Ciência dos Compostos Perolizantes e Opacificantes

O título desta coluna parece um paradoxo, pois a inércia, por definição, é a propriedade que um corpo possui de não alterar por si só seu estado de repouso ou movimento.

Na reunião de Montevidéu nos dias 5 a 7 de novembro, a Delegação paraguaia não compareceu, impedindo de se chegar ao consenso em qualquer questão aprovada, ficando estas para a aprovação ad referendum desse Estado-Parte .

Os assuntos objeto de discussão pelos Estados Parte presentes foram:

• Título do "Regulamento Técnico Mercosul sobre Protetores Solares em Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes" que teve sugestão da delegação uruguaia para ser alterado para "Regulamento Técnico Mercosul sobre Produtos Protetores Solares e Protetores Solares em Cosméticos".

Em razão da não concordância das delegações da Argentina e Brasil, o título deverá ser definido pela Comissão de Produtos para a Saúde.

• Foi também acordado que para os produtos multifuncionais os seguintes tópicos :
a) Os produtos que indiquem atividade de proteção solar ou um valor de FPS, ainda que não sejam considerados como protetor solar, deverão comprovar grau de proteção não inferior a 2. As metodologias de comprovação deverão ser as aprovadas pela norma do FDA de 12/5/93 (Sunscreen Drug Products for OTC Human Use Monograph and Proposed Rule).
b) Os produtos que embora não indiquem o valor FPS em sua rotulagem, porém declarem "Contém Filtro Solar," deverão comprovar, proteção solar não inferior a 2, através de sua formulação, ou de testes in vivo ou in vitro ou por literatura científicos.

• Outro assunto discutido e aprovado, foram as listas de matérias-primas restritivas e negativas:
a) Na atualização da lista de substâncias não permitidas foram procedidas as seguintes alterações:
- A lista provisória foi prorrogada até 31 de dezembro de 2002.
- Hidroquinona foi transferida para a lista provisória, juntamente com o cloreto de metileno.
b)A revisão final da lista dessas substâncias que não podem ser utilizadas em produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, ficou adiada para a próxima reunião.

• Quanto às propostas apresentadas por Argentina e Brasil, referentes aos requisitos para registro de produtos cosméticos Mercosul e Extra Zona necessários a habilitação de empresas representantes de titulares de registro, a decisão ficou para a próxima reunião.

• Além da decisão desse assunto, a decisão relativa a de outros, tambem foi transferida para a próxima reunião, tais como:
- Requisitos técnicos específicos para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes: classificação de produtos; critérios para rotulagem geral obrigatória, mecanismo para atualização das BPF.
-Terceirização.

Por maiores que sejam os esforços da delegação brasileira, em tornar essas reuniões produtivas, propostas apresentadas sem as devidas fundamentações técnicas ocupam o tempo que deveria ser empregado na discussão de outros assuntos melhor fundamentados.

As sucessivas retiradas de assuntos da pauta, sem uma nova data para a conclusão, cada vez mais passa a sensação geral de que a harmonização desejada está cada vez mais distante de ser alcançada.

A nossa opinião é de que deveria ser previamente acordado um único tema para cada reunião e que este assunto fosse "dissecado" até o fim em reuniões prévias com a participação de experts acreditados junto às autoridades sanitárias (dos próprios governos e da iniciativa privada), para que, nas reuniões oficiais, fossem referendadas as decisões das comissões prévias.

A nós só resta torcer e aguardar por um novo impulso que possa alterar o estado de inércia.

Carlos Alberto Trevisan é consultor independente e diretor da Carlos & Trevisan Consultoria.
E-mail: trevisan@dialdata.com.br

A efetividade de implementação de qualquer ação definida para determinado ambiente depende do real comprometimento da população e dos governos envolvidos.

Naquelas empresas em que os sistemas de gestão foram implantados de forma adequada, os resultados são espetaculares.

Normalmente necessita-se de um a dois anos de educação e treinamento, de profundo comprometimento com os processos, que resultam em trabalhos envolvendo todas as seções internas, clientes e principalmente fornecedores. 0 processo entra em cadeia e nas comunidades menores, automaticamente, são envolvidas as escolas e, a prefeitura e seus departamentos, criando sistemas de economia e, de coleta seletiva e, com o fácil acesso à imprensa e à televisão, as crianças também são fortemente envolvidas no processo de educação.

O fenômeno recente do "apagão" também contribuiu com o processo de redução de consumo de energia, incentivado pela gestão ambiental.

Com quase 300 empresas certificadas em ISO 14001, no Brasil, a comunidade empresarial demonstra efetivo comprometimento com a proteção da natureza. No macrocosmo, porém, a situação deixa muito a desejar e, as notícias demonstram que mesmo um país com tantas riquezas naturais como o nosso, fica seriamente ameaçado pelas interferências não controladas do elemento humano na natureza.

A imprensa tem noticiado que o Rio São Francisco, tão importante para a vida e economias da região por onde atravessa, está com seu volume de água comprometido porque houve desmatamentos excessivos nas regiões de suas nascentes.

Outras conseqüências surgirão da extração descontrolada de madeiras nobres da mata amazônica, pois nesse processo de extração selecionada são devastadas enormes áreas, incluindo toda a vegetação circundante.

A natureza tem grande capacidade de reação, porém tem seus limites. Isso é percebido, por exemplo: em parte da floresta amazônica situada acima do Rio Solimões. Navegando-se ao longo do Rio Negro, pode-se verificar que a camada de húmus não é maior que 10-20 centímetros. Abaixo dessa ínfima camada de húmus existe apenas areia branquíssima, um puro deserto, que surgirá assim que a devastação atingir, de forma irreversível, a vegetação dessa região.

No entanto existem formas racionais de se conviver com a natureza sem que esta se torne inóspita.

Um exemplo de civilização integrada e abrangente é dado por um projeto regional muito antigo que infelizmente ficou apenas no papel, mas se realizado melhoraria muito a situação para uma grande parte do Estado de São Paulo. 0 projeto tratava de tornar navegável todo o complexo dos Rio Pinheiros, Rio Tietê e das represas situadas junto a Serra do Mar, iniciando por uma extensão do porto de Santos até o pé da Serra. A transferência da carga dos navios para barcaças, ascensão para o planalto (quase 800 m de desnível) por meio de elevadores (que não são novidade na Europa, Canadá e Estados Unidos) até chegar a Represa Rio Grande, na Grande São Paulo, e a partir daí, por meio de eclusas seria estabelecida a navegação fluvial ao longo de todo o Estado, podendo inclusive chegar até ao Rio da Prata. Pode-se pensar até na sua interligação com o Rio Paraíba.

Usinas hidrelétricas instaladas em eclusas são de menor porte, de menor investimento, com impacto reduzido no seu entorno e no das áreas inundadas, servem para atender as populações circunvizinhas sem a necessidade de cobrir grandes distâncias de transmissão. Portanto, os riscos de "apagões" e de acidentes se tornariam muito menores.

Essa medida permitiria transporte econômico de granéis produzidos no interior do Brasil e das importações vindas do exterior. 0 transporte por meio de caminhões seria restrito aos bens de maior valor agregado, e apenas os regionais, reduzindo, assim, o consumo de combustível e de emissões de poluentes. 0 fluxo comercial advindo do transporte fluvial seria a fonte de recursos para a despoluição do rio e de seus afluentes.

Naturalmente é um sistema de operação que pode ser estendido a muitas outras regiões. Uma única medida integrada e de grande alcance reduziria custos de transporte, utilizando, de modo racional, os recursos hídricos e integrando investimentos de transporte de cargas, de geração e de transmissão de energia elétrica, o que permitiria ao mesmo tempo o controle da poluição.

Maria Lia A. V. Cunha é psicóloga, especialista em gestão de pessoas
Friedrich Reuss é bacharel licenciado em química e especialista em gestão da qualidade
E-mail: freuss@uol.com.br

As estatísticas são espantosas. De cada 100 habitantes do planeta, 25 enfrentaram ou estão encarando uma crise de herpes, que atinge principalmente os lábios ou os órgãos genitais. Em 40% dos portadores o vírus fica latente, mas ao estressar psíquica ou fisicamente - o que não é exatamente difícil nos tempos atuais - pode haver uma recaída.

O contato físico é a principal forma de contágio. É uma boa idéia não compartilhar objetos usados por pessoas contaminadas, como copos e talheres. Vale lembrar que a camisinha é a melhor aliada para a prevenção do herpes genital. Tudo o que comprometa a resistência orgânica facilita a instalação da doença, como exposições solares exageradas, sono, cansaço, alimentação irregular, e, claro, cigarro e bebidas alcóolicas. A reincidência não é rara e as crises podem ir e vir com regularidade. Contudo, se o vai-e-vem for exacerbado pode ser uma pista para o médico pesquisar a existência de outras doenças, como o diabetes, o hipotireoidismo e mesmo a AIDS.

O herpes vírus compromete tanto homens como mulheres, apresentando-se de duas formas: tipo I e tipo II. 0 tipo I surge em geral no contorno dos lábios e no rosto. 0 tipo II acomete mais a região genital e adjacências. Atualmente, devido aos hábitos sexuais mais liberais, encontra-se o tipo I na região do II e vice-versa, não sendo incomum aparecerem no consultório narizes, bochechas e olhos infectados. Em todos os casos, a área pode levar de 5 a 21 dias para voltar a ser como antes - prazo que depende da integridade do sistema imunológico do paciente. 0 contato sexual é o maior responsável pelo herpes genital, que responde por 15% do total de doenças sexualmente transmissíveis. No homem, essas lesões são mais freqüentes na região da glande, podendo ocorrer secreção local. Já nas mulheres as lesões surgem nos pequenos e grandes lábios, cólo do útero, virilha, a face interna da coxa, podendo causar corrimento vaginal. Nelas, devido as características anatômicas, a doença pode ficar escondida e durar mais. Gestantes que tenham uma crise no momento do parto recebem indicação de cesárea, pois ha 50% de risco de que o bebê se contamine ao passar pelo canal do parto. A infecção viral na criança é muito séria, podendo atacar o sistema neurológico, os olhos e a pele.

O herpes é uma afecção dermatológica e o seu tratamento deverá ser feito com orientação médica.

Os medicamentos tópicos e sistêmicos mais conhecidos para combater o herpes agem diretamente na multiplicação do vírus. Entretanto, medicamentos imunomoduladores também estão sendo usados. Em vez de deter a replicação viral, aumentam as defesas orgânicas e melhoraram a resistência da pele ao ataque.

Uma nova opção para o tratamento do herpes labial é o laser de baixa potência, diminui a inflamação e aumenta a resistência dos tecidos, reduzindo o número de crises. Por reduzir o tempo de resolução da ferida, sobretudo se a aplicação for feita no início da crise, é um recurso indicado especialmente para pessoas que tenham alta exposição pública, como modelos, atores, especialistas da área de saúde e outros profissionais.

Como o vírus ataca quando o sistema imunológico enfraquece, tudo que mantém as defesas ativadas é favorável. Do ponto de vista nutricional, dois aliados são o zinco - mineral antioxidante – e a vitamina E, protetora das membranas celulares.

A prevençã é sempre o tratamento mais efetivo e mais barato. Hábitos saudáveis, tanto físicos quanto emocionais, reduzem comprovadamente a incidência da doença. Quando o asunto é o herpes, não há dúvida: o melhor conselho que se pode ouvir é aprender a gerenciar o estresse. Outros cuidados são evitar a exposição excessiva ao sol,(a radiação dos raios ultravioleta diminui a ação das células de defesa do organismo, reduzindo a proteção imunológica) e usar regularmente filtro solar com FPS acima de 15, inclusive para a região labial.

Dra. Denise Steiner é dermatologista.
E-mail: clinica-stockli@sti.com.br

Afinal, todos os tensoativos tem atividade antimicrobiana? Para responder a essa questão, devemos levar em conta várias propriedades dessa categoria química. Em primeiro lugar, a propriedade que é comum a todos eles, ou seja, diminuir a tensão superficial de um sistema pode favorecer essa ação sobre a membrana celular. Também a carga elétrica do grupo hidrofílico tem grande importância, levando-se em conta que a superfície das bactérias tem carga negativa. 0
tamanho da cadeia lipofílica e a natureza química do grupamento hidrofílico também têm grande importância. Soma-se a estes fatores, o pH das soluções dos tensoativos.

Por exemplo, os tensoativos aniônicos como os sabões, o lauril sulfato de sódio etc, são considerados antimicrobianos fracos mesmo em altas concentrações e permitem o crescimento de microrganismos Gram negativos e fungos em baixas concentrações. Note que o lauril sulfato de sódio é utilizado em meios de cultura para detecção de coliformes com a finalidade de inibir o crescimento de Gram positivos. Um outro meio seletivo, descrito por Chapman, usado para o isolamento de coliformes é o caldo de tergitol-7 (heptadecil sulfato de sódio).

Portanto, as matérias-primas dessa categoria, utilizadas pela indústria cosmética em shampoos, e outros produtos de higiene devem ser controlados microbiologicamente, principalmente tratando-se de tensoativos fornecidos na concentração 28-30%. No entanto, na concentração de 70%. Devido as características físico-químicas, essa matéria-prima não apresenta risco significativo, devido a pouca disponibilidade de água, fator limitante para o desenvolvimento de microrganismos.

E quanto aos tensoativos catiônicos? Certos catiônicos apresentam forte propriedade antimicrobiana e quando são usados com outros anti-sépticos apresentam efeitos aditivos. Porém, seu efeito antimicrobiano varia de acordo com o comprimento da cadeia lipofílica. Os compostos mais efetivos são aqueles com 12 a 14 átomos de carbono. Os mais importantes deste grupo são os compostos de amônio quaternário. Mas, devemos lembrar a resistência de alguns organismos Gram negativos, como as Pseudomonas sp. cujo meio seletivo utilizado para o isolamento desta espécie é o CETAB (brometo de cetil-trimetil-amonio). Ainda assim, os compostos de amônio quaternário são uma boa opção para a sanitização de superfícies.

Considerando os tensoativos anfóteros, a atenção dada a relação entre a atividade tensoativa e a ação germicida, sob o ponto de vista prático só aconteceu durante o 1º Congresso Internacional para Tensoativos, em Paris, no ano de 1954. A partir daí, um grupo de anfotéricos e desinfetantes sob o nome comercial de Tego, baseados no dodecil-di(aminoetil)- glicina, tem sido extensivamente utilizado como biocida na Europa, há mais de 40 anos. De um modo geral, os anfotéricos apresentam algumas vantagens sobre os catiônicos, como por exemplo, eles são muito menos afetados, adversamente, pela presença de proteínas quando comparados aos catiônicos. Porém levando-se em conta o mesmo comprimento da cadeia lipofílica e grupos amina dos catiônicos, os anfotéricos tem uma atividade mais baixa. Também a atividade antimicrobiana dos quaternários de amônio se faz mais intensa contra Gram positivos e menos contra microrganismos Gram negativos, enquanto que os anfotéricos não são seletivos em sua atividade. Em compensação os compostos de amônio quaternário são bacteriostáticos em baixas concentrações quando comparado aos anfotéricos.

Os tensoativos não-iônicos são amplamente utilizados como emulsificantes e, portanto, o conhecimento de sua relação com os preservantes utilizados em formulações cosméticas e de grande importância. Além desta categoria de tensoativos não ter nenhuma influência sobre o crescimento de microrganismos, estes podem inibir alguns preservantes como os parabenos, e outros que apresentem hidroxilas fenólicas em sua estrutura química. Os quaternários de amônio também são inativados pelos não-iônicos, como é o caso da clorexidina. E graças a esta propriedade que, na análise microbiológica de produtos cosméticos, é necessária a adição de polissorbato (Tween 80) para inibir a continuada ação dos preservantes nos meios de cultura. Evita-se, dessa forma, falsos negativos.

Tereza F. S. Rebello é farmacêutica bioquímica.
E-mail:methodus@methoduseventos.com.br