Pele Negra

Edicao Atual - Pele Negra

Editorial

Quem quer ser multitarefa?

Sabemos que as mulheres têm habilidade para exercer vários papéis ao mesmo tempo, acumulando jornadas duplas ou triplas. Administrar essa realidade, contudo, não é tarefa fácil – ou desejável, para muitas delas. Na contramão do estereótipo “multitarefa”, as mulheres buscam uma vida com mais tempo, tranquilidade e equilíbrio. A constatação faz parte da pesquisa “Ela: Liberdade, Orgulho, Realização”, elaborada pela Discovery Home & Health, em parceria com a consultoria britânica Jo McIlvenna.

O levantamento ouviu opiniões de 5,5 mil mulheres de Argentina, Colômbia, Brasil e México, com o objetivo de mapear as percepções que a mulher contemporânea tem de si mesma. Segundo o estudo, 90% das mulheres entrevistadas sonham em ter equilíbrio entre a vida pessoal, profi ssional e familiar para serem felizes.

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil traz na matéria de capa as características, necessidades e cuidados associados à pele negra. A reportagem aborda as peculiaridades desse tipo de pele, informações sobre formulações, matérias-primas, exemplos de produtos disponíveis no mercado, bem como carências e oportunidades relacionadas a esse público, que corresponde a mais da metade da população brasileira.

A seção Persona apresenta a trajetória de Marco Antonio de Macedo Carmini. Os artigos técnicos abordam a estabilidade microbiológica de produtos em uso, uma mescla com tensoativo proveniente do açúcar indicada para pele delicada, dentre outros. Ainda nesta edição, o leitor tem a programação completa do 28º Congresso Brasileiro de Cosmetologia e o abstracts dos pôsteres apresentados.

Boa leitura!

Hamilton dos Santos
Publisher

Estabilidade Microbiológica de Cosméticos em Uso - Nadine Bresciani, Valérie Poulet, Nathalie Collard Anemcoli, Lille, França Raphaél Dugue (Laboratoire Midac, Loos, França)

Os autores propõem uma abordagem para avaliar a estabilidade microbiana de um produto durante o uso, conhecida como teste microbiológico de uso (MUT) e aplicam essa técnica em estudos de caso para prever o risco microbiológico de produtos comerciais. O teste descrito vem sendo usado com sucesso no desenvolvimento de cosméticos.

Los autores proponen un enfoque para evaluar la estabilidad microbiana de un producto durante uso, denominado de Pruebas Microbiológicas de Uso (MUT), y aplicar este análisis en el caso estudios para predecir el riesgo microbiológico de los productos comerciales. El ensayo descrito ha sido utilizado con éxito en el desarrollo de cosméticos.

The authors propose an approach to assess the microbial stability of a product during use, referred to as the Microbiological Use Test (MUT), and apply this analysis in case studies to predict the microbiological risk of commercial products. The described test has been used successfully in the development of cosmetics.

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Mescla de Tensoativos Derivada de Açúcar para Pele Delicada - Luigi Rigano, PhD, Nicola Lionetti (Rigano Industrial Consulting and Research, Milão, Itália), Adriana Bonfigli, PhD (ISPI Srl, Milão, Itália), Giambattista Rastrelli, PhD (Kalichem Italia Srl, Botticino Sera, Brescia, Itália), Andrea Baratto (Unifarco Srl Santa Giustina, Belluno, Itália)

Ingredientes de origem vegetal, suaves e sustentáveis para a limpeza da pele são produzidos sob encomenda, o que levou ao desenvolvimento de novas estruturas de detergentes. Este artigo descreve uma combinação de dois tenosativos suaves que preenchem as expectativas usando o conceito de “sabão interrompido” para oferecer suavidade. O artigo dá detalhes de estudos realizados para verifi car os atributos funcional e sensorial e a suavidade.

Ingredientes de limpieza de la piel suaves y sostenibles de origen vegetal son de la demanda, lo que ha llevado al desarrollo de nuevas estructuras de detergente. Descrito aquí es una combinación de dos tensioactivos suaves que cumplan con estos requisitos utilizando el concepto de “jabón interrumpido” para impartir suavidad. Neste artículo se detallan los estudios para verifi car las características funcional, sensorial y leves de la nueva mezcla.

Vegetable-derived, mild and sustainable skin cleansing ingredients are in demand, and this has led to the development of new detergent structures. Described here is a combination of two mild surfactants that fulfi ls these requirements using the concept of “interrupted soap” to impart mildness. Studies to verify the functional, sensorial and mild characteristics of the new blend are detailed.

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Emulsionante de Alta Performance para Tinturas Capilares - Taki Koffi Alphonse, Sayaka Nakagawa, Shunsuke Yamaguchi (Nikkol Group, Cosmos Technical Center Co., Ltd., Tóquio, Japão), Lívia Brandeburski e Vanessa da Silva Freitas (Cosmotec International Especialidades Cosméticas, São Paulo SP, Brasil)

Os tratamentos de coloração capilar representam uma parcela importante do mercado cosmético, e o desenvolvimento desses tipos de produtos é um grande desafio para os formuladores. Este artigo apresenta uma nova tecnologia emulsionante que permite reduzir o odor de amônia em formulações de tinturas oxidativas, além de melhorar a performance da coloração.

Los tratamientos de coloración capilar representan una parte importante del mercado cosmético, y el desarrollo de este tipo de producto es un gran desafío para los formuladores. Este artículo presenta una nueva tecnología emulsionante que permite reducir el olor de amoniaco en formulaciones de coloración permanente, además de mejorar el resultado de la coloración.

The coloring treatments have an important share at the cosmetic market, the developing process of this type of product is challenging for the formulators. This article presents a new emulsifier technology that allows to reduce the ammonia odor in the formula besides improving the dyeing performance.

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Promotores de Permeação - J Branco Fila, MG José de Almeida, B Galdorfi ni Chiari-Andréo, ACC Monteiro de Castro, MA Corrêa, VL Borges Isaac (Laboratório de Cosmetologia – LaCos, Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Unesp, Araraquara SP, Brasil)

Promotores de permeação são utilizados para vencer a proteção natural proporcionada pela pele. Este trabalho teve por objetivo descrever promotores de permeação químicos para auxiliar na escolha correta em farmácias magistrais.

Los potenciadores de la penetración son usados para suplantar la defensa natural proporcionada pela piel. Para evitar esto, se pueden usar. Este estudio tuvo como objetivo describir potenciadores de penetración químicos para ayudar a la elección correcta en las farmacias.

The permeation enhancers are used to surpass the natural protection promoted the skin. This study aimed to describe chemical permeation enhancers to help in the correct choice in pharmacies.

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Avaliação Microbiológica e Físico-Química de Sabonete Líquido Íntimo - O Vieira de Melo Amorim, R Duarte da Silva, F Scigliano Dabbur, JR de Macedo Costa (Centro Universitário Cesmac, Maceió AL, Brasil)

O sabonete líquido íntimo regula o pH da mucosa vaginal (que varia de 3,8-4,2). O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade microbiológica e físico-química do sabonete líquido íntimo de uma empresa em implementação das BPF. Somente a viscosidade e o pH apresentaram variações. Conclui-se que não há padronização no processo produtivo e na formulação.

El jabón líquido íntimo regula el PH de la mucosa vaginal (que varía de 3,8 a 4,2) El objetivo del trabajo fue evaluar la calidad microbiológica y físico química del jabón líquido íntimo de uma empresa en implementación de las BPF. Solamente la viscocidad y el PH presentaron variaciones. Se concluye por lo tanto que no hay padronizaciones en el proceso productivo y en la formulación.

The intimate liquid soap regulates the pH of the vaginal mucosa (ranging from 3.8-4.2) .The objective of this study was to evaluate the microbiological quality and physicochemical intimate liquid soap from a company in performing of the GMP. Only viscosity and pH showed variations. The conclusion is no standardization in the manufacturing process and formulation.

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John Jimenez
Tendências por John Jimenez

Espelho, espelho meu…

Vou começar a coluna desta edição com um conto muito conhecido por todos... “Quando ela nasceu, era uma menina tão vermelha como o sangue, tão branca como a neve e com os cabelos tão negros como o ébano... Por isso, foi batizada como Branca de Neve.” A rainha, que era sua mãe, morreu ao dar à luz. Dizem que o rei chorou por sua esposa querida, mas, como seu bebê precisava de uma mãe, casou-se novamente.

A segunda esposa do rei era muito bela, mas arrogante e presunçosa, já que não podia suportar que outra mulher a superasse em beleza. Tinha um espelho mágico para o qual falava: “Espelho, espelho meu, existe no mundo alguém mais bela do que eu?”. E o Espelho lhe respondia: “Vós, minha rainha, sois a mais bela entre as mulheres do reino.” E todos já sabem o que aconteceu quando a Branca de Neve cresceu e ficou mais bonita do que a rainha...

Como seria a vida da Rainha Má no século XXI?

Nossa moderna rainha se encontra no banheiro de sua cobertura, num moderno edifício, com uma vista incrível para a cidade. Numa parede, seu espelho está pendurado; não é mágico, mas tecnológico. Este é um espelho inteligente, que facilmente pode substituir a consulta com o dermatologista, já que pode analisar o estado da pele de uma pessoa para identificar os defeitos e as necessidades e dar dicas de beleza e maquiagem.

Skin-analyzing smart mirrors é a nova tendência, que nasce graças ao desenvolvimento que uma marca de alta tecnologia tem tido. É a era dos novos espelhos inteligentes, que utilizam um software de reconhecimento facial e sensores para localizar as atuais e futuras manchas e rugas, a fim de recomendar produtos cosméticos de acordo com o estado de cada pele.

Esse novo dispositivo tem outras habilidades que o espelho mágico da Rainha Má nunca imaginou. Basta indicar a ele que você quer se parecer com a Jennifer Lawrence ou a Margot Robbie, para que ele sugira os tipos e tons de maquiagem que combinam com o tipo de penteado melhor para você. Sem dúvida, a beleza da Branca de Neve não teria sido um problema para a Rainha Má se esta tivesse tido acesso a um desses espelhos inteligentes.

Nossa rainha moderna também conheceria a evolução dos devices: smart skin scanners são os novos dispositivos que chegam para agir como personal trainers, já que podem ser conectados com os smartphones para estabelecer metas diárias que permitam melhorar o estado da pele, o que inclui dicas de estilo de vida e dieta. Os novos sensores são capazes de informar com antecedência em que lugares do rosto aparecerão espinhas, manchas e rugas.

Como seria a vida da Branca de Neve no século XXI?

Em seu smartphone, ela teria novos apps, que tornam a aplicação da maquiagem mais fácil e criam, assim, diferentes estilos e looks. Esses apps têm uma variedade de ferramentas que criam diferentes efeitos nos olhos, lábios e dentes, de forma que, juntando cores e produtos, pode se chegar à combinação perfeita que reflete sua personalidade! Esses novos aplicativos são muito atrativos por terem também um software de detecção facial inteligente, que identifica traços faciais e formas.

Nossa princesa, que seria vidrada nas redes sociais, também usaria as WiFi-Nails, que são unhas com um componente LED que as deixa iluminadas quando estão próximas a um smartphone. Também usaria os heat-sensitive lipsticks, que podem mudar de cor com o calor. Ela também teria tatuagens geométricas - outra tendência para este ano.

Finalmente, nessa história, o príncipe tem que chegar rapidamente para beijar a Branca de Neve e quebrar o feitiço de seu profundo sonho, mas, como o tráfego pesado da cidade e as grandes distâncias, vai ter de correr muito. Felizmente, a tendência smart perfumes, iniciada pelas recentes descobertas de uma universidade europeia, consiste em produtos que liberam mais aroma quando a pessoa transpira mais.

Este príncipe moderno, com barba de três dias, também seria diferente em nosso século pela tendência beards become in vogue. Devido à crescente aceitação de rostos com barba, há uma desaceleração de produtos para barbear a face e, portanto, as empresas líderes nesse segmento estão lançando produtos para barbear o corpo. O homem metrossexual está desaparecendo.

Espelho, espelho meu, como posso ser mais bela hoje?! Agora sim será uma realidade no banheiro de muitas mulheres.
Tendências cosméticas num conto de fadas: mais inspiração
para inovar!

Assuntos Regulatórios por Artur João Gradim

Produtos infantis sem sacrifício... de animais

Após quatro anos e trá-lá-lá, desde o início dos trabalhos para revisão e atualização dos requisitos técnicos aplicáveis aos produtos infantis, que contaram com intensa participação do setor, bem como da sociedade civil, de entidades e de órgãos afins, envolvidos nesse processo por meio da consulta pública nº 50, de 29/8/12, foi finalmente publicada a resolução RDC nº 15, em 27/4/15, que estabelece a nova regulamentação para os produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes destinados ao uso infantil.

A nova resolução incorpora o atendimento de importante pleito comum entre a sociedade, o setor produtivo e o próprio órgão regulador, que se refere ao banimento dos testes em animais exigidos na RDC nº 38/01, aplicáveis aos produtos de make-up e esmaltes, que eram indispensáveis para o seu registro. Esses produtos, doravante, seguirão a prática internacional de avaliação da segurança quanto à isenção de sua toxicidade, sendo suficiente a avaliação de seus ingredientes, obrigatória para essa análise, quando assim for exigido.

Decorrido o tempo de vigência da RDC nº 38/01, estabelecido pela nova resolução e em sua regulamentação, não mais existirão testes para produtos de HPPC que envolvam animais em todo o território brasileiro. Sua amplitude abrange exclusivamente nosso país, não sendo, portanto, um requisito estabelecido pelo Mercado Comum do Sul (Mercosul).

Incorporam-se nessa atualização igualmente os novos produtos: desodorante axilar e pédico sem ação de inibição da transpiração; enxaguatório bucal com ação antisséptica; condicionador infantil sem enxágue; protetor labial; produto para evitar a roedura de unhas, específico para crianças; reparador de pontas para cabelos; produtos hidratantes pós-sol; sombra para os olhos; e pó facial. Todos esses itens têm exigências específicas de rotulagem, incluindo as faixas etárias estabelecidas para usá-los, advertências e demais parâmetros para cada tipo de produto.

De forma lamentável, no mercado infantil não foi incluído o grupo dos desodorantes corporais ou perfumados, apesar do pleito do setor. Esse grupo de produtos reflete a realidade de uso para esse público, a segurança é inquestionavelmente comprovada para crianças maiores de 8 anos, da mesma forma, como foi aceito para os demais produtos da categoria, desodorantes infantis, ora aprovados.

Embora a RDC nº 38/01 mantenha-se vigente até 27/4/16, conforme disposto no artigo 16 da nova resolução, as empresas podem, desde já, submeter produtos, com base nos novos requisitos. Entende-se que a postergação desse processo ocorrerá em virtude da existência de produtos do grupo infantis a serem peticionados, cujos testes ainda se encontram em andamento e/ou existam materiais impressos que seguem os requisitos da RDC nº 38/11, cuja utilização será permitida até o final da validade do registro atual.

A postergação também vai ocorrer por causa de peticionamentos represados, que hoje têm espera de aproximadamente 6 meses a partir da data de seu protocolo. Isso compreende o período de vigência da RDC nº 4, de 30/1/14, até a publicação da RDC nº 7, de 10/2/15, com atrasos motivados pelo sofrível sistema eletrônico e pela carência de pessoal técnico na área analítica, necessários para liberar as aprovações.

Vale relembrar que, a partir de 28/4/16, não mais será permitida a fabricação de lotes de produtos produzidos sob os requisitos da RDC nº 38/01, a exemplo dos referentes à utilização de sua rotulagem. Portanto, vale a pena não deixar as adequações para a última hora e escoar os estoques até a data estabelecida, evitando assim novas perdas financeiras.

Considerando essa situação, a Abihpec, em mais um pleito para otimizar os trabalhos, propôs à Anvisa que seja permitido às empresas que informem quais são os produtos que consideram prioritários e cuja liberação esteja pendente há mais de 90 dias, assim como quais são os itens pelos quais não têm mais interesse, por causa de sua condição de ultrapassados devido à lançamento sazonal perdido (cores) e/ou da descontinuidade de sua produção. Dessa forma, essa proposta visa reduzir o número de processos pendentes na Anvisa e que seja alcançada a dinâmica estabelecida pela Lei nº 6.360/76, que ocorria nos velhos tempos do papel, por incrível que pareça. A Abihpec aguarda a posição do órgão a respeito de sua proposta.

Vamos ver o que acontece, sem mais perdas ou sacrifícios para os produtores e os consumidores de nossos produtos.

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

A fórmula da Coca-Cola

A humanidade sempre buscou fórmulas mágicas. A fórmula da pedra filosofal que permitiria transformar qualquer metal em ouro e ainda, de quebra, obter o elixir da longa vida é o exemplo mais representativo desta busca pela “superfórmula”. Todo mundo conhece também a história da fórmula da Coca-Cola, um segredo guardado a sete chaves. Desenvolvida pelo farmacêutico John Pemberton, em Atlanta, nos Estados Unidos, no ano de 1886 - quando ainda havia escravos no Brasil -, a bebida ganhou o mundo e se transformou em uma das marcas mais valiosas da história. E a fórmula, dizem, ainda é um segredo - o que é altamente explorado pelo marketing da empresa. Imagine só: você pode comprar um segredo por dois reais. No entanto, não parece possível que, caso uma empresa pequena descubra ou decifre a fórmula da Coca-Cola, o sucesso chegue a ela imediata e automaticamente.

Em nosso caso, antes da RDC 04/2014 (e agora da RDC 07/2015), os segredos das fórmulas de cosméticos que usavam blends eram até mais bem guardados que o da Coca-Cola porque, na verdade, ninguém conhecia exatamente a sua composição. Desenvolvíamos, fabricávamos e vendíamos produtos sem conhecer sua real formulação. Ainda hoje, devido aos ‘pequenos’ segredos dos blends que ficam escondidos na composição expressa em faixas, não conhecemos totalmente a formulação de nossos produtos, mas temos informações suficientes para avaliar melhor os projetos e buscar produtos mais eficazes e seguros. Mas a questão é mais complexa e não se resolve somente com a abertura da composição dos blends. É necessário adotar uma abordagem mais técnica nos laboratórios, o que passa obrigatoriamente por uma revisão do modus operandi que normalmente se vê nas empresas. Esta mudança deve começar pela postura dos técnicos e dos gestores.

Conceitualmente, há de se compreender que o sucesso e a lucratividade começam no desenvolvimento. O consumidor brasileiro está sufi cientemente amadurecido para saber distinguir produtos bem desenvolvidos e bem fabricados daqueles que se apoiam única e exclusivamente no apelo de marketing, no preço baixo, em uma embalagem atrativa ou mesmo em uma campanha publicitária intensa. Um dos importantes vetores de manutenção do crescimento de uma empresa é a satisfação do consumidor, e ele, hoje, é muito mais exigente.

No início da minha carreira, eu desenvolvi um Shampoo Coca-Cola. Na época, a marca expandia seu mercado com a abertura de boutiques e a comercialização de vários outros itens. A empresa em que eu trabalhava resolveu desenvolver e apresentar ao detentor da marca o Shampoo Coca-Cola. Hoje pode parecer estranho, mas na época pareceu uma boa ideia. Fui para o laboratório com uma formulação de shampoo transparente, teoricamente de bom desempenho. O desafio era fazer parecer e cheirar como a coca-cola. Depois de algumas tentativas, consegui a cor preparando um caramelo com açúcar queimado. Ficou faltando o cheiro. Para encurtar a história, consegui um cheiro bem próximo, usando essência de baunilha, essência de canela, óleo de limão e uma ‘pitada’ de essência de flor de laranjeira. Resumindo, o projeto não foi aprovado pela Coca-Cola (não sei se isso foi bom ou ruim) e hoje vejo que o que fiz não foi, efetivamente, um desenvolvimento e sim um ensaio preliminar e rudimentar.

Um desenvolvimento tecnicamente correto deve prever, sistematicamente:

• Manutenção de informações cadastrais sobre os ingredientes, abrangendo composição, INCI Name, especificação, dados sobre aplicação, eficácia, segurança, cuidados de estocagem, manuseio e custos.

• O recebimento de amostras deve ocorrer de forma protocolar para verificação e atualização dos dados cadastrais.

• Para iniciar o desenvolvimento, é importante ter um briefing formal, de preferência com produto de referência.

• Lembrar que uma formulação não é só uma lista de ingredientes. Deve conter modo de preparação condizente com as condições de laboratório e recursos da produção.

• Antes de levar para a bancada, deve ser verificado se o custo está dentro do previsto. Se estiver, a formulação deve ser desmembrada para se fazer a verificação regulatória, confrontando os percentuais com as listas vigentes.

• Todas as observações durante a preparação em bancada devem ser anotadas.

• Todas as formulações testadas devem ficar arquivadas de forma organizada.

Na sequência, devem ser definidos os protocolos a serem usados nos estudos de estabilidade, segurança e, se for o caso ou se for possível, no estudo de eficácia.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

A intenção da Qualidade

O tema desta coluna, com certeza, vai suscitar algumas dúvidas no leitor. Esse tema está relacionado com a realidade de muitas empresas nas quais se divulga e proclama que a qualidade é fundamental, mas, efetivamente, nada é feito para que, de fato, essa seja praticada.

Ao longo de minha atividade de consultoria, tive a oportunidade de manter contato com vários tipos de empresas nas quais sempre procurei constatar qual era o comprometimento existente relativo ao assunto “Qualidade”.

A maioria das empresas desconhece quais são os princípios da Qualidade. O mais problemático é que, quando os conhece, não sabe ou não tem interesse em cumprir com os mandamentos da qualidade. Esse problema tem início com a inexistência de um documento no qual constem os compromissos com a qualidade que a empresa pretende manter e cumprir – o Manual da Qualidade.

Em alguns casos, esse documento até existe e partes dele estão afixadas em quadros na recepção da empresa, entretanto a maioria dos funcionários desconhece que ele existe.

Em razão dessas evidências, procurei investigar as possíveis causas de a Qualidade que as empresas afirmam ter não encontrar eco nas ações diárias dessas empresas.

A primeira causa seria a cultura. Em conversas com responsáveis por empresas, esses dizem que a Qualidade existe por si mesma, portanto não necessita de ações para sua efetiva realização. Eles a medem pela inexistência, teórica, de reclamações e devoluções, o que garantem ser indicativo de Qualidade.

Nesses casos, costumo argumentar dizendo que a inexistência de reclamações e devoluções pode ser resultado da falta de meios de comunicação válidos entre os consumidores e as empresas, e que, quando esses recursos existem, muitos servem apenas para fazer a troca de produtos.

Outra causa é o desconhecimento, por parte da empresa, dos requisitos mínimos para que suas atividades sejam feitas com qualidade, tais como: existência de procedimentos escritos; cumprimento dos procedimentos; anotação corretas de dados; existência de equipamentos e instalações adequados às operações; controle de qualidade atuante; e existência de auditoria interna.

Quando menciono a necessidade de adoção dos requisitos mínimos, os responsáveis pela empresa argumentam que sua implantação implicaria altos gastos com os quais a empresa não poderia arcar.

Essa argumentação cai por terra quando solicito a eles que calculem o valor dos insumos, das matérias-primas e da mão de obra desperdiçados na forma de refugo e retrabalho durante os processos, resultantes da ausência do cumprimento dos requisitos, valor esse que, no jargão da Qualidade, é conhecido como custos da Qualidade.

Em muitos casos, esse valor motiva a realização de várias atividades para o cumprimento dos princípios da Qualidade, além de redundar na redução de desperdícios.

O leitor assíduo dessa coluna deve recordar-se que, em ocasiões anteriores, mencionei alguns dos princípios da Qualidade, que, em meu ponto de vista são os mais importantes, como:

- Qualidade é feita por pessoas
- Qualidade é prevenção
- O custo da Qualidade é não ter qualidade
- Qualidade é melhoria contínua

Não por acaso, listo o elemento humano em primeiro lugar. No mundo inteiro, a grande dificuldade para a implantação de processos da Qualidade é o elemento humano. Sabemos que a ausência de comprometimento das pessoas com a organização resulta na não participação efetiva destas nas atividades laborais. Portanto, torna-se difícil que as atividades necessárias sejam adequadamente realizadas.

Na totalidade dos casos em que não acontece o efetivo comprometimento dos colaboradores, a causa disso é a deficiente comunicação interna da empresa.

Essa deficiência ocorre porque inexistem, na estrutura da empresa, pessoas com conhecimentos e habilidades de comunicação, a qual fica, muitas vezes, restrita a simples quadros de avisos.

Acredito que agora o título desta coluna – “A intenção da Qualidade” – tenha se tornado mais claro para o leitor, lembrando que “de boas intenções”, diz–se, “o inferno está cheio”.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Cuidados com a pele negra

A pele negra não apresenta grandes diferenças em relação à branca. No entanto, o sistema de pigmentação tem algumas particularidades. A mais importante de todas está relacionada à produção de pigmento, pois o melanócito da pele negra é mais ativo, fabricando-o em maior quantidade.

Os melanócitos são células complexas, que se originam no sistema nervoso central. Durante a gestação da neuroectoderme, elas caminham para a epiderme, onde serão responsáveis pela produção de melanina, proteína responsável por proteger a pele da radiação ultravioleta do sol.

O melanócito incorpora as matérias-primas necessárias para a produção de melanina, que ocorre após várias etapas de reações químicas. Então, a melanina é armazenada no grânulo de melanossoma e guardada no melanócito.

As peles negra e branca têm mais ou menos a mesma quantidade de melanócitos. No entanto, o melanócito da pele negra é muito mais produtivo e responde mais intensamente a estímulos variados.

Sendo assim, a pele negra tende a manchar mais em qualquer circunstância em que for estimulada.

As manchas podem ocorrer por machucados, picadas de insetos, inflamações, dermatites, peelings etc.

Todos os procedimentos realizados na pele negra devem ser feitos com muito cuidado e suavidade para que a pele não apresente reações inflamatórias ou manchas. Assim, os peelings realizados em pele negra devem ser superficiais.

A microdermoabrasão (ou peeling de cristal) é um procedimento que promove uma esfoliação (troca de pele) de maneira suave, sendo indicada para tratamento de manchas, acne leve, melasma e antienvelhecimento.

A microdermoabrasão é realizada por um aparelho que emite micropartículas de microcristais de hidróxido de alumínio, que esfoliam levemente a superfície cutânea.

À medida que encostamos a ponteira na superfície cutânea, provocamos uma sucção que favorece o contato das micropartículas com a pele.

Estas partículas têm uma ação mecânica, agredindo a camada córnea e provocando a troca da pele e um ligeiro estímulo à produção de colágeno. Este procedimento é interessante para ser usado na pele negra, pois é suave e não provoca manchas.

As peles negras podem ser tratadas com microdermoabrasão para diversas situações clínicas, como manchas já existentes, pele grossa, poros abertos, rugas finas e cicatrizes superficiais de acne. Podem ser realizadas de quatro a seis sessões, com intervalo quinzenal.

A pele pode ser preparada com ácido retinoico, hidratante e filtro solar e, após o procedimento, recomenda-se a aplicação de máscaras calmantes e o uso de filtro solar.

A pele negra mancha também nas dobras e após procedimentos como a depilação.

O pelo do negro é mais fino e enrolado sobre si mesmo e tem uma cutícula mais frágil. Encrava com mais facilidade, causando inflamação e manchas.

A microdermoabrasão pode ser feita antes da sessão de depilação com laser ou cera. Ela ajuda a pele a ficar mais homogênea e lisa.

A microdermoabrasão também pode ser feita no corpo, além do rosto.

O peeling é um procedimento médico, somente o especialista poderá garantir a melhor indicação e resultados para cada situação.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

A importância do conhecimento do comprador

Repetidas vezes temos aqui colocado a importância da embalagem para o sucesso de um produto. Da mesma forma, a participação da embalagem na cadeia de custos do produto também é muito importante.

Diante disso, nada mais lógico do que ter na ponta deste processo um profissional de compras que tenha o devido conhecimento e competência para fazer a melhor negociação e a melhor compra.

Mas será que na prática isso de fato acontece? Posso afirmar com conhecimento de causa que privilegiada é a empresa que tem esse profissional.

Nas empresas de grande porte, o comprador tem função específica, ou seja, ele compra apenas embalagem e em algumas empresas ainda divide essa compra de embalagens por famílias, tais como gráficos, plásticos, decorados, cartucharia etc. Outro comprador fica responsável pelas matérias-primas, e um terceiro compra os chamados improdutivos ou materiais de escritório e manutenção.

Nas empresas de médio porte, a função de comprar se divide em embalagens, matérias-primas e improdutivos.

A verdade, no entanto, é que, na grande maioria das empresas e notadamente nas de pequeno ou até mesmo as de médio porte, o comprador é uma figura polivalente, que, além de fazer as compras, ainda tem a função de ir retirar nos fornecedores itens mais urgentes ou que os fornecedores não entregam, por uma razão ou por outra.

Será que esse profissional, com todas essas atribuições, consegue fazer uma boa negociação e a compra de maneira melhor e mais correta?

Com certeza não! Aliás, o bom e competente comprador é um profissional em extinção. Primeiro porque não existe um
curso direcionado e específico para capacitar esse profissional, segundo porque as empresas erradamente não investem nele.

A alternativa acaba sendo aproveitar profissionais de outras
áreas ou buscar no mercado o chamado (no bom sentido) ”ratos” de compras, que é aquele profissional disputado pelas empresas por causa da larga experiência na função.

Mais importante do que comprar, no entanto, é conhecer no detalhe o que está sendo comprado e as fases do processo produtivo da embalagem.

Na compra de um cartucho, por exemplo, é fundamental saber que existem tipos diferentes de cartão com suas respectivas especificações, onde a gramatura especificada pelo departamento de marketing ou desenvolvimento de embalagem é fator que define o preço do cartucho. Não raras vezes o comprador negocia a compra de um cartucho, “chora” pelo preço de um cartucho de 350g/m², consegue um superdesconto e, depois, recebe do fornecedor um cartucho de 250g/m².

Obviamente que nesse caso estamos falando de uma gráfica não idônea e de uma empresa que não tem o devido controle de qualidade no recebimento.

Isso para exemplificar que cartucho se paga por peso, assim como as embalagens plásticas sopradas. Obviamente que outros componentes, tais como quantidade de cores, tipo de verniz, hot stamping, fundo automático, entre outros, também contribuem para um maior preço dessa embalagem, – dados que um comprador também precisa conhecer.

Também é importante lembrar que o pedido de compra deve ser sempre acompanhado da respectiva especificação técnica da embalagem em questão.

O comprador tem a liberdade de procurar outras opções de fornecedores no mercado, cotar e apresentar para a empresa, desde que não seja uma embalagem exclusiva. Porém, em hipótese alguma pode efetivar a compra de um fornecedor não aprovado tecnicamente. É claro que aqui começa uma discussão que passa até pela idoneidade e ética do comprador.

Por falar nesse assunto, observamos com certa frequência empresas trocando periodicamente seu comprador e até mesmo sua equipe de compras, para não correrem o risco de cair na tentação pelo ilícito. Nesses casos, a grande maioria paga pelas atitudes inconsequentes de uma minoria.

Quando falamos então na importância do conhecimento do comprador, isso não se limita apenas ao conhecimento técnico, mas da sua rede de boas amizades, seja com fornecedores ou mesmo com compradores de outras empresas.

Compradores muito fechados, sem contatos, inibidos, que não participam de eventos dos fornecedores fatalmente terão seu desempenho prejudicado e, como consequência, a empresa pode estar perdendo dinheiro por não fazer a melhor negociação e a melhor compra nos melhores e mais indicados fornecedores.

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