes e substâncias oclusivas. Uma terceira abordagem relativamente recente é a biomimética, ou seja, ativos com estrutura lamelar contendo lipídios idênticos aos da pele. O objetivo deste estudo foi determinar se um creme biomimético poderia ou não dar umectação superior a voluntários humanos em comparação com um umectante convencional contendo vaselina líquida e óleo mineral.

Para aliviar la sequedad de la piel, humectantes y sustancias oclusivas se utilizan tradicionalmente. Un tercer enfoque relativamente reciente es el biomimético, es decir, sustancias activas con una estructura laminar que contiene lípidos idénticas a piel. El objetivo de este estudio fue determinar si una crema biomimético podría entregar humectación superior a voluntarios humanos, en comparación con una crema hidratante que contiene vaselina convencional y aceite mineral.

To alleviate skin dryness, humectants and occlusive substances are traditionally used. A third relatively recent approach is biomimetic, i.e., actives with a lamellar structure containing skin-identical lipids. The aim of this study was to determine whether a biomimetic cream could deliver superior moisturization to human volunteers, compared with a conventional moisturizer containing petrolatum and mineral oil.

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Estabilidade de Componentes de Fragrância em Desodorantes - Chintaman T Bondar, Sushilkumar A Dubal, Adinath M Ware, Jyotsna T Waghmare, SA Momin (Institute of Chemical Technology, Universidade de Mumbai, Índia)

Antiperspirantes e desodorantes representam uma das maiores categorias dos produtos de cuidado pessoal. Os ingredientes ativos ou as próprias formulações podem alterar os óleos aromáticos que compõem a fragrância. Neste artigo, os autores sugerem uma série de ensaios para avaliar a estabilidade dessas formulações.

Los antitranspirantes y desodorantes representan una de las más grandes categorías de productos de cuidado personal. Los ingredientes activos o sus propias formulaciones pueden alterar los aceites de perfume que componen la fragancia. En este artículo los autores sugieren una serie de pruebas para evaluar la estabilidad de estas formulaciones.

Antiperspirants and deodorants represent one of the largest personal care products categories. The active ingredients or their own formulations can alter the perfume oils which comprise the fragrance. In this article the authors suggest a series of tests to evaluate the stability of these formulations.

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John Jimenez
Tendências por John Jimenez

Star Wars (and 2016 trends)

The force awakens… E, com a força, também despertam as novas tendências que veremos este ano. Graças ao Google, que incluiu a língua aurebesh em seu tradutor, poderemos saber quais são os segredos de beleza da Princesa Leia para ter tão boa aparência em seu reencontro com Han Solo depois de tantos anos e tantas viagens interplanetárias.

From Asianification to Galaxyfi cation: As marcas de beleza asiáticas têm sido por tradição fonte de inovação e inspiração em cosmética. Neste ano estamos vendo que a inspiração também vem do espaço, com lançamentos como ativos extraídos de meteoritos e materiais cósmicos com eficácia comprovada no cuidado da pele.

Lips-tache: Estamos vendo marcas de cosméticos que usam os rostos de homens barbudos e com bigode para promover novos tons de batons para mulher. Isso demonstra que a maquiagem pode ser apreciada por todos, independentemente do gênero e da galáxia.

Intergalactic UV protection: Este ano veremos um aumento em claims além do UVB e UVA em proteção solar, já que a Nasa acabou de descobrir a verdadeira forma dos cinturões de radiação ao redor da terra. Haverá mais benefícios relacionados com radiação infravermelha visível, aquecimento global, ozônio e nuvens. Também vemos o lançamento do primeiro sensor dérmico projetado para monitorar a exposição UV e ajudar os consumidores a se educarem sobre a proteção solar.

Miss Robot Universe: Uma empresa de tecnologia com sede em Hong Kong está empurrando os limites entre a ficção científica e a realidade. Trata-se do primeiro concurso de beleza internacional julgado por robôs. As pessoas interessadas em participar podem tirar uma selfie e, por meio de aplicativos em seus smart phones, enviá-la para ser julgada por um júri composto por diferentes robôs. Não é permitido que os participantes usem barba, óculos ou maquiagem. Os robôs usarão algoritmos específicos para avaliar rugas, simetria do rosto, cor da pele, sexo, idade e origem étnica.

Niche brands & fast fashion: Enquanto as naves espaciais se aventuram por áreas inexploradas do universo, a inovação das marcas de nicho servirá de inspiração para as grandes marcas, aventurando-se em áreas inexploradas de crescimento e consolidando sua experiência com conceitos mais impactantes, novas texturas etc.

Greying hair control: Cientistas de Oxford desenvolveram um suplemento alimentar que estimula a produção normal de pigmentos no folículo capilar, garantindo nutrientes importantes, necessários para a biossíntese de melanina. Com a idade, o estresse, o tempo e as viagens interespaciais, o corpo perde a habilidade de produzir cabelo pigmentado. Esse é o segredo que usou Han Solo para surpreender a princesa.

Water… The new luxury: A água está se tornando cada vez mais um elemento precioso. Neste ano as marcas começarão a inovar na forma como elaboram e formulam os produtos. Logo começaremos a ver inovações em formatos que incluem limpadoras e produtos em pó para o cuidado da pele, que requerem somente um pouco de água para transformar-se em elegantes e surpreendentes texturas.

Water-saving beauty solutions: Wipes, dry shampoos, non-rinse body washes, dry soap, dry bath e dry shower serão novos claims em destaque.

Facial mapping: Enquanto os avanços na pesquisa espacial têm permitido que naves cheguem a Plutão e construam um mapeamento exato de sua superfície, na última Conferência da IFSCC de Zurique, foram apresentados os avanços na compreensão da qualidade da pele do rosto em diferentes zonas graças a novos mapeamentos faciais, que permitirão desenvolver novas metodologias e novos claims para os estudos de eficácia clínica em cuidados da pele.

Bye bye microbeads: Neste ano, daremos adeus às micropartículas sintéticas e daremos as boas-vindas para as alternativas terrícolas naturais.

Gender A: Cada vez mais, as marcas estão incluindo em sua comunicação modelos transgênero, sem discriminação, e mudando os estereótipos criados pela sociedade.

Alzheimer’s Treatment: A doença de Alzheimer é a sexta causa de morte nos Estados Unidos. Um novo fármaco que está em desenvolvimento para tratar essa doença mostrou benefícios anti-idade surpreendentes graças a um novo mecanismo que melhora a expressão genética.

Cosméticos intergalácticos e os segredos de beleza da Princesa Leia... Mais inspiração para inovar!

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

Produtos para a pele podem ser um ótimo negócio!

Segundo os dados do Panorama do Setor de 2015 (que analisa os números de 2014), somos o maior mercado de perfumaria, desodorantes e proteção solar do planeta. Ocupamos ainda uma posição importante em produtos para o cuidado dos cabelos e de banho. Apesar da falta de dados oficiais, tem-se a impressão de que a perfumaria está concentrada nas grandes empresas, enquanto os produtos capilares são os campeões das empresas de pequeno e médio porte.

Desde muito tempo, o brasileiro - e principalmente as brasileiras - se preocupa com os cabelos. Como a moda e as tendências vinham principalmente da Europa, onde predominam os cabelos lisos, por causa dos cabelos cacheados e crespos que herdamos da miscigenação que formou o povo brasileiro, criou-se no Brasil o complexo de “cabelo ruim”, uma expressão indelicada e cruel com a diversidade cultural que a miscigenação nos proporcionou, mas foi um fenômeno que preocupou as pessoas na década de 1960 - tanto os homens quanto as mulheres. Basta olhar as fotos dos artistas da Jovem Guarda. Quase todos têm o cabelo transformado. Como os produtos de transformação capilar da época eram muito agressivos (chegavam a ter até 15% de hidróxido de sódio) e as chapinhas eram muito rudimentares, eles danificavam muito os cabelos. Por isso, o jeito era apelar para a escovação e a famosa touca, que era feita com meias femininas, era aplicada com o cabelo molhado “rodado” para um lado, e, depois, para o outro.
Este processo era trabalhoso, demorado e, por consequência, lavava-se pouco os cabelos para não desfazer o trabalho. Afinal de contas, tínhamos de parecer com os Beatles!

A redenção veio na década de 1970, com a onda hippie e os cabelos black power. Mesmo assim, no Brasil, o esforço para manter os cabelos lisos se propagou até o final daquela década, e a preocupação com os cabelos permanece até hoje, inclusive com a onda de cabelos lisos de volta - o que é ótimo para as empresas de cosméticos!

Da evolução iniciada com a introdução do creme rinse até os produtos de hoje, os quaternários de amônio - que têm ação acentuada e formam facilmente emulsões de bom aspecto - permitiram que pequenas empresas fabricassem produtos capilares de bom aspecto e que mostravam facilmente seus benefícios aos consumidores. O mercado foi crescendo, as formulações foram evoluindo e temos hoje um mercado importante e um grande número de empresas dedicadas à fabricação de uma lista enorme de produtos capilares.

Paralelamente, na década de 1980, com o aparecimento de importantes marcas brasileiras, iniciou-se uma grande mudança na perfumaria alcoólica no Brasil. Começava a aparecer também a percepção da necessidade da proteção solar. Daí em diante, o progresso foi rápido e acompanhou a melhoria da condição do mercado. Mesmo com a preocupação por causa da crise atual, se compararmos com aquela época, a situação melhorou muito, principalmente para as indústrias de cosméticos. Resumindo a história, temos um mercado importante em perfumaria, proteção solar, produtos capilares e também produtos de banho. Este último é uma preciosidade que a miscigenação deixou de legado ao povo brasileiro, com o costume do banho diário. E os produtos para cuidados da pele que vão além da proteção solar? Será que a pele não merece a mesma atenção? Outro dia eu estava andando em um shopping e percebi que, à minha frente, andava uma mulher com um cabelo bem bonito, destes de fazer a gente olhar. Quando ela virou, um pouco do encanto desapareceu porque a pele não estava bem tratada como os cabelos. Aí pensei: ”será este o visual das pessoas no Brasil?”.

Pois bem. Ao que parece, skin care deve ser uma das categorias que mais evoluirão em nosso mercado. Sua ação, nem sempre perceptível em um primeiro instante como acontece com a perfumaria e os produtos capilares, exige muita pesquisa, equipamentos e processos de produção um pouco mais complexos do que aqueles usados nas emulsões baseadas em quaternário de amônio. Por outro lado, enquanto a metodologia aplicada na realização de estudos de eficácia e segurança pode ser facilmente adaptada para estudos de produtos de pele, a avaliação da eficácia, seja in-vitro, ex-vivo ou in-vivo, exige muito trabalho e dedicação. A argumentação técnica de venda deve ser bem elaborada e, certamente, não haverá espaço para “produtos milagrosos”. Apesar destas dificuldades, investir em produtos de skin care pode ser bem compensador. E o trabalhão? Bom, isto faz parte de nossa vida.

Assuntos Regulatórios por Artur João Gradim

Ano novo com desafi os (ou problemas) velhos e novos

Nos últimos três anos, fomos contemplados com uma enxurrada crescente de leis, decretos, portarias ministeriais e resoluções oriundas de diferentes áreas de atuação da Anvisa, cujo impacto no segmento de HPPC ainda não foi totalmente assimilado, principalmente pelas micro, pelas pequenas e por algumas médias empresas do setor.

No âmbito da unidade industrial, a RDC nº 48/13, após vários anos de discussões internas e no Mercosul, teve sua internalização publicada em 25 de outubro de 2013 com um “caput” mandatório quanto à validação compulsória para processos de limpeza, água de processo, sistemas informatizados e metodologias analíticas desenvolvidas pela empresa ou por terceiros que não constem em referências (normas, bibliografias) conhecidas e reconhecidas tecnicamente. A RDC estabeleceu prazo de três anos, após sua publicação, para ser executada. Esse prazo findará em 25 de outubro deste ano. A partir daí, no caso de seu não cumprimento, as empresas estarão sujeitas às penalidades por infrações definidas pela lei nº 6.437/77 e por suas atualizações.

O foco da nova resolução de boas práticas de fabricação privilegia um sistema de gestão da qualidade no qual a estruturação da empresa, a documentação, os procedimentos organizacionais e operacionais e os registros, como também a capacitação dos recursos humanos, tenham um peso importante no sucesso da implementação dessas práticas.

Nessas condições, a carência de recursos humanos disponíveis por parte dos pequenos empreendedores faz que se estenda o período de tempo necessário para a adequação da empresa à resolução, tornando-a vulnerável perante os órgãos de fiscalização e controle sanitário.

No que tange à regulamentação de produtos, destaco a vigência plena da RDC nº 15/15, relativa aos produtos infantis, a partir de abril próximo deverá ser atendida na íntegra quanto às suas disposições para os novos produtos, bem como para os já registrados quando estes sofrerem modificações (por exemplo, de composição, de rotulagem etc.). A RDC nº 38/01 será revogada automaticamente e substituída por essa nova RDC.

Haja olhos para ler, mãos sufi cientes para escrever e implementar as mudanças no tempo previsto, apesar do dia a dia já comprometido.

É necessário mais tempo para um só técnico cumprir todas as tarefas e deve-se considerar que um estagiário pode ajudar, sem, entretanto, assumir responsabilidades, afinal este está lá para aprender.

Se isto não bastasse, o “dim dim” ficou escasso diante do momento econômico, com a queda de vendas iniciada em 2015, após mais de uma década de resultados positivos com crescimento na casa de dois dígitos.

Em meio a esse sufoco, uma água fresca brotou do fundo do poço, evitando que os pequenos morressem de vez – a suspensão administrativa da cobrança retroativa de cinco anos das taxas da Anvisa. A decisão liminar, alcançada pela Abihpec em nome de seus associados, considera indevida essa absurda pretensão da agência. A essa operação da Anvisa dei o nome de “Jato Seco”, por ser eficiente, sem contudo melhorar ou “escorrer”.

Nesse cenário, 2016 será novamente um ano crítico para a área técnica, seja pelo início da vigência de implementação plena dessas resoluções, seja para dar a devida atenção às demais regras que compõem o arcabouço regulatório ao qual estão sujeitos os produtos de HPPC. Além disso, deve-se considerar que a Anvisa não desatou o nó do crônico sistema de peticionamento em papel para os produtos sujeitos a registro.

Mesmo com as taxas de vigilância sanitária tendo sido atualizadas em valor, o setor não se beneficiou das melhorias nos serviços da Anvisa, que continuam lentos e falhos. A produtividade, por sua vez, foi prejudicada pela quebra na ordem sequencial de avaliação dos processos para análise técnica, devido à prioridade garantida a outros processos por força de mandatos de segurança impetrados na Justiça. E agora, quem diria, surgiu um entrave por culpa do mosquito da dengue, pois os produtos repelentes, igualmente, por determinação ministerial, merecem prioridade analítica. Porém, em relação a isso, estou de pleno acordo.

No meu tempo de moleque, quando alguma coisa estava errada, dizíamos “deu zica”. Pois é, deu e continua dando. A coisa é antiga, porém agora estamos “juntando os cacos” e formando novamente a fi gura de um ser aparentemente frágil, de asas barulhentas como as de um vampiro e de pernas longas, que está trazendo desgraça às suas vítimas. Todos nós temos a obrigação de contribuir ao máximo para eliminar os mosquitos e suas larvas, esperando um próximo verão menos sofrido. Fumacê neles!

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Qualidade: pré-requisito ou objetivo?

O título desta coluna tem o mesmo significado daquela pergunta: Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?

No conceito da Qualidade sempre se afirma que ela é pré-requisito, pois, sem este, não é possível atingir a expectativa dos clientes quanto aos produtos e serviços recebidos.

Quando o conceito de pré-requisito foi absorvido pelos encarregados da divulgação da qualidade dos produtos e serviços, ele também foi adotado pelos processos da Qualidade.

No início da implantação dos processos da Qualidade, o argumento para que os processos fossem satisfatórios era que a Política da Qualidade deveria sempre levar em conta que sem Qualidade não seria obtido o nível de qualidade que atendesse a expectativa dos clientes.

Esse argumento foi sempre colocado em toda comunicação do processo da qualidade implantado nas empresas, como o objetivo de conscientização dos colaboradores de que nenhum produto pode ser melhor do que a empresa que o produz.

O cliente fiel é um dos maiores ativos de uma empresa.

O consumidor perdoa várias coisas, mas não aceita a falta de qualidade.

Devemos considerar também que a qualidade e a produtividade, embora alguns interpretem ao contrário, não são conflitantes, pois somente processos de qualidade podem permitir alta produtividade.

Neste tópico, não devemos deixar de considerar se existem defeitos e falhas, pois os efeitos prejudiciais desses eventos são perdas de recursos, retrabalho e, consequentemente, implicam maiores custos de produção.

A consideração de que um produto nunca é melhor que os seus constituintes também impacta no pré-requisito da Qualidade, pois os fornecedores também têm que se enquadrar nos processos da Qualidade.

Quando se estabelece a Qualidade como um objetivo, aparentemente, todas as ações do processo da Qualidade também são necessárias para que esse objetivo seja atingido.

Existem considerações que devem ser feitas, pois as pessoas atuantes na empresa são as responsáveis pela Qualidade. Ao se estabelecer que a Qualidade é o objetivo, essas pessoas devem ser claramente comunicadas.

Alguns leitores podem estranhar esses comentários, pois sempre afirmei que Qualidade é um conceito da empresa que deve ser incorporado por todos, necessitando, portanto, de uma comunicação eficiente.

Assumo que não possuímos Qualidade ou que esta precisa ser melhorada para atender as expectativas dos clientes.

A definição das características da Qualidade como um objetivo requer que essas sejam claramente explicitadas para todos os colaboradores. Caso contrário, ficará comprometida a possibilidade de alcançar esse objetivo.

Devemos considerar que as atividades do processo da Qualidade têm por base:

- conformidade com os requisitos;
- prevenção;
- zero defeito;
- custo da Qualidade.

Neste processo deve ser mantida uma abordagem sistemática, ou seja, devem ser realizadas atividades sequenciais coordenadas objetivando a Qualidade.

A história da Qualidade é uma abordagem filosófica que indica que devem ser considerados:

- projeto;
- insumos;
- processo; e
- e, fundamentalmente, recursos humanos.

A existência de responsabilidade individual é fundamental para que o objetivo da Qualidade seja alcançado.

A efetiva participação da alta administração no processo é a maior evidência de que a Qualidade é o objetivo da empresa a ser comunicado a todos os colaboradores.

Concluindo, considero ter abordado aspectos que vão possibilitar aos leitores, se possível, decidir qual o conceito que será adotado: Qualidade como pré-requisito ou Qualidade como objetivo.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Exportar é o que importa

Quando falamos em exportações no Brasil, logo vêm a nossa cabeça as chamadas comodities, que são as nossas maiores riquezas - especialmente a soja, que viaja da região Centro-Oeste do país até a China.

Este conceito que se tem do nosso país, de que somos o celeiro do mundo, não precisa ser perdido, mas pode ser acrescido de outros.

O Brasil não tinha uma história de país produtor e, consequentemente, de exportador, de tecnologia avançada. Este cenário tem sido mudado nos últimos anos e hoje já vemos grandes corporações nacionais enfrentando a concorrência internacional.

Na área específica dos cabelos, nós temos plenas condições de enfrentar os concorrentes mundiais por alguns motivos, a saber:

Nós somos um país continental, e isso quer dizer que temos condições climáticas que vão do calor intenso aliado ao clima seco até casos esparsos de neve, no sul do país.

Nós temos uma diversidade de povo como nenhum outro lugar do mundo. No Brasil, encontram-se todas as raças, e a mistura entre elas é comum e constante.

E, por último, mas não menos importante, nós temos matéria-prima em abundância, bastando que ela seja buscada no lugar certo com as ferramentas corretas. Além do mais, temos fauna e flora abundantes, que podem fornecer insumos naturais como em nenhum outro lugar do planeta.

Mas, então, o que está faltando para sermos um grande concorrente neste mercado mundial?

A meu ver, falta, ainda, um estímulo às áreas de pesquisa e desenvolvimento de produtos, especialmente nas universidades, onde a relação escola-empresa ainda é vista por muitos como espúria e desnecessária!

A universidade precisa se desencastelar e ter mecanismos mais ágeis, para que a sua função, que é congregar o conhecimento, seja plenamente atingida. Se temos material humano para pesquisas, se temos técnicos e profissionais universitários aptos a realizá-las, por que não temos uma produção científica que nos coloque no topo da escala das instituições do setor? É necessário que se criem mecanismos sérios de relacionamento entre as instituições de ensino e as empresas para que esta relação seja uma constante e não uma exceção!

Países mais desenvolvidos têm uma relação entre as suas universidades e empresas que torna ambas mais produtivas, levando a uma produção científica voltada para as reais necessidades do mercado e da população.

Nos Estados Unidos, é muito comum ver indivíduos ou empresas patrocinando desde pequenos projetos, cátedras e até universidade inteiras sem que pairem sobre essas relações quaisquer dúvidas de moral e caráter. Infelizmente não vemos estes procedimentos acontecendo no Brasil. É importante que se mude este paradigma, que se aproxime mais as instituições públicas das privadas e que este casamento frutifique.

As especificidades da população brasileira levaram ao desenvolvimento de produtos como os amaciantes, alisantes capilares e as escovas progressivas, que acabaram sendo exportados para a América do Norte e Europa, mas de uma maneira que não foi contínua e com o esforço individual dos seus detentores.

Além da melhoria das relações institucionais, com criação de prêmios para melhores programas e estímulo aos jovens pesquisadores, deveríamos criar uma agência específica para intermediação deste tipo de produto com o mercado internacional, levando em consideração a existência de pequenas empresas no setor.

Esta agência deveria ser independente, sem laços políticos, e teria de ter, como seus objetivos, entre outros, o estímulo à criação de empresas, trabalhando como assessoria desde as bases iniciais até a finalização do produto. Deveria prestar ainda ajuda técnica nos trâmites da exportação dos produtos.

Como uma reflexão, sugiro aos nossos representantes que pensem neste assunto e, para dar mais subsídios ao processo, sugeriria que se criassem agências regionais municipais (em grandes cidades e capitais), estaduais e a central, que agruparia todas as ideias e os procedimentos.

Estas agências se ocupariam de, numa forma regional, estimular a pesquisa e a produção de produtos relacionados, sendo mantidas pelos próprios empresários locais, que contribuiriam para sua existência e sustentabilidade.

Desta maneira, conseguiríamos manter a independência e a força necessárias para a implementação deste programa.

Acredito que, com estes estímulos, poderíamos trilhar um novo caminho rumo àquilo que, aparentemente, é nosso por direito e por mérito.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Embalagens para todos os tipos de desodorantes

Comprar um desodorante em um passado não tão distante era relativamente fácil, considerando-se as poucas marcas que existiam. Bastava entrar em uma farmácia (que era o principal canal de venda) e pedir um Mistral, Van Ness ou talvez o moderno Avanço, superinvestimento da poderosa Gillette. As opções de tipo eram spray ou em bastão. Chamava-se spray porque o jato saía no formato de uma névoa (spray). Hoje, normalmente chamamos esse tipo de embalagem sem válvula de squeeze.

Outras marcas, tais como Cashmere Bouquet, Alma de Flores, Phebo, Rastro e Senador, também apareciam, porém quase todas só estavam disponíveis na versão spray. Fino mesmo era o inigualável e perfumado desodorante Très Brut de Marchand - só para gente chique.

Para facilitar, muitos homens e mulheres usavam o ainda hoje vivo e revivido Leite de Colônia ou de Rosas.

Como os tempos mudaram! Atualmente o Brasil é líder de consumo nesse segmento no mundo. Somos um país de desodorizados e cheirosos.

Hoje o universo de marcas, tipos e apresentações é de fazer qualquer um ficar um bom tempo na frente da gôndola de um supermercado (principal canal de venda) provando e escolhendo o que levar ou experimentar.

Saímos do simples spray ou bastão, para opções como roll-on, aerossol, creme com e sem cheiro e stick. Hoje temos opções de tempo de proteção, antitranspirantes, antiperspirantes, secos, aerossóis/pós etc. Tem até um produto que libera proteção à medida que aumentamos o movimento dos braços (preservantes encapsulados).

O que pouco mudou foi o material de embalagem para esses produtos. O bom e velho PEBD (polietileno de baixa densidade) ainda impera no decadente desodorante spray/squeeze.

Nas versões em stick, roll-on e em creme também predomina o polietileno, porém de alta densidade (PEAD).

O alumínio domina o universo dos produtos em aerossol.

O conjunto de embalagens para um desodorante squeeze se resume a um frasco plástico, pescante e tampa. Essa embalagem não permite a aplicação de rótulo, pela fina espessura da sua parede e também pelo fato de que precisa ser bem flexível para expulsar o produto, o que, com o tempo, faria o rótulo aos poucos se soltar. O correto então é optar pela gravação. E, quando se fala em gravação, é muito importante lembrar que a flambagem da embalagem é etapa obrigatória. Ela faz abrir os “poros” do material da embalagem, facilitando a entrada e permanência da tinta, evitando que ela se solte com facilidade.

O teste que avalia essa boa impregnação da tinta chama-se scott test, que é muito conhecido pelos embalageiros técnicos.

Existem também os desodorantes em spray, nos quais é usada uma válvula no lugar do pescante. Essa válvula pode ser de rosca ou recrave, dependendo da espessura e rigidez do gargalo. O uso de válvula requer um frasco com material de embalagem com maior densidade, que pode ser um PEAD ou mesmo PET, além do próprio vidro. Nesse caso, o rótulo ou um sleeve podem ser usados no lugar da gravação.

Ainda tem quem goste dos desodorantes em creme, que se resumem a um pote de PEAD e uma tampa de PP (polipropileno). Para o texto pode ser usada a gravação ou o rótulo. No caso do rótulo, uns preferem um rótulo único e outros optam por dois rótulos - um na frente e outro no verso -, o que não é aconselhável, pois implica mais mão de obra operacional ou equipamento de aplicação bem específico com dois cabeçotes.

Também muito apreciado é o chamado roll-on, composto por um frasco em PEAD, tampa em PP e a esfera própria para esse tipo de produto. Quanto à escolha de rótulo ou gravação, fica “a gosto do freguês”. Um cuidado especial deve ser tomado com a viscosidade desse produto, pois, se for muito baixa, ele pode vazar pela minúscula abertura entre a boca do gargalo e a esfera. E, se for muito alta, a esfera não vai rolar e o produto não sairá.

O desodorante antes conhecido como bastão (hoje stick) requer um frasco com um elevador, acionado pela extremidade inferior. Uma proteção sobre o produto e sob a tampa é usada para evitar a evaporação. Tanto faz optar por rótulo ou gravação.

Por fim, o que vem ganhando cada vez mais adeptos tanto do sexo masculino quanto do feminino é o desodorante aerossol, formado por tubo de alumínio, válvula recravada e tampa. Gravação em vez de rótulo é quase uma obrigatoriedade, se bem que vem vindo por aí o sleeve para esse tipo de embalagem. Pode ser uma nova moda. Por uma questão de legislação, foi proibido o gás CFC (clorofluorcarbono), de modo que hoje só se utiliza o GLP (gás liquefeito de petróleo), que não tem cheiro. É importante lembrar sempre que o cheiro do GLP de cozinha é propositadamente adicionado para evidenciar vazamentos.

Enfim, em um universo de tantas opções e variedades, só nos resta escolher a marca, o tipo, o mais eficaz, o mais duradouro e o melhor perfume. Tudo isso aliado a um precinho convidativo.

Caso contrário, reserve um bom tempo para passear em frente à gôndola procurando tudo isso em um só produto.

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