A Ciência dos Produtos Reagentes para os Cabelos

Edicao Atual - A Ciência dos Produtos Reagentes para os Cabelos

Editorial

Infelizmente, nossa Justiça do Trabalho é morosa e cara. Ela recebeu em 1998 cerca de 2,6 milhões de processos. É um número escandaloso, absurdo, principalmente quando comparado ao que acontece em outros países. Para suportar a máquina de processos trabalhistas, o pais deve gastar cerca de 3,2 bilhões de reais em 1999. É duas vezes mais que todo o orçamento anual para a área de transportes. É também cerca de 30% do que o governo federal vai investir este ano em educação. Estima-se que, para cada real pago em indenizações, dois reais são desembolsados pela sociedade. 

O modelo brasileiro de relações de trabalho está em crise porque se tornou um entrave à competitividade das empresas, ao emprego e ao desenvolvimento do país. Faz parte do Brasil que ficou para trás. É um país que desconhece mudanças como globalização, competitividade mundial, flexibilidade, desenvolvimento tecnológico. São avanços inexoráveis, que leis não podem deter. 0 mundo cada vez mais se volta para o conceito de trabalho. Deixar as coisas como estão é correr um risco muito grande de permanecer no passado. 

Nesta edição estamos trazendo um artigo sobre  características estruturais e dos produtos cosméticos para cabelos étnicos, o resumo de uma palestra sobre o mercado étnico brasileiro, apresentada na ICE99 (2-4 de fevereiro), realizada em Miami, nos Estados Unidos, e outros mais.

 E para esclarecer as dúvidas do setor cosmético sobre as ações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, estamos publicando urna entrevista exclusiva com seu diretor-presidente Dr. Gonzalo Vecina. 

Boa Leitura!

Cabelos Étnicos - Profa. Dra. Maria Valeria Robles Velasco de Paola e Profa. Dra. Maria Elizette Ribeiro, Dr. Valcinir Bedin e Profa. Dra Vilma Vilella Bonzanini

Neste artigo os autores mostram as características especiais de pele e cabelo das populações de raça "afro". São descritos os cuidados com esse tipo de cabelo: limpeza, condicionamento e alisamento.

• En ese articulo los autores muestran las características especiales de cabello y piel en las poblaciones "afro ". Son descriptos los cuidados con ese tipo de cabello: limpieza,condicionamiento y alisamiento.

• In this article the author shows the unique characteristics of the afro people skin and hair. The cares of this kind of hair such as cleansing, conditioning and relaxing are discribed.

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A Ciência dos Produtos Reagentes para os Cabelos - Randy Schueller e Perry Romanowski Alberto Culver, Melrose Park, Il, Estados Unidos

• Um panorama dos procedimentos e produtos químicos utilizados em permanentes e um estudo crítico dos processos de alisamento e coloração.

• Revista de los metodos y productos químicos empleados para ondular El pelo y exámen de los métodos relajantes
y para colorear el cabello.

• A review of the processes and chemical used to perm ones hair and a discussion about relaxing and coloring processes.

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Goma Guar - J.M. Ricca - Rhodia Chemie - Centre de Recherces Aubervilliers, França

• As várias opções químicas da goma guar são abordadas neste artigo. 0 destaque é para os derivados de hidroxi- propila e de cloreto de hidróxi-propiltrimônio, e suas aplicações como condicionador da pele e dos cabelos.

• Las varias opciones químicas de la goma guar son discutidas en ese articulo. El destaque es para los derivados de hidroxipopila y de cloreto de hidropropiltrimonio, y sus aplicaciones como condicionador de la piel y de los cabellos.

• The various chemical options of the guar gum are discussed in this article. The main focus is for the hydroxyproyl and the hydroxypropyltrimonium chloride, and theirs use as skin and hair conditioner.

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Mercado Étnico no Brasil - Jaime W. Valle - Albero Culver Intl, Melrose Park, IL, Estados Unidos

• 0 advento do conceito marketing de nichos no Brasil abriu as portas do mercado para a vendas de produtos de cuidado pessoal exclusivos, dirigidos a segmentos de consumidores com necessidades especiais, tais como os étnicos, ... e o potencial de vendas é enorme.

• El concepto de la comercialização segmentada en Brasil ha abierto las puertas al mercadeo de productos especializados
para el cuidado personal dirigidos a consumidores con necesidades especiales, tales cual los etnicos, ... y el potencial de ventas es enorme.

• The advent of niche marketing in Brazil has opened the doors wide open to the commercialization of unique personal care products directed at consumer segments with special
needs such as the ethnics, ... and the sales potential is enormous.

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Novas Formulações para Cuidados da Pele - Dilip D. Desai, Dean M. Frae e Julie Schucker-Castner - BF Godrich - Estados Unidos Daniella Clymans - BF Godrich - Estados Unidos EE Brand-Garnys e Hans M. Brand

.0 objetivo deste artigo é descrever o desenvolvimento do conceito de emoliência numa variedade de formulações de cuidado da pele baseadas em emulsificantes poliméricos de cadeia cruzada do ácido acrílico. As formulações foram desenvolvidas para uso em emulsões para tratamento da pele
de uso diurno, noturno e de proteção solar. Esses produtos podem necessitar de rápida liberação de emolientes ou de ativos para proporcionar longo efeito dos seus benefícios.

• El objectivo de ese articulo es discribir el desajollo del concepto de emoliencia en una variedad de formulaciones
de cuidado de la piel baseadas en emulsificantes polimericos de cadena cruzada del ácido acrilico. Las formulaciones fueran desajolladas para uso en emulsiones para tratamiento de la piel durante el dia, a la noche y para proteccion al sol. Eses productos pueden necesitar de uma rapida liberación de emolientes o del activo para proporcionar longo efecto de sus beneficios.

• The scope of this paper is to develop the emolliency concept into a variety of skin care formulations based
on crosslinked acrylic acid polymeric emulsifiers. The formulations were designed to be applicable to skin care emulsions for use in daytime, nightime and sun products. These may require quick delivery of emollients or actives for long lasting benefits.

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Novas Matérias Primas -

Por falha de edição, a Cosmetics & Toiletries (Edição em Português) jan/fev 1999 deixou de publicar as informações enviadas pela Dragoco Perfumes e Aromas Ltda., na matéria Novas Materias-Primas, o que é feito a seguir.

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Carlos Alberto Trevisan
Mercosul por Carlos Alberto Trevisan

A Dependência

O Boticário, São José dos Pinhais PR, Brasil

Mais uma vez estamos esperançosos que na próxima reunião do Grupo SGT 11 nos dias 31 de maio e 10 de junho, as pendências atualmente sem consenso sejam acordadas, e finalmente, consigamos caminhar para a almejada covalidação. Isso permitirá o livre comércio de produtos de nossa categoria nos quatro Estados-Parte, sem os atuais entraves de registro prévio.

Os ítens para os quais há várias reuniões se está tentando obter consenso, são os seguintes:
. Rotulagem geral (prazo de validade, origem e composição)

O prazo de validade tem como proposta da delegação argentina somente indicar apenas aqueles inferiores a 30 meses, como atualmente é considerado na União Européia. Esta posição é aceita pelo Paraguai e Uruguai, mas tem resistências por parte do Brasil com base no Código de Defesa do Consumidor- CDC.

O grupo ad hoc do SGT 11I do Brasil, em suas reuniões com os representantes da delegação oficial brasileira, tem argumentado que o grande regulador do mercado para os produtos da nossa categoria é o próprio comércio, pois mesmo em épocas de baixos índices de inflação, os comerciantes não se dão ao luxo de manter enormes estoques de produtos. A atual logística de distribuição adotada por empresas de alta especialização, é a necessidade de renovar constantemente as linhas de produtos, na prática, impedem que os produtos fiquem nas prateleiras por longo tempo.

No que se refere ao conceito de origem, a divergência está no argumento de Argentina, Paraguai e Uruguai, ao nosso ver correto, que ao consumidor realmente saber o país de onde procede o produto, pois a responsabilidade por este será sempre de quem o colocou no mercado, como ocorre na União Européia.

A posição da delegação oficial brasileira é a de que deve constar o nome e endereço do fabricante, o que se acordado, acarretará em perda considerável de espaço no rótulo. Mais uma vez a argumentação é sustentada pelo CDC.

Como podemos concluir, os entraves para que estes ítens sejam acordados são de razão política, devido às necessidades de se revisar 0 CDC para casos pontuais como esses.

A composição permanece como o ponto que requer maior atenção por parte dos negociadores das delegações no Mercosul. Mais uma vez a delegação argentina antecipou-se e sugeriu a composição expressa pelo INCI (International Nomenclature of Cosmetic Ingredients), o que facilitaria a elaboração dos textos de rotulagem para os produtos a serem comercializados nos quatro países .

O CDC é mais uma vez citado como impeditivo para o uso de INCI, pois este estabelece a grafia no vernáculo e o INCI, composto por uma simbologia universalmente conhecida e aceita pelos países da União Européia, e redigido em inglês.

Várias contribuições foram apresentados para suprir de argumentos os órgãos oficiais brasileiros, em defesa da adoção do INCI, porem as dificuldades permanecem.

Recentemente fomos informados da criação de uma comissão, dentro do MS, para estudar esses ítens conflitantes. Porém até o momento, essa comissão não convidou nenhum representante da categoria para colaborar com informações que pudessem auxiliar no embasamento de alguma decisão.

O receio é que por falta de conhecimento da realidade de mercado, nacional e internacional, essa comissão tome alguma decisão que possa impactar seriamente as atividades do setor.

. Rotulagem de produtos solares

A delegação argentina propôs na última reunião, e já incorporou na sua legislação de Notificação para Registro de Produtos, publicada em março de 1999, que os protetores solar com FPS inferior a 12 não necessitam indicar esse índice no rótulo, devendo apenas mencionar "baixa proteção" ou "média proteção." Este posicionamento não é aceito pelos demais Estados- Parte.

Carlos Alberto Trevisan é engenheiro químico, gerente de Suporte Legal dO Boticário, representante da Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC) no SGT-11 (sub Grupo de Trabalho) do Mercosul.

A vez da Qualidade por Friedrich Reuss e Maria Lia A.V. Cunha

Gestão com ISO 9000

Br Assessoria em Qualidade, São Paulo SP, Brasil

O sistema da qualidade segundo ISSO 9000 conseguiu reunir grande série de ferramentas que, no passado, eram aplicadas pontualmente para gestão de questões específicas. Assim a responsabilidade pela administração inclui a política da qualidade (forma reduzida do direcionamento institucional), que serve para fazer com que todos na organização foquem seus esforços osnos temas eleitos pela empresa. Esta responsabilidade inclui ainda as formas de identificação e provisão de recursos em termos de pessoal qualificado e de recursos materiais e a análise crítica da evolução do sistema com conseqüente geração de ações.

A documentação na ISO é a versão flexibilizada, devidamente estruturada e sempre atualizada das antigas "bíblias" rígidas e despersonalizadas das grandes organizações. 0 controle da documentação garante que a documentação atual esteja distribuída e divulgada, garantindo que as versões obsoletas sejam eliminadas. Para garantir que o desenvolvimento de produtos seja executado de maneira controlada, a norma prevê todas as etapas da identificação dos dados de entrada, dos dados de saída, das avaliações da evolução pelas áreas co-responsáveis, de controle de dados e da validação de projeto. A seleção e acompanhamento dos subcontratados proporciona a garantia da otimização da relação custos/benefícios nos processos de aquisição numa modalidade até então pouco utilizada.

A implantação da norma faz com que o setor de suprimentos escolha fornecedores capazes e que passe a conhecer em detalhes a qualidade dos fornecimentos, seja em prazo, custos, qualidade intrínseca e qualidade de atendimento. 0 tratamento dos produtos fornecidos pelo cliente é
regulamentado de tal forma que haja o devido controle e informação.

A identificação e rastreabilidade, o controle de processo, as inspeções e ensaios, a situação de inspeção e ensaios criaram uma nova mentalidade de organização nas empresa certificadas - todos os pontos estão claramente definidos para todos os colaboradores; fica dispensada qualquer consulta regular aos superiores. A identificação e segregação de produtos não-conformes para que seja prevenido o seu uso indevido e que seja dado o destino mais apropriado entre as quatro alternativas básicas.

As ações corretivas são uma forma automática do tradicional sistema de "solução de problemas" com a grande vantagem de que o sistema e democratizado, do qual resultará uma ação corretiva a ser realizada pelo responsável pela área causadora da não-conformidade. As ações preventivas por sua vez correspondem a uma forma clara e concisa de apresentação de projetos ou de sugestões, acompanhada da designação específica e da cobrança de prazos e responsabilidades, com posterior verificação da eficácia das medidas adotadas (que em casos de investimentos, pode ser medida como o retorno de resultados sobre o capital investido).

O treinamento prevê a identificação das necessidades de capacitação, sua execução e os devidos registros, seja dos documentos da qualidade como também das habilidades exigidas para a boa execução de cada função. A identificação periódica das necessidades automaticamente resulta numa avaliação da efetividade dos treinamentos efetuados, ou seja, saber dos resultados alcançados com os recursos investidos em capacitação. 0 ítem de serviços associados que na versão anterior da norma apenas se referia à assistência técnica inclui na nova versão todas as atividade de pré e de pós-venda, desde a criação de material informativo, material de treinamento das equipes de vendas e de assistência técnica e o serviço de atendimento ao cliente.

As técnicas estatísticas se tornam um instrumento importante naquelas atividades de produção em série, em que a validação dos processos e a validação da qualidade dos produtos são identificadas e definidas por processos estatísticos. 0 sistema de auditorias internas garante que a gestão segundo ISO 9000 esteja perfeitamente controlada. As não-conformidades identificadas devem ser vistas como uma oportunidade de melhoria do sistema e não como uma punição aqueles setores onde ela foi identificada.

A divulgação das não-conformidades encontradas à outras áreas permite verificar se a mesma vulnerabilidade possa estar presente em seus sistemas. A realização da auditoria interna utilizando auditores de diferentes áreas tem como benefício a divulgação do processo da empresa através de toda a organização, garantindo assim que a qualidade da comunicação melhore e que todos entendam o seu funcionamento e vulnerabilidades.

Vista por este ângulo a norma ISO 9000 passa a ser um instrumento de gestão da empresa com "qualidade controlada" e não um sistema a ser utilizado em paralelo ao processo de gestão da organização. Mesmo que raro, ainda se encontram empresas em que, por falta de suporte, o sistema de qualidade está isolado da gestão da empresa.

Friedrich Reuss é bacharel licenciado em química e especialista em gestão da qualidade. É titular da BR Assessoria em Qualidade.

Maria Lia A. V. Cunha é psicóloga, especialista em gestão de pessoas.

Marketing por Sérgio J. Cides

Segmentação

Consultor de Empresas, São Paulo SP, Brasil

Na primeira metade deste século que está terminando, com a mesma barra de sabão, minha avó lavava o chão, as paredes, a roupa suja, a louça, e dava banho na molecada, que voltava para casa toda suja de jogar bola na rua de terra; e aos sábados, a mesma barra de sabão servia para lavar as cachorros e o quintal. ..

Hoje em dia, para essas mesmas tarefas, uma dona de casa conta com, pelo menos, dez tipos diferentes de sabões, detergentes, shampoos, amaciantes, rinses etc. 0 que mudou de lá para cá?

O que houve foi o surgimento do fenômena conhecido pelo nome segmentação de mercado, que consiste na detecção e, até mesmo, na criação de novas necessidades dos consumidores por parte do pessoal de marketing das indústrias. A segmentação de um mercado visa ampliar as vendas dentro de determinado ramo de negócios, por meio de oferta de produtos e serviços cada vez mais específicos.

Nessa mesma época em que minha avó usava "sabão multi uso", começaram a aparecer os primeiros shampoos com segmentação para cabelos normais, oleosos e secos. Era o "Shampoo Halo", do qual muita gente ainda se lembra. Deu tão certo, que todas as marcas de shampoos passaram a desdobrar seu produto nesses três segmentos. A década de 60 assistiu a morte dos "tempos da brilhantina" e a entrada em cena, primeiro, dos cremes rinse e condicionadores e, em seguida, a marca Wellin lançou shampoos com perfumes de frutas, dando início ao que se convencionou chamar de "volta a natureza". Em sua esteira vieram as herbais, com aloe, jojoba, e outros apelos botânicos. Já nos anos 70 e 80, ao mesmo tempo, os shampoos passaram a apresentar apelos com conotações científicas, falando em pH, proteínas, colágeno etc, sem abandonar uma certa tendência de ecologia e natureza.

Esse mercado de produtos para cabelos sempre teve estrelas efêmeras. Produtos que surgiam, atingiam a liderança de mercado e iam definhando até sair de cena. A discussão desse fenômeno merece um artigo a parte, mas, a título de "gancho", minha opinião é de que isso tem ocorrido porque os marketeiros sabem exatamente o que o consumidor deseja, prometem que seu produto irá atender a esse desejo, mas não cumprem a promessa. Mas, como disse, isso é assunto para um outro artigo.

Voltemos à segmentação de mercados. Ora, a diferença da estrutura dos cabelos asiáticos, afro e caucasianos sempre foi evidente, e a necessidade de serem tratados de maneiras diferentes era uma coisa bastante óbvia. Na verdade, as novidades em termos de segmentação de mercado sempre chegaram ao Brasil alguns anos depois de terem provado seu potencial de vendas nos Estados Unidos. Com os produtos étnicos não poderia ser diferente. Desde a década de 60 que essa variante é usada nos Estados Unidos. Mas, por que houve tanta demora para tentarmos o mesmo caminho, aqui no Brasil?

Simplesmente, por uma questão de potencial econômico do mercado consurmidor. Há muito tempo, a população de cabelos afro já é maioria no país. Ocorre que essa população, em grande parte, formava o contingente das categorias de consumo que os institutos de pesquisa consideram "classe D ou E", ou seja, não tem disponibilidade financeira para consumir nada além de feijão e arroz. Às vezes, nem isso ... Com a derrubada da inflação, com o acesso dessas camadas da população as escolas, com a tomada da consciência de raça, por parte desses consumidores potenciais, grande massa deles ascendeu às classes de consumo "C e B", a chamada classe média. Passaram a ter disponibilidade financeira para consumir produtos mais sofisticados e, como consequência, passaram a ser olhados com maior atenção pelo marketing das empresas.

Desta vez, para imitarmos o mercado norte-americano, foram precisos cerca de 30 anos. A grande vantagem é que os americanos acumularam experiência tecnológica no desenvolvimento de produtos étnicos, e as indústrias sediadas no Brasil poderão se aproveitar desse know-how para lançar produtos que já foram testados e aprovados por nossos irmãos do norte.

Tenho a impressão de que o final deste século será marcado pelo surgimento de grande número de produtos étnicos, não só afros, não só para cabelos, mas para cuidados com a pele, e ate de vestuário. Afinal, o contingente de tipos asiáticos também representa uma grande massa de disponibilidade econômica que aí está para ser disputada pelos produtos de consumo.

A descoberta de nichos para a segmentação de mercado está ficando cada vez mais difícil, e um filão dessa grandeza não irá passar sem ser atacado por todos as lados.

Sergio J. Cides é Administrador de Empresas formado pela PUC-SP, Consultor de Empresas e Autor do Livro "Introdução ao Marketing para Micro e Pequenas Empresas".

Atualidades Técnicas por Prof. Dr. Pedro Alves da Rocha Filho

Tratamentos dos Cabelos

Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de
Ribeirão Preto, Ribeirão Preto SP, Brasil

Produtos cosméticos não poluentes para preparações capilares contém (A) tensoativos naturais - alquil-poliglicosídeo: acil-polipeptídeo na proporção de 5-95:95-5 (0,05-20,0); (B) etanol 2,5-25,0%.1. Um shampoo seco contém 55% de solução de decanol oliglicosídeo (0,08) solução de de undecenol-hidrolisado de queratina (0,07), etanol (95%) (9,00) dl-canfôra (0,04), extrato de rosas (5,00), corante azul nº 1- solução l/5O - (O,O1)e água purificada qs 100,0%.

Produtos cosméticos apresentados como 2 em 1 são suaves aos cabelos e à pele, sendo neutralizados e sem cargas 2. São complexos iônicos de aminas e ácidos graxos, que exercem
ação condicionadora em diferentes níveis. Quando neutralizados são formados por tensoativos catiônicos e/ou polímeros complexados com um ou mais tensoativos, tensoativos aniônicos, ou então, um tensoativo anfotérico complexado com um ou mais tensoativos anfotéricos, ou ainda uma solução de tensoativo catiônico e/ou polímero complexado com um ou mais tensoativos aniônicos e um tensoativo anfotérico. Derivados de silicone com ação tensoativa podem também ser empregados. Estes produtos apresentam as verdadeiras propriedades condicionadoras 2 em 1 e apresentam custo bem baixo em relação aos demais encontrados no mercado. Produtos transparentes ou opacos podem ser preparados com estas materias-primas.

O hidróxi-etóxi-tolueno pode ser adicionado em produtos para o tratamento capilar para acelerar a penetração de corantes, agentes redutores, condicionadores etc.3 Assemelha-se ao Ph-CH2OH, nestas propriedades porém é mais barata e produz odor desprezível e é quase não-irritante a pele. Uma coloração de cabelos pode conter: corante preto nº 401 (0,2), álcool etílico( 15,O), gomaxantana( 1,0),p-hidróxi-etóxitolueno (3,0), ácido tartárico (5,0) citrato trissódico (0.3) e água destilada qsp 100,0%.

Tinturas capilares podem ser compostas por: (A) corantes, tensoativos anfotéricos ou semi-polares (selecionados entre imidazolium betaína, amidobetaína, amidossulfobetaína e sulfobetaína e óxido terciário de aminatensoativo semi-polar) e ácidos graxos superiores; e (B) tensoativos aniônicos (selecionados entre o éter sulfato polióxi-alquileno de alquila, eter sulfato de alquila, sais de alquil-oxialquiltaurina e alfa-oleíina-sulfonas) e agentes oxidantes.4 A e B são misturados previamente à aplicação e os compostos apresentam longa estabilidade.

Na mistura denominada pelos autores 5 como (A), pode-se adicionar um agente alcalinizante, mantendo-se os demais componentes, obtendo-se desta forma uma preparação para o clareamento dos cabelos.

Excelentes condicionadores de cabelos podem conter copolímeros catiônicos com peso molecular médio entre 5000-500000, apresentando > 5% dos grupos catiônicos como monômeros acrílicos.6 Como exemplo de formulação, um spray para os cabelos pode conter copolímero catiônico 5,0, água destilada 65,0 e etanol 30,0 partes.

Os cabelos podem ter a coloração alterada por um processo em duas etapas7 constituídas por: (1) aplicação de sais manganês(2) aplicação de uma mistura de (preparada previamente ao uso) de um substrato oxidante (fenil-enediamina) e um agente oxidante(exemplo: H202).

Um produto para o enxague dos cabelos para facilitar o penteado molhado pode conter (a) 0,6-10,0 g de alcoóis graxos, (b) 0,01-15,0 g agente condicionador derivado de silicone, e (c) )O,1-5,0 g de sal de mono-alquil-trimetil-amonio.8. Uma formulação de rinse pode conter:

Álcool cetilico 2,50
Álcool estearilico 4,50
Cloreto de beenil-trimetil-amônio 2,50
Álcool benzílico 0,40
Poli-dimetil-siloxano 1,50
Perfume 0,20
Água destilada 88,40 g

O crescimento celular particularmente na região dos folículos pilosos, pode ser melhorado com a aplicação tópica de peptídeos (PM 150-1000 daltons) ricos em glutamina 9. Os peptídeos são obtidos por hidrólise de proteínas vegetais tais como do glúten e apresentam teor em glutamina de cerca de 5%. Se preparados sinteticamente, a glutamina não estará posicionada no final da cadeia carbônica. Uma loção poderá conter:

Álcool etílico 25,0
Butano-l,3-diol 34,4
Acido p-metil-benzóico 0,20
Hypep 4602 (hidrolisado de
glúten obtido enzimaticamente) 8,00
N-acil-prolina 0,60
Perfume 1,00
Agua destilada qsp 100,0%

Bibliografia
1. Mizukami K, Takagi N, Kamya M. Cosmetics or hair preparations containing natural surfactants. Patente japonesa nº 940518 de 13 de julho de 1995.
2. Patel A. Ultramild aqueous hair – cleasing compositions. Patente internacional nº 9704743 de 1 de agosto de 1995.
3. Kiyomine A. Hair treatment composition containing hydroxyethoxytoluene as penetration enhancer. Patente alemã nº19637442, de 14 de setembro de 1995.
4. Nakama Y, Takeshita Y, Arai Y, Yamaguchi M, Yasuda M. Two - component hair dye compositions. Patente japonesa nº 940533, de 27 de julho de 1995.
5. Nakama Y, Takeshita Y, Arai Y, Yamaguchi M, Yasuda M. Two - component hair dye compositions. Patente japonesa nº940535, de 27 de julho de 1995.
6. Narasaki K, Kawagushi S, Oochi S. Hair preparations containing cationic copolymers. Patente japonesa nº940532, de 2 de agosto de 1995 .
7. Audousset MP, Samain H. Two step hairdying procedure and kit. Patente francesa nº 2735976 de 30 de junho de 1995.
8. Nakamura K. Hair-detanglingcomposition. Patente internacional nº9707774 de 23 de agosto de 1995.
9. Delevita PD, Van Schie BJ. Patente internacional Nº 9707772, de 23 de agosto de 1995.

Prof. Dr. Pedro Alves da Rocha Filho é farmacêutico bioquímico industrial, professor de Tecnologia em Cosméticos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirao Preto, Ribeirão Preto.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Produtos Étnicos

Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí SP, Brasil

A gênese do uso de cosméticos em pessoas negras nos leva a tempos antigos na África. Muitas tribos africanas usavam cosmeticos para embelezamento, adornos e melhoria da aparência. Eles davam informações importantes sobre o estado civil, idade e posição social. Havia tinturas corporais, penteados intrincados e aplicação de jóias. 0 corpo tornara-se fonte de grande beleza e uma verdadeira obra de arte.

Há três tipos de raça negra: os Capóides, compostos de africanos das savanas, os Negróides, compostos de múltiplas tribos da África ocidental e os Australóides, compostos de tribos aborígines da Austrália e Malásia.

Através da escravidão os Negróides vieram da África ocidental para o hemisfério ocidental. Resultado da miscigenação, os negros brasileiros tornaram-se uma mistura tri-racial dos Negróides africanos, brancos europeus, e índios aborígines. Isto explica a heterogenicidade fenotípica que existe entre negros com respeito à pele e cabelo e é responsável pelas suas necessidades e costumes únicos.

Para o moderno consumidor negro brasileiro, o uso de cosméticos é de suma importância no seu dia-a-dia. Os produtos são usados para aumentar o apelo físico, melhorar a auto-imagem e manter a aparência jovem. Pesquisas de mercado tem demonstrado que os negros gastam três vezes mais do que os brancos com cosmeticos. Nos Estados Unidos as mulheres negras gastam mais de US$ 600 milhões anualmente com cosméticos para maquiagem. 0 significado do uso de cosméticos pelos negros, portanto, não pode ser subestimado.

Para entender as necessidades e práticas cosméticas em negros, e necessário revisarmos muitas diferenças fisiológicas e morfológicas entre brancos e negros. A diferença mais importante e aparente envolve a pigmentação. A pele dos negros difere da dos brancos no conteúdo epidérmico de melanina. Não há diferenças quantitativas nos melanócitos, embora, estas células sejam muito mais ativas, produzindo melanossomas grandes e dispersos que subsequentemente são transferidos aos melanócitos. Além disso, os melanossomas dentro dos queratinócitos contêm mais melanina e tem taxa menor de degradação comparado com outros grupos raciais. Essas diferenças pigmentarias essenciais dão vantagens e desvantagens para os negros. 0 conteúdo de melanina dessas pessoas conferem à elas proteção solar significativa, protegendo-as dos efeitos nocivos dos raios ultravioleta. Em contraste, a resposta labil dos melanócitos cutâneos aos traumas frequentemente causam distúrbios pigmentares.

Diferenças raciais fisiológicas na função de barreira epidérmica também foram notadas. Embora não haja diferença na espessura do estrato córneo, o estrato córnea dos negros contém mais camadas celulares e seu contúudo lipídico é mais alto. Embora controverso estas diferenças raciais podem assumir importância crescente quando se trata de reações irritativas, dermatites de contato e respostas de absorção percutânea.

Haveria sentido em se ter uma linha específica de cosméticos para negros? As pessoas negras podem ter ate 35 tons de pigmentação que vai de creme passando pelo marrom até ébano. Assim como em outras raças ou grupos étnicos os tipos de pele são oleoso, seco, normal ou uma combinação destes tipos. A luz deste espectro de tons de pele associados aos tipos básicos torna-se óbvio que as necessidades de cosméticos para negros são enormes. Ainda mais por causa da já mencionada resposta labil dos melanócitos e a propensão a desenvolver discromias, os negros freqüentemente necessitam produtos que camuflem imperfeições pigmentares.

Embora a pele de negros de mais fotoproteção que a dos brancos, em vista da diversidade dos tons de pele e do estilo de vida dos negros, alguns podem necessitar fotoproteção adicional com cosméticos e filtros solares.

Alguns problemas mais comuns encontrados em negros como conseqüência de reação adversa a cosméticos são: a acne cosmética, a dermatite de contato alérgica ou por irritante primário, a ocronose induzida pela hidroquinona, a alteração ungueal produzida pelo uso de unhas artificiais e a hipo-pigmentação pós inflamatória causada por agentes irritantes como o ácido retinóico.

Dra. Denise Steiner é dermatologista, doutorada pela Unicamp, professora do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí e diretora da Clínica Stockli, em São Paulo SP.

Colaborador: Dr. Valcinir Bedin, dermatologista, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina Estética.

Boas Práticas por Tereza Rebelo

Certificação BPF e C

Consultora Técnica, Florianópolis SC, Brasil

Citada na Medida Provisória n° 1814/99 (aquela que altera os dispositivos de Lei n° 9782 de 26/01/99 e se refere à criação da ANVS), e também citada em algumas outras Portarias, a Certificação de Boas Práticas de Fabricação e Controle para cada estabelecimento ou unidade fabril, tipo de atividade e linha de produção/comercialização, tem movimentado os responsáveis pela qualidade dos produtos cosméticos, sejam eles produzidos pelas indústrias ou farmácias de manipulação. É claro que essa movimentação é benéfica e traz como consequência maior adesão às boas práticas de fabricação e controle e muitos desses profissionais já iniciaram a elaboração de um Manual descrevendo os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs). Entretanto, nesse caminhar em busca da Qualidade Total, existem alguns tropeços pelas dúvidas que a falta de esclarecimento das autoridades de como estará sendo conduzida a inspeção, trazem aos profissionais da qualidade. E, mais do que isso, algumas questões levantadas no Roteiro de Inspeção, constante da Portaria 348 de 18 de agosto de 1997, não são detalhadas (e nem poderiam ser pois, trata-se de um "roteiro") trazem, como consequência, decisões diferentes por parte dos inspetores da SNVS que visitam as empresas.

Um dos assuntos que se apresenta como muito importante é o controle das áreas de produção relativo a qualidade microbiológica do ar ambiente. As informações existentes sobre esse assunto são relativamente poucas. Por exemplo, respostas as perguntas: Quais os fatores que mais contribuem para tornar uma área inadequada para a produção de um produto que não necessita ser estéril? Que limites de aceitabilidade, ou seja, quantos microrganismos podemos considerar como normais nessas áreas e que espécies, obrigatoriamente, devem estar ausentes?

Estudos detalhando esse assunto tomam lugar principalmente no campo médico onde as infecções cruzadas ou a disseminação de organismos infecciosos entre pacientes e pacientes/staff médico levam ao reconhecimento de um grande problema tanto de saúde como econômico.

Assim, em resposta à primeira pergunta, podemos citar Sykes que em um artigo sobre controle de contaminação em áreas estéreis na indústria farmacêutica, escreveu: "teoricamente é possível preparar e manter uma sala e os materiais ali dispostos, virtualmente estéreis, mas tão logo essa área seja ocupada por pessoas, ela tornar-se-á progressiva e mais pesadamente contaminada com microrganismos provenientes dessas mesmas pessoas". Estamos vendo, portanto, que cuidados devem ser tomados quanto ao número de pessoas que ocupam as áreas de Produção. Só permanecerá nessa área pessoas que executam a atividade a qual ela é destinada; visitantes, se de todo for necessário adentrar nessas áreas, deverão estar usando equipamentos individuais de proteção (gorro, máscara, jaleco).

Estudos conduzidos por Davies e Noble (Dispersal of Organisms from Human Skin - Cosmetics and Toiletries, vol. 92, March 1977), mostram que fragmentos de pele humana são os principais componentes da "poeira" que ocupa as áreas. Exceção a essa regra fica por conta de áreas abertas e expostas a fuligem e partículas de solo.

Considerando a contaminação microbiana a partir da descamação normal da pele, estima-se que a cada quatro dias uma camada completa de células mortas da camada córnea é perdida e substituída por novas células. Esses fragmentos de pele, por apresentarem sobre ela uma população microbiana residente, leva ao ambiente microrganismos principalmente Gram (+). Tais microrganismos também podem ser levados aos produtos por contato direto. De um modo geral, quando detectamos um produto contaminado por Gram (+), podemos dizer que a Fonte de contaminação foram pessoas. A presença de microrganismos Gram (-) é muito rara em ambientes industriais, exceto quando tal contaminação tenha causas específicas como por exemplo, a movimentação na área de matérias-primas contaminadas.

Finalizando e respondendo a última questão que é relativa aos limites microbianos aceitáveis, podemos dizer que serão eles tão rígidos quanto os limites propostos para a liberação do produto tendo em vista a segurança que devemos dar ao consumidor durante o seu uso.

Tereza FS Rebello é farmacêutica bioquímica e consultora técnica na área de garantia de qualidade e assessora da Methodus Eventos e Consultoria, Florianópolis SC.

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