Manchas no alvo

Edicao Atual - Manchas no alvo

Editorial

Visão do Futuro

Um comercial de televisão sobre processadores de computadores dá uma ideia da rápida evolução da informática (ou, como preferem alguns, da tecnologia da informação -TI).

Os e-mails, que antes se restringiam aos centros universitários, ganharam as ruas para agilizar o intercâmbio de informações em todos os setores, servindo como base para as mídias sociais atuais, cuja adesão de usuários cresce numa relação exponencial fantástica.

O mundo ficou pequeno com os avanços dos meios de comunicação.

Hoje tudo pode estar na “rede”. Tudo pode estar na internet que se por um lado facilita a vida dos usuários, por outro estimula  problemas, como a pirataria. A indústria fonográfi ca não teve tempo de adequar-se a esse momento, e quase desapareceu devido ao uso não autorizado de seus produtos. As empresas jornalísticas tiveram um pouco mais de sorte, pois saíram na frente do “inimigo”. A maioria dos jornais diários lançou versões digitais com o mesmo conteúdo dos originais impressos, dentro de seus portais de notícias com atualizações instantâneas.

Uma homenagem a Luiz Brandão, profissional competente e admirado que recentemente nos deixou. Era preciso e prudente ao emitir opinião sobre o assunto no qual era o maior especialista e que dominava com maestria. Deu-nos a honra de colaborar como colunista desta revista. Descanse em paz.

Boa leitura,
Hamilton dos Santos
Editor

Diéster para Proteger Cor do Cabelo e Danos do Sol - Timothy Gao, PhD, Jung-Mei Tien, Abhijit Bidaye, Scott Cardinali, Jena Kinney Croda Inc., Edison, NJ, Estados Unidos

Um novo fi ltro UV de espectro amplo para proteger os cabelos dos danos de descoramento e manter sua integridade, quatérnio-95 (e) propanodiol, foi desenvolvido para formulações de rinse-off. Shampoos e condicionadores contendo esse ingrediente protegem cabelos tingidos contra a degradação do triptofano e a redução da resistência à tração.

Un nuevo fi ltro de amplio espectro UV para proteger el cabello del daño desvanecimiento del color y la su integridad, quaternium 95 (y) propanodiol, se ha desarrollado para las fórmulas rinse-off. Champús y acondicionadores que contengan este material protegen el pelo teñido de superfi cie contra la degradación de triptófano y la reducción de resistencia a la tracción.

A new broad-spectrum UV fi lter to protect hair from color fading and integrity damage, quaternium-95 (and) propanediol, has been developed for rinse-off formulations. Shampoos and conditioners containing this material protected dyed hair against surface tryptophan degradation
and tensile strength reduction.

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Antioxidantes de Origem Vegetal em Cosméticos - Júlia Scherer Santos Farmacêutica, Curitiba PR, Brasil

Este estudo teve por fi nalidade compilar as ações fotoprotetoras descritas para polifenóis de chá verde, fl avonoides do cardo mariano, isofl avona da soja, proantocianidinas da semente de uva, extrato de marcela, extrato de alecrim, ginseng vermelho, fl avonoides do cacau, samambaia, extrato do pinheiro-bravo, curcuma e prunella.

Este estudio tiene como objetivo la conpilar las acciones protectoras descritas para el polifenoles del té verde, Marian caldo fl avonoides, isofl avonas de soya, las proantocianidinas del extracto de semilla de uva, marcela extracto, extracto de romero, ginseng rojo, los fl avonoides del cacao, helecho, extracto de pine, la cúrcuma y prunella.

This study had aimed compile the photoprotective actions described for green tea polyphenols,milk thistle, soy isofl avones, proanthocyanidins from grape seed extract, marcela extract, rosemary extract, red ginseng, cacao fl avonoids, fern plant, pine bark extract, Javanese turmeric, prunella.

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Espessantes ou Agentes de Consistência - Hamilton dos Santos Editor da Cosmetics & Toiletries (Brasil), São Paulo SP, Brasil

Neste artigo de revisão, são enfocados os sistemas de espessamento utilizados em produtos de cuidado pessoal para dar a estes a forma cosmética preferida pelos consumidores. São apresentados os principais ingredientes com essas funções, disponíveis no mercado.

En este artículo de revisión se enfocan los sistemas de espesamiento utilizados en productos de cuidado personal para proporcionar a los mismos la forma cosmética preferida por los consumidores. Son presentados los principales ingredientes con estas funciones, disponibles em el mercado.

In this review, it was focused the systems used as thickeners in personal care products to give them the cosmetic form preferred by consumers. The main ingredients with these functions available in the market are presented in this article.

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Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Competência coletiva, o que é isto?

Em vez de definirmos esse conceito, vamos construí-lo. Há não muito tempo, vem sendo dito que a Competência Coletiva é o principal ativo de uma empresa. Eu fico me perguntando por que levamos tanto tempo para enxergar essa realidade. Foi preciso o conhecimento ganhar a velocidade das fibras óticas e a tecnologia transbordarem o conhecimento por qualquer tomada em que se possa ligar um computador, para que inegavelmente aceitássemos esse fato, mesmo que veladamente.

No último fórum de RH promovido pela HSM, o professor Mário Sérgio Cortella, filósofo e administrador de empresas, martelou a necessidade de abandonarmos o conceito de Competência Individual, do qual nasce a idéia “a minha competência acaba onde a competência do outro começa”, por uma realidade mais condizente com as atuais dinâmicas de mercado, nas quais se preconiza uma ideia muito diferente, ou seja, “a minha competência acaba onde a competência do outro também acaba”.

Parece contraditório, porém não é, se enxergarmos a empresa como um organismo vivo, no qual a perda de competência de um ou alguns faz que todos, de uma maneira ou de outra, percam também a sua própria competência. Aqui vale então abrirmos um pouco mais o conceito de competência que vai além das competências técnicas, muita das quais podem ser aprendidas em livros, chegando até as competências pessoais que compreendem relacionamento, capacidade de planejar e executar, priorizar, delegar, sintetizar, entre outras. Dessa maneira, quando alguém ganha esse tipo de competência, os demais também passam a usufruí-la por capilaridade.

No entanto, para que o discurso se transforme em prática é preciso que os que dominam o saber repartam o conhecimento, concomitantemente à ação da procura de conhecimento por parte de quem ainda não o tem (“...quem sabe reparte, quem não sabe procura...”). Para os que acreditam que dessa forma o conhecimento se nivelaria rapidamente tornando todos iguais, peço que não se esqueçam de duas variáveis: a velocidade com que o conhecimento se renova e a velocidade com que assimilamos novos conhecimentos. Não preciso dizer que essas velocidades são diferentes entre si e que a primeira é muito superior à segunda. Conhecimento parado é conhecimento que tende ao desuso, a tornar-se obsoleto. Girar e gerir o estoque de conhecimento dentro das organizações é a grande sacada da excelência em gestão do conhecimento.

O professor evocou a ajuda dos santos, quando citou São Beda (filósofo inglês do VIII século EC) que mencionava três coisas que levariam ao fracasso espiritual: “Não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina e não perguntar o que se ignora”. Bem atual na era da informação, não?

Não podemos deixar de mencionar que o conhecimento tácito é mais dinâmico do que o acadêmico. Ambos devem existir, mas o tácito tem efeito sinérgico, pois encontra aplicação prática no dia a dia e, por ter conexão com uma realidade mais presente, oferece mais facilidade de aprendizado, além do fato de que quanto mais conhecimento prático se obtém, maiores são as chances de despertar a própria curiosidade para um aprofundamento teórico do mesmo. Quando eu estava no curso técnico, aprendi a calcular logaritmo (lembra-se?). Quando perguntei à minha professora de matemática para que ele servia, ela me disse: um dia você vai saber. Graças a Deus eu soube, porque fiz o curso técnico em química e depois a faculdade, mas muitos não aprenderam o que era aquilo, nem enquanto estudavam nem depois, porque não encontraram praticidade, correlação, conexão do logaritmo com as suas realidades e, por isso, o conhecimento se tornou difícil e para muitos se perdeu.

Hoje a tecnologia facilitou o trabalho da gestão das competências coletivas, pois, com alguns softwares simples, conseguimos facilitar a distribuição do conhecimento ao mesmo tempo que diminuímos o esforço de quem procura por ele. No entanto, a tecnologia ainda não conseguiu mexer no cerne da questão, que é despertar o desejo – onde tudo começa – de repartir e procurar a competência coletiva. Aqui cabe uma lição de casa aos gestores, ainda a ser feita, que passa pela criação de um ambiente propício onde haja o estímulo e até a gratificação por essas atitudes, pois, do contrário, continuaremos comentando o “pecado” da centralização do conhecimento.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

CQ e o impacto nas BPFeC

Como já tive a oportunidade de afi rmar, em diversas ocasiões, o Controle de Qualidade (CQ) está entre os requisitos imprescindíveis para a efetiva existência das Boas Práticas de Fabricação e Controle (BPFeC). Em minha vivência como consultor, constatei que grande número de empresas da área de cosméticos mantém em atividade aquela operação que é chamada de “controle de qualidade” simplesmente para atender às exigências da Portaria nº 348/97, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Afirmo isso baseado no fato de que não são realizadas avaliações nem de matérias-primas, nem de granéis, e muito menos de componentes de embalagem. O máximo que ocorre é a aceitação do conhecido Certificado de Análise, emitido pelo fornecedor, que na maioria dos casos não foi previamente qualificado para tal, e, se foi, o processo empregado foi um questionário sem a efetiva avaliação presencial.

A maioria dos testes realizados são cor, odor e aparência. Não é necessário grande conhecimento para perceber a subjetividade das avaliações e a conseqüente insegurança desses testes.

Apenas como referência, o metilparabeno e o propilparabeno têm as mesmas especificações quanto aos parâmetros mencionados, diferenciando-se apenas quanto à solubilidade.

Um dos argumentos principais encontrados para que o Controle de Qualidade tenha atuação figurativa é o de que a empresa não recebe reclamações de clientes e, portanto, o produto “possui qualidade”.

Outro argumento é o custo operacional do Controle de Qualidade, que, segundo alguns empresários, não agrega valor ao produto.

Recentemente, em visita a uma organização, solicitaram-me um plano para reduzir custos no laboratório de Controle de Qualidade notadamente diminuindo a quantidade de análises. Ao finalizar o processo de coleta de informações, conclui que a única redução possível seria eliminar completamente o departamento de Controle de Qualidade, pois este era totalmente inoperante e nada era avaliado, a não ser cor, odor e aparência.

Tenho insistido no conceito universal de que o setor de Controle de Qualidade não é o responsável pela qualidade dos produtos e serviços da empresa, mas apenas pelo controle desta.

Tenho lutado intensamente para que esse conceito seja aceito e adotado por todas as organizações. Dessa forma, estará sendo atribuída a responsabilidade a quem efetivamente executa a tarefa.

Não esquecer que nas atividades relacionadas ao Controle de Qualidade cabe a tarefa de comparar os valores amostrados no processo com os parâmetros adotados pela organização, com base nas necessidades e na segurança do cliente.

Quando parâmetros são estabelecidos sem fundamentação técnica adequada, os potenciais riscos são agravados. As considerações acima servem para sugerir que a simples incorporação do CQ nas BPFeC não é suficiente para garantir que a atividade de controlar seja efetivamente praticada.

Outro impedimento para o CQ atuar efetivamente é este estar subordinado à área de produção, ou vice-versa, o que restringe ou impede a necessária autonomia de atuação e decisão.

Muitos exemplos poderiam ser aqui citados para reforçar a argumentação da necessidade da prática efetiva do CQ nas organizações, independentemente da Portaria nº 348, mas acredito que os que aqui foram citados podem servir de insight para melhor reflexão.

Não posso também deixar de mencionar a necessidade de que os colaboradores envolvidos no processo de controle de qualidade estejam adequadamente treinados e capacitados quanto às Boas Práticas de Laboratório, para que possam exercer suas atividades com vistas ao atendimento das Boas Práticas de Fabricação.

Dermeval de Carvalho
Toxicologia por Dermeval de Carvalho

Cabelo: fonte alternativa na avaliação de segurança

Recente publicação apresentou dados relativos à área de marketing, os quais, entre outros, destacam com detalhes a fiel preferência do público masculino pelos produtos cosméticos usados para os cuidados dos cabelos, diferentemente do que acontece com as mulheres. (Cosmetic & Toiletries Brasil 22(2):26-32, 2010). O tema me motivou a discutir, nesta coluna, o mesmo tema “cabelo” como fonte de exposição no que diz respeito à avaliação da quantidade e freqüência da exposição a humanos, a substâncias químicas, a ingredientes cosméticos ou não, e ao seu uso como matriz analítica para fins de avaliação de segurança.

Isso não me esquecendo da importância que as tinturas capilares representam, mostrada por meio de uma avalanche de excelentes publicações. Sinto que as portas da investigação bibliográfica poderiam estar abertas às informações, aos esclarecimentos e dirimir dúvidas a respeito do estágio em que se encontram as pesquisas focadas na palavra-chave “cabelo”.

A palavra-chave marcou presença em diversas áreas de interesse da saúde pública, especialmente quando se prezou os estudos destinados à avaliação de segurança, os quais se completam desde que sejam bem conhecidas as propriedades físico-químicas dos xenobióticos (entenda-se ingredientes cosméticos), a relação dose/resposta e a íntima interação entre eles.

O cabelo representa fonte de exposição de inestimável valor científi co. Estrutura anatômica de natureza complexa, forma-se a partir do folículo piloso localizado de 3 a 5 milímetros abaixo da superfície da pele; cerca de 5 milhões de unidades estão presentes nos adultos, 1 milhão deles presentes na cabeça. Contém proteínas, lipídeos, melanina, polissacarídeos e mínima quantidade de água, e crescimento ativo e de repouso com duração de 7 a 94 semanas (período discutível). Destaque: algumas informações ainda são enigmáticas (Forensic Science International 63:9-18, 1993).

Para fins de análises toxicológicas, o cabelo – matriz biológica - pode ter suas limitações, mas representa uma opção após as amostras de sangue e, ou, de urina, e mereceu especial publicação que o enquadra como amostra alternativa de interesse da Toxicologia Forense (Biomedical Chroma- tography 22:795-821, 2008). O mesmo tem acontecido com a Toxicologia Social (Forensic Science International 176:23-33, 2008 e Transtornos Adictivos, 9(3): 172-83 2007). A Society of Hair Testing discute a “acreditação” do uso do cabelo para fi ns de análise. O trabalho discute a importância da cromatografi a líquida de alta
efi ciência na determinação de algumas substâncias (minoxidil, progesterona, hidrocortisona, entre outras) em produtos “cosméticos”. Entretanto, os autores se contradisseram, pois afi rmaram que “as presenças destas substâncias em produtos cosméticos comerciais são proibidas (Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis 48:641-648, 2008). O título deveria ter sido melhor cuidado.

A biomonitorização de poluentes realizada nos últimos 20 anos empregando-se o cabelo como matriz foi objeto de análise. Os autores discutiram as limitações e correções de rotas, e apresentaram medidas que exigem estudos complementares, bem como destacaram grandes avanços. Se persistirem os caminhos já percorridos, a matriz alternativa poderá ser a chave para a biomonitorização de contaminantes orgânicos, neles incluídos produtos farmacêuticos, cosméticos, fragrâncias e hormônios (Chemosphere 72:1103-1111, 2008, idem 72:1118-1123, 2008, Environmental Polution 16:1-7, 2009 e Water Research 41:4339-4348,2007).

A moderna toxicologia, entre tantos ganhos científicos conquistados, ainda mantém sérias preocupações sobre estar na “pauta do dia” a discussão dos possíveis danos ocasionados ao homem - neurotoxicidade, mutagenicidade, reprodução - decorrentes de exposições químicas - especialmente daquelas em baixas doses. Ainda nessa linha de pensamento, não se pode deixar de lado os avanços conseguidos com indicadores biológicos da exposição, a exemplo do glucoronídeo de etila (Forensic Science International 198:23-27, 2010).

Outros assuntos certamente ainda poderiam ser acrescidos, mas o uso do cabelo, como matriz, pode representar significativos avanços da Toxicologia na avaliação de segurança de ingredientes e produtos cosméticos.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Tratamento da alopecia androgenética feminina

O cabelo não é fundamental para a sobrevivência orgânica do ser humano. No entanto, do ponto de vista estético, psicológico e social, sua integridade reflete no padrão cultural vigente, poderosa auto-estima, tornando inseguros e infelizes aqueles que o perdem.

A falta de cabelo tem representações in ternas que afetam a saúde global do indivíduo; sendo assim, vemos com grande entusiasmo as pesquisas cada vez mais constantes e inovadoras nessa área, sobretudo pela conquista de medicações eficazes. A mulher, ao contrário do que diz a crença popular, também desenvolve a calvície nos seus mais variados graus.

A calvície ou alopecia feminina, assim como a masculina, caracteriza-se por perda de cabelos com influência genética e hormonal, sendo, por isso, chamada de alopecia androgenética feminina (AAF).

Ela determina um processo de longa duração que provoca miniaturização dos fios de cabelos. O cabelo normal, em média a cada quatro anos, entra em processo de repouso (fase telógena) e queda, retornando com a mesma espessura para durar mais quatro anos.

O fio, nos indivíduos predispostos à calvície, volta cada vez mais fraco e fino, transformando-se progressivamente em uma penugem. Esta transformação lenta e gradual vai provocando a rarefação capilar.

A prevalência de queda de cabelos nas mulheres varia de 8% a 25%, conforme os trabalhos publicados. Alguns autores já demonstraram prevalência de 87% de calvície em mulheres na pré-menopausa. Esses casos, em geral, eram iniciais, sendo disfarçados pelo tipo de penteado. Nos casos iniciais, a maioria das mulheres não percebe nem se queixa, pois há rarefação muito discreta.

É sabido que existe predisposição hereditária para a alopecia desenvolver-se. No entanto, o tipo de herança não está bem esclarecido. Acredita-se que haja herança poligênica (vários genes envolvidos) com penetrancia e expressões ainda não muito precisas.

Além da hereditariedade, os hormônios masculinos também são responsáveis pelo desenvolvimento da calvície feminina e masculina. A mulher é particularmente suscetível a essa perda de cabelos, devido a variações hormonais.

Sendo assim, é freqüente o início da alopecia após o parto, na pré-menopausa e após descontinuação do uso da pílula anticoncepcional.

Os andrógenos têm receptores específicos no folículo capilar que, após serem preenchidos, iniciam a reação intracelular, envolvendo o DNA e desencadeando mecanismos provo cativos da alopecia. As mulheres também podem desenvolver esse quadro, com níveis de hormônios masculinos normais.

A calvície feminina tem localização diferente da do homem. Ela ocorre freqüentemente em toda a região superior do couro cabeludo, mantendo a linha frontal intacta. A mulher tem menos entradas do que o homem. A perda de cabelos também pode ter uma característica mais difusa, com comprometimento e afinamento mais geral dos cabelos, e pode ser desencadeada ou agravada por outros fatores, como: anemia, ferro sérico baixo, alterações dos hormônios tireoidianos, uso de drogas, emagrecimento, entre outros.

No tratamento, a alopecia feminina conta com maior número de recursos do que a masculina: além daqueles em comum, podem ser empregadas substâncias neutralizadoras dos hormônios masculinos, como os antiandrógenos. Convencionalmente, pode-se usar o minoxidil, já aprovado pela Food and Drug Administration (FDA). Os estrógenos têm papel protetor em relação à queda de cabelo feminino e, portanto, o hormônio 17 α-estradiol, um isômero do 17 β-estradiol, pode ser uma opção.

O acetato de ciproterona também pode ser empregado para neutralizar os efeitos dos andrógenos. Essa droga tem ação hormonal e, quando associada ao estradiol, age como um anticoncepcional.

Pode ser utilizada ainda a espironolactona (antagonista específi co da aldosterona), que compete com os hormônios masculinos, não necessitando, em geral, de complementação de hormônios femininos.

A finasterida, inibidor da 5 α-reductase II, é outro recurso possível nos estudos de fase III que demonstrou ser seguro e eficaz para o tratamento da calvície masculina. Ela interfere pouco na função hepática e não provoca alterações nos lipídeos. Sua ação não reduz o nível de testosterona circulante, mas sim a DHT intracelular.

É necessário o acompanhamento de um médico especialista para o tratamento com essas medicações. Geralmente, o paciente leva ao consultório muitas dúvidas, fantasias e ansiedades antes de iniciar o tratamento. Para que a medicação seja eficaz, é importante o entendimento do seu mecanismo de ação, dos efeitos colaterais possíveis e que resultado se pode esperar.

Além disso, é fundamental tratar a doença tireoidiana, assim como anemias ou deficiência de ferro.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Genodermatoses envolvendo pelos e cabelos

Genodermatoses são alterações da pele ou de seus anexos, congênitas, hereditárias ou não, e que são de difícil solução. Apesar de raras, podem ser confundidas com outros problemas, portanto, vamos elencar as que envolvem os cabelos.

- Moniletrix: de origem hereditária, surge na infância e é caracterizada por dilatações e estreitamentos alternados nos cabelos e pelos, dando a impressão de contas de um rosário. É mais comum no couro cabeludo, mas pode atingir todos os pelos do corpo.

- Tricorrexe Invaginata: o pelo apresenta aspecto de nó de bambu, porque a haste se alarga e se invagina na parte distal. Na síndrome de Netherton essa ocorrência é clássica, mas pode ocorrer isoladamente ou com outras alterações capilares.

- Pili Torti: é caracterizada por pelos espiralados, torcidos em torno dos eixos, secos e quebradiços, cuja localização mais frequente é o couro cabeludo. O defeito é notado na infância por causa da fragilidade dos cabelos. É herdada por gene autossômico dominante e pode estar associada a outras malformações. É a anormalidade de pelo mais encontrada na síndrome de Menkes.

- Tricopoliodistrofi a: é parte da conhecida síndrome de Menkes e é uma associação do Pili Torti com defi ciência de cobre. É uma afecção causada por gene recessivo ligado ao sexo e deve-se à incapacidade de absorção intestinal e da utilização do cobre. O quadro inicia-se nos primeiros meses de vida e os cabelos são torcidos, sem brilho e quebradiços. Há atraso de desenvolvimento neuropsicomotor, aneurismas e morte nos primeiros anos de vida. O diagnóstico pode ser confirmado com baixos níveis de cobre e ceruloplasmina no soro.

- Pili Annulati: tem origem autossômica dominante; os cabelos apresentam faixas anulares alternantes, com áreas claras e escuras por alterações do córtex e da medula do pelo, podendo ocorrer fraturas. É conhecida como cabelo em calda de tigre, sendo que ainda não existe tratamento, mas as tinturas podem ser usadas.

- Pili Pseudoannulati: tem aspecto idêntico ao do Pili Annulati, mas difere deste porque nesse tipo de pelo o anel brilhante deve-se à refl exão e à refração da luz por superfícies achatadas e torcidas do pelo, enquanto naquele tipo de pelo o anel mais claro decorre de alterações internas, no córtex e na medula.

- Pili Triangulati et Caniculi: conhecida como síndrome dos cabelos impenteáveis, apresenta-se com fios com aparência desorganizada e que não são penteáveis. A haste do pelo tem aspecto triangular quando observado na microscopia eletrônica, associado a uma depressão longitudinal. A quantidade de pelo é normal, assim como o comprimento. Com o passar do tempo, de 5 a 6 anos, os cabelos voltam ao normal.

- Pili Multigemini: caracteriza-se pela presença de vários pelos saindo de um único folículo pilossebáceo. É de ocorrência muito comum e sem problemas, a não ser quando a quantidade é excessiva.

- Cabelos Lanosos: conhecido mais pelo nome em inglês – wooly hair apresenta-se como cabelo crespo e encaracolado, como os dos indivíduos da raça negra. Os pelos lanosos, porém, são tão entrelaçados que se torna difícil penteá-los. Pode ser transmitida por gene autossômico dominante ou recessivo. É mais comum na criança e vai se normalizando na idade adulta.

- Tricoglifos: conhecidos popularmente como redemoinhos, são um grupo de cabelos que se implanta no couro cabeludo, formando uma imagem em espiral. É apenas uma alteração na disposição dos cabelos; não há alteração anatômica do folículo piloso ou da haste. Algumas alterações congênitas, como oxicefalia, dicefalia, microcefalia, trigonocefalia, síndrome de Down e síndrome de Prader- Willi, apresentam redemoinhos em grande quantidade e características tão particulares, que servem como um sinal diagnóstico da patologia.

- Hipertricose congênita generalizada: o corpo fica inteiramente recoberto com pelos do tipo lanugo; é transmitido por herança autossômica dominante e pode estar associado a distúrbios dentários e a outras síndromes.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Sustentabilidade

Se compararmos celulares, televisores, computadores e outros eletroeletrônicos do passado (e de um passado não tão distante) com os atuais, vamos perceber que a redução de tamanho foi uma tendência empurrada pela força da tecnologia.

Lembro-me ainda do famoso “tijolo”, celular que se carregava preso à cintura, da TV de 27 polegadas, que ocupava boa parte do espaço da sala, e do tamanho da sala do CPD e das gigantes máquinas que haviam numa grande empresa de cosméticos em que trabalhei.

Como o mundo mudou!

A palavra de ordem era tecnologia. Ninguém ou quase ninguém falava em meio ambiente. Sustentabilidade era uma palavra desconhecida.

Chega agora uma nova onda de redução, cujo foco não é somente tecnologia. Desta vez, a redução e de tamanho e, ou, dos pesos das embalagens.

A ordem vem de uma senhora que não suporta mais ver (e sentir) tamanho descaso. Com uma freqüência quase que diária, ela vem dando sinais de descontentamento e de que é preciso fazer alguma coisa. O homem não percebe, mas os sinais vêm na forma de tsunamis, furacões, tempestades, terremotos e, mais recentemente, um vulcão. Os sinais e a ordem vêm da “mãe natureza”.

Infinitamente pequena para resolver ou mesmo atenuar o problema, mas uma ação que já é realidade no mundo, é a de reduzir o tamanho e o peso das embalagens (cosméticos, alimentos, bebidas, entre outros). Essa redução significa menos geração de resíduos pós-consumo, menos material descartado na natureza.

Paralelamente, a política de logística reversa, que responsabiliza o fabricante do início ao fim da cadeia de uma embalagem, vem sendo motivo para o surgimento de leis que passam de estado para estado, exemplos de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná, por enquanto. A preocupação com o entendimento dessas leis, aliada aos altos valores das multas, já começa ser a grande preocupação das empresas.

A redução nos tamanhos das embalagens é, na verdade, uma ótima saída para se colaborar com a natureza, mas, acima de tudo, uma excelente oportunidade de redução de custo.

Como poderíamos imaginar que colaborar com a natureza e ser uma empresa preocupada com sustentabilidade signifi caria gastar menos, reduzir custos? Essa conta parece não “fechar”, mas nossos técnicos e tecnocratas estão tão preocupados com “o todo”, que se esquecem dos detalhes, onde se poderia fazer do limão uma limonada. Os exemplos já começam a aparecer e talvez muitos deles ainda não tenham sido percebidos. A famosa marca de vodca Smirnoff reduziu o tamanho da garrafa da Smirnoff Ice, mantendo o mesmo volume declarado.

O antigo e conhecido Band-Aid reduziu sua embalagem em 18%, mas manteve a mesma quantidade de tiras.

A marca de fraldas Pampers reduziu em 30% a celulose utilizada para fazer a fralda, sem redução da eficiência e reduziu mais 7,5% no tamanho dos pacotes. Como resultado dessas reduções, o peso total da embalagem foi reduzido em 7%, o que signifi ca menor geração de resíduos pós-consumo, menos custo de frete e menor quantidade de poluentes gerados no transporte. A Payot Cosméticos reduziu o peso de seu frasco de shampoos em 28%, mantendo o mesmo volume, redução que possibilitou investir em melhor visual e na qualidade dos rótulos e da tampa do frasco, sem aumentar o preço do produto.

O que se imaginava é que a preocupação maior dessas empresas era, na verdade, reduzir custos, e que, como consequência, veio a sustentabilidade com a redução dos pesos/dimensões das embalagens.

Mas, considerando que a palavra de ordem no mundo, notadamente nos países onde se leva a sério a palavra sustentabilidade, é reduzir peso e tamanho das embalagens, percebe-se que essas empresas, principalmente as multinacionais, fizeram o que foi determinado por suas matrizes lá fora, ou seja, reduzir embalagem pensando no meio ambiente.

Um bom exemplo de preocupação com a natureza vem do Walmart Brasil, por meio do projeto denominado “Sustentabilidade de ponta a ponta”. Ele estimula seus fornecedores a fazerem mudanças em suas embalagens em prol do meio ambiente. Essas mudanças, em sua maioria, são reduções de peso das embalagens. Em troca, dá exposição e visibilidade maior em suas lojas, fazendo suas gôndolas fi carem “mais verdes”.

Em resumo, fazer redução no peso das embalagens significa redução de custo, porém a principal razão é atender ao pedido da “mãe natureza”. Ela agradece e com certeza vai
reconhecer e retribuir em dobro, como sempre faz.

Luis Antonio Paludetti
Manipulação Cosmética por Luis Antonio Paludetti

Tuning de veículos

Quem já assistiu a programas de TV nos quais carros são transformados em carros totalmente diferencia - dos? Até verdadeiras latas-velhas são transformadas em carros maravilhosos, exatamente o que o cliente desejava.

Atualmente, no Brasil e no mundo, existem empresas especializadas nisso, para carros ou motos, em um processo denominado tuning, que significa “sintonizar”, mas que foi traduzido no Brasil como “customizar” ou “personalizar”.

Mas, calma. Não irei ensinar você a pegar um carro de série e transformá-lo em um carro personalizado. O tuning será o dos veículos usados em manipulação.

Em minha coluna anterior, comparei a manipulação dermocosmética à automobilística: a indústria cosmética oferece produtos prontos para usos em grandes populações, e as farmácias podem atuar com os pacientes cujas necessidades não são supridas de modo satisfatório pelos produtos industrializados. Isso seria equivalente a mandar fazer um carro sob medida, só com os acessórios que o consumidor julgasse indispensáveis.

Mas fica a questão: como tornar isso possível no dia a dia?

Na manipulação de medicamentos dermatológicos e dermocosméticos, as farmácias podem atender às necessidades especiais das seguintes formas:

1. Adicionar ou combinar ativos de maneiras não oferecidas por produtos industrializados.

2. Veicular ativos em concentrações não oferecidas por produtos industrializados.

3. Oferecer ativos nas mesmas concentrações de produtos industrializados, mas com veículos personalizados, mais adequados às necessidades dos pacientes.

Nesta oportunidade, vou discorrer sobre a oferta de veículos personalizados. Basicamente, uma farmácia que queira personalizar um veículo poderá escolher uma das seguintes opções:

1. Usar um veículo feito sob medida, ou seja, um veículo formulado e preparado exclusivamente para o paciente em questão.

2. Ter em estoque vários tipos de veículos completos, com diversos componentes, que serão desenvolvidos e manipulados pela própria farmácia, com base nas necessidades gerais da sua clientela, ou seja, os veículos atenderão à maioria dos clientes.

3. Ter em estoque alguns veículos-base, versáteis e com poucos componentes, mas que possam ser personalizados com a adição de outros componentes e ativos.

Ao optar pela primeira opção, a farmácia terá de fazer o veículo de cada formulação, uma a uma. Isso proporcionará excelente personalização, mas é muito difícil de ser implementado na prática, uma vez que preparar 30 ou 50 gramas de um veículo a partir do zero não produz aparência e reprodutibilidade satisfatórias, demanda bastante trabalho e resulta em grandes perdas.

A segunda opção parece ser um pouco mais racional, mas a farmácia precisa elaborar uma pesquisa para identificar as principais necessidades de sua clientela e preparar veículos “quase personalizados”. Apesar de não ser 100% personalizado, esse processo é mais econômico, mais reprodutível e atende a uma boa parcela da clientela. Entretanto, tem uma desvantagem: segundo a legislação vigente, a farmácia deverá efetuar análises microbiológicas e físico-químicas dos veículos, o que nem sempre é fácil ou vantajoso economicamente. A meu ver, a terceira opção é a mais fácil de se implementar.

A maioria das farmácias já dispõe de veículos que utiliza na manipulação de medicamentos. Esses veículos são fornecidos por empresas que os produzem com preços e quantidades adequados. Entretanto, a maioria deles não foi projetada para uso em cosméticos, podendo deixar um pouco a desejar em beleza e nos aspectos sensoriais.

É aí que entra o tuning: a farmácia utiliza o veículo como base e o personaliza para cada cliente, adicionando àquele adjuvantes que vão dar as características cosméticas e adequar o veículo às necessidades de cada paciente.

Como exemplos, posso citar: a inclusão de silicones funcionais em cremes (para melhorar a hidratação, as funções de barreira ou simplesmente reduzir a formação de espuma durante o espalhamento); a adição de ésteres emolientes (para proporcionar maior maciez à pele seca); a adição de lanolinas ou proteínas quaternizadas (para melhorar a penteabilidade de cabelos); a adição de substâncias filmógenas e umectantes (para melhor hidratação); a adição de promotores de absorção (quando se deseja melhor penetração, e, eventualmente, algum grau de permeação); e assim por diante.

Vale lembrar que a adição de água quase sempre é obrigatória, uma vez que a maioria dos veículos industrializados possui consistência inadequada.

Ao “tunar” um veículo, devemos ter cuidado especial, escolhendo adjuvantes que sejam compatíveis física e quimicamente, mantenham a funcionalidade dos ativos e não modifiquem a conservação microbiológica.

Como se vê, é um trabalho maravilhoso e, devido aos seus conhecimentos biológicos, químicos e farmacêuticos, o farmacêutico magistral é o profi ssional mais “tunado” para realizá-lo.






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