A Indústria de Cosméticos no Brasil

Edicao Atual - A Indústria de Cosméticos no Brasil

Editorial

Calor sem trégua

Sombra, água fresca e temperaturas mais amenas. No país onde a chegada da estação mais quente do ano é esperada e celebrada, pessoas de todas as regiões ansiaram por dias de chuva, por uma trégua no calorão.

Além do bronzeado, esse verão trouxe uma situação incômoda, que vai além da reclamação generalizada a respeito das altas temperaturas, pelo menos nas regiões Sul e Sudeste: o risco no abastecimento de água.

A falta de chuvas também ameaça outro suprimento, o de energia elétrica. A população que já vivenciou alguns episódios de apagão conhece bem as consequências, nos dias de hoje, que interrupções no fornecimento de eletricidade podem causar.

O uso consciente da água, as discussões a respeito do aquecimento global e a intensidade das mudanças climáticas no Planeta são assuntos amplos, que envolvem múltiplos aspectos e que não são novos.

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil traz o panorama da indústria cosmética no Brasil na matéria de capa. A reportagem aborda os principais números do setor, dados sobre a presença da indústria cosmética em cada uma das regiões do país e as expectativas dos profissionais em relação ao ano que se inicia. A seção Persona apresenta a trajetória de Fátima Nogueira de Andrade, criadora da Nativa do Brasil.

Os artigos técnicos têm início com uma interessante abordagem sobre a água utilizada na indústria de cosméticos. Na sequência um estudo sobre o uso de diferentes substratos nos ensaios de FPS in vitro e outro sobre o uso do extrato da casca de romã como um protetor solar natural. Estamos retornando com a seção Formulário, com sugestões de formulação enviadas por fornecedores de matérias primas, nesta edição: Produtos Masculinos.

Boa leitura!

 

Hamilton dos Santos
Publisher

Influência do Substrato em Medições de FPS In Vitro - Sébastien Miksa, Dominique Lutz e Céline Guy (HelioScreen Labs, Creil, França)

Este trabalho avalia o impacto de três diferentes substratos sobre medições de FPS in vitro e define condições experimentais para aperfeiçoar sua correlação com dois
valores in vivo. Avaliações de 32 produtos, mostradas neste artigo, levaram os autores a concluir que substratos moldados melhoraram a reprodutibilidade e a correlação com valores de FPS in vivo.

En este artículo se evalúa el impacto de tres sustratos diferentes en mediciones de FPS in vitro, y define las condiciones experimentales para mejorar su correlación con los valores in vivo. Las evaluaciones de 32 productos, que se muestran aquí, llevaron los autores a concluir que los sustratos moldeados mejoran la reproductibilidad y la correlación con los valores de FPS in vivo.

This paper evaluates the impact of three different substrates on in vitro SPF measurements, and defines experimental conditions to improve their correlation with the in vivo values. Evaluations of 32 products, shown here, led the authors to conclude that molded substrates improved repeatability and correlation with in vivo SPF values.

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Extrato de Casca de Romã como Filtro Solar Natural - Bruna Alves Caetano, Amanda Máximo da Silva, Tulio Nakazato da Cunha, Janaína Cecília Oliveira Villanova (Universidade de Mogi das Cruzes (Campus Villa Lobos), São Paulo SP, Brasil)

Testamos a capacidade de proteção solar do extrato da casca de romã (Punica granatum Linn) como filtro solar natural. Foram realizadas a diluição de loções incorporadas com o extrato e a análise espectrofotométrica. Os valores encontrados se mostraram satisfatórios dentro da metodologia utilizada. Contudo, a utilização tópica precisa ser mais estudada para se obter melhores resultados.

Pusimos a prueba la capacidad de protección solar del extracto de la corteza de la granada (Punica granatum Linn) como un protector solar natural. Se procedió la dilución del extracto – lo cual fué incorporado a lociones – y análisis
espectrofotométrico. Los valores encontrados fueron satisfactorios dentro de la metodología. Sin embargo, el uso tópico requiere más estudios para obtener mejores resultados.

We tested the potential from the bark extract of pomegranate (Punica granatum Linn) as a natural sunscreen. Proceeded to the dilution of the extract - which was incorporated
to lotions - and it was proceeded the spectrophotometric analysis. The values found were satisfactory within the methodology. However topical use requires further study
for better results.

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Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

A limpeza e o processo de validação

A limpeza é uma atividade requerida dentro das empresas, tanto do ponto de vista regulatório quanto industrial. A validação da limpeza é reconhecida como atividade importante para estabelecer que a contaminação cruzada, entre produtos, está controlada, garantindo assim a fabricação de produtos seguros e dentro dos padrões de qualidade especificados.

No que diz respeito à análise de projetos, o tempo necessário para realizar a validação da limpeza pode durar de algumas semanas, para uma pequena instalação industrial, até vários anos, para a operação com centenas de produtos.

Deve-se considerar que as atividades de limpeza não podem ser programadas e realizadas todos os dias, por serem necessárias atividades de suporte, em paralelo, que incluem o desenvolvimento de metodologia, o desenvolvimento de protocolo, o tempo das análises em laboratório e a redação de relatórios.

Com isso, a validação da limpeza consome tempo e recursos.

As empresas têm despendido muitos esforços para reduzir o tempo e os recursos necessários para validar a limpeza e para elencar os equipamentos dedicados ou para utilizar descartáveis.

Mesmo com todos esses esforços, o que se constata é que, para atender os seus objetivos, a validação da limpeza parece nunca terminar.

Enfatiza-se, portanto, que um eficiente, útil e efetivo programa de limpeza não pode ser desenvolvido sem colocar foco nos esforços e recursos, que devem ser aplicados onde forem mais importantes.

Com o desenvolvimento apropriado e a avaliação de risco na aplicação local, um programa de limpeza pode ser realmente desenvolvido tanto com base tecnológica quanto com base na avaliação de risco, assegurando a qualidade do produto.

A limpeza, como muitas atividades, tende a ser compreendida pelas empresas apenas com relação às expectativas regulatórias.

Particularmente, limpeza tornou-se muito associada à validação de processos.

Em muitos casos, as empresas apressam-se em validar a limpeza com procedimentos como são apresentados, sem questionar onde são mais efetivos ou ótimos ou mesmo se estão sendo utilizados os agentes de limpeza apropriados.

O procedimento de limpeza que será posteriormente validado pode não ter sido a melhor escolha para suprir determinada necessidade.

A primeira providência para estabelecer um trabalho de validação de limpeza deve ser avaliar, caso já exista, o próprio procedimento de limpeza.

Muitas vezes, as empresas perdem tempo na busca de metodologias para detectar resíduos, de planos de amostragem complexos, sem avaliar se o procedimento existente é lógico e eficaz.

Basicamente, o procedimento de limpeza que for posto em prática deve ter sido aprovado, o pessoal deve ser previamente treinado e, é necessário apontar os pontos críticos a serem limpos e como devem ser limpos.

O material utilizado na limpeza deve ser padronizado, detalhando a metodologia de preparação do detergente e sua concentração.

A título de ilustração, reproduzo os requisitos do Code of Federal Regulations (CFR) da Food and Drugs Administration (FDA), dos Estados Unidos, no título 21, parte 820 – Quality System Regulation, referente à limpeza, que diz o seguinte:

“Os equipamentos e utensílios devem ser limpos, mantidos e sanitizados em intervalos apropriados para prevenir mau funcionamento e contaminação que possam alterar a segurança, identidade, resistência, qualidade ou pureza de produtos referentes aos requisitos oficiais ou outros regulamentos estabelecidos.” (21CFR211.67)

“Devem ser mantidos, limpos e sanitizados, quando necessário, todos os equipamentos, utensílios, e todas as superfícies de contato utilizados para fabricação, envase, rotulagem ou estocagem de produtos.” (21CFR111.27)

“Para o controle de contaminação, cada fabricante deve estabelecer e manter procedimentos para prevenir a contaminação de equipamento ou produto por substâncias que poderão na eventualidade produzir efeito adverso sobre a qualidade do produto.” (21CFR820.70)

“Um programa adequado de limpeza deve ser baseado na ciência, no projeto e no desenvolvimento do produto.”(21CFR820.70)

Portanto, há necessidade de conhecer o processo. Deve-se identificar, definir, analisar, avaliar, controlar e gerenciar as variáveis - fontes de risco.

Adicionalmente, é preciso definir, projetar, desenvolver, otimizar, controlar e verificar o processo de limpeza e as metodologias envolvidas.

Isso significa desenvolver e implantar as tecnologias analíticas.

E, finalmente, deve-se descrever, analisar, processar, interpretar e avaliar as informações e os dados obtidos no desenvolvimento do processo de limpeza e nos estudos de validação.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Homens e produtos capilares

Ao analisar o uso de cosméticos e produtos domissanitários pela população masculina, chegamos à conclusão que parece ser a mais óbvia: as mulheres batem os homens de “lavada” nesses quesitos.

Mesmo quando falamos dos homens que recentemente foram denominados metrossexuais, eles continuam perdendo para o chamado sexo frágil. Mas essa é uma tendência que vem mudando nos últimos tempos, e os homens passaram a ser um grande mercado no mundo da terapia capilar.

Os cabelos já representaram muitas funções no universo masculino. No Egito antigo, cada corte e cada penteado de cabelos significavam que a pessoa pertencia a uma classe social ou a uma função específica, como a de médico ou a de religioso.

No que se refere ao gênero masculino, o formato dos cabelos mudou muito no decorrer da história. Dos longos cabelos que foram moda durante séculos até os raspados, que foram a tônica no fim do século 20, os homens sempre cuidaram menos de suas madeixas que a mulheres.

Existe alguma diferença fundamental entre os cabelos masculinos e os femininos? Os cabelos da cabeça, que são fios especiais, apesar de ter baixa relação hormonal (isto é, há pouca diferença entre homens e mulheres) os cabelos femininos crescem,
em média, mais que os masculinos. Foram feitos estudos com gêmeos que deixaram os cabelos crescerem sem cortá-los.

Os fios da menina cresceram mais e mais rápido do que os do menino. As glândulas sebáceas, que estão sempre associadas aos fios de cabelo, são maiores nos homens que nas mulheres, o que significa mais produção de sebo, estimulada pela maior presença de hormônios masculinos, chamados andrógenos.

Assim, os homens têm, em média, mais cabelos oleosos que as mulheres, o que, por si só, já indica a necessidade de haver alguma diferença na formulação de produtos para cabelo para homens e para mulheres. E existem outras diferenças.

Homens têm hábitos diferentes dos das mulheres. Sabemos que o ideal é lavar os cabelos “dia sim, dia não”, para limpá-los sem retirar o manto hidrolipídico protetor. Contudo, a maioria dos homens alega que precisa lavá-los todos os dias, e afirma que, às vezes, lavam-nos mais de uma vez ao dia! O diferencial é que os homens, em geral, não ficam tanto tempo sob a água quanto as mulheres.

E, quando se fala de cuidados fi nais, o que mais os homens usam na atualidade são os produtos para pentear, como géis e mousses. Poucos usam condicionador e quase nenhum aplica produtos do tipo leave-on. É claro que estamos falando da média do homem brasileiro, e as exceções só comprovam a regra.

Quando falamos de tinturas então, o mundo masculino fica mais tenso. Entre os homens, costuma-se dizer que quem quer tingir os cabelos para esconder os brancos deve fazê-lo quando surgir o primeiro fi o para não correr o risco de parecer “estranho”! Apesar das inovações tecnológicas que as tinturas sofreram nos últimos anos, não se atingiu ainda o padrão ouro para tinturas masculinas. A tintura com esse padrão não deixaria rastros de que foi feita. Mesmo os escurecedores (loções) não conseguiram livrar-se da coloração amarelada que fica no final.

Recentemente, foi lançada no mercado internacional uma medicação oral que promete acabar com os cabelos brancos.

Contudo, não foi apresentado nenhum trabalho científico que mostrasse seu real efeito, que permanece, portanto, no campo das especulações.

Qual seria a linha especial para homens, quando se fala de produtos para tratar cabelos? Levando em consideração o que foi dito aqui, e o fato de que os homens ainda não estão acostumados a usar uma série inteira de produtos, o ideal é existir uma linha concisa, que possa resolver todas as questões com facilidade e praticidade.

Essa linha pode ser composta por: um shampoo com três subdivisões – secos, oleosos e normais –, um condicionador que aborde os mesmos tipos de cabelo e um produto para pentear, tipo gel ou mousse. Ela seria ideal quando se está falando
no dia a dia do homem comum.

Isto porque existe um campo muito maior, e com um público mais fiel que o feminino, que é o dos homens com queda de cabelos. Esses são clientes fiéis quando sentem que o que estão usando pode ajudá-los a não perder mais cabelos e até fazer que alguns fios nasçam. A adesão dos homens a um tratamento eficaz é muito maior que a das mulheres. Eles, em comparação a elas, também têm maior disponibilidade de tempo e maior compreensão para passar por tratamentos demorados.

Os homens estão querendo, cada vez mais, cosméticos e serviços especiais para eles, e esse é um mercado que deve ser muito bem aproveitado por quem trabalha no campo.

Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Novos produtos: algumas armadilhas a evitar

Os profissionais de marketing têm papel-chave no processo de desenvolvimento de novos produtos, identificando e avaliando novas oportunidades ou, às vezes, revisando antigas ideias esquecidas. Esse processo de preferência deve ser feito com o P&D e com as pessoas de campo. O duro é fazer que esses casamentos caminhem em harmonia. Mas que relação não tem as suas distensões?

Desenvolvimentos unilaterais estão muito mais propensos a ter insucesso no mercado e de sofrer boicote interno pela empresa do que projetos realizados em conjunto, nos quais os riscos são mitigados por advertências antecipadas de eventuais problemas.

Todas as empresas devem desenvolver novos produtos, pois o futuro da instituição depende disso. Todos os anos, cerca de 16.000 novos produtos, incluindo extensão de linhas e novas marcas, desembarcam no mercado mundial. Não inovar
é sinônimo de ficar para trás em pouco tempo, de tornar-se vulnerável às necessidades dos clientes e às novas tecnologias. Em outras palavras: é sumir do mercado.

O processo de desenvolvimento de novos produtos pode ser feito internamente ou ser contratado. Algumas empresas preferem contratar outras empresas especialistas em levantar oportunidades alinhadas com a identidade delas. Seja qual o for o caminho, interno ou externo, o novo produto deve fazer parte de uma das seis categorias descritas a seguir.

1 - Produtos inteiramente novos: são aqueles que criam um mercado totalmente novo, até então inexistente. São os melhores tipos de negócio, pois contam com a vantagem de um mercado vasto e sem concorrentes a vencer. Contudo, o risco de insucesso do negócio é altíssimo porque os produtos são novos tanto para a empresa como para o mercado.

2 – Novas linhas de produtos: isso permite à empresa entrar em um mercado já existente com um produto até então fora do seu mix de produtos. Isto ocorre quando a empresa compra outra empresa com uma linha de produto diferente da
sua, ou quando compra apenas uma linha de outra empresa. O risco aqui é menor, porém a empresa “brigará” com os atuais concorrentes e terá de passar pela curva de aprendizado necessária
para trabalhar com o novo produto.

3 - Acréscimos de linhas de produtos existentes: são produtos com novos sabores, embalagens, cores etc. Apesar das diferenças, pode-se dizer que o novo produto é mais do mesmo, apenas com a diferença de uma comodidade de uso dos atuais consumidores.

4 - Aperfeiçoamento e revisão dos produtos existentes: são as melhorias reais de usabilidade e desempenho feitas em um produto, ou ainda um maior valor percebido pelo consumidor. Os custos aqui, em geral, são maiores que os custos para desenvolver os produtos do tipo descrito anteriormente.

5 - Reposicionamento: reposicionar o mesmo produto em outros mercados também é uma forma de inovar.

6 - Substitutos de menor preço: esses produtos entram no mercado para satisfazer uma necessidade a um custo menor, com a mesma funcionalidade que os produtos substituídos. De acordo com o exposto acima, menos de 10% dos produtos inteiramente novos (item 1), são inovadores! A maior parte das atividades ligadas a novos produtos visa aperfeiçoar os produtos já existentes em linha (itens 3, 4 e 5).

Mas o que gera preocupação são os novos produtos que tiveram insucesso. Por que novos produtos fracassam? Há várias razões que devem ser estudas atentamente, como:

• Um executivo da alta gerência impõe uma ideia que lhe agrada, apesar dos resultados negativos das pesquisas de mercado;

• Superestimar o mercado-alvo;

• Um mau projeto ou um erro de posicionamento no mercado;

• Custo de desenvolvimento alto em relação ao retorno esperado;

• Reação agressiva da concorrência ao novo produto.

Com tanto dinheiro envolvido, só nos resta saber o que podemos fazer para mitigar esses insucessos. O primeiro passo é ter certeza de que o novo produto é singular e superior.

Economizar no lançamento é o mesmo que esconder a novidade. Muitos projetos mergulham no insucesso em razão da alocação de verba de propaganda inadequada. Se houver a certeza da superioridade do produto frente ao mercado, não
há razão para não apontá-lo e fazer a informação chegar ao consumidor.

Embora o desafio de colocar um produto realmente inovador no mercado seja grande e difícil, atividades bem coordenadas e estudadas têm feito a alegria de muitos empresários e profissionais criativos.

John Jimenez
Tendências por John Jimenez

Cosmillennials

Quem são os millennials? São as pessoas que nasceram entre 1980 e 2000, conhecidas como “geração Y” ou “echo boomers” ou “geração Peter Pan” porque costumam adiar o casamento e sua passagem para a maturidade. Esse é um segmento de crescimento demográfico acelerado e as previsões indicam que, para 2020, um de cada três adultos, em determinados países, será dessa geração. É por isso que conhecê-los desde já é fundamental, uma vez que são e serão tendência por muitos anos.

Em geral, os millennials são pessoas tolerantes, que amam a tecnologia, são otimistas, “open-minded", educados, ambiciosos, mais espirituais que religiosos e com grande consciência social. Os millennials amam o inesperado. Fazem parte da geração mais tolerante da história. Estão atados ao contexto social no qual se encontram. No entanto, nem todos os millennials são iguais. Jeff Fromm coautor do relevante livro Marketing to millennials, também escrito por Christie Garton, apresenta seis segmentos de pessoas diferentes a serem consideradas:

Hip-ennials (29%): cautelosas, globais, caridosas e famintas por informação. “Posso fazer do mundo um lugar melhor.” São grandes usuárias das redes sociais.

Old-school millennials (10%): desconectadas, cautelosas e caridosas. “O Facebook é muito impessoal, é melhor a gente se encontrar para tomar um cafezinho.” São confidentes, independentes e autodirigidas. Gastam menos tempo online e preferem ler informação impressa.

Gadget gurus (13%): bem-sucedidas, conectadas e de espírito livre. “É um grande dia para eu ser eu.” Sentem que agora é sua melhor década. São grandes consumidoras de tecnologia. Esse segmento é masculino em sua maioria e tem
salários superiores à média.

Clean and Green millennials (10%): impressionáveis, motivadas por causas, saudáveis e adeptas da vida verde. “Eu cuido de mim e do mundo a minha volta.” São o segmento mais jovem e se apaixonam por diversas causas.

Millennial moms (22%): Orientadas para a família e inteligentes digitais. “Amo trabalhar fora, viajar e mimar meu bebê.” Estão online com frequência, em termos de tempo, atividades e compras. São altamente sociais.

Anti-millennials (16%): de mente local e conservadoras. “Estou muito ocupado encarregando-me de minhas atividades e de minha família para me preocupar com mais coisas.” Não gastam dinheiro em conceitos verdes, procuram conforto e familiaridade em vez de emoção e expansão.

Quais tendências nós estamos vendo no mercado?

Stubble trend. Os homens deixam a barba sem fazer por três dias. Já que uma pessoa pode perder 140 dias fazendo a barba ao longo de sua vida, essa tendência, que reúne praticidade e economia, está na moda. Estudo realizado com fotografias pela Universidade de Northumbria, no Reino Unido, constatou que um grande número de mulheres preferem os homens com essa aparência porque aumenta a percepção de masculinidade.

Pai, prefiro um tablet a um carro... Os símbolos de liberdade vêm mudando. “The smartphone is the new freedom.” Estudos em diferentes países constataram que muitos millennials não têm intenção de ter um carro, porque mantê-lo é um peso. Tanto isso é verdade que os fabricantes de automóveis estão preocupados. Essa geração tem pouco interesse em adquirir carro e moradia, e prefere comprar telefones e dispositivos inteligentes. É justamente o alvo de marcas cosméticas que atendem a esse segmento.

Mulheres Emily (emotional, millennial, intelligent, linked and young). São consideradas uma tribo urbana. Têm em comum períodos de falta de sono, má alimentação, estresse, longas exposições ao Sol e viver sempre com pressa. Algumas marcas cosméticas estão mostrando interesse nesse estilo de vida.

Millennial men are vain. A tendência “flower boys”, originada na Coreia mostra o vício que muitos homens jovens têm de usar cosméticos, nos quais investem centenas de dólares.

Fun Beauty. A beleza é divertida para as mulheres millennials. Elas encontram um tutorial de beleza ou um review de produtos em segundos. Estudos recentes indicam que elas, quando estão ainda em uma idade precoce, são mais conscientes sobre o desenvolvimento de sinais e aproveitam mais os rituais de maquiagem e de cuidado facial.

Cosmillennials = cosmetics + millennials. Essa geração marcará uma mudança na América Latina e no mundo.

Farão parte dela os grandes consumidores de cosméticos em um futuro próximo. Conhecer seus insights, desejos, medos e suas motivações é uma das grandes oportunidades para a indústria de cosméticos.

Assuntos Regulatórios por Artur João Gradim

Tempo nublado

A publicação da RDC nº 4, em 30 de janeiro de 2014, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que unificou as RDCs nº 211/05 e nº 343/05, dessa agência, e oficializou a abertura do novo sistema para a notificação e o registro dos produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC) não desanuviou a situação conturbada pela qual passa o setor quanto à solução do passivo regulatório da Anvisa em relação às empresas produtoras e importadoras de produtos de HPPC. Segundo a Abihpec, essa demora na liberação de registros causou prejuízo de mais de 1 bilhão de reais em 2013.

A cerimônia de lançamento do novo sistema foi um ato político agradável que marcou a saída do ministro Padilha.

Por outro lado, decepcionou pela falta de informação quanto às ações políticas que continuamos aguardando e darão vazão ao represamento de milhares de registros de produtos, pendentes de liberação. Esses registros não liberados mantêm travado o setor produtivo, que já leva em conta o pessimismo do período difícil pelo qual estamos passando, sinalizado por um cenário nacional de incertezas, típico de ano eleitoral.

Para o setor de HPPC, praticamente já se passou um mês do novo ano e a solução ainda se mantém latente, sustentada à base de comentários de baixa resolução sobre a questão dos registros pendentes.

O status, na semana em que esta coluna foi redigida, era que a partir de 10 de fevereiro seria iniciada a publicação dos registros pendentes, respeitando-se a ordem cronológica do protocolo dos processos. Estes, após serem publicados terão prazo de 90 dias para se submeter ao novo sistema com as adequações previstas pela RDC nº 4/14. Contudo, dúvidas persistem e esclarecimentos necessitam ser prestados de maneira a permitir que o trabalho realizado pela área regulatória nas empresas tenha a fluidez necessária para a recuperação do tempo perdido.

Diante das dificuldades e das inconsistências verificadas no sistema em seus primeiros dias de funcionamento, como senhas não reconhecidas e falhas na emissão do termo de responsabilidade, que impediram a conclusão do processo de submissão de novos produtos, faz-se necessária a criação de um suporte técnico efetivo, pela Anvisa, para a solução dos problemas vividos. É sabido que problemas sempre ocorrem nessas ocasiões e são aceitáveis, desde que haja alguém dedicado a solucioná-los.

A meu ver, é fundamental que neste momento de transição seja mantido um canal aberto para a discussão de todas as implicações e dúvidas que a implantação do novo sistema acarreta. Devemos evitar o que ocorreu, em um passado recente, com outros segmentos industriais sujeitos ao regime de vigilância sanitária, que ficaram em uma situação similar, em relação à implantação de um novo sistema.

Finalizando, e para conhecimento do leitor, foi publicada a Portaria nº 138, de 31 de janeiro de 2014, que estabelece uma nova estrutura organizacional para a Anvisa.

Doravante, a Gerência-Geral de Cosméticos (GGCos), passa a pertencer à Superintendência de Alimentos e Correlatos (Suali).

Aproveito a ocasião para desejar os melhores votos de uma gestão harmoniosa e produtiva aos seus dirigentes.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Caixa de embarque também é embalagem

Finalmente, 2014! De novo procuramos esquecer, mesmo sendo difícil, tudo o que aconteceu ou não aconteceu no ano anterior. Apesar de todos os indicativos de que 2014 será pior que 2013, somos brasileiros e não desistimos nunca!

Para começar bem o ano, vou abordar um assunto que não raro vejo sendo tratado em um segundo, terceiro ou talvez último plano na importância que têm as embalagens dentro das fábricas.

Muitas empresas não inspecionam caixas de embarque no recebimento, umas porque não têm um departamento de controle de qualidade de embalagem e não inspecionam nenhuma embalagem, outras porque entendem que caixas de embarque não são embalagens, portanto, recebem-nas e já as mandam diretamente para o estoque.

A caixa de embarque é uma embalagem e, como tal, deve passar pelos mesmos procedimentos de análise que qualquer outra embalagem.

Os testes visuais (atributos) passam pela avaliação da cor da caixa, da cor e da conferência do texto, dos eventuais amassados e manchas, da colagem etc.

Os testes dimensionais começam obviamente pelas dimensões da caixa, passando por uma avaliação de coluna (edge crush test), arrebentamento do ondulado (mullem) e compressão dinâmica, que é a avaliação da resistência da caixa como um todo, que pode ser feita com ou sem o produto. Não menos importante é avaliação de gramatura do papelão da caixa.

Que não nos esqueçamos: para fazer as avaliações, devemos considerar como padrão a especificação técnica da caixa, que necessariamente deve ter um desenho técnico com as medidas e as respectivas tolerâncias para cada teste.

É óbvio que todos esses testes mais específicos, e que requerem equipamentos também específicos, são feitos por poucas empresas, basicamente aquelas de grande porte que têm um controle de qualidade de embalagem bem estruturado e todos esses equipamentos (que não custam barato) disponíveis.

Além dos dados legais da empresa, uma caixa de embarque deve informar a quantidade máxima para o empilhamento de cada tipo de caixa, e ter as frases ou os conhecidos símbolos informando fragilidade (“Cuidado, frágil”), posicionamento (“Este lado para cima”) etc.

Um grande problema comum nas caixas de embarque é a sua violabilidade. Muitas reclamações chegam dos clientes dizendo terem percebido que a caixa foi violada ou que a quantidade veio a menos, mesmo sem a caixa ter sinais de violação.

Essa é uma questão que tira o sono dos responsáveis pela área de logística da empresa.

Para minimizar esse problema existem os sistemas de fechamento, uns mais, outros menos eficientes no que diz respeito à violabilidade. O sistema mais usado é a conhecida fita gomada, na qual algumas empresas colocam sua marca ou seu logotipo, com o objetivo de dificultar a reposição da fita caso a violação seja feita fora da empresa.

É sabido que uma das maneiras de retirar essa fita é umedecê-la aos poucos (normalmente com vapor). Com isso, ela sai e depois pode ser recolocada, sem deixar sinais de violação. Existem ainda outras maneiras de retirá-la e, por isso, existe um grande número de reclamações por parte de clientes.

Outra forma de fechar a caixa é usar as cintas arqueadas. Esse sistema é mais usado quando a caixa de embarque tem uma tampa. Ele é eficiente, dependendo das abas de fechamento da tampa, aliado a uma boa gramatura.

Também existe o fechamento pelo sistema hot melting ou cola quente. Considero esse um dos sistemas mais seguros, se levarmos em conta que, para uma pessoa descolar uma aba da caixa, ela acaba necessariamente delaminando a capa, deixando o ondulado à mostra. No caso de uso de cola quente é interessante informar que a caixa não deve ser recebida se houver sinais de violação. Aliás, essa é uma informação que deveria constar em todas as caixas de embarque.

É importante sempre avaliar a quantidade de caixas de embarque existentes na empresa. Já fi z alguns trabalhos cujo objetivo era avaliar as caixas de embarque como um todo, e descobri que a empresa tinha mais de 20 diferentes tamanhos de caixa. Concluído o trabalho, cheguei a três tamanhos, atendendo perfeitamente aos requisitos de armazenamento e transporte de todos os produtos da empresa.

Finalizando, não menos importante é o enchimento, realizado para melhor acomodar os produtos na caixa. Existem os proteps. Alguns destes são derivados de milho, ou seja, “uma beleza” para atrair roedores. Também podem ser de isopor ou de papéis amassados (haja papel). Os melhores enchimentos, em minha opinião, são os saquinhos de ar. Nesse caso, o fabricante da máquina de enchimento do saquinho coloca o equipamento em comodato e o cliente compra a bobina dele.

Diante do que coloquei aqui, pode-se concluir que realmente é preciso ver a caixa de embarque com outros olhos.

Luis Antonio Paludetti
Manipulação Cosmética por Luis Antonio Paludetti

Soy loco por ti

Até quando a gente vai precisar de médicos “cubanos”?

Se você é como eu e se preocupa com a saúde pública brasileira, já deve ter feito essa pergunta a si mesmo. Mais que isso, talvez tenha se perguntado: “Precisamos de médicos cubanos?”.

Primeiramente, quero deixar claro que não sou contra médicos, nem contra médicos cubanos, argentinos, espanhóis, brasileiros, portugueses... Enfim, de qualquer país. Os médicos são profissionais essenciais no sistema de saúde e os únicos legalmente habilitados a diagnosticar.

O diagnóstico é a base de toda e qualquer ação para manter a saúde, curar ou mitigar a dor dos pacientes. E é justamente nesse ponto que entram os médicos “cubanos”.

As localidades mais distantes do país (e o país é grande) parecem ser pouco atrativas para os médicos brasileiros, fato comprovado pela baixa adesão destes ao programa Mais Médicos, do Ministério da Saúde. Para lembrar, nem 50% das vagas ofertadas foram preenchidas por brasileiros.

A questão não pareceu ser o salário, mas certas coisas que o salário não compra, como condições de trabalho, perspectiva de carreira e distância dos grandes centros geradores de conhecimento.

Essa problemática parece ser atual, mas na verdade não é. Quando a gente estuda como se deve a história da farmácia no Brasil, percebemos que isso já ocorria há algum tempo.

É o ano de 1839. A escravidão toma conta das ruas de Vila Rica, em Minas Gerais, onde escravos negros são forçados a trabalhar principalmente na mineração de ouro. Naquele tempo, chegar a Vila Rica era uma grande façanha, que se cumpria no lombo de jegues, e a viagem demorava muitas semanas.

Os escravos - desde crianças – eram considerados máquinas de trabalhar. Como todas as máquinas, tinham de trabalhar constantemente até se “quebrar”, sendo então “consertados”.

“Consertar” um escravo era tratar de suas doenças ocupacionais e endêmicas. Agora, eu lhe pergunto: Quantos médicos estavam dispostos a deixar a sociedade aristocrática de Salvador, na Bahia, ou da cidade do Rio de Janeiro, para, depois de viajar dias em lombo de jegue, fixar residência nos “cafundós do Judas” para tratar de escravos?

Poucos. Pouquíssimos. Qual a solução para isso? Naquela época, a medicina de base era em grande parte exercida por barbeiros, que não eram propriamente profissionais de saúde.

Assim, por iniciativa do imperador, foi criada, em 1839, a Escola de Farmácia de Ouro Preto (antiga Vila Rica), com a finalidade de formar profissionais farmacêuticos que não só atuariam como multiplicadores do conhecimento, mas também como profissionais de saúde substitutos dos médicos.

Essa era uma iniciativa visionária, porque hoje ainda sofremos dos mesmos problemas que existiam no Brasil em 1839: médicos não querem - de fato - ir às localidades mais pobres.

Mas, pense bem: mesmo nas localidades mais pobres, sempre há algum tipo de estabelecimento farmacêutico. E por que esses estabelecimentos não podem se transformar em postos avançados de saúde?

Seria muito simples fazer isso: imagine transformar cada farmacêutico em um superagente de saúde, como um agente de saúde do Programa Saúde da Família (PSF), do Ministério da Saúde, mas com superpoderes. Esse superagente poderia diagnosticar questões básicas de saúde, como verminoses, dislipidemias, diabetes e hipertensão, além de realizar cuidados fundamentais em relação à mulher na gestação e ao idoso.

Atualmente, isso já existe e é feito por um técnico, o agente de saúde do PSF, que não faz diagnósticos, apenas monitora e relata ao médico.

Se é possível transformar uma pessoa com escolaridade média em um agente de saúde, seria muito mais fácil fazer isso com um farmacêutico.

Imagine quantos benefícios para a saúde da população seriam concretizados se farmacêuticos com mais alguns semestres de estudo voltado à atenção básica de saúde (em nível de graduação ou pós-graduação) estivessem prontamente disponíveis? Quanto tempo do médico seria poupado?

Atualmente, o farmacêutico pode prescrever alguns tipos de medicamento. Expandir seu âmbito profissional para o diagnóstico em atenção básica à saúde, com o apoio de protocolos rigidamente estabelecidos pelas autoridades sanitárias e por conselhos profissionais seria relativamente simples.

A ideia poderia ser implantada em “projetos piloto”, como foi feito com as farmácias notificadoras.

Primeiro seria implantada em alguns estados e depois nos outros. Dessa forma, resgatando e aperfeiçoando uma ideia implementada há mais séculos, poderemos dar um grande passo para transformar as farmácias em postos avançados e, quem sabe, resolver uma grande parte das doenças básicas que nos assolam há séculos.

Por que não tentar?

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